A Revolução Agrícola foi um grande evento na história mundial e teve um profundo efeito sobre as populações em toda a Europa e outros eventos históricos. Muitos historiadores consideram a Revolução Agrícola uma das principais causas da Revolução Industrial. Por exemplo, a Revolução
Industrial começou na Grã-Bretanha no século XVIII devido, em parte, a um aumento na produção de alimentos, que foi o resultado-chave da Revolução Agrícola. Nas décadas anteriores ao início da Revolução Agrícola, os agricultores europeus praticavam uma forma de agricultura na qual plantavam a mesma cultura (monocultura) no mesmo campo, todos os anos. Isso fez com que eles parassem de plantar por uma safra a fim de evitar destruir a qualidade do solo. Na década de 1730, Charles
Townshend, um estadista britânico, descobriu que cultivando diferentes tipos de culturas nos campos, ano após ano, os agricultores britânicos não tinham que deixar um campo para uma estação de cultivo. Ao fazer isso, o agricultor poderia cultivar alimentos no campo a cada ano sem diminuir a capacidade do solo, permitindo que os agricultores britânicos cultivassem mais alimentos, o que levou a um aumento na população de cidadãos britânicos – importante para o início da Revolução Industrial
– pois disponibilizou uma força de trabalho importante para as fábricas e minas locais.
17.07.20
Um aspecto fundamental da Revolução Industrial foi a invenção de diferentes tipos ou máquinas, muitas das quais foram utilizadas na agricultura. Por exemplo, Jethro Tull é famoso por sua invenção da plantadora (de sementes) que teve um efeito relevante na Revolução Agrícola. Tull trabalhou na fazenda de seu pai na Inglaterra e notou que algumas das práticas agrícolas tradicionais eram muito ineficientes, como a forma como as sementes eram colocadas no solo (à mão), o que era muito lento e exigia muito trabalho por parte dos agricultores. Sua invenção tornou o processo de plantio muito mais rápido, eficiente permitindo que diferentes culturas fossem plantadas em linhas retas, permitindo o uso de menos sementes e auxiliando, inclusive, na melhoria dos tratos culturais.
Outra característica importante da Revolução Agrícola foi a proteção das áreas produtivas. Nos tempos anteriores a 1700, os agricultores britânicos plantavam em pequenas áreas, permitindo que animais pastassem em campos compartilhados. Na década de 1700, o Parlamento britânico aprovou uma legislação, referida como ”Os Atos de Cerco” (“Enclousure Movement”), que permitiu que as áreas comuns se tornassem privadas. Isso levou os agricultores ricos a comprar grandes áreas, a fim de criar maiores propriedades rurais.
Em resumo, a Revolução Agrícola foi uma importante causa da Revolução Industrial e ocorreu inicialmente na Grã-Bretanha durante a década de 1700 e envolveu invenções e inovações que levaram a um aumento na produção de alimentos. O crescimento da população gerou o aumento no número de trabalhadores que eram atraídos para trabalhar nas fábricas e minas, estes importantes para a Revolução Industrial. Uma maior população gerou uma maior demanda, ou seja, gerou novo mercado de bens de consumo, alimentando a economia local.
O Agro não para!
TAGS: Charles Townshend, Grã-Bretanha, Jethro Tull, Revolução Agrícola
Designação do movimento de renovação da agricultura, verificado na Inglaterra do século XVIII, que resulta na transformação da propriedade rural (enclosures), na introdução de novas espécies vegetais e animais (ou seu apuramento) e na aplicação de novas técnicas e processos de produção. Tal como na maior parte das mutações operadas na
Europa ao longo do século XVIII, também na Revolução Agrícola a Inglaterra foi o país de arranque. Dotada de uma aristocracia latifundiária (nobreza detentora de enormes propriedades) politicamente ativa e cada vez mais preponderante no Parlamento, nela surge, na primeira metade do século XVIII, um corpo de leis visando uniformizar e regular
a posse da terra de forma a facilitar o processo produtivo. Resultam essas leis de uma petição dos grandes senhores da terra para legitimar a ocupação e cerco de pequenas propriedades, de forma a aumentar a dimensão das suas e a aumentar com isso a produção e o lucro.
Essas leis, favoráveis à aristocracia, avançam, assim, no sentido da expropriação de pequenas propriedades (minifúndios), da junção de
parcelas dispersas e da apropriação de terras comunais, para além da liberdade de cercar as novas propriedades resultantes desse processo (em inglês, enclosures, campos fechados por sebes ou cercas).
