O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos

O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos
O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos

Menarca: um estudo de revis�o sobre 

os fatores influenciadores nesse processo

La menarca: un estudio de revisi�n sobre los factores que influyen en este proceso

O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos

 

Especialista em Fisiologia e Cinesiologia do Exerc�cio

Centro Universit�rio do Norte � Uninorte

(Brasil)

Agnelo Weber de Oliveira Rocha

 

Resumo

          Crescimento, desenvolvimento e matura��o s�o complexos processos que ocorrem no indiv�duo por um per�odo em torno de 20 anos. A puberdade � uma das fases mais complexas, pois envolve tanto o desenvolvimento f�sico relacionado � matura��o sexual, quanto uma s�rie de altera��es psico-sociais. Objetivo deste trabalho � realizar uma revis�o de literatura acerca dos fatores que podem influenciar a idade da menarca nas crian�as ou adolescentes. O crescimento som�tico e a matura��o f�sica s�o processos din�micos associados a um amplo espectro de altera��es som�ticas e celulares. Na fase da vida conhecida com puberdade, muitas mudan�as ocorrem no corpo das crian�as. O surgimento da primeira menstrua��o ou idade de menarca, embora nem sempre relaciona-se com o ciclo ovulat�rio normal, � considerado um indicador pr�tico da matura��o. � v�lido ressaltar que a menarca � apenas 1 dos marcadores maturacionais. A matura��o � considerada um processo evolutivo do individuo, devendo ser entendida como o conjunto de mudan�as biol�gicas que ocorrem de forma seq�encial e ordenada, que levam o indiv�duo a atingir o estado adulto. Como est� intimamente ligado ao crescimento e ao desenvolvimento, o processo maturacional tamb�m sofre influ�ncias do meio externo, podendo n�o ocorrer, necessariamente, em sincronia com a idade cronol�gica. Outros fatores como varia��es ambientais, sobrepeso, composi��o corporal, pr�tica de exerc�cios f�sicos e h�bitos nutricionais s�o fatores que podem influenciar a idade da menarca tanto no sentido de acelerar, como no caso de meninas com IMC elevado, ou retardar, fator bastante comum em jovens esportistas. Fica a sugest�o para a realiza��o de mais estudos transversais para identifica��o dos fatores e melhor compreens�o de como estes podem influenciar a idade da menarca.

          Unitermos

: Crescimento. Desenvolvimento. Matura��o. Menarca.  
O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos
EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 18 - N� 181 - Junio de 2013. http://www.efdeportes.com/

O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos

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Introdu��o

    No decorrer do processo de desenvolvimento humano muitas mudan�as ocorrem na estrutura corporal das pessoas. A puberdade � uma das fases mais complexas, pois envolve tanto o desenvolvimento f�sico relacionado � matura��o sexual, quanto uma s�rie de altera��es psico-sociais (FONSECA JUNIOR & FERNANDES FILHO, 2009). Barbosa et. al., (2006) conceituam puberdade como um processo fisiol�gico de matura��o hormonal e crescimento som�tico que torna o organismo apto a se reproduzir.

    Duarte (1993) afirma que crescimento, desenvolvimento e matura��o, s�o processos complexos os quais levam, no ser humano, cerca de 20 anos antes de se completarem. Sendo que o primeiro diz respeito a mudan�as no tamanho do indiv�duo, considerando o corpo como um todo ou partes dele; o segundo, a altera��es nas fun��es org�nicas; e o terceiro, a varia��es na velocidade e no tempo em que o indiv�duo atinge a maturidade biol�gica. Para o profissional da educa��o f�sica, a an�lise da matura��o de jovens passa a ser importante em dois contextos: o esportivo e o da sa�de (KLUG & FONSECA, 2006).

    Existem diversas formas de se avaliar a matura��o biol�gica. Segundo Malina, Bouchard & Bar-Or (2009) os m�todos mais comuns utilizados na avalia��o da matura��o s�o: idade �ssea, idade do pico de velocidade do crescimento, as caracter�sticas sexuais secund�rias e a idade dent�ria.

