Craotchky
Ora, ora...
"[Peri] - O fruto que cai da �rvore, n�o torna mais a ela; a folha que se despega do ramo, murcha, seca e morre; o vento a leva. Peri � folha; tu �s a �rvore, m�e. Peri n�o voltar� ao teu seio.
[M�e] - A virgem branca salvou tua m�e; devia
deix�-la morrer, para n�o lhe roubar seu filho. Uma m�e sem seu filho � uma terra sem �gua; queima e mata tudo que se chega a ela."
O Guarani, minha segunda experi�ncia com Jos� de Alencar, me imp�s dificuldade no in�cio por apresentar um portugu�s arcaico, povoado de palavras hoje em desuso, al�m de trazer um vocabul�rio pr�prio de certa fauna e flora, e reproduzir uma conjuga��o verbal nada usual. Al�m disso, essas primeiras p�ginas s�o �rduas por descreverem paisagens naturais do cen�rio em que ter� lugar a hist�ria (sempre acho complicado imaginar cen�rios naturais). Embora a narrativa continue um pouco exigente at� o fim, fui me adaptando ao texto e, vencidas as 25/30 p�ginas iniciais, comecei a apreciar (apreciar muito) o livro e seus personagens.
Em determinados trechos Alencar consegue ser po�tico; uma poesia muito pr�pria que se constitui em analogias com elementos do ambiente natural. Ali�s, o trecho que principia este texto � um grande exemplo nesse tocante. Al�m disso, h� claramente a presen�a de caracter�sticas da literatura Rom�ntica como aquelas famigeradas manifesta��es transbordantes de amor, aqueles exageros sentimentais, aquela eloqu�ncia veemente nos discursos dos amantes.
Em minha opini�o, o �ndio Peri, da Na��o Goitac�, filho de Arar�, � a estrela de maior brilho na hist�ria, brilha tanto a ponto de ofuscar todos os outros. O amor de Peri por Ceci � aquele do ideal rom�ntico, um amor submisso, dedicado, de entrega total, de adora��o. Receio que est� al�m de mim descrever esse amor. Eis o que diz o pr�prio livro: "Em Peri o sentimento era um culto, esp�cie de idolatria fan�tica[...] amava Cec�lia n�o para sentir um prazer ou ter uma satisfa��o, mas para dedicar-se inteiramente a ela, para cumprir o menor dos seus desejos,"
Esse amor puro e devotado que Peri sente por Ceci supostamente n�o tem lugar no atual mundo moderno, sobretudo nos grandes centros urbanos, e por isso talvez soe inveross�mil. Entretanto, teimo em acreditar que, ao menos quem sabe se bem l� no interior do Brasil, bem l� nos idos do s�culo XVII, numa sociedade colonial constitu�da quando muito de pequenas cidades e povoados, sociedade essa na qual, segundo o senso comum, a ingenuidade, a inoc�ncia, a pureza por assim dizer, se conservavam por mais tempo; pois bem, insisto no direito de acreditar que talvez, nessas circunst�ncias, nesse per�odo hist�rico, numa distante sesmaria, fosse poss�vel a manifesta��o de um amor tal.
J� estava gostando muit�ssimo da hist�ria quando, antes mesmo da metade, no cap�tulo "Ceci", um determinado trecho conseguiu levar l�grimas aos meus olhos. Neste instante quase favoritei o livro. Enfim, ainda bem que n�o me deixei levar pela pontua��o atribu�da � obra aqui no skoob: somente 3,5. Acredito que essa nota se deve por se tratar de um livro ligeiramente exigente. E se problemas haviam no livro, n�o os notei por estar totalmente envolvido pela hist�ria em si; ou ainda, se os notei, instintivamente os ignorei.
p. s. a cada leitura fico mais convencido de que a Literatura Brasileira � uma das melhores do mundo.
O fragmento abaixo foi retirado do romance O Guarani. Leia-o com atenção e responda às
questões 01 a 05.
“Enquanto o sol alumiou a terra, caminhamos; quando a lua subiu ao céu, chegamos. Combatemos como Goitacás. Toda a noite foi uma guerra. Houve sangue, houve fogo.
“Quando Peri abaixou o arco de Ararê, não havia na taba dos brancos uma cabana em pé, um homem vivo; tudo era cinza.
“Veio o dia e alumiou o campo; veio o vento e levou a cinza.
“Peri tinha vencido; era o primeiro de sua tribo, e o mais forte de todos os guerreiros.
“Sua mãe chegou e disse: ‘Peri, chefe dos Goitacás, filho de Ararê, tu és grande, tu és forte como teu pai; tua mãe te ama’.
“Os guerreiros chegaram e disseram: ‘Peri, chefe dos Goitacás, filho de Ararê, tu és o mais valente da tribo e o mais temido do inimigo; os guerreiros te obedecem’.
“As mulheres chegaram e disseram: ‘Peri, primeiro de todos, tu és belo como o sol, e flexível como a cana selvagem que te deu o nome; as mulheres são tuas escravas’. (…)
“Sua mãe veio e disse: ‘Peri, filho de Ararê, guerreiro branco salvou tua mãe; virgem branca também’.
