É um recurso digital que permite a uma pessoa interagir com o espaço?

Com o avanço do ensino a distância e as novas tecnologias, as IES têm investido cada vez mais em softwares e recursos digitais de aprendizagem. Úteis tanto para cursos digitais quanto para complementar a modalidade presencial, esses recursos otimizam as estratégias educacionais, inserem metodologias ativas e transformam a experiência do aluno.

Uma das principais vantagens dos recursos digitais de aprendizagem é que eles podem ser usados para destacar as estratégias de ensino perante a comunidade acadêmica. Parte do que atrai os novos alunos é a oportunidade de se destacar no mercado com uma formação voltada aos desafios contemporâneos. 

Com tantas opções e possibilidades, o trabalho de educadores e gestores educacionais deve estar alinhado à pesquisa, descoberta e implantação de projetos que envolvam inovação tecnológica dentro e fora da sala de aula. Porém essa dedicação exige tempo e recursos, então é necessário também fazer o filtro do que sua instituição de ensino mais precisa e quais recursos digitais de aprendizagem ajudarão na solução desses problemas.

A inovação e o desenvolvimento coletivo

De acordo com uma pesquisa realizada pela OCDE, a inovação dentro de ambientes educativos contribui para o desenvolvimento duplo: de um lado, implementar novas estratégias faz com que educadores reflitam sobre suas metodologias, de outro, os alunos entendem a colaboração como estratégia de resolução de problemas.

“A inovação leva a e resulta da formação profissional de educadores. Testar novas práticas faz com que docentes pausem e reflitam sobre seu trabalho. Independente da técnica ser bem sucedida ou não, essa oportunidade de tentar algo novo melhora o ensino.

A inovação também vem do reconhecimento da necessidade de mudanças nas estratégias pedagógicas. Por influência de novos conhecimentos adquiridos em formação complementar ou por observação e discussão com outros educadores, surgem novas ideias.

Quando implementada em larga escala, a inovação pedagógica vai além do aprendizado individual, melhora o desempenho da instituição como um todo. Os novos desafios fazem com que docentes trabalhem de forma coletiva e colaborativa com seus colegas, incentivando reflexões. Nesse sentido, a inovação surge de e incentiva o aprendizado como parte do trabalho.”

(Vincent-Lancrin, S., et al. (2019), “Innovation and educational outcomes”, in Measuring Innovation in Education 2019: What Has Changed in the Classroom?, OECD Publishing, Paris, https://doi.org/10.1787/99720182-en.)

O mesmo se aplica aos alunos: os desafios de forma oferecem a oportunidade de parar, refletir sobre estratégias de aprendizado e estudo e colocam novo autoconhecimento dentro da prática estudantil.

Com isso, o aluno não apenas é incentivado a aprender e ter resultados positivos nas avaliações, mas é levado a aprender mais sobre como ele mesmo aprende. E essa mudança é parte de uma visão mais ativa da aprendizagem.

Aprendizagem ativa e metodologias digitais

Pensando nesse contexto, é importante frisar que a implementação tecnológica está ligada diretamente a três partes de uma graduação bem planejada: a continuidade da formação docente, a agência do aluno e a conectividade como estratégia educacional.

Na prática, todos esses fatores estão inclusos na criação de um plano pedagógico. Ou seja, quando a equipe educacional da IES planeja a criação de um novo curso de graduação ou reforma um curso existente, ela deve levar em conta como a experiência do aluno e do professor será impactada. De que forma as aulas serão oferecidas? Quanto da matriz curricular será voltada para novas tecnologias? Quanto incentivo o docente terá para implantar diferentes estratégias e revisar sua metodologia? As respostas a essas perguntas são fundamentais para a identidade do curso.

Tecnologia e a experiência do aluno

Uma das principais questões que impedem o aluno de chegar ao ensino superior é a questão socioeconômica. Devido ao tempo de dedicação necessário e aos custos de uma educação superior, muitos jovens optam por não continuar nos estudos.

Além de se mostrar um desafio para o desenvolvimento social e científico do país (apenas 21,3% dos adultos entre 25 e 34 anos possuem diploma de graduação), essa realidade também implica em baixa diversidade da comunidade escolar. Hoje, a maior parte dos alunos ainda é de classe alta e grandes cidades.

Como consequência, alunos de grupos minoritários são deslocados para fora dos ambientes educacionais. A falta de acesso à tecnologia também tem um papel nessa realidade: as ferramentas digitais, essenciais tanto para o estudo quanto para o trabalho, não chegam a mais pessoas se essas pessoas não estão em IES com esse investimento.