    A avalia��o da matura��o sexual, realizada mais especificamente atrav�s da idade menarca, que segundo Petroski et al. (2006) � o surgimento da primeira menstrua��o, � um dos m�todos mais simples e menos onerosos para a identifica��o do n�vel de maturidade biol�gica em meninas. Sendo assim, objetivo deste trabalho � realizar uma revis�o de literatura acerca dos fatores que podem influenciar a idade da menarca nas crian�as ou adolescentes.

Esporte e exerc�cios f�sicos

    O esporte � um fen�meno que atrai cada vez mais a aten��o dos pesquisadores envolvidos com o desempenho humano e qualidade de vida. No entanto, Bojikian et al. (2006) e Silva et al. (2010) afirmam existir a participa��o de crian�as e adolescentes, em idades cada vez mais precoces em esportes competitivos de alto n�vel, como a gin�stica art�stica, e submetidos a regimes de treinamento semelhantes �queles destinados ao indiv�duo adulto, fato esse que pode gerar especializa��o precoce e conseq�entemente abandono da modalidade praticada.

    Quando se trata da inicia��o esportiva � de suma import�ncia que o treinador conhe�a bem as caracter�sticas individuais de cada crian�a. Durante a fase de inicia��o no esporte, que � definida por Oliveira & Paes (2004) dos 7 aos 10 anos, a crian�a deve participar do m�ximo de modalidades esportivas poss�veis para desenvolver o seu repert�rio motor, nessa fase normalmente s�o encontradas poucas diferen�as na estatura, peso, tamanho do cora��o e pulm�es, ou composi��o corporal entre ambos os sexos (TOURINHO FILHO E TOURINHO, 1998), portanto a quantifica��o do treinamento deve ser feita de acordo com idade motora da crian�a.

    Nas etapas seguintes, que Oliveira & Paes (2004) afirmam ser dos 11 aos 12 e dos 13 aos 14, come�am a aparecer diferen�as entre os sexos, onde esses come�am a atingir o estado de matura��o desordenadamente, uma vez que ela depende de fatores tanto gen�ticos quanto ambientais. Santos et al. (2007) afirmam que o crescimento som�tico e a matura��o f�sica s�o processos din�micos associados a um amplo espectro de altera��es som�ticas e celulares. Nessa fase da vida, tamb�m conhecida com puberdade, muitas mudan�as ocorrem no corpo das crian�as. Barbosa et al. (2006) afirmam que durante a puberdade ocorrem modifica��es no padr�o de secre��o de alguns horm�nios. Estas modifica��es apresentam caracter�sticas diferentes para meninos e meninas.

    Para Petroski et al. (2006) o surgimento da primeira menstrua��o ou idade de menarca, embora nem sempre relaciona-se com o ciclo ovulat�rio normal, � considerado um indicador pr�tico da matura��o. Por�m, � v�lido ressaltar que a menarca � apenas 1 dos marcadores maturacionais e Barbosa et al. (2006) afirma que a menarca � o �ltimo estagio da matura��o em mulheres, sendo que o primeiro � o desenvolvimento mam�rio.

    Como dito anteriormente a matura��o pode ocorrer em diferentes idades, isso ir� depender de alguns fatores, como: nutri��o, composi��o corporal pr�tica de exerc�cios f�sicos e gen�tica. Para Barbosa et al. (2006) a avalia��o do estado nutricional, bem como, as modifica��es antropom�tricas e de composi��o corporal na adolesc�ncia, s�o fortemente relacionadas ao estir�o puberal. Para corroborar com tal afirma��o Santos et al. (2007) consideram que em atletas, parece haver altera��es na composi��o corporal, particularmente a quantidade de gordura corporal, podendo ser associadas ao aparecimento tardio da menarca, enquanto as n�o atletas chegam mais precocemente � idade da menarca. Linhares et al. (2010), onde os autores apontam que est�o sendo cometidos erros, tanto no grau de estimula��o quanto nos m�todos utilizados para o desenvolvimento de adolescentes de mesma idade cronol�gica, em atividades desportivas de escolas, clubes e centros esportivos.

Crescimento

    Crescimento � a atividade biol�gica dominante por cerca das duas primeiras d�cadas da vida humana, incluindo, certamente, os 9 meses de vida pr�-natal (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). O estudo do crescimento pode dar informa��es valiosas para os profissionais que atuam nas �reas da Educa��o F�sica e Ci�ncias dos Esportes (BERGMANN, 2006).

