Como os hebreus se estruturavam antes do estabelecimento do reino de Israel

Publicado 16/01/2009 18:43 | Editado 04/03/2020 16:43

A Palestina é um país habitado por pelo menos uns dez mil anos. Jericó, sua mais antiga cidade, remonta ao ano 7.000 antes de Cristo (A. C.). Seus primitivos habitantes foram os canaanitas (daí terra de Canaã), que viviam em cidades, desde o ano 3.000 A. C. Foram eles que fundaram Jerusalém.


O famoso historiador, nascido naquela cidade, Flávio Josefo (37-100 d.c), relata: ''Seu fundador (da cidade de Jerusalém) foi um príncipe dos canaanenses apelidado 'O Justo', por causa de sua piedade. Ele consagrou, primeiro que todos, esta cidade a Deus, erguendo-lhe um templo e mudou-lhe o seu nome de Solyma para o e Jerusalém''. Os palestinos de hoje são descendentes dos canaanitas, dos filisteus (que deram o nome a cidade) e outras tribos que habitavam a Palestina desde aqueles tempos remotos.


Só séculos mais tarde foi que os hebreus, ou israelitas, deixando o Egito e vagueando pelo deserto, invadiram a Terra de Cannaã, 1.200 A.C., se aproximando do leste e atacando Jericó, destruindo a cidade a quase aniquilando sua população.


O povo da Palestina foi atacado pelas tribos dos israelitas, que se espalharam pelo país, após 1.800 anos (18 séculos) de consolidação da avançada civilização canaanita. Mas os israelitas não estruturam um reino ou governo central. Organizaram-se por tribos e eram governados por juízes. Tão somente dois séculos após a invasão, em 1.000 A.C, foi que David estabeleceu o primeiro reino judeu na Palestina, que durou cerca de 70 a 80 anos.


O reino fragmentou-se por volta de 922 A.C, com a morte de Salomão: ao norte o reino de Israel e ao sul o reino de Judá. Sendo que o reino de Israel foi extinto pelos Assírios em 721 A.C e o de Judá pelos Babilônios em 587 A.C, o que representou ''o fim de qualquer governo judeu organizado na Palestina''. A história dessa situação foi descrita nos seguintes termos:''As doze tribos foram deportadas para o Cáucaso, a Armênia e, em particular, para a Babilônia…'' 


Ciro, rei da Pérsia, por volta de 520 A.C, permitiu a volta os judeus a Palestina. Os que retornaram foram submetidos ao domínio persa e, posteriormente, ao macedônio e romano, sem, no entanto, apesar de algumas revoltas, montar qualquer sistema de governo no país.


As insurreições judias contra os romanos nos anos 70 e 132 D.Cprolongando até o ano de 135 da era cristã, levou a diáspora (dispersão).


A presença registrada dos canaanitas datando de 3.000 A. C até o século XX, quando o sionismo organizou uma compacta imigração judia para a Palestina, os judeus nunca se tornaram uma população majoritária naquele país.


A presença político-administrativa israelita na Palestina foi algo episódico, deu-se entre os anos de 1.000 A. C até 587 A.C, quatrocentos e poucos anos. Enquanto durante 24 séculos (dois mil quatrocentos anos) aquele país foi governado pelos pagãos, cristãos e mulçumanos, sendo que esses últimos dominaram a Palestina após o ano de 637 da era cristã, ora pelos árabes mulçumanos ou pelos Turcos, durante quase 13 séculos (1.300 anos).


