Na língua afegã o que significa o termo talibã

Centro de conflitos políticos nos últimos dias, a capital do Afeganistão, Cabul, foi invadida pelo grupo terrorista Talibã neste domingo (15/8). Eles invadiram o palácio presidencial na cidade, após o chefe do Executivo, Mohammad Ashraf Gahani, deixar o país.

O grupo chegou aos arredores de Cabul no início deste domingo e reivindica a rendição pacífica do governo.

A tomada da cidade pelos talibãs ocorre 20 anos após o grupo extremista ter sido expulso da capital pelos Estados Unidos, que invadiram o país dias depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.

Segundo a pesquisadora V.Yoga Jyotsna, da Universidade de Osmania, na Índia, o termo “Talibã” significa “estudantes”, no idioma pashto, uma das línguas nacionais do Afeganistão.

O grupo surgiu no início da década de 1990, no norte do Paquistão, depois que tropas da União Soviética foram retiradas do Afeganistão. Após a saída do exército soviético, o Talibã ganhou popularidade na região.

Com a promessa de restaurar a paz e segurança na área, o grupo defendia duramente a sharia, lei islâmica. Em 1996, o Talibã invadiu a capital afegã, Cabul, dando início a um período de perseguição étnica e religiosa no país.

O país foi comandado pelo grupo de 1996 a 2001. Durante o período, as mulheres não podiam trabalhar. Meninas eram impedidas de frequentarem a escola, e todas tinham de cobrir o rosto e estar acompanhadas por um parente do sexo masculino se quisessem sair de casa.

A atuação do grupo na região foi fortemente marcada pela relação com a Al Qaeda, organização islâmica fundada por Osama Bin Laden. São atribuídos ao Talibã a autoria de ataques terroristas em diversas cidades do mundo no dia 11 de setembro de 2001 — incluindo a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, em Nova York (Estados Unidos).

Em 2001, dias após o atentado de 11 de setembro em Nova York, tropas norte-americanas tomaram a cidade de Cabul e expulsaram as lideranças talibãs do local, em retaliação à aliança do grupo com o Al Qaeda.

Em abril deste ano, no entanto, o presidente norte-americano, Joe Biden, anunciou a retirada de todos os militares do país até o mês de setembro. Após a saída de parte das tropas estadunidenses, o Talibã avançou novamente sobre a região.

Mohammad Ashraf Ghani, presidente do AfeganistãoTwitter/Reprodução

Talibã quer rendição do governo afegãoReprodução/Redes Sociais

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Com a volta do grupo à Cabul, o cenário é de tensão. Em publicação no Twitter, a conta oficial do Palácio Presidencial do Afeganistão informou que foram ouvidos tiros em “várias áreas remotas de Cabul”. “As forças de segurança e defesa do país estão em coordenação com parceiros internacionais”, assinalaram as autoridades.

Mais cedo, a conta do Palácio Presidencial publicou imagens de Mohammad Ashraf Ghani conversando com autoridades sobre como garantir segurança aos cidadãos de Cabul, antes de deixar o país.

Segundo o portal ToloNews, um porta-voz do Talibã, identificado como Zabihullah Mujahid, informou que “para evitar saques e o caos” suas forças entrariam em algumas partes de Cabul e ocupariam postos avançados que foram evacuados pelas forças de segurança.