São chamadas de Revoluções Burguesas os processos históricos protagonizados pela classe burguesa, ligada ao comércio e às finanças, e que foram fundamentais para que várias sociedades europeias superassem o sistema absolutista.
Ao abandonar o feudalismo, os países europeus passavam a se estruturar como estados nacionais, governados por uma monarquia absolutista que detinha o controle sobre todas as suas fronteiras. No século XVII, porém, este sistema de monarquia centralizadora começava a entrar em colapso, especialmente a partir do desenvolvimento de uma nova classe, a burguesia, responsável pelas trocas monetárias. Os burgueses logo entraram em choque com o sistema absolutista e os seus maiores beneficiados, a nobreza em torno do soberano.
São consideradas revoluções burguesas as revoluções inglesas do século XVII (Puritana e Gloriosa) e a Revolução Francesa de 1789.
As revoluções inglesas são uma série de mudanças experimentadas pela Inglaterra, onde esta passa de monarquia absolutista para república sob o governo de Oliver Cromwell, e finalmente se torna monarquia constitucional, praticamente a mesma forma de governo atualmente em vigor no país.
A Revolução Francesa, mais famosa, aconteceu quase um século depois, e foi bem mais drástica. O absolutismo francês estava mais fortemente instalado dentro da sociedade e das instituições. Prova disso é o rei francês Luís XIV, frequentemente retratado como símbolo perfeito e acabado de monarca absolutista. Certamente, isso gerou um clima maior de revanchismo entre os mais humildes, que, no momento em que derrubaram um regime tão opressor, realizaram uma mudança completa e mais profunda na organização do estado.
Apesar de estarem separadas por um período de tempo considerável, ambos movimentos guardam várias características em comum:
Reportagem e edição: Ricardo Westin
Pesquisa histórica: Arquivo do Senado
Edição de multimídia: Bernardo Ururahy
Edição de fotografia: Pillar Pedreira
Pesquisa fotográfica: Ana Volpe e Pillar Pedreira
Foto da Capa: Orlando Brito/Arquivo Público do Estado de São Paulo
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)
Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel sancionou a Lei Áurea que aboliu oficialmente o trabalho escravo no Brasil. O fim da escravidão foi o resultado das transformações econômicas e sociais que começaram a ocorrer a partir da segunda metade do século 19 e que culminaram com a crise do Segundo Reinado e a consequente derrocada do regime monárquico.
A ruptura dos laços coloniais e a consolidação do regime monárquico no Brasil asseguraram a manutenção da economia agroexportadora baseada na existência de grandes propriedades rurais e no uso da mão de obra escrava do negro africano. A escravidão, e a sociedade escravista que dela resultou, foi marcada por um estado de permanente violência.
Mas desde os tempos coloniais, os escravos negros reagiram e lutaram contra a dominação dos brancos, através da recusa ao trabalho, de rebeliões, de fugas e formação de quilombos.
A Leis Eusébio de Queirós e do Ventre Livre
Ao longo do século 19, a legislação escravista no Brasil sofreu inúmeras mudanças como consequência das pressões internacionais e dos movimentos sociais abolicionistas. A primeira alteração na legislação ocorreu em 1850, quando foi decretada a Lei Eusébio de Queirós, que extinguiu definitivamente o tráfico negreiro no país. Foi uma solução encontrada pelo governo monárquico brasileiro diante das constantes pressões e ameaças da Inglaterra, nação que estava determinada a acabar com o tráfico negreiro.
Em 1871, foi decretada a Lei Visconde do Rio Branco. Conhecida também como a Lei do Ventre Livre, estabelecia que a partir de 1871 todos os filhos de escravos seriam considerados livres. Os proprietários de escravos ficariam encarregados de criá-los até os oito anos de idade, quando poderiam entregá-los ao governo e receber uma indenização. Com as leis de extinção do tráfico negreiro e de abolição gradual da escravidão, o trabalho cativo estava fadado a acabar.
O café e as transformações econômicas
As mudanças nas leis escravistas coincidiram com profundas transformações econômicas que o país atravessava. Enquanto a produção açucareira e os engenhos do nordeste entravam em franca decadência, a lavoura cafeeira dá novo impulso a economia agroexportadora.
O café, plantado nas regiões do Rio de Janeiro, vale do Paraíba e Oeste paulista, passa a ser o principal produto de exportação brasileiro.
Quando a produção do café se expande, os cafeicultores têm que lidar com o problema da escassez de mão de obra na lavoura. A compra de escravos, provenientes sobretudo das regiões econômicas decadentes do Nordeste, não soluciona o problema.
Os prósperos fazendeiros paulistas tomaram as primeiras iniciativas visando à substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre. A elite de cafeicultores paulistas adotou uma política oficial de incentivo à imigração europeia e fizeram as primeiras experiências de introdução do trabalho assalariado nas lavouras através do chamado sistema de parcerias, em que os lucros da produção eram divididos entre os colonos e os proprietários.
$escape.getHash()uolbr_quizEmbed('//educacao.uol.com.br/quiz/2014/05/13/voce-sabe-quando-o-primeiro-navio-negreiro-chegou-ao-brasil-teste-se.htm')
A campanha abolicionista
Nas regiões onde a lavoura cafeeira se expandiu e prosperou, ocorreram importantes transformações econômicas e sociais. A urbanização e a industrialização foram estimuladas, de modo a provocar o surgimento de novos grupos sociais com interesses distintos daqueles grupos ligados a produção agrícola.
Progressivamente, esses novos grupos sociais começaram a se opor ao regime escravista. O movimento abolicionista surgiu em meados de 1870, a partir de ações individuais promovidas por ativistas da causa, que incentivavam as fugas e rebeliões de escravo.