“Peri tomou suas armas e partiu; ia ver o guerreiro branco para ser amigo; e a filha da senhora para ser escravo. (…)
“Guerreiro branco, Peri, primeiro de sua tribo, filho de Ararê, da nação Goitacá, forte na guerra, te oferece o seu arco; tu és amigo.”
O índio terminou aqui a sua narração.
Enquanto falava, um assomo de orgulho selvagem da força e da coragem lhe brilhava nos olhos negros, e dava certa nobreza ao seu gesto. Embora ignorante, filho das florestas, era um rei; tinha a realeza da força. O Guarani – José de Alencar
01- No fragmento de O Guarani, a voz enunciadora é de Peri, o protagonista do romance. Os primeiros parágrafos remetem ao contato inicial com os colonizadores. A reação de Peri e sua tribo condiz com a realidade histórica? Justifique:
Sim, a reação violenta de Peri e sua tribo condiz com a realidade histórica, pois os índios reagiram com violência à colonização, por isso ou foram escravizados ou destruídos.
02- O momento que Peri narra no fragmento é o de sua afirmação na tribo como chefe guerreiro. Confirme com o texto a sua aclamação:
A mãe: tu és grande, tu és forte como teu pai; tua mãe te ama’; os guerreiros: tu és o mais valente da tribo e o mais temido do inimigo; os guerreiros te obedecem; as mulheres: tu és belo como o sol, e flexível como a cana selvagem que te deu o nome; as mulheres são tuas escravas.
03- Há, no fragmento, o motivo para Peri estar na presença dos brancos e tornar-se amigo deles. Destaque do texto o que motivou Peri a ser amigo dos portugueses:
O guerreiro branco salvou a mãe de Peri.
04- José de Alencar construiu o herói nacional, colocando-o à altura dos heróis europeus. Reconheça as características de Peri que o tornam grandioso:
A nobreza de seu gesto, o orgulho selvagem e a força da coragem, era um rei, tinha a realeza da força.
05- Comente os motivos de José de Alencar escolher o índio como herói nacional:
O índio era o representante natural do Brasil, o autor procurou dar-lhe roupagem cristã, europeia, associadas à força e beleza natural. Além do mais valoriza a sua língua, como a genuinamente brasileira.
Com base no trecho final de O Guarani, , responda à questão 06.
“Tudo era água e céu.
A inundação tinha coberto as margens do rio até onde a vista podia alcançar; as grandes massas de água que o temporal durante a noite inteira vertera sobre as cabeceiras dos confluentes do Paraíba desceram das serranias, e, de torrente em torrente, haviam formado essa tromba gigantesca que se abatera sobre a várzea.
A tempestade continuava ainda ao longo de toda a cordilheira, que aparecia coberta por um nevoeiro escuro; mas o céu, azul e límpido, sorria mirando-se no espelho das águas.
A inundação crescia sempre; o leito do rio elevava-se gradualmente; as árvores pequenas desapareciam; e a folhagem dos soberbos jacarandás sobrenadava já como grandes moitas de arbustos.
A cúpula da palmeira em que se achavam Peri e Cecilia, parecia uma ilha de verdura banhando-se nas águas da corrente; as palmas que se abriam formava no centro um berço mimoso, onde os dois amigos, estreitando-se, pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida. José de Alencar
A. Dar a diferença entre: confluente e afluente.
Ambos são rios, cursos d’ água, o confluente desemboca na mesma foz com outro rio e o afluente desemboca em outro, que é considerado principal em relação a ele.
B.Em meio ao drama da inundação, como explicar a expressão “berço mimoso”?
A expressão refere-se ao espaço formado pela cúpula da palmeira que carregava o casal.
O texto abaixo é um fragmento do romance O Guarani, de José de Alencar:
Cenário
De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais, que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em seu vasto leito.
Dir-se-ia que, vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde então a beleza selvática; suas ondas são calmas e serenas como as de um lago, e não se revoltam contra os barcos e as canoas que resvalam sobre elas: escravo submisso sofre o látego do senhor.
Não é neste lugar que ele deve ser visto; sim três ou quatro léguas acima de sua foz, onde é livre ainda, como o filho indômito desta pátria da liberdade.
Ai, o Paquequer lança-se rápido sobre seu leito, e atravessa as florestas como o tapir, espumando, deixando o pelo esparso pelas pontas do rochedo, e enchendo a solidão com o estampido de sua carreira. De repente, falta-lhe o espaço, foge-lhe a terra; o soberbo rio recua um momento para concentrar as suas forças, e precipita-se de um só arremesso, como o tigre sobre a presa.
Depois, fatigado do esforço supremo, se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como em um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes.
A vegetação nestas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verduras e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.
Aí, ainda a indústria do homem tinha aproveitado habilmente da natureza para criar meios de segurança e defesa.
De um e outro lado da escada seguiam dois renques de árvores, que, alargando gradualmente, iam fechar como dois braços o seio do rio; entre o tronco dessas árvores, uma alta cerca de espinheiros tornava aquele vale impenetrável. (José de Alencar. O Guarani.)
