Diferença entre financeiro e orçamentário


19 de janeiro de 2022 Tempo de leitura: 11 min Categoria: Mercado

Diferença entre financeiro e orçamentário

O planejamento financeiro e orçamentário é indispensável se você quer garantir a proteção e previsibilidade do seu negócio em 2022. Afinal, empreender ou gerir uma empresa implica expor-se a algum tipo de ameaça, o que não quer dizer que elas não possam ser evitadas, certo?

Além disso, o planejamento é uma ferramenta que permite entender melhor o contexto no qual a empresa está inserida, bem como os eventuais caminhos que pode seguir. Ao planejar, o gestor tem condições de prever situações e se preparar antecipadamente para lidar com elas, caso se concretizem.

Desta forma, planejar-se não significa que seu empreendimento estará totalmente livre das ameaças externas e internas. O que se busca, na verdade, é antecipá-las de maneira que seus impactos nas finanças sejam minimizados.

Vamos ver como isso tudo funciona na prática? Continue a leitura e confira.

Diferença entre planejamento financeiro e orçamentário

Antes de entender como elaborar esses dois tipos de planejamento, é imprescindível entender a diferença entre eles. Planejamento financeiro e orçamentário são duas coisas diferentes, mas que se complementam entre si.

O planejamento orçamentário antecede o planejamento financeiro. Assim, o orçamento empresarial deve ser feito considerando análise de fatores como cenário econômico e político, orçamento atual disponível e projetos futuros. Além disso, questões, como investimentos, fluxos de caixa e endividamento, também precisam ser discutidos na etapa de desenvolvimento do planejamento orçamentário.

Outros aspectos importantes que são considerados na etapa de planejamento orçamentário são: estimativa de gastos, estimativa de receitas que devem ser geradas para cobrir todos custos e despesas e lucro estimado.

O planejamento orçamentário vai observar e estabelecer estratégias a curto prazo. O planejamento financeiro, por sua vez, tem um foco no longo prazo, por isso ele contempla temáticas parecidas, mas sob uma perspectiva temporal distinta.

Tipos de planejamento orçamentário

Antes de iniciar o desenvolvimento de um planejamento orçamentário, é essencial conhecer os diferentes tipos. Sabendo quais são os tipos, fica mais fácil escolher aquele que melhor se adapta à estrutura do seu negócio. A seguir, listamos e explicamos cada um deles, entenda:

Planejamento orçamentário estático

O primeiro tipo é chamado de planejamento orçamentário estático e, como o nome já sugere, é um planejamento que não sofre alterações. Ele é desenvolvido próximo ao período orçamentário da empresa e é utilizado como referência e controle das operações.

De forma geral, esse planejamento se caracteriza pela possibilidade de auxiliar na identificação de mudanças de estratégia e no processo de tomada de decisões.

Planejamento orçamentário flexível

Diferente do tipo anterior, o planejamento flexível é mais maleável. O seu foco está em criar projeções mas também acompanhar mudanças e atualizar dados sempre que for necessário.

Neste sentido, a empresa pode ajustar o plano em qualquer momento durante o período contemplado no orçamento. Este tipo de planejamento também pode ser utilizado como auxiliar no controle sobre as despesas organizacionais.

Planejamento orçamentário incremental

O planejamento incremental é um modelo desenvolvido com o propósito de ser utilizado como base para futuras projeções. Ele é desenvolvido a partir do levantamento de dados relativos a orçamentos de períodos anteriores.

Planejamento orçamentário contínuo

O planejamento orçamentário contínuo, diferente dos modelos anteriores, tem o propósito de se tornar uma base que vai estruturar todos os orçamentos futuros. Por isso, ele estuda de forma contínua as receitas e despesas da empresa.

Para empresas que têm produtos com períodos de vida mais curtos, o planejamento contínuo pode ser um excelente mecanismo de organização e prospecção orçamentária.

Planejamento orçamentário beyond budgeting

O planejamento beyond budgeting, que pode ser traduzido como “planejamento orçamentário além do orçamento” é mais comum em grandes empresas, pois tem como foco principal descentralizar os planos empresariais e trazer maior flexibilidade operacional.

Geralmente projetado com períodos de até 18 meses, ele se caracteriza por não ter metas fixas e maior liberdade na alteração das mesmas. Também existe mais autonomia dos gestores para o processo de tomada de decisão, permitindo que ele faça o balanceamento de indicadores operacionais, gastos e eficiência.

Planejamento orçamentário ajustado

O planejamento orçamentário ajustado é desenvolvido sob a ótica das mudanças de mercado. Assim, ele pode ser ajustado de acordo com as mudanças que eventualmente afetem o orçamento da empresa.

Planejamento orçamentário OBZ

O planejamento OBZ, também chamado de base zero, como o próprio nome sugere, tem como pressuposto iniciar um estudo do zero.

