Descubra se infecção urinária pode ser causada por quê gravidez

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Descubra se infecção urinária pode ser causada por quê gravidez

Infecção urinária (Foto: Getty Images)

Dor ao fazer xixi, sensação de bexiga cheia o tempo todo, ardência, calafrios e, em alguns casos, febre. Esses são sintomas clássicos da infecção urinária ou cistite, que ocorre quando bactérias ou fungos se alojam na bexiga. E o sexo feminino conhece bem esse quadro. Isso porque, segundo os especialistas ouvidos para esta reportagem, 50% das mulheres já tiveram ou terão pelo menos um episódio da doença ao longo da vida. Só nos Estados Unidos a inflamação é responsável por 6 milhões de consultas médicas ao ano, de acordo com o National Hospital Ambulatory Medical Care Survey. Dados da instituição mostram que 10% das grávidas são acometidas pelo problema e estima-se que, no Brasil, a estatística seja similar. Esse grupo de mulheres é mais predisposto a sofrer desse mal em função de uma série de alterações que ocorrem no corpo nesse período, como veremos mais à frente.
E, se em qualquer época da vida ela necessita de tratamento adequado, na gravidez isso é ainda mais importante, já que o problema pode provocar parto prematuro e até aborto – causados pela ruptura da bolsa amniótica. “A infecção produz prostaglandinas, substâncias químicas que, na gestação, fazem com que o útero se contraia, deixando-o irritado. As contrações, claro, são um risco para a gravidez”, explica o ginecologista Olímpio Barbosa de Moraes Filho, presidente da Comissão de Assistência Pré-Natal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), de Recife (PE). E não é só: a cistite ainda é causa de restrição de crescimento fetal (já que impede a passagem adequada de nutrientes) e do risco maior de o bebê sofrer uma infecção.

O assunto é tão sério que fez a comerciante Flavia Godoy, 36 anos, tomar uma decisão: “Tenho muito medo, então não penso em ter mais filhos”, diz. É que na gravidez de Lucas, 3, ela passou por cinco episódios de infecção urinária.“Tomei antibiótico todas as vezes”, conta. Como tratou corretamente, Lucas nasceu com 40 semanas e sem nenhuma sequela.
Nem sempre é o que acontece. A assistente de alunos Rafaella Cassapu, 32, sofria desde os 12 com episódios de cistite, e na gestação não foi diferente. “Tive crises no terceiro mês, no sexto e pouco antes de entrar em trabalho de parto”, conta. Victor, 8, nasceu de 34 semanas, mesmo fazendo o tratamento. O susto foi grande, mas depois de alguns dias de UTI neonatal, o bebê pôde ir para casa.

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EXAMES DE CONTROLE

Não há dados oficiais sobre quantos partos prematuros são ocasionados pela infecção urinária, mas, por precaução, o exame de urina, que analisa células e bactérias presentes no xixi, e a urocultura, que avalia as bactérias na urina e sua resistência a determinados tipos de antibióticos, devem ser rotina no pré-natal e precisam ser feitos a cada trimestre.
Para os casos em que as mulheres já apresentam cistite de repetição, recomendam-se exames mensais. A prevenção é importante porque existe uma versão da doença que é silenciosa. É a bacteriúria assintomática, que ocorre quando a mulher tem as bactérias na bexiga, mas não apresenta sintomas. A autônoma Barbara Moreira, 29, passou por isso aos quatro meses de gestação do filho Pedro, hoje com 8 anos. “Como já tinha histórico de cistites, descobri num exame de urina”, conta. De acordo com a ginecologista Erica Mantelli (SP), quando esse quadro ocorre fora da gravidez, é considerado normal e nem precisa ser tratado. “Mas na gestação a história muda. A bacteriúria precisa ser cuidada para não evoluir e causar uma pielonefrite ou infecção generalizada”, alerta a especialista. A pielonefrite é a infecção urinária alta, que acomete os rins. Estudo publicado pelo National Center for Biotechnology Information, dos Estados Unidos, mostrou que de 30% a 40% das gestantes que têm bacteriúria desenvolvem o problema, algo gravíssimo.

