Equipamentos e instrumentos específicos do basquetebol em cadeira de rodas

    No Brasil, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a funda��o de dois clubes esportivos, um no Rio e outro em S�o Paulo. Nos �ltimos cinco anos, o Esporte Adaptado brasileiro vem evoluindo, mas por falta de informa��o e, principalmente, de condi��es espec�ficas para a sua pr�tica, muitos portadores de defici�ncia ainda n�o t�m acesso a ele.

    O basquetebol em cadeira de rodas por tratar-se de uma modalidade que requer grande velocidade de deslocamento associada a mudan�as r�pidas de dire��o, exige por parte dos atletas nas cadeiras de rodas, al�m de uma boa coordena��o, agilidade e um bom n�vel de for�a r�pida (pot�ncia) de membros superiores, especialmente porque a musculatura dos membros superiores s�o as mais envolvida na propuls�o em cadeira de rodas (Winnick, 1995) citado por Gorgatti e B�hme (2002).

    De acordo com Potrich e Diehl (s.d.) citados por Netto e Gonz�les (1996) o basquete � um esporte que exige do atleta uma t�cnica apurada e um bom condicionamento f�sico, al�m de racioc�nio e reflexos muito r�pidos; j� o basquete em cadeira de rodas exige do atleta deficiente, al�m desses aspectos, uma grande habilidade no manejo de sua cadeira.

    O deficiente f�sico deve encarar a cadeira de rodas como uma extens�o do seu pr�prio corpo, pois, no jogo de basquetebol sobre rodas, esse equipamento passa a ter uma conota��o, n�o apenas de transportar o deficiente, mas sim para, contribuir na melhoria de suas habilidades em quadra. Dessa forma, para que haja uma perfeita integra��o entre cadeira e jogador, tendo conseq�entemente um aproveitamento t�cnico durante o jogo, � necess�rio que se verifique a adapta��o individual da cadeira de rodas ao tipo de defici�ncia do atleta, e sempre que poss�vel, ela dever� ser feita sob medida, levando em considera��o a limita��o f�sica e a caracter�stica do jogador, de acordo com seus requisitos musculares, bem como sua coloca��o na quadra de jogo.

    No basquetebol em cadeira de rodas, a pot�ncia muscular � uma importante vari�vel a ser trabalhada, pois, neste esporte os deslocamentos (realizados movimentando o peso do pr�prio corpo e o da cadeira de rodas) e arremessos, s�o constantes e necessitam principalmente que seus atletas tenham uma grande pot�ncia muscular nos membros superiores.

    Segundo Weineck, (1999), a pot�ncia muscular compreende a capacidade do sistema neuromuscular de movimentar o corpo ou parte do corpo (bra�os, pernas) ou ainda objetos (bolas, pesos, esferas, discos, etc.) com uma velocidade m�xima.

    Por�m, neste esporte, n�o s� a pot�ncia muscular deve ser trabalhada, a coordena��o �culo-manual tamb�m deve ser encarada com um fator importante para esta modalidade esportiva.

    A coordena��o �culo-manual representa a atividade mais freq�ente e mais comum no homem, ela inclui uma fase de transporte da m�o, seguida de uma fase de agarre e manipula��o, resultando em um conjunto com seus tr�s componentes: objeto/olho/m�o Neto (2002).

    A jun��o da pot�ncia de membros superiores e a coordena��o �culo-manual s�o representadas pela precis�o que segundo Meinel (1987), se refere � concord�ncia do plano (meta) e ao efeito (resultado) em tais pontos de metas parciais e rendimentos parciais, que s�o decisivos para o rendimento global do movimento.

    Uma forma de precis�o de movimento no basquetebol em cadeira de rodas est� em lan�ar ao alvo (passe para um companheiro), arremessar ao alvo (arremessar a cesta), o quicar de uma bola por tempo (drible). A precis�o manifesta-se aqui apenas depois da fase de v�o da bola, por certa dist�ncia. A precis�o de acerto no alvo propriamente dito, no entanto, � alcan�ada quando a batida, o arremesso, o lan�amento etc. empresta o impulso de movimento necess�rio ao instrumento de jogo, isto requer uma precis�o muito alta. A precis�o � uma habilidade motora, portanto, ela � adquirida, desenvolvida com o treinamento. Com o iniciante ou mesmo com o atleta pouco qualificado, torna-se claro que a precis�o s� � conseguida, como fruto de um longo processo treinamento.

    Contudo, o objetivo deste estudo foi verificar a exist�ncia de uma correla��o entre a pot�ncia de membros superiores e a coordena��o �culo-manual em atletas de basquetebol em cadeira de rodas.

Materiais e m�todos

    A amostra para a realiza��o deste estudo, foi composta por 8 atletas de basquetebol em cadeira de rodas do sexo masculino com o tempo m�nimo de 6 meses de pr�tica dessa modalidade.

    Como instrumento para realiza��o do c�lculo do percentual de gordura corporal foi utilizado o protocolo de Pollock, Schmidt & Jackson (1980), 3 (tr�s) dobras cut�neas e para o teste de pot�ncia de membros superiores foi utilizado o teste de arremesso da bola medicinal proposto por Johnson & Nelson (1979) e para o teste da coordena��o �culo-manual foi realizado o teste de prescis�o de passe com ambas as m�os proposto por Daiuto (1991).

