Como os autores clássicos da sociologia Durkheim Marx e Weber entendem o trabalho?

Fabiana, segue uma comparação entre as perspectivas de cada um sobre o trabalho.
É importante lembrar que, embora Durkheim fosse de origem francesa e Marx e Weber de origem alemã, esses três autores clássicos da Sociologia foram influenciados pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa, marcos de um novo modo de vida no ocidente.

O trabalho, na concepção de Durkheim, é um fato social presente em todos os tipos de sociedade. Há sociedades com menor ou maior divisão do trabalho, mas em todas elas são encontradas funções diferenciadas entre os indivíduos, o que os divide em grupos funcionais distintos com condutas sociais também distintas. Para ele, quanto mais especializado é o trabalho, mais laços de dependência se formam. Assim, quanto mais desenvolvida for a divisão do trabalho, maior será a teia de relações de dependência entre os indivíduos (um padeiro depende de um agricultor, que depende de um ferreiro, e assim por diante). Isso levará, por consequência, a uma maior coesão social. Nas sociedades capitalistas, o trabalho é pensado como uma atividade funcional que deve ser exercida por um grupo específico: os trabalhadores. Durkheim entende a divisão social entre trabalhadores e empregadores como uma divisão funcional. Divisão entre aqueles que devem cumprir uma atividade de organização da produção e mando (os empregadores) e os que devem desenvolver uma atividade produtiva (os trabalhadores). Essa divisão, como extensão da divisão do trabalho, promove a coesão social e, por isso, deve ser preservada socialmente. No entanto, nessa divisão há problemas que Durkheim vê como doenças sociais que devem ser corrigidas para que o todo social se desenvolva adequadamente. Se há excessos por parte de capitalistas ou de trabalhadores, deve-se regulamentar suas atividades a fim de alcançar o equilíbrio e garantir a integração social das partes envolvidas.

Max Weber parte de uma perspectiva diferente, sendo importante perceber que a divisão social do trabalho não é o seu foco, porque, segundo ele, não há algo geral e comum a todas as sociedades. Cada sociedade obedece a situações históricas exclusivas e o trabalho teria se tornado uma atividade fundamental no capitalismo por condições específicas. Em seu livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo" (1905), Weber observa que ocorreu um encontro que deu ao capitalismo sua particularidade: o encontro entre o “espírito” capitalista, de obter sempre mais lucros, e uma ética religiosa cujo fundamento é uma vida regrada, de autocontrole, que tem na poupança uma característica central. Nesse encontro entre a mente capitalista e a ética protestante, o trabalho ocupa lugar central. Para o praticante do protestantismo, o sucesso nos negócios é uma comprovação de ter sido escolhido por Deus. O trabalho árduo e disciplinado e uma vida regrada e sem excessos podem lhe trazer o êxito profissional, sinal de sua fé e salvação espiritual. Weber entende então que o encontro entre uma ética religiosa e um espírito empreendedor possibilitou a formação histórica do capitalismo. Entretanto, a procura da riqueza, segundo ele, não mais estaria sendo guiada por padrões éticos, mas associada tão somente a “paixões puramente mundanas”. Ao longo da História, o encontro formador da sociedade capitalista perdeu seu sentido original e o lucro capitalista passou a dirigir as sociedades contemporâneas.

Para Karl Marx, a perspectiva sobre o trabalho é histórica, como em Weber. Entretanto, Marx destaca a diferença entre o trabalho em geral e o trabalho particularizado em suas formas históricas. É nas formas históricas de trabalho que Marx concentra sua análise e, particularmente, no trabalho assalariado. Para Marx, o trabalho assalariado é uma manifestação histórica de como o capitalismo se organizou na sociedade. Com base na exploração do trabalho assalariado, a sociedade capitalista produz e reproduz sua existência. Ou seja, o trabalho assalariado é uma atividade central para a perpetuação das relações sociais entre capitalistas e trabalhadores e, por consequência, da exploração e dominação do trabalhador pelo capitalista. Para Marx, a divisão em classes sociais constituiu-se com base na retirada, pela burguesia nascente no século XVIII, dos meios de produção (terras, ferramentas, animais, etc.) dos pequenos produtores livres. Com isso, formaram-se a burguesia (ou classe capitalista) e o proletariado (ou classe trabalhadora), classes fundamentais do capitalismo. A reprodução dessa divisão social se dá com base na exploração do trabalho assalariado que o trabalhador vende para o capitalista em troca de um salário.

Fazendo um raio-x da prova de Ciências Humanas do Enem das últimas edições, percebemos que teorias sobre sociologia, filosofia e administração têm sido exigidas para interpretar corretamente as questões.
Recentemente, publicamos as principais teorias de Administração (Veja a matéria) e de Filosofia (Leia o artigo) para você conhecer mais sobre os assuntos!

Hoje, nosso estudo se voltará aos principais sociólogos e suas diferentes visões e maneiras para compreender a sociedade. Vamos lá?

  • Karl Marx
  • Émile Durkheim
  • Max Weber
    • Leia mais:

Karl Marx

Para Marx, a base para entender a sociedade é a economia. As maneiras como os homens produzem, trabalham e transformam o mundo moldam as relações sociais. Dessa forma, o foco do estudo social é a relação dos homens com os meios de produção.

