Quem eram as pessoas que trabalhavam na extração de ouro e diamante nos anos 1700 e 800 no Brasil?

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Minera��o

Rigidez administrativa Regimento aur�fero de 1702

    A descoberta das jazidas e o in�cio da extra��o aur�fera no Brasil impunham a Portugal a necessidade de uma administra��o mais r�gida, compat�vel com os interesses da Coroa. Uma administra��o que assegurasse os privil�gios da metr�pole, facilitasse a pol�tica fiscal e impusesse absoluto controle sobre tudo o que dissesse respeito � minera��o. Enfim, uma pol�tica administrativa que recompusesse os alicerces do pacto colonial mercantilista.
    Esses foram os objetivos do governo portugu�s ao decretar o Regimento de 1702, que alterava essencialmente as leis anteriores sobre extra��o mineral na col�nia.
    Pelo Regimento de 1702 foram criadas as Intend�ncias das Minas, uma para cada capitania onde se extra�a ouro. Nas zonas mineradoras as Intend�ncias eram aut�nticos governos aut�nomos independentes das de mais autoridades coloniais que s� prestavam obedi�ncia � Coroa.
Al�m de enfeixar nas m�os os poderes administrativos, fiscais e policiais, as Intend�ncias eram super �rg�os que funcionavam como um tribunal especial onde se julgavam os delitos relacionados � minera��o.
    Cada Intend�ncia era composta por um superintendente e um guarda-mor respons�vel pela distribui��o e fiscaliza��o das minas. No caso de ac�mulo de trabalho eram nomeados os guarda-menores para auxiliar o guarda-mor em suas fun��es.
    De acordo com o Regimento todas as jazidas pertenciam ao rei, e o indiv�duo que descobrisse uma zona aur�fera deveria comunicar o achado imediatamente �s autoridades da Intend�ncia. O minerador que procedesse diferente seria preso e julgado por crime de lesa-majestade.
    Descoberta a zona aur�fera, era da compet�ncia do guarda-mor demarcar a regi�o e proceder � distribui��o dos lotes (datas) a serem explorados. Pelo Regimento o descobridor tinha o direito de escolher para si as duas primeiras datas. Em seguida o guarda-mor reservava para a Real Fazenda a terceira data, que, depois, era leiloada. publicamente. As demais datas eram distribu�das por sorteio entre aqueles que houvessem requerido, junto � Intend�ncia, o direito a um lote. Os requerentes se comprometiam a iniciar a explora��o do lote no prazo determinado (quarenta dias). O Regimento determinava expressamente que ningu�m podia vender o lote recebido nem receber um segundo lote sem antes Ter terminado a explora��o do primeiro.
    O tamanho das datas (lotes) variava de acordo com o n�mero de escravos que o pretendente possu�sse. Os lotes maiores ficavam com aqueles que possu�ssem no m�nimo doze escravos. Dessa maneira o governo portugu�s privilegiava os mais capazes economicamente.

Lavras e faisqueiras

    A explora��o aur�fera no Brasil se estruturou em duas modalidades de extra��o: as lavras e as faisqueiras.
    As lavras eram grandes unidades de extra��o formadas por importantes jazidas. Esses estabelecimentos aur�feros exigiam, para sua explora��o, um grande n�mero de escravos e um volume de capital razo�vel.
    As faisqueiras eram unidades menores onde a extra��o do ouro era feita por garimpeiros que trabalhavam sozinhos ou com um pequeno n�mero de escravos. Seus componente; usavam t�cnicas e equipamentos inferiores aos geralmente utilizados nas lavras.
    Na segunda metade do s�culo XVIII, o predom�nio de faisqueiras sobre o n�mero de lavras � explicado pelo decl�nio das grandes minas e a predomin�ncia do ouro de aluvi�o, encontrado nas areias e nos cascalhos dos rios e dos riachos.
    Havia faisqueiras t�o pequenas que eram exploradas por um �nico faiscador. E havia casos em que o dono de uma faisqueira enviava um ou alguns negros de sua propriedade para extrair ouro, em troca de uma porcentagem do metal encontrado. Isto, teoricamente, possibilitava a alguns negros a compra da liberdade.

