Bolsonaro destrata jornalista da cnn

postado em 25/06/2021 13:25 / atualizado em 25/06/2021 13:26

Crédito: Reprodução/CNNBolsonaro grita com repórter da CNN após atacar jornalista da Globo

Bolsonaro gritou com a profissional e disse que a imprensa faz “perguntas idiotas” e “ridículas” quando foi questionado por uma jornalista da CNN sobre o atraso da compra de vacinas e sobre o contrato com a Covaxin, que sofre denúncias de irregularidades.

“Em fevereiro? Onde é que tem vacina para atender todo o mercado aqui e em todo o lugar do mundo? Responda? Pare de fazer pergunta idiota, pelo amor de Deus. Nasçam de novo, vocês. Ridículo! Vocês estão empregados onde? Vamos fazer pergunta inteligente, pessoal. A gente quer salvar vidas”, disse Bolsonaro.

Em seguida, Bolsonaro mandou uma jornalista da CNN voltar para a faculdade. “De novo? Volta pra faculdade. Não, [volta] pro ensino primário”, disse ele à repórter.

Exaltado, o presidente afirmou que no seu governo nunca houve corrupção, que nada do tipo foi registrado e destacou: “Eu sou incorruptível, além de imobrochável”.

Na segunda-feira, Bolsonaro xingou a imprensa, na qual ele classificou como “canalha” ao ser questionado pela jornalista Laurene Santos, da TV Vanguarda, filiada da Rede Globo, sobre o uso de máscaras. “Olha, eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, não use. Agora, tudo o que eu falei sobre COVID, infelizmente, para vocês, deu certo”, disse o presidente.

A repórter questionou o presidente sobre as mais de 500 mil vidas perdidas pela covid-19. “Parem de tocar no assunto. [Presidente tira a máscara] Você quer botar… Me bota agora… Vai botar agora… Estou sem máscara em Guaratinguetá. Está feliz agora? Você está feliz agora? Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa”, disse Bolsonaro.

"Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é seu convívio com ele na sua casa". Essa foi a resposta dada pelo presidente Jair Bolsonaro à jornalista Amanda Klein, da Jovem Pan, na manhã da terça-feira (6), em uma sabatina organizada pelo canal.

Amanda havia questionado o presidente sobre reportagem do UOL que mostrou que Bolsonaro e familiares negociaram 107 imóveis desde 1990, dos quais ao menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro em espécie. E, mais uma vez , o presidente respondeu a uma mulher jornalista com ataques pessoais e misoginia, um comportamento que tem se intensificado nas últimas semanas.

Colunistas do UOL

"O marido de Amanda", claro não tem nada a ver com seu trabalho como jornalista, assim como "a sua vida em casa". Bolsonaro parece querer dizer que Amanda estaria: "desobedecendo o marido". Que história é essa?

A explosão misógina aconteceu depois de Amanda fazer uma pergunta incômoda para o presidente e candidato. Voltando a falar das denúncias de rachadinhas e sobre o fato da ex mulher de Bolsonaro e mãe de Jair Renan morar em uma mansão avaliada em 3 milhões em Brasília e supostamente ter usado um laranja para adquirir um imóvel. "É importante esclarecer a origem desses recursos, presidente", disse Amanda.

Ou seja, ela fez uma pergunta de interesse público. Todos os cidadãos têm o direito de saber sobre movimentações estranhas feitas por pessoas que ocupam cargos públicos, principalmente a presidência da república. Mas também é uma pergunta incômoda. E faz parte do trabalho da jornalista fazê-las.

Mas o presidente não aceita essa realidade. Diariamente, jornalistas mulheres, ou comentaristas políticas, são atacadas por Bolsonaro ou por seus filhos. E, junto disso, por seus seguidores nas redes sociais.

Ser inquirido por mulheres ativa o misógino que mora dentro dele. E é assustador, mas Amanda foi só a "vítima do dia". A quarta mulher jornalista atacada nas últimas duas semanas.

Ontem, Juliana dal Piva, colunista do UOL e uma das autoras da reportagem que denunciou os imóveis comprados com dinheiro vivo pelas família Bolsonaro e autora do podcast "A vida secreta de Jair" desabafou no Twitter sobre ataques de ódio que estava sofrendo em massa por apoiadores do presidente.

No fim de semana, foi a vez da advogada e comentarista Gabriela Prioli, da CNN, desabafar sobre ameaças e ataques que passou a sofrer depois de ser citada pelo presidente.

E, claro, também na semana passada, durante o debate presidencial realizado pelo UOL e pela Band, a jornalista Vera Magalhães sofreu um ataque direto do presidente depois de fazer uma pergunta sobre vacinas. "Você é apaixonada por mim. Sonha comigo", disse o presidente, que ainda afirmou que Vera "era uma vergonha para o jornalismo".

Jornalistas mulheres para Bolsonaro parecem ser um alvo fácil. Ele não suporta ser inquirido por mulheres. "Quem somos nós, para OUSAR contrariá-lo?"

Gabinete do ódio

Destratar jornalistas mulheres virou um hábito do presidente, que parece em pânico com a possibilidade de perder a eleição. Quanto mais em pânico, mais agressivo contra mulheres. E tem mais: depois de ser citada pelo presidente, ou agredida, a mulher em questão passa a ser alvo de mentiras, montagens e toda sorte de bullying por parte dos seus apoiadores. É assim que funciona o chamado "Gabinete do ódio".

É revoltante esse comportamento. Mas a má notícia para Bolsonaro é que mulheres jornalistas não estão dispostas a se calar por "medo" das ofensas do presidente, seus familiares e seus seguidores radicais.

Mas todas nós deveríamos ter o direito de trabalhar em paz, sem ouvir ofensas, seja do presidente ou de seus apoiadores. É o mínimo que se pede em uma democracia.

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