    Para verificar se h� correla��o existente entre a pot�ncia de membros superiores e a coordena��o �culo-manual foi utilizado a correla��o linear de Pearson.

    Para a caracteriza��o da amostra foi coletada em data predeterminada a coleta de dobras cut�neas dos atletas para obten��o do percentual de gordura, foi coletada a estatura cr�nio-caudal dos atletas com os mesmos na posi��o assentado, por os atletas n�o poderem ficar de p� devido a sua defici�ncia f�sica.

    O teste de pot�ncia foi realizado com o testando na posi��o assentada em uma cadeira, o testando segura a bola medicinal com as duas m�os contra o peito e logo abaixo do queixo, com os cotovelos o mais pr�ximo do tronco. A corda � colocada na altura do peito do testando para mant�-lo seguro � cadeira e eliminar a a��o do embalo durante o arremesso. No resultado � computada a dist�ncia, em cent�metros, da melhor das tr�s tentativas executadas pelo testando, dando a ele a oportunidade de realizar um arremesso para que ocorra uma familiariza��o com o teste.

    Para a realiza��o do teste de coordena��o �culo-manual foi necess�ria uma bola oficial de basquetebol, uma parede de superf�cie lisa na qual foram tra�ados tr�s c�rculos conc�ntricos com 50 cent�metros, 1 metro e 1,50 metro de di�metro, cujo centro est� a 1,75 metro do solo; uma linha paralela ao alvo, a 5 metros do mesmo.

    Colocado atr�s da linha paralela ao alvo, o jogador executa dez passes com uma das m�os.

    A contagem � feita da seguinte forma: anotam-se tr�s pontos para cada passe que atingir o c�rculo central, dois pontos, o circulo m�dio e um ponto, o externo, sendo considerada a contagem menor quando a bola tocar a linha. O resultado de cada passe ser� anotado, mas no final ser� feita a soma dos pontos obtidos.

    Para a an�lise dos dados foi utilizado o pacote estat�stico Microsoft Office Excel 2003, para realiza��o da estat�stica descritiva, m�dia e desvio padr�o e tamb�m para realizar o calculo da correla��o linear de Pearson.

    Para a classifica��o dos resultados do teste de pot�ncia de membros superiores, foi utilizada como refer�ncia a tabela de classifica��o proposta por Johnson & Nelson (1979). J� para a classifica��o dos resultados do teste de coordena��o �culo-manual, foi utilizada como refer�ncia a tabela de classifica��o da coordena��o �culo-manual calculada com a equa��o estat�stica do intervalo de classe. Que seguem abaixo.

 

Resultados

 

Discuss�o

    Nota-se, na tabela 01, que o valor m�dio obtido na vari�vel pot�ncia de membros superiores, foi de 482cm e um valor m�ximo de 636cm, um estudo feito por Gorgatti e B�hme (2002) mostra que os atletas de basquetebol em cadeira de rodas participantes obtiveram como resultado m�dio para potencia de membros superiores 520cm, e um valor m�ximo de 700cm. Contudo, estes autores tamb�m afirmam que o treinamento da pot�ncia dos membros superiores para os atletas de basquetebol em cadeira de rodas � de grande import�ncia para a melhora dos movimentos de agilidade na cadeira, fundamentais para a modalidade.

    Analisando a vari�vel percentual de gordura na tabela 01 e tomando como refer�ncia a Tabela de Normalidade para o Percentual de Gordura Corporal proposta por Pollock e Wilmore (1993), tendo como par�metros a m�dia da idade e a m�dia do percentual de gordura corporal, os atletas de basquetebol em cadeira de rodas avaliados se encontram no n�vel de classifica��o correspondente a BOM, assim, relembramos a cita��o de Marins e Giannichi (2003), no qual afirmam que um n�vel de gordura relativamente baixo � desej�vel para otimizar a performance f�sica em esportes. Uma grande massa muscular melhora a performance em atividades de for�a e pot�ncia.

    Com rela��o aos valores encontrados no teste de pot�ncia de membros superiores observados no tabela 02, torna-se importante evidenciar que, um bom n�vel de coordena��o � alcan�ado com horas de pr�tica, a repeti��o aumenta a precis�o do movimento praticado e tornando o movimento autom�tico (Sharkey, 1998), melhorando cada vez mais a performance dos atletas. Portanto, � importante praticar adequadamente a repeti��o do movimento.

    J� com rela��o aos resultados obtidos no teste coordena��o �culo-manual (excelente, 63%) observados no tabela 03, s� vem a confirmar a afirmativa de Carnaval (1995) que, a coordena��o nos esportes que utilizam bola, raquete, aros, tacos e outros, caracterizada pela coordena��o �culo-manual e/ou coordena��o �culo-pedal constituem elementos important�ssimos na performance espec�fica de cada modalidade.