Extra��o de diamantes

    Estarmos nas primeiras d�cadas do s�culo XVIII. Que pedrinhas brancas e t�o brilhantes s�o essas que v�m junto com as pepitas de ouro nas bateras? Ningu�m sabia a resposta. Eram diamantes.
    Foi necess�rio que algumas dessas pedras chegassem �s m�os de uma pessoa que estivera no Oriente e conhecera o diamante para que as "pedrinhas" se tornassem not�cia. Quando em 1729 a not�cia de sua exist�ncia em Serro Frio se espalhou pelas zonas mineradoras, come�ou uma verdadeira corrida para a regi�o. Intensificada a procura, o diamante foi descoberto em maior quantidade no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina (MG).
    Descoberto o valor econ�mico do diamante, o governo portugu�s mandou demarcar a principal �rea de explora��o, surgindo assim o Distrito Diamantino.
Como ocorria em rela��o �s minas de ouro, as de diamantes tamb�m pertenciam ao rei, e s� a Coroa podia conceder a particulares o privil�gio de explora��o, sob obriga��o de efetuar os pagamentos das taxas e tributos impostos pelo governo lusitano.
    Pouco mais tarde Portugal alterou a pol�tica sobre a extra��o do diamante, passando a conceder os direitos de explora��o a um �nico indiv�duo: o contratador, que exercia autoridade plena sobre os moradores do Distrito e s� prestava obedi�ncia � Intend�ncia dos Diamantes.
    A r�gida fiscaliza��o sobre o Distrito Diamantino impunha um absoluto controle sobre as pessoas que nele entravam ou sa�am. Os escravos que trabalhavam na extra��o do diamante eram vigiados e revistados por um n�mero de vigias bem superior ao n�mero de negros. Apesar disso o roubo e o contrabando eram constantes.
    Em 1771 o marqu�s de Pombal extinguiu o sistema de contrato e determinou que a explora��o do diamante seria feita pela Coroa.

Tributa��o sobre a minera��o

    Em rela��o � cobran�a de impostos o Regimento de 1702 estipulava que a quinta parte de todo o ouro extra�do no Brasil era da Coroa. Este imposto era conhecido como o quinto e estava de acordo com as normas tribut�rias da �poca.
    Por determina��o real, a cobran�a do quinto seria feita nas Casas de Fundi��o. A id�ia de se criar as Casas de Fundi��o j� datava do in�cio do s�culo XVII, mas somente no final desse s�culo elas foram inauguradas no Brasil.
    Nas Casas de Fundi��o a cobran�a do quinto era facilitada, pois o ouro que l� chegava era fundido em barras timbradas com o selo real. Ainda antes da fundi��o a quinta parte era retirada como tributo para a Real Fazenda. A circula��o do ouro em p� foi proibida e, de acordo com a lei, s� podia circular na col�nia o ouro fundido em barras.
    O sistema de arrecada��o nas Casas de Fundi��o n�o atingiu o �xito desejado por Portugal, primeiro porque a sonega��o era facilitada pelas grandes dist�ncias entre as zonas mineradoras e as Casas de Fundi��o localizadas em S�o Paulo, segundo porque os mineiros desobedeciam � proibi��o da circula��o do ouro em p�, que continuava corrente em toda a col�nia. A carga tributaria onerosa e opressiva imposta pela metr�pole abrangia n�o s� a extra��o do ouro, mas todas as demais atividades na col�nia. Os colonos se ressentiam das constantes altas dos impostos, que provocavam continuadas altas nos pre�os dos artigos por eles consumidos.
    A abrangente pol�tica fiscal usava de todos os meios para aumentar a arrecada��o em prol do governo local ou metropolitano. Um desses meios foi a instala��o de postos fiscais em pontos estrat�gicos das estradas que ligavam Minas ao Rio, a S�o Paulo e � Bahia. Nesses postos fiscais, tamb�m chamados centros de inspe��o, al�m de se fiscalizar se havia sido feito o pagamento do quinto, cobravam-se impostos sobre a passagem de pessoas e animais e sobre a entrada de todas as mercadorias transportadas para Minas.
    Os mineiros encontravam na sonega��o e no contrabando formas ideais de "escapar" aos excessos fiscais. H� autores que afirmam que mais de 20% do ouro exportado saiu do Brasil via contrabando. Segundo documentos da �poca, muitos frades que viviam nas regi�es mineiras eram respons�veis pela evas�o de grande parte dos metais preciosos. Eram t�o freq�entes os abusos dos frades que houve quem propusesse "desinfetar as Minas daqueles homens'".
    Em 1730 o governo reduziu o quinto para 12%. Entretanto, para ampliar a arrecada��o foi criado, em 1735, um imposto complementar chamado capita��o. Esse imposto, extremamente amplo, exigia do minerador o pagamento de uma taxa sobre cada um dos seus escravos. O mesmo imposto incidia sobre os faiscadores que n�o tinham escravos e taxava tamb�m os donos de hospedarias, oficinas e lojas.
    Em 1750 a capita��o foi abolida e retomou-se o quinto. Contudo o governo portugu�s estipulou em 100 arrobas anuais o m�nimo arrecadado. Se essa quantia n�o fosse atingida processar-se-ia a derrama, isto �, a cobran�a complementar praticada em geral com requintes de viol�ncia.