    Para Waltrick & Duarte (2000) em termos antropom�tricos, o crescimento consiste no aumento e nas modifica��es dos componentes corporais, tanto longitudinais como transversais.

    O crescimento � conseq��ncia do aumento do n�mero de c�lulas (hiperplasia), aumento do tamanho das mesmas (hipertrofia) e/ou aumento das subst�ncias intercelulares (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009 e OLIVEIRA JUNIOR, 1991). Waltrick & Duarte (2000) apontam que a fase de crescimento mais acelerada ap�s o primeiro ano de vida se d� na fase da adolesc�ncia, per�odo em que as modifica��es em diversos setores do organismo e de transforma��es psicol�gicas e sociais s�o de suma import�ncia para a forma��o do homem adulto.

Desenvolvimento

    O desenvolvimento � um processo mais vasto do que o de crescimento e compreende transforma��es qualitativas, as quais os seres vivos conseguem maior capacidade funcional de seus sistemas, auxiliado pelas transforma��es quantitativas (LEITE, 2002), ou seja, o desenvolvimento � um termo que se refere � especializa��o (RHEA, 2009).

    Valente (2010) afirma que o desenvolvimento pode ser analisado em duas vertentes sendo elas: biol�gica e comportamental.

    O desenvolvimento biol�gico para Oliveira Junior (1991) � a diferencia��o das c�lulas ao longo de linhas especializadas de fun��o. E ocorre desde a vida pr�-natal quando tecidos e sistemas org�nicos est�o sendo formados e � altamente dependente da ativa��o e da repress�o dos genes ou grupo de genes.

    O desenvolvimento comportamental est� relacionado ao desenvolvimento da compet�ncia numa variedade de dom�nios inter-relacionados como os ajustes da crian�a ao seu meio cultural (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Silva (2002) corrobora com essa afirma��o colocando que o desenvolvimento comportamental est� relacionado a influ�ncias ambientais e culturais. Dentro desse contexto pr�ticas esportivas podem contribuir para o desenvolvimento comportamental, uma vez que atrav�s de jogos crian�as e jovens s�o submetidos a novas experi�ncias, como: coopera��o, competi��o e tomadas de decis�es, al�m da possibilidade de interagirem com outras pessoas de ra�a, etnia, situa��o social e culturas diferentes.

Matura��o

    Matura��o � um fen�meno qualitativo, sujeito ao controle da hereditariedade, implicando uma complexa integra��o das modifica��es biol�gicas e das intera��es sociais adquiridas, determinando desse modo o desenvolvimento (MOREIRA, et al., 2004). Para Oliveira Junior (1996) matura��orefere-se ao tempo e per�odo do progresso at� o est�gio biol�gico maduro. Assim, o processo parece ser lento, gradual e evolutivo, vencendo uma s�rie de etapas (BARBOSA et al., 2006).

    Para B�hme (2004) e Malina, Bouchard & Bar-Or (2009) a matura��o de um indiv�duo implica em mudan�as morfol�gicas verificadas ao longo de todo o crescimento sendo extremamente acentuada durante a puberdade, e envolve a maioria dos �rg�os e sistemas de �rg�os, afetando enzimas, composi��o qu�mica e fun��es.

    Como est� intimamente ligado ao crescimento e ao desenvolvimento, o processo maturacional tamb�m sofre influ�ncias do meio externo. Biassio et al. (2004) apontam que a matura��o biol�gica de uma crian�a n�o ocorre, necessariamente, em sincronia com a idade cronol�gica. Tais mudan�as ocorrem em diferentes per�odos e podem ter velocidades distintas em indiv�duos com a mesma idade cronol�gica (SILVA et. al., 2010).

    Tendo conhecimento desses conceitos uma proposta provavelmente mais precisa de avalia��o para sele��o do talento esportivo � atrav�s da idade biol�gica, definida por Tourinho Filho & Tourinho (1998) como � idade determinada pelo n�vel de matura��o dos diversos �rg�os que comp�em o homem. Alguns autores como: Fonseca Junior et al. (2009) concordam que neste aspecto, a matura��o biol�gica � considerada de suma import�ncia nesta fase da vida, pois apresenta-se como um importante par�metro nas pesquisas que dizem respeito � crian�a, ao adolescente e ao exerc�cio, possibilitando distinguir as adapta��es morfol�gicas e funcionais resultantes das modifica��es observadas no organismo decorrentes do processo de matura��o biol�gica.

