O massacre dos índios Norte americanos

O homem branco veio atravessando o mar
Ele nos trouxe dor e miséria
Ele matou nossa tribo, matou nossa crença
Ele pegou nosso jogo para seu próprio proveito
Nós lutamos forte, lutamos bem
Lá nas planícies, nós lhe demos o inferno
Mas muitos vieram, demais para acreditar
Oh, será que seremos libertados?

Cavalgando por nuvens de poeira e terras estéreis
Galopando em disparada nas planícies
Perseguindo os peles-vermelhas de volta para suas tocas
Lutando com eles em seu próprio jogo
Assassinando por liberdade, esfaqueando pelas costas
Mulheres, crianças e covardes, ataquem!

Corram para as colinas
Corram por suas vidas!

Por AD Luna

A tradução da letra acima é de um dos inúmeros hits da banda inglesa Iron Maiden. A faixa está presente no álbum “The number of the beast”, lançado em 1982. “Run to the hills” relata o conflito entre colonos vindos da Europa e os nativos que moravam no que viria a se tornar o país mais poderoso do planeta. No livro “História dos Estados Unidos. Das Origens ao Século XXI” (Editora Contexto), que tem entre seus autores brasileiros o professor Leandro Karnal, comenta-se que diversos historiadores costumam empregar a expressão genocídio para caracterizar o massacre pelo qual populações indígenas da antiga América do Norte sofreram.

Perseguição em nome de Jesus Cristo

De acordo com o livro, os colonos baseavam a ocupação das terras indígenas em argumentos teológicos. Eles se identificavam com o povo eleito que Deus conduziria para uma terra prometida e, por isso, se viam com direito e a autoridade para expulsar os antigos moradores da região. Exemplo disso é o relato datado de 1628 publicado na obra, e atribuído ao colono Jonas Michaelius.

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“Quanto aos nativos deste país, encontro-os totalmente selvagens e primitivos, alheios a toda decência; mais ainda, incivilizados e estúpidos, como estacas de jardim, espertos em todas as perversidades e ímpios, homens endemoniados que não servem a ninguém senão o diabo (…). É difícil dizer como se pode guiar a esta gente o verdadeiro conhecimento de Deus e de seu mediador, Jesus Cristo“.

Além do massacre promovido por armas de fogo, milhares de índios sucumbiram às doenças trazidas pelos colonos e, fato pouco conhecido, vários deles foram escravizados. “A ideia europeia de colonização significou uma mortandade imensa em todo o continente americano”, informa o livro.

O lamento indígena

Os índios tentaram se defender. Mas o poderio dos novos inimigos era imenso. O livro também registra como um nativo descreveu a chegada dos brancos. Notem que havia um sentimento de esperança numa boa relação, a qual se mostrou trágica.

“(…) Buscaram por todos os lados bons terrenos, e quando encontravam um, imediatamente e sem cerimônias se apossavam dele. Nós estávamos atônitos, mas, ainda assim, nós permitimos que continuassem, achando que não valia a pena guerrear por um pouco de terra.

Mas quando chegaram a nosso terrenos favoritos – aqueles que estavam mais próximos das zonas de pesca – então aconteceram guerras sangrentas.

Estaríamos contentes em compartilhar as terras uns com os outros, mas esses homens brancos nos invadiram tão rapidamente que perderíamos tudo se não os enfrentássemos… Por fim, apossaram-se de todo o país que o Grande Espírito nos havia dado”.

“História dos Estados Unidos. Das Origens ao Século XXI”

Como podem os Estados Unidos provocar tanto ódio, a ponto de muita gente no mundo ficar feliz com ataques suicidas de fanáticos contra eles? Como pode uma cultura influenciar tantas outras e ostentar, muitas vezes, um provincianismo digno de rincões escondidos no espaço e no tempo?

Nação que absorveu mais imigrantes que nenhuma outra na história, que respeita as diferenças criando etiquetas para as minorias, que incorpora cientistas do mundo todo em suas melhores universidades, que espalhou para o mundo o cinema e o jazz, séries de tv e calças jeans, padrão de magreza anoréxica e de seios inflados; país que defendeu a democracia em “guerras justas” e atentou contra ela em invasões injustificáveis. É sobre esse fascinante país que trata este livro.

Primeira e única obra feita com olhar brasileiro, foi escrita por quatro especialistas da área, passando longe da visão maniqueísta com que o tema comumente é tratado. Obra de referência, essencial para quem não é indiferente (gostando ou não) às influências que a terra do Tio Sam exerce sobre nós.