Revolta de Filipe dos Santos (Vila Rica, 1720)

    A opressiva tributa��o que refletia a vigorosa pol�tica fiscal da metr�pole resultava, por vezes, em violentas rea��es dos mineiros. Uma das rea��es geradas pela avidez da pol�tica fiscal da metr�pole foi a Rebeli�o de Vila Rica. A causa imediata do conflito foi a determina��o governamental de recriar as Casas de Fundi��o em 1719, com todas as implica��es que isso traria para os mineradores.
    Em 1720 um grupo de mineiros e escravos armados sob a lideran�a do portugu�s Filipe dos Santos dominou Vila Rica. Os rebeldes procuraram o governador, o Conde de Assumar, e lhe apresentaram uma peti��o com v�rias exig�ncias, entre as quais a n�o-instala��o das Casas de        Fundi��o e o absoluto respeito � liberdade dos revoltosos.
    O governador fingiu aceitar as exig�ncias e prometeu tomar provid�ncias a respeito. Contudo, o que o governador pretendia era ganhar tempo e organizar a rea��o oficial. Assim que conseguiu reunir as for�as militares necess�rias o governador marchou sobre Vila Rica, para onde tinham voltado os revoltosos, crentes no seu triunfo.
    Os rebeldes foram presos. Alguns foram enviados para Portugal e Filipe dos Santos foi condenado � morte e enforcado. Depois de "garroteado", peda�os do seu corpo foram arrastados pelas ruas e pendurados em postes. Filipe dos Santos foi usado como exemplo. Sua morte deixava clara a incompatibilidade entre os interesses da metr�pole e os dos colonos. Com essa sua execu��o sum�ria o governo mostrava aos colonos que todos aqueles que se rebelassem teriam a morte como destino.