    Neste estudo ser�o abordados somente os indicadores relacionados � matura��o sexual para uma melhor compreens�o das diferen�as apresentadas entre meninos e meninas.

Matura��o sexual

    A matura��o sexual � um processo cont�nuo que come�a com a diferencia��o sexual no per�odo embrion�rio, passando pela puberdade at� a maturidade sexual completa e fertilidade (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Segundo esses mesmos autores a avalia��o da matura��o sexual em estudos de crescimento est� baseada nas caracter�sticas sexuais secund�rias.

    A avalia��o das caracter�sticas sexuais secund�rias distingue-se por ser limitada exclusivamente ao per�odo da adolesc�ncia, tornando-se um recurso pouco sens�vel quanto �s altera��es maturacionais na idade infantil (MOREIRA et al., 2004). Na literatura � poss�vel encontrar muitos estudos que utilizam as caracter�sticas sexuais secundarias como indicadoras da matura��o sexual (FONSECA JUNIOR et al., 2009; BARBOSA et al., 2006).

    Neste estudo o enfoque ser� apenas na matura��o sexual do sexo feminino, no qual a matura��o sexual envolve a produ��o de um �vulo e a capacidade de sustentar a gravidez at� mesmo, eventualmente produzindo um descendente vi�vel (MALINA, BOUCHARD & BAR-OR, 2009). Conforme Vitalle et al. (2003) com o aparecimento da puberdade, os caracteres sexuais prim�rios e secund�rios se desenvolvem e, como conseq��ncia, o aparelho genital na menina passa a funcionar, ocasionando a primeira menstrua��o, denominada menarca. Tourinho Filho & Tourinho (1998) e Fonseca Junior & Fernandes Filho (2009) acrescentam que a puberdade � a fase de mudan�as mais complexas na vida de um ser humano e ela manifesta-se, basicamente, por um surto no crescimento, desenvolvimento das g�nadas dos �rg�os e caracter�sticas sexuais secund�rias, mudan�as na composi��o corporal e o desenvolvimento do sistema cardiorrespirat�rio.

    BIASSIO et al. (2004) afirmam que o processo maturacional come�a nas meninas, primeiro, com o desenvolvimento mam�rio e culmina com o surgimento da menarca. Esta marca um est�gio definitivo e provavelmente de amadurecimento do �tero, mas em geral n�o significa que foi atingida a fun��o reprodutiva plena (OLIVEIRA JUNIOR, 1996).

    Para Biassio et al. (2004) e Fonseca & Fernandes Filho (2009) a menarca, um dos mais usados indicadores de matura��o sexual feminino, � um importante evento da matura��o sexual e possui v�rias aplica��es numa variedade de contextos, pois depende apenas da reportagem do per�odo de ocorr�ncia. Al�m disso, a menarca tem sido alvo de muitas pesquisas com a popula��o brasileira (DUARTE, 1993). A possibilidade de avaliar grupos em per�odos pr� e p�s-menarca, de mesma faixa et�ria, para Fonseca J�nior et al. (2009) parece ser �til para ampliar os conhecimentos relativos aos efeitos da matura��o sexual no desenvolvimento f�sico e motor de p�beres, al�m de analisar a import�ncia da menarca como m�todo de avalia��o da matura��o sexual.