7.Justifique as afirmações abaixo sobre o romance O Guarani, de José de Alencar:
a) A utilização de recursos estilísticos permite-nos dizer que o cenário criado pelo narrador manifesta o tema da integração da natureza e da cultura.
b) O romance tem um componente das novelas medievais da cavalaria, já que, no Romantismo, havia um culto à Idade Média.
a) A natureza é antropomorfizada, animizada e culturalizada. antropomorfismo: elementos da natureza vistos como seres humanos ¾ livre, soberbo, altivo, sobranceiro, filho indômito desta pátria de liberdade, escravo submisso
etc.
dinamicidade: atribui-se vida à natureza através de verbos que indicam movimento ¾ enroscando-se como uma serpente, se espreguiçar etc. culturalização: comparações da natureza com artefatos feitos pelo homem ¾ a bacia onde o Paquequer adormece é visto como um leito de noiva, as trepadeiras e flores agrestes, como cortinas, os galhos das árvores, como arcos etc.
b) No romance alencariano, as personagens pautam sua conduta por normas cavalheirescas. D. Antônio é um senhor feudal: habita num castelo, que abriga vassalos em torno do suserano. O código de honra desses homens fundamenta-se na lealdade ao senhor. Além disso, o espaço em que a relação dos dois rios é apresentada sugere vassalagem.
(FGV-SP) “Então, no fundo da floresta, troou um estampido horrível, que veio reboando pelo espaço; dir-se-ia o trovão, correndo pelas quebradas da serrania.
Era tarde.
Não havia tempo para fugir; a água tinha soltado o seu primeiro bramido, e, erguendo o colo, precipitava-se, furiosa, invencível, devorando o espaço como um monstro do deserto.
Peri tomou a resolução pronta que exigia a iminência do perigo: em vez de ganhar a mata suspendeu-se a um dos cipós, e, galgando o cimo da palmeira, aí abrigou-se com Cecília.
A menina, despertada violentamente e procurando conhecer o que se passava, interrogou seu amigo.
–– A água!… respondeu ele apontando para o horizonte.” José de Alencar. O guarani.
8.Sobre o fragmento acima, afirma-se que:
1.Enaltece a força da natureza brasileira.
2.Exalta a coragem do silvícola.
3.Refere um símbolo da fusão dos valores nativos e europeus.
4.“Pronta” (4º parágrafo), no texto, significa “preparada”.
5.“Monstro do deserto” (3º parágrafo) e “A água!” (6º parágrafo) são duas metáforas.
Assinale a alternativa que contém duas afirmações incorretas.
a) 1 e 2. b) 2 e 3. c) 3 e 4. d) 1 e 5. e) 4 e 5.
Loredano desejava; Álvaro amava; Peri adorava. O aventureiro daria a vida para gozar; o cavaleiro arrastaria a more para merecer um olhar; o selvagem se mataria, se preciso fosse, só para fazer Cecília sorrir. ( Trecho de O Guarani, de José de Alencar)
9.Sobre as características da obra de onde se extraiu o trecho acima, é correto afirmar:
a)exalta o índio como se fosse um cavaleiro medieval.
b) as personagens são vulgares e mesquinhas.
c) procura mostrar as relações entre o homem e a natureza de maneira objetiva.
d) reserva ao índio um papel subserviente, e ao branco o papel de herói.
e) não exalta a natureza para que esta não se sobreponha às personagens
10.(FUVEST) Assim, o amor se transformava tão completamente nessas organizações*, que apresentava três sentimentos bem distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o último uma religião.
………… desejava; …………. amava; ………….. adorava
(*organizações = personalidades)
Neste excerto de O Guarani, o narrador caracteriza os diferentes tipos de amor que três personagens
masculinas sentem por Ceci. Mantida a sequência, os trechos pontilhados serão preenchidos corretamente com os nomes de:
a) Álvaro / Peri / D. Diogo d) Loredano / Álvaro / Peri
b) Loredano / Peri / D. Diogo
e) Álvaro / D. Diogo / Peri
c) Loredano / D. Diogo / Peri
O fragmento abaixo foi retirado do romance O Guarani. Leia-o com atenção e responda às
questões 11 a 14.
“O índio, antes de partir, circulou a alguma distância o lugar onde se achava Cecília, de uma corda de pequenas fogueiras feitas de louro, de canela, urataí e outras árvores aromáticas. Desta maneira tornava aquele retiro impenetrável; o rio de um lado, e do outro as chamas que afugentariam os animais daninhos, e, sobretudo os répteis; o fumo odorífero que se escapava das fogueiras afastaria até mesmo os insetos. Peri não sofreria que uma vespa e uma mosca sequer ofendesse a cútis de sua senhora, e sugasse uma gota desse sangue precioso; por isso tomaratodas essas precauções.”
11.FEI-SP O Guarani foi publicado em 1857 e na época gerou uma grande repercussão. O
autor desse romance é:
a) Machado de Assis. d) Álvares de Azevedo.
b) José Lins do Rego. e) José de Alencar.
c) Gonçalves Dias.
