A garganta inflama mesmo depois de retirar as amigdalas

Nossa página sobre a cirurgia de amígdalas é uma das mais visitadas do Portal Otorrino. Entretanto muitos leitores me escrevem perguntando especificamente sobre as complicações e os riscos da cirurgia de amígdalas.

A amigdalectomia (como é popularmente conhecida a cirurgia de amígdalas) é uma cirurgia envolta em folclores e sabedorias populares no mínimo duvidosas. Por um lado, existe a tendência de alguns em considerar a remoção das amígdalas uma cirurgia “simples”. Do outro, há os que consideram algo ultrapassado, “que não se faz mais.” Difícil saber qual dos dois conceitos é menos verdadeiro!

Consulte sempre um otorrinolaringologista com experiência no assunto e na cirurgia de amígdalas.

Além das crendices e controvérsias, o fato real é que a retirada das amígdalas, quando corretamente indicada e realizada, continua proporcionando a melhora na qualidade de vida de muitas pessoas, com baixos riscos.

Baseado nos artigos mais recentes sobre o tema, segue abaixo uma compilação das principais complicações possíveis na cirurgia de amígdala. Vale lembrar que de uma maneira geral, a maioria do riscos envolvidos na cirurgia tendem a ser mais frequentes em adultos do que crianças. As referências bibliográficas seguem ao fim do texto.

Riscos da Cirurgia de Amígdalas

Riscos da Anestesia Geral

Saiba mais nesse post dedicado especificamente aos riscos da anestesia geral.

Sangramento

Hemorragias são complicações temidas em cirurgias de várias áreas. Na cirurgia das amígdalas, quase todos os cuidados adotados durante a após o procedimento, visam evitar o sangramento. Os levantamentos estatísticos, apontam índices de 2-4% de hemorragia pós-operatória. A maioria dos episódios se resolve espontaneamente, enquanto nos casos mais sérios pode ser necessária uma nova internação e anestesia para controle.

Como evitar: Antes da cirurgia, atenção às histórias de sangramentos prévios, manchas roxas pelo corpo ou relatos de problemas de coagulação na família.

Durante a cirurgia, com aplicação da técnica adequada e rigor no controle da pontos sangrantes, com suturas ou cauterizações. Após a cirurgia, seguindo as orientações dietéticas com alimentação líquida e pastosa fria pelo prazo recomendado em cada caso, evitar esforços físicos até o fim da cicatrização e comunicar a equipe médica imediatamente em caso de qualquer sinal de sangramento.

Dor

Sendo a mais frequente das complicações, a dor para engolir (odinofagia) ocorre em virtualmente todos os pacientes submetidos a amigdalectomia. Diferentemente de um braço ou uma perna operada, em que o repouso tende a ser recomendado, não é possível solicitar que o paciente “não engula” durante uma semana.

Existe uma tendência geral que a recuperação seja menos dolorosa na infância e mais desconfortável nos adultos. Também de forma genérica, ele tende a ser pior nos primeiros 2-4 dias e depois entre o 7-10 dia.

Como evitar:Felizmente temos um grande arsenal de medicações analgésicas disponíveis na atualidade.

Entretanto, devemos evitar medicações anti-inflamatórias que interfiram na coagulação e aumentem a chance de hemorragia. O uso de uma escala de dor (de 0 a 10) ajuda a identificar o momento ideal de aumentar o diminuir a medicação. Nos primeiros dias deve ser fazer o uso regular das medicações sem deixar que a dor atinja os níveis mais altos, o que pode levar a desidratação, que por sua vez tende a aumentar ainda mais a dor. Manter-se hidratado também é uma forma de minimizar a dor.

Falta de ar

A remoção das amígdalas gera um trauma local, que leva a diferentes níveis de inchaço (edema) da garganta. Dependendo da anatomia de cada um. pode haver alguma obstrução nos primeiros dias após a cirurgia, gerando sensação de falta de ar.

Como evitar:A cirurgia deve ser realizada da maneira menos traumática possível. Seguir a dieta fria ou gelada ajuda a evitar um maior inchaço.

Desidratação

Muitos pacientes (especialmente crianças) tendem a evitar a ingesta de líquidos e alimentos no período pós operatório, como uma reação natural a dor. Isso pode levar a desidratação e suas consequências. Sede, cansaço, diminuição do volume urinário, fadiga, dores de cabeça são sinais comuns de desidratação. Já sonolência, taquicardia e pele ressecada pode ser sinal de desidratação grave.

Como evitar: Mantenha a dora controlada para possibilitar a ingesta de líquidos.

Beba água e líquidos de forma constantemente, em pequenas quantidades por vez. Beba água, sucos de frutas, água de coco, bebidas isotônicas e shakes proteicos disponíveis nas farmácias. Em caso de qualquer um dos sinais de desidratação escritos acima, procure a equipe médica ou se dirija a um serviço de emergência.

Febre

Pode ocorrer nos primeiros dias após a cirurgia. Uma febre baixa, até 37 ou 38 graus, e na ausência de outros sintomas, pode ser considerada como uma resposta natural ao trauma cirúrgico. Já temperaturas mais altas devem levantar a suspeita de infecções, e precisar de atendimento médico de urgência

Como evitar:A desidratação pode contribuir para o aumento da temperatura.

A ingestão de líquido como orientada no tópico acima pode ajudar a evitar o problema.

Agora que você já conhece melhor os riscos da cirurgia, entre aqui para saber mais informações sobre a preparação, a cirurgia e o pós-operatório da amigdalectomia.

Referências

Tonsillectomy as a day-case surgery: a safe procedure?

Anaesthesia for adenotonsillectomy: An update

Mayo Clinic

Revisit rates and diagnoses following pediatric tonsillectomy in a large multistate population

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Quem tirou as amígdalas pode ter garganta inflamada?

Os quadros de dor de garganta podem ocorrer em pessoas que fizeram a cirurgia para a retirada das amígdalas, uma vez que o procedimento diminui muito a probabilidade de ocorrência de infecções bacterianas, mas não afeta a probabilidade de ocorrência de infecções virais.

É possível ter dor de garganta sem amígdala?

A minha garganta pode inflamar mesmo sem as amígdalas? Sim! Chama-se faringite essa inflamação. procure seu médico para decisão de qual medicação é a melhor no seu caso.

Como fica a garganta depois que tira as amígdalas?

Pós-operatório da amigdalectomia A recuperação da cirurgia para amigdalite dura entre 7 dias a 2 semanas. Porém, nos primeiros 5 dias, é comum a pessoa sentir uma intensa dor na garganta e, por isso, o médico pode receitar remédios analgésicos, como Paracetamol ou Dipirona.

O que pode acontecer após a retirada das amígdalas?

De maneira geral, a retirada das tonsilas palatinas não tem efeitos significativos no sistema imunológico, pois as defesas do organismo são reforçadas por outros órgãos. Porém, estudos afirmam que a cirurgia aumenta o risco de infecções respiratórias e causa outras consequências de longo prazo.

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