Neste caso, a empresa faz uma projeção do orçamento sem considerar informações do passado, muito embora ele fuja um pouco dos demais modelos — que usam o histórico como referência — ele pode ser uma opção interessante, dependendo do tipo de empresa e dos objetivos a serem alcançados.

Como elaborar o planejamento financeiro e orçamentário para 2022

Agora que você já conhece as diferenças e os principais tipos de planejamento orçamentário, é hora de colocar o conhecimento em prática. Para isso, vamos apresentar várias dicas práticas que vão ajudá-lo na formatação do planejamento financeiro e orçamentário para 2022 na sua empresa. Confira!

Defina as diretrizes estratégicas do próximo ano

Empresas devem ser orientadas por metas ou ficarão ainda mais expostas às oscilações em seus mercados. Isso porque, quando não se tem objetivos, não há um foco para as atividades e, assim, a tendência é de perda de qualidade e, em última instância, de competitividade.

Dessa forma, a definição das metas estratégicas é indispensável para manter o negócio sempre em uma direção. Elas equivalem às diretrizes estratégicas, que consistem em traçar um destino ao qual se pretende chegar.

Nesse caso, vale aplicar ferramentas para análise situacional como forma de preparar o terreno para, então, definir os objetivos. Uma delas é a PDCA, acrônimo que significa:

  • P — Planejar (Plan);
  • D — Executar (Do);
  • C — Verificar (Check);
  • A — Agir (Act).

Comece planejando o que você pretende para seu negócio no próximo ano. Levante as possibilidades em equipe, avalie o que pode melhorar e elabore um plano de ação. A partir disso, aplique o ciclo PDCA continuamente a fim de verificar se suas diretrizes estratégicas estão de fato sendo atingidas ou se a empresa está se afastando delas.

Separe os grupos de despesas ou receitas

Uma vez que sua empresa esteja no rumo determinado para cumprir as metas, deverá acompanhar a parte operacional de suas atividades. Uma forma de fazer isso é controlando de perto o fluxo de caixa, que consiste no registro de todas as entradas e saídas financeiras.

Aqui, vale um alerta: para controlar efetivamente esse movimento, é altamente recomendável utilizar um software desenvolvido com essa finalidade. Fluxos de caixa controlados manualmente representam um risco, já que a interpretação dos dados que ele apresenta fica comprometida pelas evidentes limitações humanas na hora de estruturá-los.

Por isso, prefira sempre o apoio da tecnologia e, claro, de um contador ou especialista em finanças para apoiar a análise de seu fluxo de caixa.

Dito isso, o controle das entradas e saídas financeiras pode ser otimizado destacando grupos de despesas. Por exemplo: você pode criar uma categoria chamada transporte, na qual entram despesas com combustíveis, manutenção e passagens aéreas. Faça isso em sequência, categorizando os gastos e as entradas.

Paralelamente, não deixe ainda de acompanhar a evolução de suas finanças por meio do cálculo do EBITDA, ou LAJIDA, na versão em português do acrônimo. Seu significado é Lucros Antes dos Juros, Impostos e Amortizações e serve para medir o quanto a organização lucra de fato, sem contar com as despesas referidas.

Além disso, você pode utilizar o EBITDA como um instrumento de valuation, uma vez que ele mostra a real capacidade que seu negócio tem de gerar receitas.

O EBITDA é um indicador financeiro largamente utilizado para medir resultados da empresa. Desta forma, contempla a quantidade de recursos gerados pela empresa em suas atividades, excluindo tributos e a rentabilidade de investimentos.

Esses indicadores e estratégias são grandes aliados no planejamento financeiro e orçamentário, por isso, conhecê-los e entender a sua aplicabilidade pode fazer toda a diferença no desenvolvimento de uma gestão precisa e focada em resultados.

Determine as metas financeiras para o período

Paralelamente à definição das diretrizes estratégicas, é fundamental que a empresa se dedique a determinar metas financeiras para o período. Nesse caso, vale cuidar também da gestão tributária, que definirá estratégias de elisão fiscal, escolha de regime tributário e outras de igual relevância.

Em relação às metas financeiras, estipule Indicadores-Chave de Performance (KPI) para avaliar se o planejamento financeiro e orçamentário está no rumo certo. Sendo assim, a primeira ferramenta a ser usada ao determiná-las é a análise SMART.

A análise SMART é um método de definição de metas baseada em cinco fatores: específico, mensurável, atingível, relevante e temporal. Entenda o que significa cada um deles:

  • S — Específicos (Specific) — definir uma meta de 10% de lucro em um mês é diferente de lucrar o quanto vier;
  • M — Mensuráveis (Measurable) — metas financeiras devem ser mensuráveis, portanto faça isso calculando o progresso em termos percentuais;
  • A — Atingíveis (Attainable) — não dá para esperar 100% de aumento nas receitas se nem 20% foi alcançado;
  • R — Realistas (Realistic) — o mesmo raciocínio se aplica nesse item, logo suas metas devem ser traçadas respeitando as forças e limitações de sua empresa;
  • T — Temporizáveis (Time-bound) — tempo é dinheiro, por isso metas financeiras devem estar sempre vinculadas a um período para serem atingidas.