Declaração Balfour


Com o fim da primeira guerra mundial e a derrota os turcos – 1917-1918 levou a ocupação militar da Palestina pelas forças aliadas e Britânicas. O ministro do Exterior Britânico, Arthur James Balfour, no dia 2 de novembro de 1917, fez a seguinte comunicação a Lorde Rothschild: ''Tenho muito prazer em transmitir-vos, em nome do governo de sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia para com as aspirações judias sionistas, que foi submetida ao gabinete e por ele aprovada. O governo de sua majestade encara com favor o estabelecimento, na Palestina, e um LAR NACIONAL para o povo judeu, e empregará seus maiores esforços para facilitar a consecução desse objetivo, ficando claramente entendido que nada será feito que PREJUIQUE OS DIREITOS RELIGIOSOS E CIVIS DAS COMUNIDADES NÃO-JUDIAS EXISTENTES NA PALESTINA''.


Ficou conhecida como a declaração Balfour, servindo de base para os sionistas reivindicarem a posse da Palestina.


As comunidades não-judias existentes à época da declaração Balfour representavam 92% da população total da Palestina.


A Liga das Nações estabeleceu um Mandato determinando ao governo Britânico administração da Palestina, que durou de 1922 a 1948. O objetivo do mandato era o cumprimento da Declaração Balfour e facilitar a estratégia sionista da imigração massiva judaica para aquele país.


Foi Theodor Herzl, correspondente do jornal Neue Freie Presse, que cobria o episódio da degradação pública do capitão Dreyfus, em janeiro de 1895, observando a extensão do anti-judaismo que crescia, o autor do Estado Judaico, base política do sionismo. Herlz, em 896, propugnava pela instalação de um Estado Judeu na Argentina ou na Palestina, adotando o plano de invasão da Palestina no primeiro congresso sionista, na Basiléia, em 1897.


A Câmara dos Lordes inglesa reagiu ao se opor a ''incorporação da Declaração Balfour no Mandato para a Palestina''. Assim é que Lorde Islington manifestou: ''Esse esquema de importação de uma raça alienígena para o meio de uma raça nativa local é um insulto a todo o conjunto de tendências da época. É uma experiência inatural… Está literalmente convidando a uma catástrofe subseqüente''.


Lorde Sydenham declarou: ''… mas o mal feito pelo descarregamento em massa de uma população alienígena sobre um país árabe – árabe em todo o interior do território – nunca poderá ser remediado. O que temos feito, por concessões, não ao povo judeu, mas a uma seção extremista do sionismo, será iniciar uma chaga supurada no Oriente, e ninguém pode dizer até onde se estenderá essa chaga''.


Em 1922, Winston Churchill, fazendo referência à declaração, emendou: ''Ao mesmo tempo em que essa garantia era dada aos sionistas, uma PROMESSA IGUALMENTE IMPORTANTE ERA FEITA AOS HABITANTES DA PALESTINA, a de que seus direitos civis e religiosos seriam salvaguardas, e de que eles não SERIAM EXPULSOS PARA DAR LUGAR AOS RECÉM-CHEGADOS''.


É importante observar que a declaração não estabeleceu direitos territoriais ou muito menos conferia soberania sobre a Palestina. Cumpre também informar que o Tratado de Lausanne, julho de 1923, concluído pelas potências aliadas e a Turquia não fazia qualquer menção ou referência a Declaração de Balfour.


 Nações Unidas


Diante de uma situação que se revelava cada vez mais insustentável – pressionado pelos sionistas, sofrendo forte pressão dos EUA para aumentar a imigração judia e enfrentando os protestos os palestinos e dos restantes paises árabes – o governo Britânico resolveu entregar as Nações Unidas à questão do futuro governo da Palestina.


Assim é que a 3 de setembro de 1947 um comitê especial – UNSCOP (Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina) submeteu a Assembléia Geral dois planos. O que estabelecia o término do mandato e a partilha da Palestina com a criação de um Estado Árabe e um Estado Judeu foi aprovado por 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções, em 29 de novembro e 1947, após uma intensa pressão política dos EUA.


O próprio presidente Henry Truman, assim reconheceu: ''Os fatos eram que não somente houve movimentos de pressão em torno das Nações Unidas, como jamais visto antes, mas que a Casa Branca, também, ficou sujeita a um constante poder de fogo (dos sionistas). Dei instruções ao Departamento de Estado para que apoiasse o plano de partilha''.


