A esquerda acabou saiba por quê

13 out, 2021 - 15:33 • Redação

Bloco de Esquerda e PCP exigem ao governo uma maior aproximação às bandeiras programáticas que ostentam. Ministro das Finanças pede moderação.

Nunca a aprovação do Orçamento do Estado (OE) desde que o PS ganhou as eleições em 2015 pareceu tão periclintante como este ano. Se a rejeição do Bloco de Esquerda já era mais ou menos pervisível, desta vez o PCP também já disse que tal como está o documento não passa.

No entanto, ambos os partidos abrem a porta à negociação até ao debate de votação na generalidade. O ministro das Finanças, João Leão, pede moderação aos partidos de esquerda e defende que ninguém entenderia que o OE do próximo ano não fosse aprovado.

Saiba quais são as exigências que cada um dos partidos:

Bloco de Esquerda:

  • valorização das carreiras dos profissionais da saúde e a exclusividade no SNS;
  • revisão da lei laboral, com a retirada das medidas da troika;
  • revisão das reformas, com o fim do factor de sustentabilidade e recálculo a quem se reformou entre 2014 e 2018;
  • alívio de impostos indirectos, como o IVA da electricidade.

PCP

  • o reforço dos serviços públicos;
  • desagravamento da taxação sobre os rendimentos do trabalho;
  • redução dos preços da energia;
  • aumento das pensões mais baixas, não adiar a recuperação do poder de compra perdido pelos reformados com pensões superiores a 658 euros;
  • inclusão dos escalões de rendimentos mais baixos e intermédios no alargamento dos escalões do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS);
  • gratuitidade das creches para todos os escalões de rendimentos;
  • aumento do salário mínimo nacional para 850 euros;
  • retoma das progressões nas carreiras da função pública,
  • combate à precariedade e aos horários desregulados;
  • reforço do investimento no SNS, em particular, valorização das carreiras e dos salários dos profissionais de saúde;
  • alteração da legislação sobre o arrendamento para estabilizar e controlar o valor das rendas
  • aumentar a oferta de habitação pública;
  • investimento na produção nacional.

Wilker Leão, influenciador que se envolveu em confusão com o presidente Jair Bolsonaro (PL) na manhã desta quinta-feira (18), se apresenta em suas redes sociais como cabo do Exército, entusiasta do militarismo e advogado.

Morador do Distrito Federal, ele costuma abordar políticos e apoiadores de Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada. Depois, publica vídeos gravados nestas ocasiões em contas no YouTube, Instagram e TikTok.

Em nota enviada ao g1, o Centro de Comunicação do Exército informou que "o cidadão em questão prestou o Serviço Militar, tendo sido licenciado em fevereiro de 2022, não pertencendo mais às fileiras" da corporação.

Leão é crítico do presidente, com quem discutiu na manhã desta quinta-feira (18). Na confusão, ele chegou a cair no chão (não é possível ver se ele foi empurrado nem por quem) antes de ser puxado pela gola da camisa por Bolsonaro. Irritado, ele passou a xingar o presidente de “vagabundo”, “safado”, “covarde” e “tchutchuca do Centrão”.

Pelo menos desde abril deste ano, Leão vai ao Palácio da Alvorada para fazer perguntas a apoiadores do presidente sobre o governo e política em geral. Em um dos vídeos, ele pergunta a um militante bolsonarista: "O que você acha daquele escândalo de corrupção na Codevasf?".

Em maio, Wilker Leão publicou fotos com sua carteirinha da OAB em frente à sede da instituição no Distrito Federal. Ele se formou no Centro Universitário Unieuro. "Definitivamente formado! 🎓⚖ #favelavenceu #direitonaveia", escreveu na legenda das fotos que postou em fevereiro de 2020.

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Vídeo em manifestação e seguidores nas redes

Ele também já foi a atos de indígenas e questionou manifestantes sobre o motivo de serem contra a mineração e o capitalismo.

Em diversos vídeos, o youtuber interroga grupos de direita e de esquerda sobre assuntos diversos, e em ambos os casos ouve pedidos para parar de incomodar.

Até a última atualização desta reportagem, Wilker Leão tinha pouco mais de 8 mil seguidores no Instagram e menos de 15 mil inscritos em seu canal no YouTube. No TikTok, Wilker Leão somava, até então, 126 mil seguidores e mais de 1 milhão de curtidas em todos os seus vídeos.

Outro desentendimento com Bolsonaro

Em abril deste ano, o youtuber já havia estado com o presidente Bolsonaro e discutido com ele em frente ao Palácio da Alvorada. Na ocasião, ele se apresentou como cabo da reserva e entusiasta do militarismo.

Em vídeo postado em seu Instagram, Leão afirma, diante de Bolsonaro, ter lido reportagem que dizia que o presidente teria afirmado que o trabalho de cabos e soldados do Exército se resume a fazer faxina. O youtuber questiona Bolsonaro sobre o motivo de já não ter havido mudanças em relação a isso, o que irrita o presidente.

“Para, para, para... Tá revoltado por quê?”, contestou Bolsonaro. “Por que ficou 8 anos [no Exército] e agora tá reclamando?”, continua.

“To defendendo cabos e soldados que, por exemplo, fazem a segurança armada do senhor, só que da porta pra fora não têm um porte de armas”, respondeu Leão, que descreveu o caso como “uma das ações mais corajosas” de sua vida. Ele acabou sendo retirado do local por um segurança da Presidência.

Conversa sem confusão

Após o episódio na manhã desta quinta-feira (20), Bolsonaro conversou por cerca de 5 minutos com Leão. Entre outros temas, os dois abordaram as mudanças na lei da delação premiada, orçamento secreto, reforma tributária, posse de armas e aliança com partidos do Centrão.

“Eu preciso aprovar as coisas no Parlamento, certo? Se for para aprovar sozinho, eu sou ditador. Fecha tudo, fecha Supremo, fecha Congresso, fecha tudo e eu resolvo as coisas sozinho. Eu tenho que ter o apoio do Parlamento. Os partidos de centro são quase 300 dos 513 parlamentares. Como vou aprovar um projeto simples de lei dispensando 300 votos?”, disse Bolsonaro.

“Eu não posso ser um presidente 100%. Vai desagradar um ou outro em alguma coisa, vai desagradar”, afirmou Bolsonaro.

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