    A menarca (idade da primeira menstrua��o) Petroski et al. (1999) & Machado (2004) pode ser influenciada por fatores externos (ambientais), como pr�tica de exerc�cios f�sicos e estado nutricional, assim como pela heran�a gen�tica de cada menina. Dessa forma, esse indicador de matura��o sexual pode acontecer em idade diferente nas meninas, apesar de acontecer dentro de uma mesma faixa et�ria. Essa afirma��o pode ser comprovada no estudo de Fonseca Junior et al., (2009) com escolares cariocas n�o atletas na faixa et�ria de 12 anos, os autores encontraram uma superioridade na freq��ncia de meninas que j� haviam atingido a idade da menarca. J� B�hme (2004) encontrou em sua investiga��o a idade m�dia da menarca 12,8 anos em atletas de diversas modalidades. Esses dados mostram que a pr�tica de exerc�cios pode retardar a idade da menarca e a inatividade provavelmente acelera o processo de matura��o. Para Machado (2004) n�o se deve ignorar a influ�ncia dos est�gios de matura��o sobre o desempenho em testes envolvendo aptid�o f�sica durante o per�odo puberal. Altera��es metab�licas foram encontradas no estudo de Tourinho Filho & Tourinho (1998), onde os autores verificaram que a puberdade foi fator determinante na altera��o da pot�ncia anaer�bica l�tica. McArdle et al. (2008) apontam outros fatores predisponentes para a disfun��o end�crina reprodutivas entre as atletas, como: inadequa��o nutricional e um d�ficit energ�tico induzido pelo exerc�cio.

    Para Nicolao et al. (2010) quando as condi��es ambientais s�o �timas, o gen�tipo � o pri�meiro regulador do crescimento e matura��o. Duarte (1993) afirma haver uma tend�ncia � redu��o da idade da menarca, na popula��o normal, nos �ltimos anos. Essa mudan�a ocorre tanto nos pa�ses desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento, inclusive no Brasil. A autora aponta essa tend�ncia de redu��o da idade de menarca como um fen�meno universal que vem sendo observado h� quase 150 e o chama de tend�ncia secular, explica ainda que este fen�meno deve-se a melhorias nas condi��es sanit�rias, alimentares e habitacionais, bem como ao controle mais efetivo de doen�as.

    Para Borges & Schwarztbach (2003) na fase da matura��o feminina o crescimento � resultante da intera��o entre a a��o o horm�nio do crescimento e ester�ides sexuais. Powers & Howley (2005) apontam que a libera��o do horm�nio � estimulada por fatores externos e alimentares como, exerc�cio, sono ou estresse e glicose plasm�tica baixa, comprovando mais uma vez que fatores ambientais influenciam diretamente no processo maturacional.

    Quando se trata de fatores ambientais a situa��o socioecon�mica tamb�m deve ser avaliada, uma vez que esta pode ser o diferencial em quest�es como estado nutricional e composi��o corporal. Tavares et al. (2000) encontraram em seu estudo com meninas de uma cidade do interior de S�o Paulo que as pertencentes � classe social menos favorecida e aquelas cujos pais estavam em situa��o de desemprego apresentaram idade da menarca mais tardia. Vitalle et al. (2003) tamb�m encontraram diferen�as na idade da menarca ao analisarem escolares da rede p�blica de S�o Paulo, onde a idade mediana da menarca foi mais alta no grupo residente em bairros de piores condi��es socioecon�micas. Seguindo a mesma linha de pesquisa Roman et al. (2009) conclu�ram que as meninas de n�vel socioecon�mico alto apresentaram idade da menarca em idade inferior os demais n�veis socioecon�micos, por�m no estudo desses autores a diferen�a foi significativamente menor que nos anteriores. Corroborando com esses achados Duarte (2003) afirma que a idade de menarca nas meninas brasileiras parece variar entre as diversas regi�es do pa�s, onde parte desta varia��o pode ser creditada a diferen�as de n�vel socioecon�mico e estado nutricional.

    Segundo Oliveira Junior (1996) a idade m�dia da menarca de esquim�s � de 14,4 anos, valor esse muito superior aos achados no Brasil por Vitalle et al. (2003); Barbosa et al. (2006) e Borges & Schwarztbach (2003), esse resultado pode significar que condi��es clim�ticas tamb�m podem influenciar na idade menarca. Por�m esses dados ainda apresentam certa controv�rsia na literatura, uma vez que Oliveira Junior (1996) afirma que em nigerianas bem alimentadas a idade da menarca � atingida em m�dia aos 14,3 anos, sendo a Nig�ria um pa�s africano com elevada temperatura a diferen�a na m�dia desta popula��o n�o foi significativamente diferente aquela das esquim�s.

    Os m�todos dispon�veis pela literatura para detec��o da idade da menarca s�o realizados por meio dos seguintes question�rios: �Status quo�; Prospectivo e Retrospectivo (MALINA & BOUCHARD, 2002 e KLUG & FONSECA, 2006).

