O que acontece com os óvulos na laqueadura?

15 de maio de 2019

O que acontece com os óvulos na laqueadura?

Laqueadura e fertilização in vitro

Muitas mulheres fazem laqueadura tubária como forma segura de evitar a gravidez sem utilização de pílulas anticoncepcionais. No entanto, com o passar do tempo, podem se arrepender por diversas razões.  Mas, a mais comum é o desejo de ter novamente um filho.

Uma dúvida recorrente é: uma mulher pode realizar a fertilização in vitro (fiv) depois de feita a laqueadura? A resposta é sim. Aliás, esta é praticamente a única forma de uma mulher que fez laqueadura engravidar, a menos que ela faça uma cirurgia de reversão da laqueadura.

A fertilização in vitro só é possível após a laqueadura. Pois, neste procedimento, o óvulo é fecundado pelo espermatozoide fora do corpo da mulher. Ao contrário do que acontece na gravidez natural e na inseminação artificial, em que a fecundação ocorre nas trompas.

Após a fecundação in vitro, o óvulo fecundado (que agora é um embrião), é introduzido no útero para que se implante e tenha início a gravidez.

Para entender melhor: a laqueadura é uma cirurgia para esterilização em que as trompas são cortadas ou amarradas. Assim, bloqueando o caminho que o óvulo percorre do ovário até o útero, o que não impede a fertilização in vitro.

Nessa técnica, os óvulos são coletados através de uma agulha e depois são misturados com o esperma do homem. A seguir, são deixados numa incubadora a uma temperatura semelhante àquela encontrada no interior do útero (37ºC) por 24 horas.

Após a fertilização do óvulo pelo espermatozoide, forma-se um embrião, que é então transferido para o útero para se implantar e gerar a gravidez.

Taxa de sucesso

A taxa de sucesso da fertilização in vitro depende de fatores como a idade da mulher. Quanto mais nova, maior a chance de gravidez. A qualidade dos óvulos, espermatozoides e embriões, qualidade do endométrio (camada interna do útero) e da transferência dos embriões.

O médico deverá alertar a paciente quanto às suas chances de engravidar com a fertilização in vitro, antes ou após uma laqueadura.

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O que é a laqueadura tubária?

A laqueadura tubária, também chamada ligadura de trompas, é um procedimento de esterilização cujo objetivo é impedir que a mulher consiga engravidar. Essa técnica é considerada um método contraceptivo permanente e sua taxa de sucesso é elevadíssima, ao redor de 99%.

A laqueadura funciona como método anticoncepcional definitivo porque é um procedimento que causa interrupção no trajeto de ambas as trompas, impedido, assim, que os espermatozoides cheguem ao óvulo liberado por qualquer um dos dois ovários.

A ligadura das trompas não impede a ovulação nem interfere no ciclo hormonal feminino, não causando, portanto, nenhuma alteração no ciclo menstrual. Ela é exclusivamente um método contraceptivo, sem qualquer efeito protetor contra as doenças sexualmente transmissíveis.

A laqueadura é um método de esterilização feminina. Para ler sobre a vasectomia, método de esterilização masculina, clique no link: Vasectomia – Cirurgia e reversão.

Quem pode fazer?

Por ser um método de esterilização praticamente irreversível, existem algumas regras para que o procedimento possa ser feito.

No Brasil e em Portugal, a lei exige que a mulher tenha mais de 25 anos ou pelo menos 2 filhos vivos. O procedimento só pode ser efetuado mediante declaração escrita e devidamente assinada, contendo a inequívoca manifestação de que a paciente deseja se submeter-se ao procedimento de esterilização e a menção de que foi devidamente informada sobre as suas consequências.

No Brasil, após uma reunião com equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, médicos e assistente social, a paciente precisa esperar um tempo de 60 dias, chamado “tempo de reflexão”. Somente após esse intervalo é que o processo pode ser iniciado no hospital escolhido.

Essa burocracia é feita porque a taxa de arrependimento é de cerca de 10% e a reversão da laqueadura é muito difícil.

No Brasil, mas não em Portugal, ainda há uma burocracia extra. Se a mulher for casada, é necessária uma autorização do cônjuge para que a esterilização possa ser realizada (na vasectomia nos homens também existe essa condição).

Como é feita a laqueadura?

O sistema reprodutor feminino é composto basicamente por dois ovários, duas trompas de Falópio, um útero e uma vagina. As trompas de Falópio, também conhecidas como tubas uterinas, são uma espécie de tubo que liga os ovários ao útero.

A cada ciclo menstrual um dos ovários libera um óvulo para ser fecundado. Este óvulo é lançado em direção a uma das trompas, e lá fica à espera da chegada de um espermatozoide para uma eventual fertilização.

Existem várias técnicas para realizar a laqueadura tubária, mas todas elas consistem na interrupção do caminho pelas trompas, seja por grampos, cauterização, anéis elásticos ou remoção de parte das trompas.

