Três anos depois de se sagrar campeã mundial, a judoca brasileira Rafaela Silva conquistou a primeira medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (8). Na categoria até 57 kg, ela venceu a mongol Sumiya Doorjsuren na final.
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Leia maisEmocionada, a judoca conversou com a imprensa após a vitória. "Depois da minha derrota em Londres [na última Olimpíada, quando foi desclassificada devido a um golpe considerado ilegal], pensei que fosse largar o judô e comecei a fazer um trabalho com minha psicóloga. Ela não me deixou abandonar o judô. Meu técnico me incentivada a cada dia. Em 2014 e 2015 não tive bons resultados, estava meio desacreditada, falaram que eu era uma incógnita. Mas eu vim, treinei ao máximo e o resultado veio."
A esportista espera que seu exemplo seja seguido no Brasil. "É muito bom para as crianças que estão assistindo judô agora. Ver alguém como eu, que saiu da Cidade de Deus, que começou o judô com cinco anos como uma brincadeira, ser campeã mundial e olímpica é algo inexplicável. Se essas crianças têm um sonho, têm que acreditar que pode se realizar", reiterou.
Rafaela dedicou a medalha aos brasileiros, parentes e amigos. "Foi uma resposta para todos que falaram que eu era uma vergonha para minha família, que não tinha capacidade de ir para uma olimpíada. (...) A torcida me ajudou bastante, o tatame chegava a tremer, por isso pensei que não podia decepcionar todas essas pessoas que vieram me ver", declarou.
Segunda campeã olímpica do judô feminino brasileiro
A carioca de 22 anos, nascida e criada a poucos quilômetros da Vila Olímpica, tornou-se a segunda mulher brasileira campeã olímpica no judô, depois de Sarah Menezes em Londres-2012.
As medalhas de bronze da categoria até até 57 kg do judô feminino foram para a japonesa Kaori Matsumoto, medalhista de ouro em Londres-2012 e tricampeã mundial, e a portuguesa Telma Monteiro, que conquistou cinco medalhas em mundiais e conseguiu seu primeiro pódio em quatro Olimpíadas.
Essa foi a segunda medalha brasileira nesses Jogos, depois da prata de Felipe Wu no tiro esportivo.
(Com informações da AFP)
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Aurélio, então com 24 anos, deveria ter estreado em Jogos Olímpicos na edição anterior, a de Los Angeles, em 1984. Mas uma discussão com o então presidente da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Joaquim Mamede, causou o corte do judoca da equipe nacional. Em seu lugar, foi Douglas Vieira, que voltou com o vice-campeonato. Antes de Aurélio, o Brasil tinha conquistado quatro medalhas olímpicas: além da prata de Vieira, foram dois bronzes (com Luis Onmura e Walter Carmona) em 1984, e a medalha inaugural, de bronze, de Chiaki Ishii nos Jogos de Munique, em 1972.
Os embates de Aurélio Miguel com o autoritarismo da família Mamede, que ficou 21 anos à frente da CBJ, foram tão comuns quanto seus títulos dentro do tatame. Antes da Olimpíada de Seul, o judoca havia conquistado a medalha de bronze no Mundial de Essen no ano anterior. Até sua aposentadoria, em 2001, Aurélio conquistou mais duas medalhas mundiais (foi prata em Hamilton-1993 e Paris-97) e ganhou o bronze nos Jogos de Atlanta, em 1996, sua última Olimpíada.
Na trajetória até o ouro na categoria meio-pesado, Aurélio superou o britânico Dennis Stewart, o islandês Bjarni Fridriksson, o italiano Juri Fazi e o checo Jiri Sosna. Na finalíssima, superou o alemão Marc Meiling por yuko. Após a conquista de Aurélio, apenas outros dois brasileiros foram campeões olímpicos de judô: Rogério Sampaio, em Barcelona-1992, e Sarah Menezes, em Londres-2012. Aurélio Miguel descreveu a luta que lhe garantiu a vitória inédita, conforme publicou o Estado na edição de 1º de outubro de 1988. "O Melling é canhoto como eu e mais alto, o que dificulta muito. Mas senti o alemão um pouco cansado. Aconteceu que no quarto minuto tive uma pequena queda e então investi contra ele. Tive de forçar. Já ganhei três vezes do Melling e perdi uma. Ele é forte e brigador nos primeiros minutos, depois cede um pouco por falta de fôlego."
Campeão olímpico, Aurélio Miguel liderou o rompimento de judocas de elite com a CBJ. As relações do atleta com a entidade só foram reestabelecidas em 1992, às vésperas da Olimpíada de Barcelona. O ex-judoca foi para a Espanha, mas como havia sofrido uma lesão no ombro, não conseguiu chegar ao pódio, o que ocorreria na edição seguinte, em Atlanta. Após deixar os tatames, Aurélio Miguel seguiu para a carreira política. Atualmente, cumpre o terceiro mandato como vereador - é filiado ao PR. Este ano, o ex-judoca foi acusado de receber propina para facilitar a aprovação de alvarás de cinco shoppings em São Paulo, o que nega. O processo de investigação na Câmara foi arquivado. No ano passado, foi eleito presidente da Federação Universitária Paulista de Esportes (Fupe).