Destino do ouro brasileiro

    Para melhor compreens�o do que vai ser explicado faz-se necess�rio retomar a exposi��o sobre a situa��o de Portugal � �poca da Restaura��o. Se de um lado a Restaura��o significou a recupera��o da independ�ncia pol�tica da na��o lusitana, de outro implicou o in�cio de um processo de depend�ncia econ�mica que durou s�culos.
    Arruinada economicamente e sob constante amea�a da Espanha, a Coroa portuguesa, ap�s a Restaura��o, foi for�ada a fazer alian�as e a assinar tratados, notadamente com a Inglaterra, na��o a que Portugal ficou submetido. � medida que Portugal ia assinando acordos com a Inglaterra, ia se acentuando a depend�ncia econ�mica em rela��o �quele pa�s.
    Entre tantos outros tratados destacamos dois por descaracterizarem a na��o portuguesa como na��o aut�noma: o Tratado de 1654 e o Tratado de Methuen, de 1703.
    Pelo Tratado de 1654 ficavam estipuladas em apenas 23% as taxas sobre as mercadorias inglesas nas alf�ndegas portuguesas. Determinava tamb�m que navios ingleses comerciassem livremente com as col�nias portuguesas. No caso do Brasil, os ingleses s� n�o podiam comerciar com farinha de trigo, azeite, vinho, bacalhau e pau-brasil, porque o com�rcio desses produtos era monop�lio da Companhia Geral de Com�rcio do Brasil.
Em seus tr�s artigos, o Tratado de Methuen, tamb�m conhecido como Tratado dos Panos e Vinhos, estipulava que:

  •     "Artigo 1.� Sua Sagrada Majestade El-Rei de Portugal promete, tanto em seu pr�prio Nome, como no de Seus Sucessores, admitir para sempre, de aqui em diante, no Reino de Portugal os panos de l� e mais f�bricas de lanif�cio de Inglaterra, como era costume at� o tempo em que foram proibidos pelas leis, n�o obstante qualquer condi��o em contr�rio.

  •     "Artigo 2.� � estipulado que Sua Sagrada e Real Majestade Brit�nica, em Seu Pr�prio Nome, e no de Seus Sucessores, ser� obrigada para sempre, de aqui em diante, de admitir na Gr�-Bretanha os vinhos do produto de Portugal, de sorte que em tempo algum (haja paz ou guerra entre os Reinos de Inglaterra e de Fran�a) n�o se poder� exigir direitos de Alf�ndega nestes vinhos, ou debaixo de qualquer outro t�tulo direta ou indiretamente, ou sejam transportados para a Inglaterra em pipas, ton�is ou qualquer outra vasilha que seja, mais que o que se costuma pedir para igual quantidade ou medida de vinho de Fran�a, diminuindo ou abatendo uma ter�a parte do direito do costume.

  •     "Artigo 3.� Os Exmos. Senhores Plenipotenci�rios prometem e tomam sobre si, que Seus Amos acima mencionados ratificar�o este tratado, e que dentro do termo de dois meses se passar�o as ratifica��es."

    N�o podemos precisar com exatid�o a quantidade de ouro extra�do no Brasil no s�culo XVIII, j� que grande parte foi desviada pelo contrabando e os registros s�o controvertidos. Mas afirma-se que em cinq�enta anos extraiu-se mais ouro no Brasil do que na Am�rica espanhola em 350 anos.
Isto nos permite avaliar as extraordin�rias vantagens que o Tratado de Methuen reservou para a burguesia brit�nica, e afirmar que ao impor ao governo portugu�s a assinatura desse tratado os ingleses j� visavam o ouro brasileiro.
    Al�m das desvantagens comerciais, o Tratado de Methuen trouxe uma dr�stica conseq��ncia para a na��o portuguesa: o aniquilamento das possibilidades de o pa�s desenvolver a ind�stria manufatureira.
    Portugal poderia ter se tomado uma pot�ncia econ�mica com o ouro do Brasil, mas isso n�o ocorreu. Em grande parte o ouro brasileiro serviu para a Coroa pagar suas d�vidas e cobrir os preju�zos de uma balan�a comercial eternamente deficit�ria, j� que as importa��es superavam em muito as exporta��es.
    Com a minera��o, "...a Inglaterra encontrou na economia luso-brasileira um mercado em r�pida expans�o e praticamente unilateral. Suas exporta��es eram saldadas em ouro, o que adjudicava � economia inglesa uma excepcional flexibilidade para operar no mercado europeu. (...) Dessa forma, a economia inglesa adquiriu maior flexibilidade e tendeu a concentrar suas invers�es no setor manufatureiro, que era o mais indicado para uma r�pida evolu��o tecnol�gica. Por outro lado, recebendo a maior parte do ouro que ent�o se produzia no mundo, os bancos ingleses refor�aram mais e mais sua posi��o, operando-se a transfer�ncia do centro financeiro da Europa de Amsterd� para Londres. Segundo fontes inglesas, as entradas de ouro brasileiro em Londres chegaram a alcan�ar, em certa �poca, 50.000 libras por semana, permitindo uma substancial acumula��o de reservas met�licas, sem as quais a Gr�-Bretanha dificilmente poderia haver atravessado as guerras napole�nicas"'.