De acordo com uma pesquisa da OCDE, em parceria com o Todos pela Educação, a inequidade dos alunos no ensino brasileiro ainda tem impactos no nível superior: 

Apenas um terço (33%) dos alunos que ingressam em um curso de graduação em tempo integral se forma dentro da duração teórica de quatro ou cinco anos, em comparação com uma média de 39% entre os países com dados disponíveis (OCDE, 2019). Em parte, isso pode refletir o fato de que, no Brasil, é normal que os alunos – inclusive os que estão cursando o Ensino Superior em período integral – tenham um emprego de meio período ou período integral ou um estágio paralelo. Em 2019, cerca de 48% dos alunos entre 18 e 24 anos também trabalhavam.

(A EDUCAÇÃO NO BRASIL: Uma perspectiva internacional. [S. l.], 2021. Disponível em: https://todospelaeducacao.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2021/06/A-Educacao-no-Brasil_uma-perspectiva-internacional.pdf)

Focando nessa realidade, então, é possível perceber que muitos dos alunos que entram no ensino superior estão em busca de um desenvolvimento pessoal e profissional que os prepare para os desafios após o egresso, inclusive frente a novas tecnologias.

Para isso, então, a IES deve estar preparada para oferecer diferentes oportunidades de aprendizado, que contemplem os interesses e as habilidades de um grupo diverso de alunos. Hoje, a maior parte dos jovens utiliza as redes digitais para lazer, trabalho e aquisição de conhecimento.

Por isso, utilizar a conectividade em favor do conteúdo didático é uma forma de inseri-la de forma nativa ao aluno, dando espaço para que o ensino também faça parte de seu dia a dia. Em especial para alunos que não dispõe de tanto tempo para dedicar aos estudos, a possibilidade de aprender mais e melhor dentro de recursos digitais de aprendizagem é um incentivo extra.

O professor e a inovação digital

Para o docente, que conta com uma ampla gama de tarefas e atividades no contexto da IES, a tecnologia pode surgir como aliada ao ensino. Utilizá-la de forma benéfica pode melhorar a relação professor-aluno e ainda facilitar a implementação de estratégias inovadoras.

Vale frisar que a tecnologia não é uma substituta do professor. Pelo contrário, ela é uma ferramenta extra para potencializar o conhecimento que ele leva aos alunos. No caso de turmas híbridas ou a distância, ela funciona como mais uma ponte de difusão. 

Também é papel de um professor ligado às novas tecnologias desenvolver habilidades e competências necessárias para estratégias contemporâneas de aprendizagem. Hoje, acredita-se que apenas aulas expositivas não são a melhor forma de ensino. O professor que incentiva o diálogo e a inovação em sala de aula consegue alunos mais engajados e interessados.

Gamificação no ensino superior

Uma das modalidades ativas de aprendizado é a gamificação do ensino. Essa estratégia incorpora as noções narrativas de jogos dentro do ambiente educacional. Podem ser recursos como prêmios e troféus, fases de conhecimento e desafios a serem vencidos.

Isso torna as atividades educativas mais próximas do aluno. Além de manter a concentração, ele também se beneficia de desafios e testes constantes, que o motivam a ficar em dia com o conteúdo e absorver o conhecimento antes de começar a próxima fase.

Nesse sentido, o professor pode fazer uso de recursos digitais de aprendizagem. Há plataformas, por exemplo, com quizzes e jogos colaborativos. Elas podem ser utilizadas para revisão de conhecimento e registro de resultados. Assim, os alunos sabem no que precisam focar mais durante os estudos.

Como benefício, a diminuição da pressão dos resultados acarreta em uma sala de aula mais descontraída, o que beneficia o aprendizado.

Acervo multimídia

Outra grande vantagem para os docentes é que a tecnologia permite um acervo praticamente infinito. As bibliotecas físicas têm limitações de espaço e recursos, mas as plataformas digitais abrem as portas para que o professor compartilhe mais conteúdos com seus alunos.

Isso significa que a curadoria do docente tem um papel fundamental: é ele que sabe o que deveria fazer parte do acervo e encontra nos recursos digitais de aprendizagem os livros, filmes, apps, podcasts, entre outros. 

Assim, não estará restrito apenas aos conteúdos físicos. Isso também permite que mais alunos aproveitem, afinal não é necessário o deslocamento nem filas de espera em bibliotecas. 