Marx viveu no século XIX e suas ideias foram influenciadas pelo sistema e contexto histórico da época, isto é, o sistema capitalista e a Revolução Industrial. Analisando a sociedade dessa forma, as relações de produção se caracterizam pela propriedade privada dos meios de produção (máquinas, capital, etc), os detentores dos meios de produção (burguesia) e aqueles que vendem sua força de trabalho por um salário (proletariado).

Ou seja, os burgueses possuem máquinas e capital e contratam funcionários para trabalhar nessas máquinas para produzir produtos que geram mais capital. Mas quanto vale o produto produzido? E qual o salário do trabalhador? Com certeza, esses valores não são iguais!

A diferença entre o valor que o burguês vende um produto e o salário que o burguês paga ao proletariado é chamado de mais-valia. Isso garante que o capital do burguês aumente e que o sistema permanece existindo da mesma forma.

Logo, Marx defende que qualquer mudança na sociedade provém de alterações dos meios de produção e isso acontece através do conflito entre classes, ou seja, conflito entre proletariado e burguesia.

Atualmente, os meios de produção são diferentes dos da época de Marx. Existem mais classes, formas de trabalho, etc. Apesar disso, as mesmas concepções da sociologia de Marx, conhecida como Materialismo Histórico, podem ser utilizadas para interpretar a sociedade.

Émile Durkheim

A preocupação de Durkheim era desenvolver uma teoria geral da sociologia, com grande rigor científico, ou seja, entender as regras, as normas e as instituições que padronizam a sociedade. Para entender isso, vamos fazer uma analogia. Para entender o funcionamento da natureza, estudamos as leis da natureza, certo? Por exemplo, as leis da física. Sabemos que um corpo permanece imóvel se uma força externa não age sobre ele e isso é explicado pela lei da inércia.

Da mesma forma, para entender como funciona a relação entre os homens, devem existir leis sociais. As regras, valores e leis da sociedade existem para manter a ordem. Para Durkheim, existem dois tipos de organização da sociedade: através de solidariedade mecânica ou solidariedade orgânica.

A solidariedade mecânica é caracterizada pelas sociedades primitivas (tribos, clãs). Nesse tipo, a sociedade se mantém coesa, isto é, unida, porque todos os indivíduos compartilham dos mesmos valores, crenças e tradições.

Já na solidariedade orgânica, a sociedade funciona como um organismo humano, onde cada órgão tem uma função diferente e não funciona independente dos outros, ou seja, é necessário que um órgão dependa do outro e que todos funcionem adequadamente para que o organismo, isto é, a sociedade, funcione bem. Caso contrário, ocorrem anomalias sociais.

Max Weber

O foco da sociedade, para Weber, são os indivíduos. Como vimos, Durkheim defende que os indivíduos são moldados pelas leis sociais. Para Weber, ocorre o contrário: as estruturas da sociedade são moldadas pelas motivações dos indivíduos.

Tudo que é coletivo, por exemplo, leis, valores morais, cultura, religião, economia, etc, é da forma que é porque os indivíduos agem e orientam suas ações dessa maneira. Caso as pessoas alterem suas condutas e deem outro sentido às suas ações, a estrutura atual se desfaz e uma nova estrutura social é montada, ou seja, a sociedade muda.

Por ser centrada no indivíduo, para interpretar a sociedade de acordo com a visão de Weber, é necessário criar tipos ideias, que é um modelo simplificado da realidade, elaborado através de traços essenciais das ações. Isso é feito para guiar o cientista social devido a alta diversidade de ações individuais existentes.

Fique de olho que continuaremos publicando explicações e resumos de estudo para você mandar bem no Enem!

Como os clássicos da sociologia Durkheim Weber e Marx entendem o trabalho?

Para Durkheim, o trabalho é um fato social presente em todos os tipos de sociedade, ou seja, o trabalho é algo que se impõe a nós indivíduos, independente da nossa vontade. A divisão social do trabalho, para este autor, promove a coesão social e, por isso, deve ser preservada.

Como os clássicos da sociologia entendem o trabalho Karl Marx?

Os sociólogos clássicos pensaram trabalho a partir da organização social, e, em especial Karl Marx notou que: Marx entende o Estado como uma ferramenta de organização e controle social, expressivamente utilizada para coagir o indivíduo em questões que se relacionam a fatores sociais e econômicos.

Qual a visão de trabalho de Karl Marx Durkheim e Max Weber?

O foco da sociedade, para Weber, são os indivíduos. Como vimos, Durkheim defende que os indivíduos são moldados pelas leis sociais. Para Weber, ocorre o contrário: as estruturas da sociedade são moldadas pelas motivações dos indivíduos.

Quais as diferenças entre o trabalho de Durkheim Marx e Weber?

Para resumir o posicionamento dos autores clássicos, podemos dizer que Durkheim e Weber são conservadores, defensores do capitalismo, enquanto Marx é favorável a uma revolução para derrubar de vez esse sistema.

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