Uma sociedade em transforma��o Urbanismo e mobilidade social

    A sociedade colonial brasileira do s�culo XVIII passou por profundas transforma��es devido � minera��o. J� no final do s�culo XVII a minera��o atraiu para as Minas Gerais uma imensa multid�o de pessoas das mais diferentes origens, posi��es sociais e situa��es econ�micas. Pobres e ricos, brancos, �ndios e negros livres e escravos, nobres e plebeus, aristocratas e burgueses, portugueses e gente de outros pa�ses - apesar das restri��es portuguesas � entrada de estrangeiros na col�nia - povoavam as terras mineiras.
    A migra��o promoveu um extraordin�rio crescimento demogr�fico. Calcula-se que no s�culo do ouro entraram no Brasil 1 milh�o de negros africanos, 800 mil portugueses e centenas de imigrantes de outros pa�ses.
    Dados exagerados? N�o podemos precisar. Contudo n�o resta d�vida que a minera��o provocou uma explos�o populacional. De 300 mil pessoas em 1700, passou para 3,3 milh�es em 1800, o que significa que a popula��o cresceu onze vezes.
    A sociedade que se formou nas Gerais era tipicamente urbana, onde, ao contr�rio do que ocorrera com a sociedade agr�ria dos engenhos, proliferaram as profiss�es liberais e v�rios tipos de of�cios: sapateiros, alfaiates, ferreiros, pintores, entalhadores, m�sicos, joalheiros, barbeiros, botic�rios, mercadores, taberneiros, estalajadeiros, advogados, m�dicos, mestres-escolas, padres, militares, funcion�rios p�blicos, tropeiros, prestamistas etc.
    Pelo exposto � poss�vel concluir que na sociedade mineira havia uma melhor distribui��o da renda em rela��o ao Nordeste a�ucareiro, onde a renda estava altamente concentrada nas m�os dos senhores de engenho.
    Resta dizer tamb�m que a possibilidade de se tornar senhor de uma propriedade aur�fera e enriquecer com o metal era bem maior do que a possibilidade de ser senhor de engenho nas zonas a�ucareiras. Isso porque para montar um engenho era preciso muito capital dispon�vel para comprar equipamentos e m�o-de-obra escrava, e ainda suportar o per�odo de car�ncia que ia da montagem da empresa at� os primeiros lucros. A minera��o n�o exigia equipamentos sofisticados nem m�o-de-obra numerosa. O pleiteante recebia seu lote e muitos mineiros trabalhavam sozinhos em suas faisqueiras.
    Dada a diversifica��o das atividades socio-econ�micas - caracter�stica das sociedades urbanas -, o desenvolvimento do mercado consumidor interno e a melhor distribui��o da renda, surgiram, na sociedade urbana da minera��o, as classes m�dias brasileiras, compostas por uma popula��o predominantemente masculina de profissionais liberais, artes�os e art�fices, como j� vimos.
    A exist�ncia de classes m�dias urbanas nas zonas mineradoras � uma prova inconteste de que a minera��o possibilitou uma mobilidade social que n�o poderia ser encontrada na empresa a�ucareira, caracterizada por uma hierarquiza��o bipolar da sociedade. Escravid�o e alforria