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A importância da autogestão no ensino superior

Uma das principais inovações dentro da educação é que docentes e gestores buscam, cada vez mais, que o aluno tenha um papel ativo. O objetivo, portanto, não é apenas que ele assista a aulas expositivas, mas que participe de seu próprio processo de aprendizagem.

Para isso, é importante que ele desenvolva também habilidades socioemocionais, como responsabilidade e autogestão. A partir de recursos digitais de aprendizagem, que exigem que o aluno participe na difusão de conteúdo, ele fica mais motivado e atento. Atividades como quizzes ou jogos colaborativos permitem que todos se envolvam.

Cultura maker e aprendizagem em projetos

O aprendizado baseado na cultura maker é, em linhas gerais, um faça-você-mesmo educativo. Isso é, os alunos são incentivados a criar seus próprios projetos, tendo no professor um mentor e guia. 

Para isso, a proposta de atividade contém uma ideia, mas os alunos devem usar a criatividade e o conteúdo visto para expandi-la. Propor aos alunos o desenvolvimento de um produto ou aplicativo, por exemplo, é uma forma de implantar a cultura maker. 

E eles podem fazer uso da tecnologia para pesquisa, testes e até feedbacks referentes a seu produto. 

Aprendizagem com base em problemas

Também é possível inverter a lógica. O docente pode apresentar a seus alunos um problema contemporâneo e propor que eles utilizem as tecnologias atuais como forma de solucioná-los.

A discussão de problemas socioculturais faz parte de muitos cursos de graduação. Mas, assim como os debates incentivam a participação, também é válido buscar soluções. Frente aos desafios, os alunos também terão a oportunidade de entender a prática.

Colaboração entre alunos

Os recursos digitais também funcionam como forma de incentivar a colaboração entre pares. Nas salas de aula tradicionais, o destaque ao professor não abre espaço para que os alunos discutam entre si. 

Mas fazendo uso de comunicação digital e recursos educacionais, eles podem trabalhar juntos na busca pelo conhecimento. É o caso de propostas como criação de conteúdo de divulgação científica, jogos coletivos e até rankings de equipes e premiações.

A internet e as múltiplas formas de aprendizado

É importante lembrar que nem todos os alunos aprendem da mesma forma. Enquanto alguns deles se destacam em sala de aula, com conteúdos expositivos e leitura, outros talvez aproveitem melhor o conteúdo se ele for dado de uma forma multimídia.

Dentre as possibilidades inovadoras que os recursos digitais de aprendizagem apresentam é a oportunidade para que diferentes formatos e estratégias de ensino sejam aplicadas nas mesmas salas de aula.

Por exemplo, em plataformas digitais é possível incentivar os alunos tanto a ler conteúdos sobre a matéria quanto a produzir conteúdo. Assim, aqueles que têm mais facilidade em se expressar de forma escrita se sentem mais engajados do que nas atividades tradicionais, como seminários e provas em formato teste.

Também é possível aproveitar os recursos do acervo. As plataformas digitais podem oferecer conteúdos em formatos de áudio e vídeo. Isso significa que os professores podem lançar mão de recursos como filmes, livros em áudio, podcasts, documentários e muitos outros conteúdos que ofereçam diferentes perspectivas sobre o tema abordado em sala de aula.

É possível aproveitar a proatividade dos alunos que já estão mais engajados na criação de projetos próprios. Por exemplo, atividades de extensão, que levam o conteúdo para fora da sala de aula e da comunidade acadêmica, são beneficiadas pelos recursos digitais de aprendizagem. Que tal incentivar os alunos a produzir vídeos ou criar um site que divulgue a produção científica da instituição?

A IES também pode incentivá-los a participar de atividades voluntárias online, baseadas nos conhecimentos adquiridos no curso. Outra ideia é a realização de eventos em formato digital: eles permitem que pessoas de todos os locais participem e podem ajudar a levar o conteúdo do curso para a comunidade externa.

Também, é claro, é possível utilizar os recursos como reuniões online para atividades colaborativas. Debates e discussões em sala de aula são muito benéficas para que os alunos se sintam mais inseridos nas temáticas abordadas.

No caso de cursos de Direito, por exemplo, é muito importante que os alunos contextualizem os problemas abordados para entender as implicações práticas de todos os conteúdos. Uma metodologia que pode ser aplicada aqui é a sala de aula invertida: o aluno faz pesquisas antes de o assunto ser abordado em sala e chega para a discussão com conhecimento prévio, o que beneficia as aulas.