12.FEI-SP Sobre o romance, é possível afirmar que:
a) projeta um futuro trágico para o Brasil.
b) aponta para um tempo em que os indígenas recuperarão o território brasileiro e expulsarão os brancos e negros.
c) defende a união entre negros e índios contra os colonizadores portugueses.
d) reconstitui acontecimentos históricos verídicos do período inicial da colonização do Brasil.
e) pretende narrar a fundação de uma nova nação a partir da miscigenação entre brancos e indígenas.
13.FEI-SP A propósito do trecho transcrito, é correto afirmar que:
I.A descrição do amor que Peri nutre por Ceci visa a criar uma imagem idealizada do
índio brasileiro.
II.O trecho descreve os conflitos entre o homem branco e o negro.
III. O autor pretende demonstrar a inferioridade do indígena brasileiro frente ao colonizador europeu.
a) somente I está correta. d) I e III estão corretas.
b) somente III está correta. e) II e III estão corretas.
c) I e II estão corretas.
14.FEI-SP Em O Guarani, o autor procura valorizar as origens do povo brasileiro e transformar certos personagens em heróis, com traços do caráter do “bom selvagem”: pureza, valentia e brio. Essa tendência é típica do:
a) romance urbano. d) romance regionalista.
b) romance indianista. e) poemas épicos.
c) poemas históricos.
15.O romance O Guarani, de José de Alencar, tendo como protagonista Peri e Cecília, encerra-se comum belo e enigmático epílogo que evidencia a ação do homem face às forças da natureza. Tal ação é caracterizada pelo autor como “um espetáculo grandioso, uma sublime loucura” indique a alternativa que comprova essa afirmação.
a)Era um vasto deserto de água e céu e Peri, alucinado, lançou-se nas águas para salvar Cecília que era arrastada pela correnteza.
b) A inundação crescia sempre e Peri, apesar do esforço, sucumbiu ao ímpeto da tormenta.
c) O rio, estorcendo-se em convulsões, saltou um gemido profundo e cavernoso; Peri e Cecília apenas contemplava a fúria da natureza.
d) A inundação abria a fauce enorme para traga-los. Peri com esforço desesperado arranca a palmeira, cuja cúpula, resvalando sobre as águas, levou os amigos para a linha do horizonte.
e) Tudo era água e céu e os dois amigos pediam ao céu para ambos uma só morte, pois uma só era a sua vida
16.UFRS Leia as afirmações abaixo sobre os romances O Guarani e Iracema, de José de Alencar.
I.Em O Guarani, tanto a casa de Mariz, representante dos valores lusitanos, quanto os Aimorés, que retratam o lado negativo da terra americana, são destruídos.
II.Em Iracema, a guardiã do “segredo da jurema” abandona sua tribo para seguir Martim,o homem branco por quem se apaixonara.
III. Em O Guarani e Iracema, as personagens indígenas – Peri e Iracema – morrem em circunstâncias trágicas, na certeza de que serão vingadas.
Quais estão corretas?
a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. 17. e) I, II e III.
17.(FUVEST) Ao final da narrativa, Ceci decide permanecer na selva com Peri: “— Peri não pode viver junto de sua irmã na cidade dos brancos, sua irmã fica com ele no deserto, no meio da floresta.” A decisão de Ceci traduz:
a) a supremacia da cultura indígena sobre a branca europeia.
b) a capacidade de renúncia da mulher que, por amor, submete-se a
intensos sacrifícios.
e) a impossibilidade de Peri habitar a cidade, entre os civilizados.
d) o entrelaçamento da civilização branca europeia e da cultura natural indígena.
e) o reconhecimento de que o ambiente natural é o espaço perfeito para a realização amorosa.
18.Os trechos selecionados abaixo, de “O Guarani”, de José de Alencar, relacionam-se a algumas das personagens do romance, listadas na sequência. Identifique a relação, colocando nos parênteses o número correspondente à personagem cujas características aparecem no respectivo trecho.
( ) “Homem de valor, experimentado na guerra, ativo, afeito a combater os índios, prestou grandes serviços nas descobertas e explorações do interior de Minas e Espírito Santo. Em recompensa do seu merecimento, o governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria de uma légua com fundo sobre o sertão, […]”
( ) “No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, […] Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas. […] Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas tranças, descobriam a fronte alva, […]”
( ) “[…] a portinha interior do jardim abriu-se, e outra moça, roçando apenas a grama com o seu passo ligeiro, aproximou-se […] era o tipo brasileiro em toda a sua graça e formosura, com o encantador contraste de languidez e malícia, de indolência e vivacidade. Os olhos grandes e negros, o rosto moreno e rosado, cabelos pretos, lábios desdenhosos, sorriso provocador, […]”
( ) “Nessa noite, […] ia dar um passo que, na sua habitual timidez, ele comparava quase com um pedido formal de casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar, malgrado seu, o mimo que recusara, deitando-o na sua janela; esperava que, encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe perdoaria o seu ardimento, e conservaria a sua prenda.”