A partir da análise SMART, você pode incluir metas financeiras do tipo:

  • aumento da receita líquida;
  • aumento nas vendas de um produto ou serviço;
  • aumento da receita bruta;
  • redução de custos;
  • capital de giro;
  • margem de lucro.

Lembre-se de que a definição de metas deve sempre partir do pressuposto da razoabilidade. Isso significa que precisam ser metas reais e possíveis, caso contrário você vai ter dificuldade de engajar os seus colaboradores.

Faça uma análise de sua receita

Não há planejamento financeiro e orçamentário que funcione quando a empresa não consegue analisar suas receitas pelo seu lucro e faturamento. A esses dois, podemos ainda acrescentar a rentabilidade, uma outra dimensão das receitas pela qual se mede o quanto um ativo gera de lucro em um determinado período.

Essa distinção é importante, porque é possível que um produto gere um bom faturamento, mas, na hora de pagar pela sua produção, transporte e armazenamento, seu lucro seja mínimo. O contrário também pode acontecer, ou seja, uma mercadoria apresentar faturamento baixo e uma margem de lucro mais alta em função de custos menores.

Para essa análise, vale fazer o cálculo do custo total, no qual você multiplica o custo de produção pelo volume de produtos vendidos. Repare que, nessa conta, só vão entrar os custos que antecedem a venda. Sendo assim, não devem ser computados gastos como comissões, entregas e outras despesas de pós-venda.

Por fim, avalie também suas receitas pela sua rentabilidade em valores percentuais. Para isso, aplique a fórmula:

Rentabilidade = (lucro líquido/investimento) x 100

Acompanhe a evolução desse indicador, medindo a rentabilidade por períodos mensais, trimestrais e anuais. Dessa forma, você vai verificar a performance de um produto ou serviço em cada uma dessas unidades de tempo.

Há muito mais para se aprender, no entanto, com o que você viu aqui, já é possível começar o planejamento financeiro e orçamentário do jeito certo. Estamos encerrando o ano e dando início aos planos para 2022. As empresas precisam aproveitar esse momento para avaliar seus acertos e erros ao longo de 2021 e estabelecer estratégias para melhorar os números em 2022.

Com base na análise dos dados e informações geradas no último ano e considerando as perspectivas econômicas e mercadológicas, é possível traçar um planejamento financeiro e orçamentário alinhado à realidade do seu negócio.

Além disso, não esquece que esse instrumento ajudará caso algum imprevisto aconteça, tendo em vista se tratar de uma ferramenta que contribui tanto para o crescimento do negócio quanto para a mitigação de riscos econômicos.

Os gestores que têm dúvidas a respeito da formatação do planejamento financeiro e orçamentário podem procurar o auxílio de profissionais especializados no assunto. Além disso, considerar a contratação de ferramentas e serviços específicos para atuar no financeiro da empresa pode ser uma das metas para o próximo ano.

Com suporte especializado em áreas que não são o foco central da empresa, as suas ações são mais bem direcionadas e permitem que os gestores e demais profissionais atuem em segmento estratégicos, voltados para o desenvolvimento de novos produtos e soluções para o mercado — uma oportunidade ímpar para o crescimento do negócio.

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Qual a diferença entre execução orçamentária e financeira?

Pode-se definir execução orçamentária como sendo a utilização dos créditos orçamentários (dotação ou autorização de gasto) consignados na Lei Orçamentária Anual - LOA. Por sua vez, a execução financeira representa a utilização de recursos financeiros (dinheiro) seguindo uma programação financeira.

O que é finanças e orçamento?

O orçamento é um plano que ajuda a estimar despesas, ganhos e oportunidades de investimento em um período determinado de tempo. A partir da sua definição, é possível estabelecer objetivos, que vão permitir que os resultados sejam acompanhados de perto e medidos.

Qual é a diferença entre planejamento financeiro e orçamento?

O planejamento orçamentário vai observar e estabelecer estratégias a curto prazo. O planejamento financeiro, por sua vez, tem um foco no longo prazo, por isso ele contempla temáticas parecidas, mas sob uma perspectiva temporal distinta.

Qual a diferença entre administração financeira e orçamentária?

A AFO refere-se ao orçamento no setor público, enquanto a Administração Financeira trata única e exclusivamente das finanças no setor privado. Alguns temas que são típicos da Administração Financeira (privada): Valor e orçamento de capital.