De 4 a 8 vezes ao dia: É o número ideal de idas ao banheiro para fazer xixi. Vale se policiar se vai menos do que isso, e  investigar se nem sente vontade de ir com mais frequência

Existem várias causas para o aparecimento da infecção urinária: o corpo feminino, a predisposição genética e os hábitos alimentares inadequados são algumas delas. E, na gravidez, há uma remodelagem dos órgãos internos por conta do aumento do útero que faz com que a bexiga fique sem espaço, daí a vontade de ir ao banheiro a toda hora. Mas, como está apertada, é comum sobrar um pouco de urina armazenada, o que pode causar a inflamação. “Além disso, nessa reorganização a uretra acaba ficando mais curta, deixando um caminho aberto para as bactérias”, explica a pesquisadora Carla Taddei, professora do bacharelado em Obstetrícia da Universidade de São Paulo (USP). Segundo ela, a infecção urinária pode aparecer a qualquer momento, mas as chances aumentam a partir do segundo trimestre, por conta de todas essas mudanças.

A pesquisadora também ressalta as alterações que ocorrem na microbiota vaginal (onde ficam alojadas bactérias do bem e que protegem a mulher) durante a gestação. Em um estudo realizado por ela e uma equipe da USP, eles conseguiram constatar alterações nessa flora vaginal. E se o organismo está desequilibrado acaba abrindo mais espaço para a infecção urinária.

Descubra se infecção urinária pode ser causada por quê gravidez

Exame de urina (Foto: Getty Images)

ALÍVIO E CUIDADO

O tratamento é feito com antibiótico. “Existe uma classe de medicamentos que é segura na gestação. Recomendamos uso oral e, em alguns casos, intravenoso”, diz Moraes Filho. Depois da gestação, os cuidados das mulheres que sofreram com a infecção devem continuar. Isso porque as chances de ter uma endometrite puerperal (infecção do endométrio) aumentam, assim como voltar a ter as cistites em outras gestações.

Dá para prevenir? Segundo a pesquisadora Carla Taddei, é possível evitar a doença se a mulher mantiver uma alimentação adequada, urinar após as relações sexuais e cuidar da microbiota vaginal, limpando de frente para trás toda vez que fizer xixi e deixando a região sempre seca. Mas o mais importante é beber muita água e nunca, em hipótese alguma, segurar o xixi. Combinado?

COMUM PARA ELAS

Você já ouviu falar em homem com infecção urinária? Eles até têm a doença, mas são casos bem raros. E tudo é uma questão de anatomia. É que o canal da uretra, aquele “caninho” por onde sai o xixi, é muito mais curto entre as mulheres. Enquanto nos homens ele mede 22 centímetros, nelas não passa de 5 centímetros. Daí, o caminho para a bactéria se alojar na bexiga é muito mais curto e rápido e a danada consegue chegar lá bem viva.

Outra fonte consultada: VIRGINIA RONCATTI, UROLOGISTA DO HOSPITAL SÃO LUIZ ITAIM (SP)

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O que causa infecção urinária pode ser gravidez?

A infecção urinária pode ser muito comum no período da gestação. As mudanças hormonais no organismo feminino durante a gravidez favorecem o desenvolvimento de bactérias no trato urinário, sendo comum o diagnóstico da infecção pelo menos uma vez durante a gestação.

É possível ter infecção urinária no início da gravidez?

A infecção urinária durante a gravidez é um problema muito frequente devido às alterações fisiológicas da gravidez, que favorecem a colonização do trato urinário. Estes problemas afetam a qualidade de vida da mulher além de aumentar o risco de morbidade materna e fetal neste período.

Como saber se estou grávida ou com infecção urinária?

Sinais e sintomas de infecção urinária na gravidez.
Ardência ao urinar;.
Aumento da frequência urinária;.
Vontade de urinar, mas fazer pouco xixi;.
Sensação de bexiga sempre cheia;.
Desconforto na região supra-púbica;.
Urina escurecida;.
Urina com odor forte..

Como é a urina no início da gravidez?

No início da gravidez, já na sexta semana, a mulher apresenta maior frequência miccional devido à ação do hormônio progesterona, presente também no trimestre final da gestação. São comuns e frequentes as idas ao banheiro. A gestante fica com a sensação de que sua bexiga está cheia, mas a quantidade de urina é pequena.