Formação multifacetada

Ainda que os alunos que chegam ao ensino superior estejam buscando uma formação específica na sua área de interesse eles também se beneficiam –  e muito – de um curso que permita a integração dos conhecimentos.

Isso é importante porque, na prática, no mercado de trabalho ou até mesmo em pós-graduações os alunos não devem saber apenas a teoria específica de sua atuação, mas também entender como elas fazem parte de uma grande área de conhecimento e seu impacto na sociedade.

Os recursos digitais são aliados na busca por uma formação mais completa. Com o avanço das tecnologias, é possível incentivar os alunos em pesquisas e projetos que sejam relacionados ao seu conhecimento, mas que envolvam outras áreas.

Por exemplo: a criação de grupos de estudo de áreas relacionadas, atividades extracurriculares como aulas, palestras e cursos de curta duração, entre outros, podem ser realizados de forma digital e assíncrona, permitindo a participação de mais alunos.

7 recursos digitais de aprendizagem para implantar em sua IES

Pensando nos desafios de trazer inovação para a IES, neste artigo vamos apresentar alguns recursos digitais de aprendizagem que podem beneficiar seus alunos. Estratégias baseadas em aprendizagem multimídia, participação, engajamento e incorporação de tendências contemporâneas, com ferramentas úteis e práticas:

1. Kahoot

O Kahoot é uma plataforma de trivia. O objetivo é responder perguntas sobre conhecimentos para ganhar pontos e vencer os jogos. Como estratégia educacional, o professor pode criar uma sala exclusiva para seus alunos, com os temas vistos durante o curso, para realização de testes com caráter competitivo e divertido.

2. Menti

Nessa plataforma, é possível criar apresentações engajadoras e 100% focadas na experiência de quem assiste. Isso torna as aulas, mesmo com conteúdos mais densos, mais acessíveis para os alunos. Para cursos a distância, isso é fundamental, já que permite que os alunos acompanhem o raciocínio do professor com o suporte das apresentações.

3. Google Classroom

O Google oferece aos educadores uma plataforma que se popularizou durante o ensino 100% remoto. No Classroom, os alunos podem ser colocados em versões digitais de suas salas, permitindo que o professor compartilhe conteúdos, transmita as aulas e ainda realize atividades.

4. Google Forms

Outra ferramenta do Google que se tornou popular entre educadores é o Google Forms. Disponível gratuitamente, ela permite que o usuário crie questionários e compartilhe com os alunos para que eles respondam. 

As respostas ficam registradas com o login de cada aluno e o professor pode optar por inseri-las em uma tabela, para comparar os erros e acertos comuns e repensar os planos de aulas, se necessário.

5. Cursos livres

Muitas instituições oferecem cursos livres gratuitos ao público em geral. O LÚMINA, projeto da UFRGS oferece opções em diferentes áreas de conhecimento. No Sebrae, é possível aprender mais sobre empreendedorismo e gestão, enquanto na Unesp, as aulas abertas são uma forma de ampliar conhecimentos.

6. Serviços de streaming gratuitos 

A maior parte dos brasileiros gosta de serviços de streaming audiovisual, tornando-os muito populares para o consumo de conteúdos diversos. Mas, para a educação, é possível utilizar filmes e séries que abordam temáticas relacionadas às aulas.

Existem plataformas de streaming gratuitas que podem auxiliar o professor a fazer uma curadoria de conteúdos. Entre os exemplos estão o Afroflix, agregador de conteúdo feito por produtores negros, e o SescTV sob demanda, que transmite documentários, entrevistas, séries e curtas sobre arte, história e sociedade.

7. Bibliotecas universitárias digitais

A digitalização da biblioteca universitária traz grandes benefícios para a IES. Ainda que as bibliotecas físicas sejam espaços importantes de pesquisa e difusão de conhecimento, elas exigem recursos e não contemplam todos os alunos, já que não é possível realizar empréstimos simultâneos, por exemplo.

Oferecer a versão digital do acervo é uma forma de transmitir o conhecimento com mais facilidade, já que os alunos não têm prazos curtos de devolução e podem aproveitar melhor os livros e as produções científicas da IES sem preocupações, além de preservar os exemplares da biblioteca e possibilitar a busca e referência a qualquer momento do curso.

A utilização de recursos digitais de aprendizagem beneficia o ensino e a aprendizagem. Saiba mais sobre o histórico e as possibilidades da tecnologia na educação!