Antropometria

    A identifica��o dos perfis antropom�tricos, de composi��o corporal e o n�vel de aptid�o f�sica de pessoas durante a puberdade, para serem utilizados como par�metros indicadores de sa�de, t�m recebido bastante aten��o por parte da comunidade cient�fica. Fonseca Junior et al. (2009) ao compararem dois grupos de escolares encontram a m�dia de 19,56 � 3,43 kg/m2 para o IMC das meninas menarqueadas, enquanto as meninas n�o-menarqueadas apresentaram a m�dia de 17,84 � 1,95 kg/m2 para essa mesma vari�vel. Outra pesquisa com o mesmo delineamento foi realizada por Vitalle et al. (2003) onde os autores encontraram para o IMC o valor m�dio de 21,9 � 5,6 kg/m2 para as meninas menarqueadas, j� para as n�o-menarqueardas o IMC teve a m�dia de 17,5 � 3,9 kg/m2, concluindo assim que h�bitos alimentares podem influenciar a menarca.

    Outro estudo que associou o sobrepeso com idade da menarca foi o realizado por Castilho et al. (2005) onde os autores conclu�ram que as meninas com IMC mais elevado atingiram a idade da menarca mais precocemente que aquelas com IMC mais baixo. Barbosa et al. (2006) e Borges & Schwarztbach (2003) afirmam que a menarca ocorre um ano ap�s o pico de velocidade. Para esses autores ap�s o pico de velocidade do crescimento acontece uma desacelera��o da velocidade de crescimento e as meninas menarqueadas normalmente apresentam IMC superior a aquelas que ainda n�o atingiram a matura��o sexual completa.

Considera��es finais

    Neste trabalho pode-se perceber que s�o v�rios os fatores que podem influenciar a idade da primeira menstrua��o, conhecida como menarca. Varia��es ambientais, sobrepeso, composi��o corporal, pr�tica de exerc�cios f�sicos e h�bitos nutricionais s�o fatores que podem influenciar a idade da menarca tanto no sentido de acelerar, como no caso de meninas com IMC elevado, ou retardar, fator bastante comum em jovens esportistas.

    Outro fator relevante que o estudo aponta � a rela��o entre menarca e altera��es metab�licas e hormonais, pois ao atingir a menarca al�m de aumentar o tecido adiposo, as meninas tamb�m sofrem um aumento na produ��o hormonal, principalmente naqueles relacionados �s caracter�sticas sexuais e crescimento. Por isso � de fundamental import�ncia para os profissionais de educa��o f�sica ou treinadores dessa popula��o, adolescentes em idade maturacional, que entendam os fatores que podem vir a influenciar a idade menarca, para evitar abandono das aulas ou modalidades esportivas praticadas, por conta dos treinamentos com altas sobrecargas que possam levar a especializa��o precoce.

    Dessa maneira fica a sugest�o para a realiza��o de mais estudos transversais para identifica��o dos fatores e melhor compreens�o de como estes processos podem influenciar a idade da menarca.

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O crescimento pode ser considerado como a transformação qualitativa que ocorre ao longo dos anos

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 18 � N� 181 | Buenos Aires,Junio de 2013  
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O que podemos falar sobre crescimento e maturação?

A maturação biológica pode ser definida como; todas as mudanças morfológicas e fisiológicas que acontecem durante o processo de crescimento devido às transformações físicas, psíquicas e sociais, estabelecendo um elo entre a infância e o final da vida adulta (velhice).

O que é crescimento na educação física?

Por definição, crescimento corresponde ao processo resultante da multiplicação e da diferenciação celular que determina alterações progressivas nas dimensões do corpo inteiro ou de partes e segmentos específicos, em relação ao fator tempo, do nascimento à idade adulta.

Quais são os indicadores da idade biológica?

De acordo com Simão (2008), a idade biológica assessora melhor os estágios de maturação, ou desenvolvimento da puberdade, através dos indicadores: idade do esqueleto; maturidade somática (física) ou idade morfológica e maturidade sexual ou idade sexual.

Quais os indicadores de maturação mais utilizados em estudos de crescimento e desenvolvimento humano?

A maturação do esqueleto, maturação sexual e maturação somática são indicadores mais comumente utilizados em estudos crescimento, além das avaliações dentárias e bioquímica/hormonal.