A aplicação da lei fez-se com base em pressupostos senhoriais: apesar de terem apresentado uma petição ao Parlamento, os latifundiários decidiram ocupar e cercar as terras sem qualquer aviso aos seus antigos donos, os pequenos proprietários, mesmo ainda antes da discussão e aprovação
parlamentar. Recorrendo da decisão, os pequenos proprietários tentam comprovar documentalmente a posse da terra, o que é difícil - ou impossível - na maior parte dos casos. Perdem assim as terras e vão engrossar o êxodo de trabalhadores rurais - proprietários ou não - em direção às cidades fabris de Bristol, Birmingham, Manchester,
Liverpool, Londres e Glasgow, entre outras. As propriedades confiscadas pelos agentes dos latifundiários são, entretanto, repartidas entre estes.
Modifica-se então a paisagem rural inglesa: do openfield (campo aberto, sem vedação, tradicional em
Inglaterra) passa-se para o campo fechado. Esta mudança será mais visível no Leste do país - em East Anglia, nas Midlands, no Yorkshire... Estas eram, antes da lei, regiões cerealíferas e forrageiras, bem como de criação de gado ovino (a lã era, aliás, uma matéria-prima importante para a florescente indústria têxtil inglesa). Os novos senhores - a que se juntarão mesmo ricos comerciantes das cidades (burguesia),
interessados em investir na agricultura - promoverão, porém, a introdução de novas técnicas de cultivo, entre as quais a rotação de culturas sem pousio, de forma a retirar o máximo proveito das terras. Ao mesmo tempo, de forma a aumentar a dimensão das propriedades e da sua superfície cultivável, promovem a secagem e drenagem de terras pantanosas, o abate de florestas e a ocupação de baldios e terras comunais (as arroteias). No intuito de melhorar as espécies mais produtivas, a seleção de
sementes e o apuramento dos efetivos pecuários são outras das marcas desta Revolução Agrícola inglesa setecentista. A introdução de máquinas e a melhoria dos transportes no espaço agrário são outras das características principais dessa mutação operada no mundo rural inglês.
Os resultados não demoraram muito a aparecer: maior produção (na primeira metade do século XVIII, esse aumento é superior a 20%); capacidade do campo abastecer e sustentar o crescimento urbano-industrial que se registava
no país; melhorias significativas, não somente em quantidade, mas também em qualidade, permitem uma época de relativa abundância em produtos agrícolas essenciais (carne, leite e derivados, legumes, batata, cereais, etc.), com repercussões em termos demográficos. De facto, a melhoria gradual na dieta alimentar inglesa proporcionará uma maior esperança de vida, um aumento da natalidade e do crescimento natural
da população, diminuindo-se a vulnerabilidade do homem face às fomes e pestes (menos comuns, porém). Com a diminuição crescente da mortalidade, conjugam-se uma série de indicadores positivos para que possamos falar de uma revolução demográfica, a par da revolução agrícola e da industrial.
Todas estas alterações no espaço agrário inglês trouxeram também outras consequências, mais visíveis no espaço urbano. Para além do citado
êxodo rural de minifundiários e assalariados rurais - devido à perda da posse da terra, à mecanização (que origina menos empregos rurais) e às novas técnicas e culturas -, assiste-se a um crescimento demográfico nas cidades, o que dispara os valores da taxa de urbanização inglesa e mesmo europeia. A expansão da Revolução Agrícola para o continente europeu - menos visível que a da indústria - fará, ao longo do século
XIX, crescer a população europeia em mais de 100%, registo nunca alcançado na história da Humanidade. A rota de expansão da Revolução Agrícola inglesa na Europa e no Mundo será idêntica à da industrialização, ambas interligadas e perfeitamente complementares.
Este processo gradual, ao longo do século XVIII, de racionalização da atividade agrícola, saldado no aumento da produção, quer de alimentos quer de
matérias-primas vegetais e animais (transformadas nas fábricas que entretanto se redimensionam e aumentam), criará um conjunto de condições favoráveis ao eclodir de outras mudanças. A acumulação de capitais, obtida a partir dos lucros da exploração da terra em moldes modernos, proporcionará a sua canalização - sob a forma de investimentos - para outros setores da vida económica e produtiva, reforçando ainda mais a
Inglaterra como primeira potência e como país de arranque das principais transformações operadas à escala mundial.