No seminário de Juristas Árabes sobre a Palestina, realizado em Argel – 27 e Julho de 1957 – concluíram:'' Daquele momento em diante, os representantes os EUA procuraram convencer toda delegação a adotar uma 'atitude positiva'. Os meios empregados eram frequentemente mais intimidação o que persuasão. Desta maneira a Bélgica, a França, o Haiti, a Libéria, Luxemburgo, os países baixos, a Nova Zelândia, o Paraguai e as Filipinas viram-se obrigadas a reconsiderar seus votos na sessão do plenário''.


Depois de ter sido adiada por duas vezes, os EUA e os sionistas não dispunham dos votos necessários, a proposta de partilha foi aprovada com os votos decisivos, para formarem os dois terços necessários, do Haiti, Libéria e Filipinas, que vinham se posicionando contra.



Nesse período a Palestina tinha uma população e 1.972.000 habitantes, dos quais 1.203.000 eram mulçumanos, 145 mil cristãos e 608 mil judeus; ''somente 1/10 desses judeus faziam parte dos habitantes originais da Palestina e pertenciam ao país'', viviam pacificamente com os palestinos e eram contrários a criação e um Estado Judeu.


O plano de partilha cedeu aos Judeus um território de 14.500 quilômetros quadrados. A superestrutura nascida dessa decisão foi um Estado sionista racista e expansionista, o que traduziu em guerras entre árabes e o ''novo Estado''.


Os sionistas ignoraram a área fixada pela resolução da partilha e entre 1948 e 49, expandiram as fronteiras para 20.850 quilômetros quadrados, arrancando e expulsando a força os palestinos de seus lares, recorrendo a métodos brutais, bárbaros e terroristas (como o caso o massacre de Deir Yassun – 15/1/48 – onde cerca de 300 pessoas – velhos, mulheres e crianças – foram massacrados), transformando-os em refugiados.


Posteriormente, sustentando uma mentira – alegando que sofrera uma agressão das forças egípcias – Israel lança um ataque surpresa (5/06/67) – ao Egito, fato que ficou conhecido como a Guerra dos Seis Dias, invadindo e ocupando a Faixa de Gaza, a Península do Sinai, a cidade velha de Jerusalém, a margem ocidental do Jordão e a região de Gola, na Síria, alcançando uma fronteira de 89.600 quilômetros quadrados.


A prova inconteste a visão expansionista e belicista do estado sionista é que, vamos relembrar, na partilha aprovada pelas Nações Unidas, fora cedida uma área de 14.500 km² (o que correspondia já a 57% do território palestino, sendo que os judeus eram bem menores em número populacional); em 1948-49 arrancaram um território com 20.850 km² e com a guerra dos seis dias suas fronteiras foram alargadas para 89.600 km².


As Resoluções da ONU


Israel ao longo da história vem violando as resoluções das Nações Unidas e o Direito Internacional. Uma delas, dentre tantas, é a Resolução 242, de 22 de novembro e 1967, que estabelece entre outros, os seguintes princípios:

– retirada às forças armadas dos territórios ocupados no recente conflito (guerra dos seis dias);

– alcançar-se uma justa solução para o problema os refugiados, inclusive com indenizações (cerca de um milhão de palestinos).


O comunicado de Israel quanto a essa Resolução foi curto e grosso: ''Israel não se retiraria para as linhas de antes de 5 de junho de 1967''.


A busca pela paz na região passa pelas Nações Unidas, até como reparo do grande erro que vem cometendo ao tratar o assunto da Palestina. Mas a ONU não deve ficar apenas condenando, deplorando ou censurando as atitudes sionistas, mas tomar medidas corretivas no sentido de reparar as injustiças cometidas contra o povo palestino.


