Explique a concepção de modernidade para os europeus do século XVI

Com finalidade didática, alguns historiadores convencionaram denominar de Idade Moderna o período histórico que começou com a Queda do Império Bizantino, em 1453, derrubado pelos turcos-otomanos, e terminou com a Revolução Francesa, em 1789. O fato é que nesse espaço de tempo houve uma enorme transformação, não apenas do continente europeu, mas de todo o globo terrestre.

A expansão marítima europeia, proporcionada pela formação dos Estados Modernos Europeus, como Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Holanda, provocou a descoberta e integração com o chamado “Novo Mundo”, o continente americano. Esse acontecimento é um dos mais importantes da história da humanidade e está no centro dos conteúdos relativos à Idade Moderna.

Ainda em se tratando do processo de expansão marítima das nações europeias, temos a montagem do sistema colonial e do mercantilismo como modelo econômico hegemônico. Fatores como metalismo, balança comercial favorável e monopólio exclusivo da metrópole sobre suas colônias integravam esse sistema.

Não obstante, a organização das culturas e civilizações nativas do continente americano e a formação da sociedade colonial, seja na América Espanhola, Portuguesa ou Anglo-Saxônica (e Francesa), também compõem os conteúdos de Idade Moderna, apesar de integrarem seções especiais didaticamente separadas, como

Associados a esses conteúdos, temos outros, como a formação do Absolutismo na Europa, isto é, o modelo político que se estruturou como resposta às guerras civis religiosas que se desencadearam após a Reforma Protestante, iniciada em 1517 com as 95 teses de Martinho Lutero; o Humanismo Renascentista, que edificou, entre os séculos XV e XVI, boa parte das ideias modernas, como o antropocentrismo; e o Renascimento Científico, que, associado ao humanismo, também está na base da modernidade.

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A ciência moderna, ao contrário do saber científico da Antiguidade e da Idade Média, passou a ser eminentemente técnica, isto é: o desenvolvimento da ciência passou a depender de um aparato tecnológico que a sustentasse. Os reflexos disso, como as noções de progresso e de aceleração do tempo, podem ser vistos de forma patente hoje em dia.

Esta seção de Idade Moderna ainda oferece outros conteúdos, como as revoluções políticas burguesas, isto é, as transformações políticas que a burguesia levou a cabo progressivamente, a começar pela onda de revoluções que se sucedeu na Inglaterra, no século XVII, que é chamada comumente de Revolução Inglesa; e também aquilo que seria a base estrutural do capitalismo moderno, a Revolução Industrial.

Além disso, no campo das ideias, além da Reforma Protestante, mais à frente, no século XVIII, houve o fenômeno do Iluminismo, um movimento intelectual complexo que teve vários seguimentos, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos da América, mas que se tornou emblemático em sua versão francesa por infundir várias perspectivas políticas nos revolucionários que derrubariam o poder absolutista em 1789.

Faça bons estudos!!


Por Me. Cláudio Fernandes

A modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade social, cultural e econômica vigente no mundo. Ao tratarmos da era moderna, pré-moderna ou ainda a pós-moderna, fazemos referência à ordem política, à organização de nações, à forma econômica que essas adotaram e inúmeras outras características. Entretanto, nessa trajetória que traçaremos aqui, o que nos importa é a trajetória do pensamento humano e o seu processo de construção. Para tanto, partiremos das reflexões de Zygmunt Bauman e de Max Weber para traçar uma linha que nos guie pelas mudanças do pensamento humano e sua conexão com a realidade histórica das pessoas que fizeram parte desse processo.

O que é a modernidade?

É comum escutarmos ou nos referirmos à nossa realidade como moderna. O termo já é tão naturalizado em nossa língua que passou a ter o mesmo contexto de contemporâneo — o que coexiste em um mesmo período de tempo. Mas você entende o que é ou a que nos referimos quando tratamos de modernidade?

Para respondermos a essa pergunta, temos que voltar em nossa história e entendermos primeiro como é possível determinar a passagem de um período de tempo para outro. É comumente entendido que os eventos que se iniciaram com a Revolução Francesa foram o ápice da superação do pensamento e das organizações sociais tradicionais que marcaram operíodo medieval. O rompimento com o pensamento escolástico, método de pensamento crítico ainda ligado aos preceitos da Igreja Católica, e o estabelecimento da razão como forma autônoma de construção de conhecimento, desligado de preceitos teológicos, foram alguns dos primeiros passos em direção à construção do pensamento moderno.

O desenrolar da Revolução Francesa teve como base a construção ideológica que convencionamos chamar de Iluminismo. O pensamento iluminista e os pensadores empiristas, que acreditavam que o conhecimento verdadeiro estava na experiência a partir dos sentidos, estabeleceram a razão e a ciência como a forma verdadeira de se conhecer o mundo. Esse pensamento racionalista inerente ao Iluminismo revirou toda a estrutura social da França, que era construída sobre pilares tradicionais fundamentalmente teológicos, o que abalou todos os pilares sociais e políticos do país em que o domínio monárquico absolutista se apoiava. A monarquia francesa e seu poder assegurado pela provisão divina foram derrubados diante do fortalecimento dos ideais igualitários e do racionalismo. Nesse momento, fortalecia-se o pressuposto de igualdade (em que nenhum homem estaria acima de outro, nem mesmo o Rei), que, mais adiante, seria o ponto de partida para os primeiros movimentos democráticos nas Américas.

René Descartes foi uma das figuras mais proeminentes desse período. Suas obras são vistas como fonte de inspiração e base de construção da filosofia moderna. Em sua principal obra, Discurso do método, Descartes apresenta o que foi chamado de método cartesiano, o ápice de sua filosofia, que estipulava o caminho a ser tomado para a construção do conhecimento cientifico: a evidência, a análise, a síntese e a enumeração.