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Em Dakota do Sul, cerca de 400 índios Sioux, principalmente mulheres e crianças, são exterminadas em 29 de dezembro de 1890, pelas tropas norte-americanas. O Massacre de Wounded Knee (Joelho Ferido) põe fim às guerras indígenas que se alastraram na América do Norte após o início da colonização branca no século 17. Os Brancos declaram então que a conquista dos territórios do Oeste (West e Far West).
Nesse dia, no final do longo capítulo das guerras contra os indígenas na América do Norte, a Cavalaria dos Estados Unidos, além das mulheres e crianças, matou 146 Sioux em Wounded Knee na reserva Pine Ridge, Dakota do Sul.
Ao longo de 1890, o governo de Washington mostrava-se preocupado com a crescente influência em Pine Ridge do movimento espírita Ghost Dance (Dança Fantasma), que pregava que os índios haviam sido derrotados e confinados em reservas porque haviam irritado os deuses e abandonado seus costumes tradicionais. Muitos Sioux acreditavam que se praticassem a Ghost Dance e rejeitassem o modo de vida do homem branco, os deuses criariam o mundo de novo e destruiriam os não-crentes, inclusive os não-índios.
Em 15 de dezembro de 1890, a polícia da reserva tentou prender o Sitting Bull (O Touro Sentado), o famoso chefe Sioux, que erradamente acreditavam ser um Ghost Dancer (partidário da Ghost Dance) e o mataram na tentativa de prendê-lo, aumentando dramaticamente as tensões em Pine Ridge.
Em 29 de dezembro a 7ª Cavalaria do Exército cercou um grupo de Ghost Dancers comandados pelo chefe Sioux Big Foot (Pé Grande) perto do riacho Wounded Knee, exigindo que baixassem as armas e as deitassem ao solo. Ato contínuo, estabeleceu-se uma luta corporal entre um índio e um soldado e um tiro foi disparado, tendo um oficial do exército mais tarde declarado que não se soube ao certo de que lado partiu o tiro. Seguiu-se um brutal massacre em que se estimou que mais de 150 índios foram mortos, embora alguns historiadores fixassem o número em mais que o dobro. A cavalaria perdeu 25 homens.
O conflito em Wounded Knee era referido originalmente pelos historiadores oficiais como uma batalha, mas na realidade foi um trágico e evitável massacre. Cercado por tropas fortemente armadas, é improvável que o grupo de Big Foot estivesse disposto a começar a batalha. Alguns historiadores especulam que a 7ª Cavalaria estavam deliberadamente querendo vingar-se da derrota do regimento em Little Bighorn em 1876, quando nas proximidades do rio Little Bighorn, estado de Montana, o 7º Regimento de Cavalaria do Exército dos Estados Unidos do famoso general Custer enfrentou uma coalizão de índios Cheyennes e Sioux, sob o comando dos célebres líderes indígenas Touro Sentado e Cavalo Louco (Crazy Horse), resultando no aniquilamento do destacamento do general Custer, a maior derrota do exército estadunidense durante as chamadas “Guerras Índias”.
Sejam quais foram os motivos, o massacre acabou com o movimento Ghost Dance e foi a última grande confrontação na séria de sangrentas guerras contra os Plains Indians, índios que viviam na planície entre o rio Mississipi e as Montanhas Rochosas.
A batalha foi relembrada em fevereiro de 1973 quando Wounded Knee foi ocupada pelos ativistas do AIM (American Indian Movement – Movimento Indígena Americano) durante 71 dias, para protestar contra o tratamento dado pelo governo aos nativos americanos. Durante a manifestação, dois índios foram mortos, um xerife federal ficou seriamente ferido e numerosas pessoas foram presas.

Max Altman
Membro do Coletivo da Secretaria de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores
Artigo publicado anteriormente no site www.operamundi.uol.com.br

Quem matou os índios americanos?

Os genocídios indígenas abaixo do Rio Grande em sua ampla maioria foram frutos das ações particulares locais e descoordenadas: invasores que ampliavam seus domínios de terras e servos (América Espanhola) ou escravos (Brasil) e que para tanto assassinavam a população nativa e destruiam o ambiente em que viviam.

Como aconteceu o massacre dos indígenas na América do Norte?

O genocídio indígena no continente americano em geral começou pouco após a chegada dos europeus, ao final do século XV. Tratava-se de uma operação não sistemática e, em grande medida, não planejada, que diminuía – de forma intencional ou não – a capacidade de resistência indígena aos avanços territoriais dos europeus.

O que gerou a guerra contra os indígenas nos Estados Unidos?

Com a descoberta de ouro na Califórnia, em 1848, uma nova onda de colonos migrou para o oeste, aumentando o número de conflitos. Pressionado, o governo americano decidiu confinar as maiores tribos em reservas e mandar tropas do Exército para obrigá-las a permanecer por lá.

Quantos índios morreram EUA?

"50 milhões de nativos morreram por causa das guerras, perda do ambiente onde viviam, mudanças no estilo de vida, doenças. Mas outros estudos apontam para 100 ou até 114 milhões de vítimas".