Israel ao ser admitido como membro das Nações Unidas assumiu compromissos, perante a humanidade, dando inclusive garantias concernentes à observância e sua parte as Resoluções da Assembléia Geral ''e, em particular ao cumprimento das Resoluções de 29 de Novembro de 1947 (181 II) e a de 11 de Dezembro de 1948 (194 III), que dizem respeito às obrigações de Israel para com as fronteiras, respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais dos palestinos árabes, o retorno dos refúgios aos seus lares e ao estatuto internacional de Jerusalém.


O povo Judeu merece um Lar Nacional e poderia, como o fez por um largo período de tempo, conviver pacificamente com os descendentes dos canaanitas e filisteus, os palestinos. A ideologia sionista, racista e expansionista, quer impor a ferro e fogo, a consolidação de um estado de Israel, que, diga-se de passagem, sob o ponto de vista do Direito Internacional era incabível, pois não possuíam um território legitimamente definido, tanto menos um governo.


Ademais é preciso rechaçar como absurda e dotada de uma imbecilidade incomum, concepções como a de Golda Meir, que ao ser provocada em uma entrevista ao jornal ''Le Mond'' sobre a legitimidade de Israel, sublinhou  ''Este país existe como resultado de uma promessa feita pelo próprio Deus. Seria ridículo exigir o reconhecimento de sua legimitidade''.


Não iremos embora

Aqui
Sobre vossos peitos,
persistimos
como uma muralha
Em vossas goelas
como cacos de vidro,
Impertubáveis.
E em vossos olhos
Como tempestades de fogo.

Aqui
Sobre vossos peitos,
Persistimos.
Como uma muralha.
Lavando pratos nos vossos bares
Enchendo os copos dos senhores
Esfregando sujas cozinhas
Para vos arrancar dos dentes
O pão dos nossos filhos.

Aqui
Sobre vossos peitos,
Persistimos
Como uma muralha
Famintos. Despidos. Altivos.
Cantando versos.
Enchendo as ruas de manifestações
E os cárceres de orgulho.

Bebei o mar
Porque aqui permaneceremos.

Somos os guardiões
Da sombra
De laranjeiras e oliveiras.
Semeamos ideais
Como fermento
Temos nervos de gelo,
Mas fogo no coração.


Espremeremos pedras
Se tivermos sede,
Comeremos terra
Se tivermos fome.

Mas não partiremos.

E não seremos ávidos do
nosso sangue

Tawfik az – zayed. Poesia Palestina de combate



*João Martins é ex Deputado Estadual do PCdoB-ES.



Como os hebreus se estruturavam antes do reino de Israel?

Criam a primeira religião monoteísta da história, o judaísmo, baseada nos Dez Mandamentos revelados a Moisés no monte Sinai. Os hebreus eram nativos da Mesopotâmia. Eles eram nômades e viviam em tendas, pastoreando rebanhos de cabras e ovelhas, usando jumentos, mulas e camelos como bestas de carga.

Como estavam organizados os hebreus antes de chegarem a Canaã?

Nessa época, o povo hebreu estava dividido em 12 tribos (“os doze filhos de Israel”), que viviam em clãs compostos pelos patriarcas, seus filhos, mulheres e trabalhadores não livres. O poder e prestígio desses clãs eram personificados pelo patriarca, e os laços entre esses clãs eram muito frágeis.

Como se organizava o povo hebreu?

Os Hebreus, se organizaram em um primeiro momento no que foi chamado de “Período dos Patriarcas”, onde eles se organizavam em vários clãs patriarcais. Essa civilização vivia basicamente da criação de gado na região, além de serem responsáveis pela criação e do desenvolvimento do comércio na região.

Como os hebreus passaram a se organizar?

A organização política dos hebreus era realizada por Patriarcas, Juízes e Reis. Os patriarcas seriam os responsáveis pela sociedade, de forma a organizar sua famílias de forma política, econômica e social.

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