O pensamento racional e o método cartesiano pavimentaram o caminho para os eventos que foram vistos como o ponto inicial da era moderna: a revolução industrial. A sociedade europeia passava por uma série de mudanças motivadas por grandes conflitos bélicos e ideológicos. As guerras napoleônicas estimularam a corrida armamentista, o que elevou a exigência por uma produção de bens materiais em maior escala. Os processos de cercamento, em que as terras de uso comunal passaram a ser privatizadas, empurraram os camponeses para os grandes centros urbanos. A ligação direta com a terra e o trabalho rural, pelo qual o camponês produzia seu sustento, foi cortada. As populações agrárias acumularam-se nas cidades e passaram a ter de vender sua força de trabalho nas grandes fábricas que se erguiam.

Nesse ponto, vemos que toda a estrutura social que havia existido até então se modificara. As relações entre indivíduos tornaram-se diferentes na medida em que sua realidade tornava-se distinta. Costumes que antes se justificavam em um mundo agrário e rural foram esquecidos ou se modificaram no meio urbano. Novos conflitos surgiram diante de uma nova configuração de relações trabalhistas e influenciados pelo capitalismo emergente, que foi o ponto principal da nova organização do mundo.

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A modernidade construiu-se em meio aos conflitos ideológicos da razão objetiva instrumental, utilizada como ferramenta de abordagem de questões do pensamento humano e de sua realidade. Assim, o pensamento tradicional, ligado ao pensamento teológico e religioso, foi progressivamente abandonado. Max Weber referiu-se a esse fenômeno como o processo de “desencantamento do mundo”, no qual o sujeito moderno passou a despir-se de costumes e crenças baseados em tradições aprendidas que se apoiavam nos pilares fixos das religiões. Explicações e questionamentos baseados na utilização da razão instrumental quebraram noções preconcebidas e ancoradas no núcleo religioso.

A desordem inicial que o mundo moderno encontrou com o abandono dos princípios religiosos que sustentavam costumes e organizações sociais foi a força motriz para o que o sociólogo Zygmunt Bauman defendeu ser uma das principais características da modernidade: a busca pela ordem. Essa busca já havia sido anunciada por Thomas Hobbes, ainda no século XVII, com a descrição do poder que um Estado soberano deveria ter como controlador de seus súditos e responsável pelo reforço da ordem, especificando aquilo que era aceitável ou o que era repulsivo.

Todavia. foi apenas nos séculos XIX e XX que esse fenômeno tomou as dimensões que vemos hoje. A era moderna, diante dos conflitos cada vez mais globais, foi marcada pela segregação de classes, indivíduos e, principalmente, de nações. Bauman explica que:

Classificar consiste nos atos de incluir e excluir. Cada ato nomeador divide o mundo em dois: entidades que respondem ao nome e todo o resto que não. Certas entidades podem ser incluídas numa classe — tornar-se uma classe — apenas na medida em que outras entidades são excluídas, deixadas de fora. (BAUMAN – 1999)*

Os Estados modernos, tais como os conhecemos, foram formados a partir dessa lógica de exclusão e inclusão. A busca pela ordem, determinando o que nos é comum e o que não é, tomou forma na segregação estamental de territórios dos países que temos hoje espalhados pelo mundo e espalhou-se por todos os redutos das sociedades modernas. Os conflitos entre ideias socialmente aceitas e tudo o que é diferente foram a marca das sociedades modernas.

O ato nomeador a que Bauman se refere é o princípio da determinação de uma ordem. Ao excluirmos o que não faz parte de uma organização, estabelecemos simultaneamente o que faz parte dela. Como exemplo mais claro, temos as fronteiras de países que delimitam de forma precisa a extensão de um território e ainda servem como uma barreira invisível para os “estrangeiros” ou aqueles que não fazem parte dessa ordem. De maneira particular, essa separação fortaleceu-se de forma colossal durante o século XX e as guerras de escala global que se seguiram, como a Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

O estabelecimento da ordem foi seguido pela busca pelo progresso, outra característica marcante da era moderna. Nesse sentido, as guerras foram responsáveis pelo avanço tecnológico vertiginoso do último século. A corrida armamentista dos países envolvidos levou ao desenvolvimento de novas tecnologias que mudaram novamente a nossa percepção de mundo.

Diante dessa enorme trajetória que nos esforçamos para cobrir, podemos contemplar o tamanho da complexidade dos caminhos pelos quais o pensamento humano e nossas organizações sociais passaram e ainda passam. Entender os processos históricos permite-nos entender a origem da realidade em que vivemos. O mundo moderno ainda se reinventa e, assim como todos os períodos que vieram antes, chegará o momento derradeiro de sua conclusão. Resta-nos perguntar: já estamos nesse momento de ruptura?

*Referência: BAUMAN, Zygmunt; Modernidade e ambivalência / tradução Marcus Penchel. — Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999


Por Lucas Oliveira
Graduado em Sociologia

Qual foi a concepção de modernidade para os europeus do século XVI?

A modernidade para os europeus do século XVI está relacionada ao Renascimento, período de grandes avanços científicos e mudanças de pensamento, que favoreceram o eurocentrismo e outras visões de superioridade como civilização em relação às populações não europeias.

O que é modernidade para os europeus?

A modernidade europeia é um período marcado por reformas e revoluções. O humanismo, o renascimento e as reformas protestantes são dessa época.

Como os europeus viam os outros?

Resposta verificada por especialistas Os europeus se "viam" como o centro da humanidade, enxergavam sua cultura como mais bela, e que esses traços deviam ser seguidos por populações diferentes do padrão europeu, essa ideologia ficou conhecida como Eurocentrismo.

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