( ) “Nessa muda contemplação, […] esqueceu tudo. Que lhe importava o precipício que se abria a seus pés para tragá-lo ao menor movimento, e sobre o qual planava num ramo fraco que vergava e se podia partir a todo o instante! Era feliz: tinha visto sua senhora; ela estava alegre, contente e satisfeita; podia ir dormir e repousar.”
1 – Aires Gomes 2 – Álvaro 3 – Antônio de Mariz 4 – Cecília 5 – Diogo de Mariz
6 – Isabel 7 – Lauriana 8 – Loredano 9 – Peri
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Resposta a
a) 3 – 4 – 6 – 2 – 9. d) 1 – 6 – 7 – 5 – 8.
b) 3 – 6 – 7 – 5 – 9. e) 1 – 4 – 7 – 8 – 2.
c) 5 – 7 – 6 – 2 – 8.
19.Unioeste-PR Com respeito à leitura de O Guarani, assinale a(s) alternativa(s) procedente(s).
- O tom confidencial da narrativa, focalizado em primeira pessoa, reforça a grandeza
do índio Peri.
- A natureza age como mediadora: o óleo da cabuíba, como um bálsamo poderoso,
salva Peri da morte.
- A descrição que o narrador faz de Álvaro (cap. III – “A Bandeira”) é representativa
da tese de Rousseau sobre a bondade natural do selvagem.
- O brasão escondido de Loredano e sua devoção a Dom Antônio de Mariz são exemplos
da presença do medievalismo na literatura romântica.
- A apresentação que o narrador faz do rio Paquequer registra um típico processo de
animização, incorporado a uma atmosfera metaforicamente medieval.
- A ação do romance, em termos históricos, transcorre no século XVII, apesar do
autor ter escrito a obra na segunda metade do século XIX.
- A elevação de sentimentos e nobreza de caracteres, em oposição à vilania e à maldade, é ilustrada através da oposição entre Cecília e Isabel, no cap. V, intitulado “Loura e Morena”.
Dê, como resposta, a soma das alternativas corretas. 50
Instrução: Para responder às questões 20 e 21, ler o texto que segue.
“(…) florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias
de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras.
Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa. No ano da graça de 1604, o lugar que acabamos de descrever estava deserto e inculto; a cidade do Rio de Janeiro tinha-se fundado havia menos de meio século, e a civilização não tivera tempo de penetrar o interior.
Entretanto, via-se à margem direta do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique. (…) A habitação
(…) pertencia a D. Antônio de Mariz, fidalgo português cota d’armas e um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro.”
20.PUC-RS O Brasil português revela-se no trecho da obra ……………, de José de Alencar,
através da fundação daquela que se tornaria a sua capital. A personagem referida, ……………
de Cecília, que é a protagonista da obra, …………… o poder e a audácia dos novos habitantes.
a) O Guarani – irmão – mitifica d) Iracema – tutor – critica
b) O Guarani – pai – representa e) Iracema – tio – retrata
c) Ubirajara – progenitor – rejeita
21.PUC-RS A obra em questão …………… o passado histórico por meio de uma visão
…………… da ideologia dominante, como se pode observar, por exemplo, em relação ao
processo de …………… à cultura europeizada por que passa Peri.
a) rejeita – pessimista – adaptação d) redimensiona – inovadora – rejeição
b) enaltece – ufanista – conformação e) idealiza – conservadora – rejeição
c) recupera – comprometida – adaptação
Para responder às questões 22 e 23, leia, atentamente, o texto abaixo.
Texto I
Amor
“AS CORTINAS DA JANELA cerraram-se; Cecília tinha-se deitado. Junto da inocente menina, adormecida na isenção de sua alma pura e virgem, velavam três sentimentos profundos, palpitavam três corações bem diferentes.
Em Loredano, o aventureiro de baixa extração, esse sentimento era um desejo ardente, uma sede de gozo, uma febre que lhe requeimava o sangue; o instinto brutal dessa natureza vigorosa era ainda aumentado pela impossibilidade moral que a sua condição criava, pela barreira que se elevava entre ele, pobre colono, e a filha de D. Antônio de Mariz, rico fidalgo de solar e brasão.
Para destruir esta barreira e igualar as posições, seria necessário um acontecimento extraordinário, um fato que alterasse completamente as leis da sociedade naquele tempo mais rigorosas do que hoje; era precisa uma dessas situações à face das quais os indivíduos, qualquer que seja a sua hierarquia, nobres e párias, nivelam-se; e descem ou sobem à condição de homens.
O aventureiro compreendia isto; talvez que o seu espírito italiano já tivesse sondado o alcance dessa ideia; em todo o caso o que afirmamos é que ele esperava, e esperando vigiava o seu tesouro com um zelo e uma constância a toda a prova; os vinte dias que passara no Rio de Janeiro tinham sido verdadeiro suplício.
Em Álvaro, cavalheiro delicado e cortês, o sentimento era uma afeição nobre e pura, cheia da graciosa timidez que perfuma as primeiras flores do coração, e do entusiasmo cavalheiresco que tanta poesia dava aos amores daquele tempo de crença e lealdade.
