Por que as cidades italianas foram muito importantes no desenvolvimento do Renascimento?

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Por Marcelo Albuquerque

As cidades italianas se destacam por traçados inovadores e idealistas, como Pienza, Ferrara, Palmanova e o projeto não construído de Sforzinda. Argan argumenta, no livro História da arte como história da cidade, que a renascentista adição hercúlea de Ferrara de Rosseti acrescenta-se à cidade da Idade Média através de um sistema de nexos que não reflete uma contraposição, mas um desenvolvimento[1]. Pienza foi reconstruída a partir de uma aldeia chamada Corsignano, local de nascimento do Papa Pio II, ficando o projeto a cargo de Bernardo Rossellini, na segunda metade do século XV. Ela apresenta uma inédita adoção de planejamento urbano tipicamente renascentista, como os afirmados por Leon Battista Alberti. Ruas sinuosas foram planejadas para não aparentar uma pequenez excessiva da cidade (mesmo que a trama ortogonal seja um dos princípios norteadores do Renascimento) renovando tradições medievais.  Destaca-se em Pienza a praça planejada da Catedral renascentista, a Câmara Municipal, o Palazzo Borgia e o Palazzo Piccolomini.

A praça da Catedral de Pienza. À direita, a câmara municipal. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <//it.wikipedia.org/wiki/Pienza&gt;. Acesso em: 12 abr. 2017.

Ferrara é uma cidade referência no desenho urbanístico do Renascimento, considerada um dos primeiros grandes projetos urbanos da era moderna na Europa. A chamada Expansão ou Adição Hercúlea, para a construção da nova parte da cidade, chamada Arianuova, foi encomendada ao arquiteto Biagio Rossetti, em 1484, pelo Duque Ercole I d’Este. Sua localização fica fora do eixo do velho castelo medieval, com grandes áreas verdes, sem prédios, conhecidos como “jardins” e “pomares”. Possui o título de cidade da Renascença concedido pela UNESCO. As muralhas renascentistas conservam-se em boa parte intactas, com a sua aparência original.

Castelo Estense, em Ferrara. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <//en.wikipedia.org/wiki/Ferrara&gt;. Acesso em: 20 fev. 2017.

Muralhas Renascentistas de Lucca. Foto: Marcelo Albuquerque, 2015.

Palmanova foi projetada como uma fortaleza de forma a comportar a tecnologia bélica de seu tempo, em especial a artilharia de canhão, a exemplo das fortificações de Vauban. Ela possui uma forma de estrela com 9 pontas. Sucessivas disputas entre austríacos e venezianos, pela posse de territórios e fronteiras, levaram à sua construção. Em um clima de hostilidade e insegurança, os venezianos decidiram construir a fortaleza em um ponto estratégico, perto da fronteira com os Habsburgos. Em 1593 foi iniciada a sua construção. A fortaleza-cidade conta com dois círculos de fortificações com muralhas, bastiões, fossos e cortinas para proteger as três entradas da cidade. Posteriormente, Palmanova será ocupada pelos austríacos e finalmente pelos italianos no século XIX. A cidade foi proclamada monumento nacional em 1960.

Planta e fotografia de Palmanova. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <//en.wikipedia.org/wiki/Palmanova&gt;. Acesso em: 20 fev. 2017.

Sforzinda é um traçado de uma cidade imaginaria, de aproximadamente 1464, por Antonio Averlino dito Il Filaret. O nome da cidade é em honra à família Sforza e ao duque de Milão, Francesco Sforza, uma das famílias mais poderosas da Itália renascentista. A cidade nunca foi construída, e seu projeto continha um plano de oito pontos, obtidos pela sobreposição de dois quadrados girados em 45 °, inscritos dentro de um círculo, que seria o fosso. O seu desenho já antecipa o desenvolvimento de estratégias de defesa e ataque com artilharia pesada. Cada ponto externo possuiria uma torre, enquanto em cada ponto recuado das muralhas possuiria uma porta. Cada porta e cada torre atingem o centro da cidade, em vias lineares, onde se abriria uma praça rodeada por edifícios monumentais. Para a cidade, foram pensados os edifícios mais importantes, como o Palácio do Senhor, as prisões, o hospital e as igrejas.

Planta de Sforzinda. Fonte: Wikipédia. Disponível em: <//en.wikipedia.org/wiki/Sforzinda&gt;. Acesso em: 20 fev. 2017.

Marcelo Albuquerque

Pintor, desenhista, professor e escritor. Professor assistente da UC Expressão Visual, UC Estudos Críticos: história, arte e cultura, História da Arte, Arquitetura e Urbanismo, Teoria e História do Design, Desenho de Observação, Plástica e Patrimônio Cultural no Centro Universitário UNA, na graduação de Arquitetura e Urbanismo, Design Gráfico, Design de Moda e no curso tecnólogo de Design de Interiores. Mestre em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes - UFMG. Especialista em História da Arte pela PUC MG. Especialista em Ensino e Aprendizagem na Educação Superior. Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes - UFMG. Possui em seu currículo mais de 40 exposições artísticas e 3 livros publicados. É autor do website Arte e Cultura, disponível em: arteculturas.com e do website, disponível em: artealbuquerque.com. Ver todos posts por Marcelo Albuquerque

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Qual a importância das cidades italianas para o desenvolvimento do Renascimento?

Em primeiro lugar, as cidades italianas conheceram um extraordinário desenvolvimento comercial a partir do século XII, transformando-se nos principais centros da economia europeia. Foi justamente ali que se iniciou o pré-capitalismo e, com ele, a intensificação da vida urbana, que modificaria as bases da sociedade.

Que cidades italianas foram importantes durante o Renascimento?

O Renascimento, em seu âmbito cultural, ocorreu em meio urbano, acompanhando o também chamado “Renascimento Comercial” europeu. Cidades italianas como Pisa, Gênova e Veneza (famosas por causa de seus portos marítimos) passaram, a partir do século XIV, a ter um grande protagonismo no fluxo comercial do Mar Mediterrâneo.

Que fatores permitiram que o Renascimento se difundiu a partir das cidades italianas?

O Mecenato, prática exercida pelos burgueses, príncipes e papas, de financiar os artistas, procurando mostrar o poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal; A vinda de sábios bizantinos para a Itália após a conquista de Constantinopla pelos turcos Otomanos; – a presença, em solo italiano, da antigüidade clássica.

O que marcou o Renascimento italiano?

O período do Renascimento, ou Renascença Italiana se passou na Europa entre os séculos XIV e XVI. Pode-se dizer que foi um período transitório entre a Idade Média e a Idade Moderna do qual foi marcado por importantes mudanças no pensamento socio-cultural, refletidos na economia, política e religião.

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