    Diferentemente da empresa a�ucareira, a minera��o promoveu o desenvolvimento da m�o-de-obra livre. Este fato se explica pelo crescimento das diferentes profiss�es liberais e of�cios exercidos por homens livres, pelo alt�ssimo �ndice de mortalidade dos negros escravos e porque nas faisqueiras a extra��o do ouro era feita por brancos e mesti�os livres e por negros que gozavam de semiliberdade.
    Mas o extraordin�rio crescimento da m�o-de-obra livre num pa�s essencialmente escravista n�o alterou, em sua ess�ncia, o conjunto das rela��es entre o branco e o negro.
� verdade que muitos escravos, trabalhando em regime de semiliberdade nas faisqueiras ou em alguma atividade comercial, conseguiram acumular algum dinheiro e comprar a alforria (liberdade). Contudo o trabalho do negro nas grandes minas era sensivelmente pior do que nos canaviais. O �ndice m�dio de vida �til do escravo nas minas era em tomo de cinco anos, pois era for�ado a trabalhar em buracos onde o ar era rarefeito e �s vezes t�xico, dentro da �gua ou atolado v�rias horas por dia na lama.
    Isso significa que o negro permaneceu escravo, j� que sua possibilidade de liberta��o era praticamente nula. A exist�ncia de negros libertos como Chica da Silva e Chico Rei n�o anula o exposto, dada sua excepcionalidade.
    Prova da continuada opress�o e viol�ncia do homem branco sobre o negro foi a forma��o de v�rios quilombos nas regi�es mineradoras, como, por exemplo, o do Rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, em Mato Grosso. A escravid�o, com tudo o que ela encerra de mal�volo, duraria ainda mais de um s�culo.

Vida cultural e desenvolvimento intelectual nas Minas Gerais

    O s�culo do ouro foi respons�vel pelo desenvolvimento do interesse pelas "coisas da intelig�ncia ou do saber" entre alguns homens da elite urbana endinheirada, principalmente de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro.
    Como j� vimos, os estudos superiores eram proibidos no Brasil. Muitos senhores endinheirados mandavam seus filhos para estudar em universidades europ�ias, principalmente em Coimbra. Na Europa, eles entraram em contato com as id�ias filos�fico liberais dos iluministas europeus e as trouxeram para o Brasil, incrementando a vida intelectual, pol�tica, administrativa e cient�fica no s�culo XVIII e pane do XIX.
    A vida cultural nas Gerais desenvolveu-se principalmente em torno das Igrejas e confrarias. N�o sem raz�o, a arquitetura, a escultura sacra e a m�sica floresceram na regi�o e deixaram imponentes registros do barroco brasileiro.
    J� na segunda metade do s�culo XVIII, Vila Rica se transformou no centro do arcadismo brasileiro, onde se destacaram nomes como Tom�s Ant�nio Gonzaga, Cl�udio Manuel da Costa, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e outros, l�deres da Inconfid�ncia Mineira, o primeiro movimento pela liberta��o colonial.

A �poca de Pombal (1750-1777)

