Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional, e a professora Claudia Carvalho, coordenadora da equipe de resgate pós-incêndio, anunciaram, na sexta-feira (19/10), que Luzia, fóssil humano mais antigo do Brasil, foi retirada dos escombros do prédio, incendiado no mês passado.
O resgate aconteceu nesta semana
“Acreditamos que será possível recuperar quase todo o material encontrado: 80% do crânio que existia está visível e o restante ainda será trabalhado. Vamos finalizar a higienização, estabilizar e, a partir daí, reconstituir”, disse Claudia Carvalho.
Kellner comemorou o resgate e afirmou que outras peças estão sendo recuperadas. Após identificação, a instituição anunciará os acervos.
Ele destacou que as obras no Museu estão em andamento dentro do cronograma estipulado e que a instituição pleiteia recursos junto a autoridades para a recuperação total do prédio. “Estamos discutindo com a bancada do Rio. O Congresso Nacional está reagindo com enorme sensibilidade”, afirmou.
Luzia
Quase tudo que foi descoberto sobre Luzia fundou-se no estudo do que restou de seu esqueleto. A partir da análise de sua pelve (bacia), foi possível reconhecer que tais restos pertenceram a uma mulher com cerca de 25 anos à época de sua morte.
Pelo comprimento dos ossos longos, sua altura é estimada em torno de 1,5 metro. O que aconteceu com Luzia e seu povo ainda é um mistério. Provavelmente não haverá uma explicação única. Dispersos pelo continente, é possível que diferentes grupos, representantes dos primeiros colonizadores, tenham encontrado destinos variados, que apenas por meio de novas pesquisas serão conhecidos.
fotos de Raphael Pizzino – Coordcom/UFRJ
Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, afirmaram nesta sexta-feira (19/10) que encontraram o crânio de Luzia, o fóssil humano mais antigo descoberto na América e que revolucionou os estudos sobre o povoamento do continente americano.
Segundo a equipe de pesquisa do museu, os ossos foram encontrados há alguns dias nos escombros do edifício, que foi atingido por um incêndio de grandes proporções em 2 de setembro e teve grande parte de seu acervo de mais de 20 milhões de peças e documentos destruída.
Os técnicos informaram que 80% dos ossos de Luzia encontrados já foram identificados. O crânio está em fragmentos, porque a cola que os mantinha unidos derreteu com o calor das chamas. Na entrevista, contudo, a direção do museu celebrou as boas condições do fóssil.
"Hoje é um dia feliz, conseguimos recuperar o crânio da Luzia, e o dano foi menor do que esperávamos. Os pedaços foram achados há alguns dias, eles sofreram alterações, danos, mas estamos muito otimistas com o achado e tudo que ele representa", afirmou Cláudia Rodrigues, que faz parte da equipe de escavamento do Museu Nacional.
Ela contou que os ossos encontrados estavam em uma caixa de metal dentro de um armário, em um local estratégico do museu, justamente para preservar o fóssil de eventuais acidentes.
Segundo os pesquisadores, foram encontrados a parte frontal do crânio (testa e nariz), a parte lateral e o fragmento de um fêmur que também pertencia ao esqueleto. Os demais ossos de Luzia estavam expostos ao público do museu e ainda não foram localizados.
Os técnicos planejam agora trabalhar para a reconstrução do fóssil, mas antes precisam encontrar um laboratório apropriado para analisar os fragmentos e remontá-los.
O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, adiantou que vários outros itens do acervo da instituição foram encontrados pelas equipes de pesquisa, mas só serão divulgados após serem totalmente identificados.
O crânio de Luzia, um fóssil de mais de 11 mil anos, retrata a mulher mais antiga da América que se tem conhecimento. Ele foi encontrado na década de 1970 em Pedro Leopoldo, Minas Gerais, por uma missão francesa liderada pela arqueóloga Annette Laming-Emperaire.
Luzia é uma das peças mais importantes da história natural da América porque representou uma revolução nos estudos sobre o povoamento do continente americano.
O fóssil da mulher de olhos grandes serviu de base para o antropólogo Walter Neves, da USP, propor, no final da década de 1980, que os primeiros habitantes do continente tinham a morfologia craniana diferente dos habitantes atuais da América. Foi Neves também quem apelidou carinhosamente o crânio da mulher mais antiga do Brasil de Luzia.
EK/dw/ots
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