    Na tabela 04, observa-se os resultados obtidos pelo c�lculo da correla��o linear de Pearson entre as vari�veis estudadas, por�m o valor mais significativo (r=0,924), foi entre as vari�veis que mais interessa para este estudo (pot�ncia de membros superiores e coordena��o �culo-manual) o que indicou que, entre essas duas vari�veis, existente uma correla��o significativa, no qual � chamada de �correla��o linear forte�, isso s� confirma a coloca��o de Weineck (1999) no qual afirma que, o aumento de for�a n�o influencia negativamente na coordena��o, por�m deve-se tomar cuidado para que o treinamento da for�a n�o seja executado sem a forma��o da coordena��o espec�fica da modalidade.

    Entretanto a tabela 05 compara os valores individuais obtidos pelos atletas nos teste de coordena��o e pot�ncia, onde: o atleta (n�. 7) que obteve a melhor pontua��o no teste de coordena��o (30 pontos), obteve apenas o 4� (quarto) melhor resultado no teste de pot�ncia (522cm) e o atleta (n�. 4) que obteve o melhor resultado no teste de pot�ncia, (636cm), obteve apenas o 3� (terceiro) melhor resultado no teste de coordena��o (28 pontos).

Conclus�o e recomenda��es

    De acordo com a amostra do estudo, da metodologia aplicada e com os resultados obtidos, conclui-se que:

    Existe uma correla��o significativa entre as vari�veis pesquisadas, pot�ncia de membros superiores estimada no arremesso de �medicineball� e a coordena��o �culo-manual mensurada no teste de �prescis�o� quando analisada em grupo os resultados obtidos s�o estatisticamente significativos, de acordo com o c�lculo da correla��o linear de Pearson (r = 0,924); Por�m quando se analisa os resultados obtidos individualmente essa rela��o n�o � t�o percebida, pois, o atleta que obteve o melhor resultado no teste de pot�ncia de membros superiores n�o obteve o melhor resultado no teste de coordena��o �culo-manual e reciprocamente.

    O presente estudo possui limita��es, no que diz respeito � amostra onde o n�mero de participantes n�o foi t�o representativo e tamb�m � classifica��o funcional dos atletas que, devido ao pequeno n�mero de volunt�rios da amostra n�o foi considerada. Diante do exposto, sugere-se que mais estudos sejam realizados com outros protocolos de avalia��o e com amostras maiores, a fim de que os resultados obtidos possam ser comparados com outros estudos.

Refer�ncias bibliogr�ficas

  • CARNAVAL, Paulo Eduardo. Medidas e Avalia��o em ci�ncias do esporte. s.ed. Rio de Janeiro: Sprint, 1995. p.113.

  • DAIUTO, Moacir. Basquete: Metodologia do Ensino. 1. ed. S�o Paulo: Hemus. 1991.

  • GORGATTI, M�rcia G. e B�hme, Maria T. S. Pot�ncia de Membros Superiores e Agilidade em Jogadores de Basquetebol em Cadeira de Rodas. Revista Sobama. S�o Paulo, v. 7, n. 1. dez, 2002. 9-14 p.

  • MARINS, Jo�o C. B. & GIANNICHI, Ronaldo S. Avalia��o e Prescri��o de Atividade F�sica: Guia Pr�tico. 3� ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003. 123 p.

  • NETTO, Francisco C. e GONZALES, Jane da S. Desporto Adaptado a Portadores de Defici�ncia. 1. ed. Porto Alegre: INDESP, 1996. 7-10 p.

  • ROSA NETO, Francisco. Manual de Avalia��o Motora. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. p. 14-17.

  • SHARKEY, Brian J. Condicionamento F�sico e Sa�de. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. p.144 a 152 167 e 168 176

  • WEINECK, Jurgen. Treinamento Ideal. 9. ed. S�o Paulo: Manole, 1999. 224 � 229 p.

Quais os equipamentos utilizados no basquete de cadeira de rodas?

Aparelhos ortopédicos e protéticos podem ser usados. O cartão de classificação dos jogadores deve informar o uso de próteses e afins e indicar todas as adaptações na posição do jogador na cadeira. Pneus pretos, aparelhos de direção e freios são proibidos.

Quais são os equipamentos de basquete?

O material indispensável do jogador de basquete é formado por uniforme, calçados e bola. Existem vários tipos e modelos desses três itens, mas lembre-se que o mais importante para praticar o esporte é aprender as técnicas — mesmo com os materiais mais simples.

Quais as principais características das cadeiras de rodas utilizadas nos jogos de basquetebol?

Os pneus traseiros devem ter o diâmetro máximo de 66 cm e deve haver um suporte para as mãos em cada roda traseira; Quando as rodas dianteiras estiverem direcionadas para frente, a altura máxima do assento não pode ultrapassar 53 cm do chão e o apoio para os pés não pode ter mais que 11 cm a partir do chão.

Quais são as adaptações do basquete em cadeira de rodas?

A principal diferença em relação ao basquete convencional é que os jogadores devem quicar, arremessar ou passar a bola a cada dois toques dados na cadeira de rodas. As dimensões da quadra – 28m de comprimento por 15m de largura - e a altura da cesta de 3,05m seguem o padrão do basquete convencional.

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