Sentir-se perto de Cecília, vê-la e trocar alguma palavra a custo balbuciada, corarem ambos sem saberem por quê, e fugirem desejando encontrar-se, era toda a história desse afeto inocente, que se entregava descuidosamente ao futuro, librando-se nas asas da esperança.
Nessa noite Álvaro ia dar um passo que na sua habitual timidez, ele comparava quase com um pedido formal de casamento; tinha resolvido fazer a moça aceitar malgrado seu o mimo que recusara, deitando-o na sua janela; esperava que encontrando-o no dia seguinte, Cecília lhe perdoaria o seu ardimento, e conservaria a sua prenda.
Em Peri o sentimento era um culto, espécie de idolatria fanática, na qual não entrava um só pensamento de egoísmo; amava Cecília não para sentir um prazer ou ter uma satisfação, mas para dedicar-se inteiramente a ela, para cumprir o menor dos seus desejos, para evitar que a moça tivesse um pensamento que não fosse imediatamente uma realidade.
Ao contrário dos outros ele não estava ali, nem por um ciúme inquieto, nem por uma esperança risonha; arrostava a morte unicamente para ver se Cecília estava contente, feliz e alegre; se não desejava alguma coisa que ele adivinharia no seu rosto, e iria buscar nessa mesma noite, nesse mesmo instante.
Assim o amor se transformava tão completamente nessas organizações, que apresentava três sentimentos bem distintos: um era uma loucura, o outro uma paixão, o último uma religião.” ALENCAR, José de. O Guarani. São Paulo: FTD, 1999, p. 78-79.
22.(UFPB) No texto “Amor”, extraído do romance O Guarani, o narrador, ao descrever o personagem Loredano, chama a atenção para a necessidade de um “acontecimento extraordinário” que pudesse alterar as “leis da sociedade” e permitir ao colono transpor determinadas barreiras sociais e morais. A partir da leitura integral desse romance, é correto afirmar que esse acontecimento extraordinário se relaciona à (ao)
a) Morte de Álvaro, único que obedecia ao código de honra imposto por D. Antônio de Mariz.
b) Revelação sobre o passado religioso de Loredano.
c) Enriquecimento de Loredano que poderia passar da condição de pobre colono à de proprietário de terras.
d) Volta de Peri para a sua tribo, deixando desprotegida a família de D. Antônio de Mariz.
e) Cerco dos Aimorés à casa de D. Antônio de Mariz e à revolta dos colonos.
23.(UFPB) Em relação à caracterização de Álvaro, o narrador
a) Imita-se aos aspectos físicos, descrevendo-o como um nobre.
b) Realça traços patológicos e instintivos próprios do homem daquela época.
c) Traça um perfil do personagem evidenciando, de forma idealizada, seus sentimentos e atitudes.
d) Evidencia determinadas atitudes do personagem, associando-as a condicionamentos biológicos.
e) Penetra no inconsciente do personagem, revelando o caráter ambíguo de sua personalidade.
24.I.”… o recebia cordialmente e o tratava como amigo; seu caráter nobre simpatizava com aquela natureza inculta.”
lI. “Em…, o índio fizera a mesma impressão que lhe causava sempre a presença de um homem daquela cor; lembrara-se de sua mãe infeliz, da raça de que provinha.”
III. “Quanto a …, via em Peri um cão fiel que tinha um momento prestado um serviço à família, e a quem se pagava com um naco de pão.” Nestes excertos, registram-se as reações de três personagens de “O Guarani” à presença de Peri, quando este começa a frequentar a casa de D. Antônio de Mariz. Apenas seus nomes foram omitidos. Mantida a ordem da sequência, essas três personagens são:
a) D. Antônio; Cecília; Isabel. d) Álvaro; Isabel; Cecília.
b) D. Antônio; Isabel; D. Lauriana. e) D. Diogo; Cecília; D. Lauriana.
c) D. Diogo; Isabel; Cecília.
25.O romance O Guarani, de José de Alencar, publicado em 1857, é um marco da ficção romântica brasileira. Dentre as características mais evidentes do projeto romântico que sustentam a construção dessa obra, destacam-se:
I.a figura do protagonista, o índio Peri, que é um típico herói romântico, tanto pela sua força física como pelo seu caráter;
II.o amor do índio Peri por Cecília, uma moça branca, sendo que esse amor segue o modelo medieval do amor cortês;
III.o fato de o livro ser ambientado na época da colonização do Brasil pelos portugueses, dada a predileção dos românticos por narrativas históricas;
IV.o final do livro marca o retorno a um passado mítico, pois Peri e Cecília simbolicamente regressam à época do dilúvio.
Então corretas:
a) I e II. b) I, II e III c) I, II e IV. d) I, III e IV. e) todas.
16.(FUVEST) A oposição Natureza / Cultura é o eixo mais importante de sustentação da narrativa e de caracterização de personagens de O guarani, de José de Alencar. A partir dessa oposição, podem-se determinar várias relações antitéticas, de acordo com o ponto de observação adotado.