    Embora n�o tenha alcan�ado plenamente seu objetivo de salvar Portugal da depend�ncia brit�nica, o ministro portugu�s Marqu�s de Pombal adotou v�rias medidas nesse sentido.
Pol�tico sagaz e inteligente, Pombal pretendia anular os desastrosos efeitos do Tratado de Methuen para a economia lusitana. Estimulou as manufaturas portuguesas, que haviam sofrido um golpe de morte com a assinatura daquele tratado, proibiu a exporta��o de ouro e combateu vigorosamente o contrabando.
    Visando racionalizar a explora��o da col�nia para recompor a economia da metr�pole, o Marqu�s criou a Companhia de Com�rcio do Gr�o-Par� e Maranh�o e a Companhia de Com�rcio de Pernambuco e Para�ba, ambas dotadas do direito de monop�lio por vinte anos do com�rcio e da navega��o naquelas regi�es, e suspendeu a livre navega��o nas �reas de monop�lios das ditas companhias.
    A Companhia de Com�rcio do Gr�o-Par� e Maranh�o estimulou a produ��o de algod�o, arroz, cacau etc., e tentou resolver o problema da m�o-de-obra escrava para a regi�o fornecendo regularmente um certo n�mero de negros africanos. A Companhia de Com�rcio de Pernambuco e Para�ba, por sua vez, estimulou a produ��o de cana-de-a��car e tabaco.
    A id�ia de se criar uma companhia de com�rcio para o Rio de Janeiro esbarrou na rea��o dos ingleses, que n�o admitiam perder a liberdade de comerciar com a rica regi�o escoadoura de ouro das Gerais.
    As inten��es centralistas e de fortalecimento do poder do Estado metropolitano levaram Pombal a entrar em choque com uma parcela da nobreza lusa e com a poderosa Companhia de Jesus, acusando os jesu�tas de estarem montando em terras brasileiras um imp�rio pr�prio.
Ao expulsar os jesu�tas o Marqu�s empreendeu uma reforma no ensino, retirando das m�os dos parires a educa��o escolar e colocando-a nas m�os de professores leigos contratados e pagos pelo Estado. O n�vel do ensino no Brasil caiu assustadoramente, pois os professores contratados pelo Estado para lecionar nas escolas r�gias eram, em sua maioria, incompetentes e ignorantes. A conseq��ncia foi o aumento da aliena��o e da superficialidade do ensino.
    Ainda em rela��o ao ensino, Pombal fez uma reforma na Universidade de Coimbra, introduzindo os estudos das ci�ncias exatas e naturais e aprimorando os estudos das ci�ncias jur�dicas.
Com o intuito de melhor controlar a sa�da do ouro e do diamante do Brasil e de defender os interesses portugueses no sul da col�nia, o Marqu�s transferiu a capital do Estado do Brasil de Salvador para o Rio de Janeiro, em 1763.
    A �poca do Marqu�s de Pombal foi marcada pelos excessos e abusos de uma pol�tica fiscal r�gida e opressiva. Al�m de criar para a col�nia in�meros impostos complementares, ele violentou a popula��o mineira ao instituir a primeira derrama (1762-1763).
    A derrama era executada quando a cota de 100 arrobas anuais exigida como imposto sobre a extra��o do ouro n�o era completada. A complementa��o das 100 arrobas era feita com requintes de crueldade. Pela madrugada os drag�es do Regimento das Minas sitiavam a vila onde os cobradores de impostos executariam a derrama. Todo tipo de arbitrariedade era cometido para for�ar a todos, indistintamente, o pagamento do imposto devido. A �ltima derrama foi decretada em 1789, mas n�o ocorreu devido � Inconfid�ncia Mineira.
    Considerado na Europa como d�spota esclarecido e influenciado pelas id�ias liberais da �poca, o Marqu�s de Pombal, em rela��o � col�nia, sempre foi um opressor radical.

Quem eram os principais trabalhadores das minas do século 18?

O ouro e os diamantes que trouxeram riqueza para a colônia foram minerados, em sua maioria, por mãos de pessoas escravizadas. Tantos negros trabalharam nas minas que o tráfico negreiro ganhou um novo fôlego. No século XVIII, Minas Gerias se tornou o principal destino dos africanos que eram trazidos para o Brasil.

Quem foram os primeiros descobridores de ouro no Brasil?

Os primeiros exploradores do ouro do Jaraguá teriam sido o português Afonso Sardinha, o Velho, e seu filho, Afonso Sardinha, o Moço. Eles começaram a extrair as jazidas nos arredores da atual cidade de São Paulo e na Serra da Mantiqueira por volta de 1580.

Quem realizava a extração Como é esse trabalho?

Resposta: era feito com mão de obra indígena, obtida a partir da prática do escambo, ou seja, da troca de mercadorias e bugigangas europeias pelo trabalho pesado.

Quem eram os escravizados que trabalhavam nas cidades e que atividades desempenhavam?

Nas cidades, as formas de trabalho escravo variavam bastante. Existiam os escravos prestadores de serviço, isto é, os escravos de ganho, carpinteiros, barbeiros, sapateiros, alfaiates, ferreiros, marceneiros, entre outros.

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