Assinale a alternativa em que essa oposição não se expressa:
a) Peri e os demais índios aimorés representam o homem em seu estado natural, enquanto D. Antônio de Mariz e os aventureiros representam a cultura própria da civilização europeia.
b) Peri em si mesmo simboliza a oposição Natureza / Cultura, pois é o indígena livre que transita com adequação e elegância entre os brancos europeus.
c) Índios aimorés contrapõem-se pela violência antropofágica ao mundo organizado pelas leis cavalheirescas que definem as relações entre D. Antônio de Mariz e os aventureiros.
d) A fortificação de muralhas de pedras que caracteriza a casa da família Mariz é símbolo de contraste entre a exuberante paisagem natural e a arquitetura do homem branco colonizador.
e) Álvaro, espécie de cavaleiro medieval, lembra a honra e lealdade determinada pelas relações culturais do branco europeu e Loredano, vilão da narrativa, simboliza a insubordinação, deslealdade e ambição que se alastram num espaço primitivo, selvagem, do tempo da colonização brasileira.
TEXTO I
“O Vale de Santarém é um destes lugares privilegiados pela natureza, sítios amenos e deleitosos em que as plantas, o ar, a situação, tudo está numa harmonia suavíssima e perfeita; não há ali nada grandioso nem sublime, mas há uma como simetria de cores, de sons, de disposição em tudo quanto se vê e se sente, que não parece senão que a paz, a saúde, o sossego do espírito e o repouso do coração devem viver ali, reinar ali um reinado de amor e benevolência. (…) Imagina-se por aqui o Éden que o primeiro homem habitou com a sua inocência e com a virgindade do seu coração. À esquerda do vale, e abrigado do norte pela montanha que ali se corta quase a pique, está um maciço de verdura do mais belo viço e variedade. (…) Para mais realçar a beleza do quadro, vê-se por entre um claro das árvores a janela meio aberta de uma habitação antiga, mas não dilapidada – (…) A janela é larga e baixa; parece mais ornada e também mais antiga que o resto do edifício, que todavia mal se vê…” (Almeida Garrett, “Viagens na minha terra”.)
TEXTO II:
“Depois, fatigado do esforço supremo, [o rio] se estende sobre a terra, e adormece numa linda bacia que a natureza formou, e onde o recebe como um leito de noiva, sob as cortinas de trepadeiras e flores agrestes. A vegetação nessas paragens ostentava outrora todo o seu luxo e vigor; florestas virgens se estendiam ao longo das margens do rio, que corria no meio das arcarias de verdura e dos capitéis formados pelos leques das palmeiras. Tudo era grande e pomposo no cenário que a natureza, sublime artista, tinha decorado para os dramas majestosos dos elementos, em que o homem é apenas um simples comparsa.(…) Entretanto, via-se à margem direita do rio uma casa larga e espaçosa, construída sobre uma eminência e protegida de todos os lados por uma muralha de rocha cortada a pique.” (José de Alencar, “O guarani”.)
26. Lendo-se atentamente os textos I (de Almeida Garrett) e II (de José de Alencar), percebe-se que ambos os narradores se identificam quanto à atitude de admiração e louvor à natureza contemplada. Entretanto, verifica-se também, entre os dois, uma diferença profunda e marcante no seu ato contemplativo, quanto aos valores atribuídos a essa natureza. Essa diferença é marcada:
a) pela existência da vegetação.
b) pela avaliação da magnitude e da beleza do cenário.
c) pela inclusão, na paisagem natural, da habitação humana.
d) pelo predomínio das referências ao mundo vegetal
e) pela explicitação da perda do paraíso terrestre.
27.(FUVEST) Leia o trecho de O guarani, de José de Alencar para responder ao teste:
“Álvaro fitou no índio um olhar admirado. Onde é que este selvagem sem cultura aprendera a poesia simples, mas graciosa; onde bebera a delicadeza de sensibilidade que dificilmente se encontra num coração gasto pelo atrito da
sociedade?
A cena que se desenrolava a seus olhos respondeu-lhe; a natureza brasileira, tão rica e brilhante, era a imagem que produzia aquele espírito virgem, como o espelho das águas reflete o azul do céu.”
Em relação ao trecho, pode-se afirmar que:
a) nele se adota uma das principais teses naturalistas, pelo fato de se atribuir à terra a determinação do caráter de seus habitantes primitivos.
b) representa o reconhecimento de características
inatas dos indígenas, as quais não se verificavam em habitantes das cidades civilizadas da Europa.
c) a inautenticidade com que se apresenta o índio brasileiro revela um ângulo de observação que combina com o desejo de enaltecimento das raízes da pátria.
d) faz parte da primeira obra da literatura brasileira que manifesta interesse em traduzir e explicar a realidade da vida indígena.
e) a idealização do selvagem está diretamente associada às fantasias egocêntricas românticas e,
portanto, não pode ser entendida como expressão de um caráter genérico, nacional.
28.Os epílogos dos romances “Iracema” e “O Guarani” de José de Alencar e o fragmento de “Maíra” de Darcy Ribeiro (autores identificados com a temática de fundação do nacional – séculos XIX e XX) podem ser considerados metáforas para a compreensão de nossa origem.
‘Era sempre com emoção que o esposo de Iracema revia as plagas, onde fora tão feliz e as verdes folhas a cuja sombra dormia a formosa tabajara.
Muitas vezes ia sentar-se naquelas doces areias, para cismar e acalentar no peito a agra saudade. A jandaia cantava ainda no olho do coqueiro; mas não repetia já o mavioso nome de Iracema. Tudo passa sobre a terra. José de Alencar. “Iracema”.
O hálito ardente de Peri bafejou-lhe a face. Fez-se no semblante da virgem um ninho de castos rubores e lânguidos sorrisos: os lábios abriram como as asas purpúreas de um beijo soltando o voo. A palmeira arrastada pela torrente impetuosa fugia… E sumiu-se no horizonte…José de Alencar. “O Guarani”.
Afinal, tudo está claro. Na verdade apenas representei e ainda represento aqui um papel, segundo aprendi. Não sou, nunca fui nem serei jamais Isaías. A única palavra de Deus que sairá de mim, queimando a minha boca, é que eu sou Avá, o tuxauarã, e que só me devo a minha gente Jaguar da minha nação Mairum. Darcy Ribeiro.
Pela leitura desses fragmentos constata-se que os textos de José de Alencar e Darcy Ribeiro traduzem, sob pontos de vista diferentes:
a) a afirmação de uma etnia brasileira advinda da existência cordial entre as duas culturas;
b) a efetiva resistência da cultura indígena em se submeter à cultura europeia;
c) o surgimento do mito fundador da miscigenação das duas culturas, pela morte dos protagonistas;
d) a impossibilidade de enunciar a plena harmonização entre as culturas europeia e indígena;
e) a inauguração do mito fundador da nacionalidade brasileira através da miscigenação.
29.”Dom Antônio de Mariz, homem de valor, experimentado na guerra, ativo, afeito a combater os índios, prestou grandes serviços nas descobertas e explorações do interior de Minas e Espírito Santo. Em recompensa do seu merecimento, o governador Mem de Sá lhe havia dado uma sesmaria de uma légua com fundo sobre o sertão.” Na passagem de “O guarani”, destacam-se aspectos encontrados na ficção de José de Alencar. A respeito disso, leia as proposições.
I. Nos romances nativistas, o selo da nobreza é dado pela força do sangue, o que tanto vale para os índios como para a estirpe do colonizador branco.
II. Para dar força ao herói, Alencar costuma aproximá-lo da vida da natureza, prática que dialoga com as próprias raízes dos valores românticos.
III. Ao pintar portugueses como heróis e índios como vilões, Alencar tem em conta agradar o Marquês de Pombal e sua política antiindianista.
Está(ão) correta(s)
a) apenas II. b) apenas I e II. c) apenas III. d) apenas I e III. e) I, II e III.
30.(FUVEST) Leia o fragmento da obra O Guarani, de José de Alencar para responder ao teste.
“De um dos cabeços da Serra dos Órgãos desliza um fio de água
que se dirige para o norte, e engrossado com os mananciais que recebe no seu curso de dez léguas, torna-se rio caudal.
É o Paquequer: saltando de cascata em cascata, enroscando-se como uma serpente, vai depois se espreguiçar na várzea e embeber no Paraíba, que rola majestosamente em vasto leito. Dir-se-ia que vassalo e tributário desse rei das águas, o pequeno rio, altivo e sobranceiro contra os rochedos, curva-se humildemente aos pés do suserano. Perde, então, a beleza selvática; suas ondas
resvalam sobre elas: escravo submisso, sofre o látego do senhor.”
Considere as afirmações abaixo e assinale alternativa correta:
I. O texto é predominantemente descritivo e carregado de recursos de linguagem poética. Um exemplo é a prosopopeia “curva-se humildemente aos pés do suserano”.
II. O narrador mostra a relação entre os rios Paraíba e Paquequer a partir de uma analogia com o mundo feudal, na qual o primeiro surge como “rei das águas” e o segundo, como “vassalo”.
III.
No modo de qualificar a paisagem, há uma forte conotação de hierarquia.
a) Estão corretas todas as afirmações.
b) Estão corretas as afirmações I e II.
c) Estão corretas somente as afirmações I e III.
d) Estão corretas somente as afirmações I, II e III.
e) Está correta somente a afirmação II
31.O guarani apresenta-nos o herói Peri. Comparando-o a Iracema, heroína do romance homônimo, podemos afirmar que:
a)ambas as obras foram escritas por José de Alencar e podem ser classificadas como regionalistas.
b)narram de maneira épica, numa prosa recheada de sonoridade, o heroico esforço dos indígenas em resistir ao invasor português.
c)Peri e Iracema são heróis típicos da segunda geração romântica.
d)Constroem, de maneira alegórica, o mito de surgimento do povo brasileiro, pelo miscigenação entre o invasor branco e o indígena nativo.
e)ambas as obras foram produzidas em um português puro, livre de expressões ou palavras tomadas emprestadas de outros idiomas, mostrando o esforço de José de Alencar em manter a pureza do idioma camoniano.