O que acontece com os óvulos na laqueadura?
Laqueadura tubária — técnicas mais comuns.

Atualmente existem três opções para realização da laqueadura tubária: via laparoscópica, via mini-laparotomia ou via histeroscopia. Vamos resumir como cada uma delas é feita.

Laparoscopia

A laqueadura por laparoscopia é um procedimento cirúrgico realizado através de uma pequena incisão perto do umbigo e na parte inferior do abdômen, com introdução de um dispositivo chamado laparoscópio, usado para ver as trompas de Falópio.

O médico pode usar anéis ou clipes para fechar as trompas. Outra possibilidade é cauterizar as mesmas por calor. Uma terceira técnica que pode ser utilizada por via laparoscópica é a ligadura elástica, com colocação de um elástico (bandas de Yoon), que aperta firmemente o segmento da trompa e interrompe sua circulação, selando-a.

Mini-laparotomia

A mini-laparotomia é um procedimento cirúrgico feito imediatamente após o parto ou até dois dias depois. O médico realiza uma pequena incisão no abdômen e, em seguida, remove uma parte das trompas de Falópio de cada lado. O procedimento não deve ser feito muitos dias após o parto para que o útero ainda esteja grande, facilitando a cirurgia.

Laqueadura tubária histeroscópica

A laqueadura tubária histeroscópica é uma laqueadura sem cirurgia, que pode ser feita fora de ambiente hospitalar, apenas com anestesia local. Esse tipo de laqueadura é feita por via endoscópica, através da vagina.

Técnica Essure®

Neste procedimento, o aparelho endoscópico, chamado histeroscópio, entra pela vagina, atravessa o útero e chega às trompas, onde insere uma pequena mola chamada Essure.

A inserção de um objeto estranho nas trompas, como o Essure, causa uma reação do sistema imunológico, provocando inflamação e posterior crescimento de tecido cicatricial, provocando o fechamento das trompas.

Esse processo de fechamento demora cerca de três meses para se concretizar. Após esse período, a mulher realiza um exame chamado histerossalpingografia, que consiste em uma radiografia do sistema reprodutor feminino após a administração de contrate. Se o Essure tiver causado interrupção efetiva das trompas, o contraste não conseguirá chegar até o final das mesmas, comprovando obstrução completa da tuba uterina.

Apesar de popular, a técnica histeroscópica está sendo abandonada devido ao elevado número de complicações. Desde 2017, o procedimento já não é mais realizado na maioria dos países, incluindo Brasil e Portugal. Frequentes casos de dor pélvica crônica e sangramentos uterinos são os efeitos adversos que levaram a própria fabricante Bayer a acabar com a comercialização do Essure (a decisão foi tomada após o procedimento ter sido proibido por várias agências de saúde ao redor do mundo).

Tenho Essure®, preciso retirá-lo?

Se você não tiver nenhum sintoma ou desconforto, o que ocorre com a maioria das pacientes com Essure®, não precisará fazer nada, exceto seus exames ginecológicos regulares. Nos casos assintomáticos, não é recomendado remover o dispositivo.

Complicações

A laqueadura cirúrgica, realizada por laparoscopia ou por mini-laparotomia, apresenta uma taxa de complicações de 0,1%. As mais comuns incluem infecção, lesão de bexiga ou dos intestinos, hemorragia interna ou problemas relacionados à anestesia.

As três técnicas de laqueadura apresentam uma taxa de sucesso acima de 99%. Há trabalhos que mostram que após 15 anos de ligação das trompas, menos de 1% das mulheres acabaram engravidando. O grande problema é que na maioria dos casos, a gravidez acidental acaba sendo ectópica (gravidez tubária). Por isso, toda mulher laqueada deve procurar logo o seu ginecologista caso apresente atraso menstrual.

A laqueadura tubária não altera o ciclo menstrual nem interfere no desejo sexual da mulher.

Reversão da laqueadura tubária

O arrependimento em relação à esterilização definitiva geralmente surge nas mulheres que realizaram a laqueadura ainda jovens, antes dos 25 anos. São mulheres que muitas vezes separam-se, casam-se novamente e passam a querer ter um filho com o novo marido.

A laqueadura é considerado uma esterilização definitiva. Em alguns casos a reversão até é possível, mas há riscos e o procedimento é muito mais complexo do que a ligadura das trompas. A taxa de sucesso da reversão é de apenas 20%. Por isso, se a paciente tiver qualquer dúvida ou insegurança, a laqueadura não deve ser o método contraceptivo de escolha.


Referências

  • Overview of female sterilization – UpToDate.
  • Hysteroscopic sterilization – UpToDate.
  • Sterilization by Laparoscopy – American College of Obstetricians and Gynecologists.
  • Tubal Ligation and Tubal Implants – University of Pittsburgh Schools of the Health Sciences.
  • Practice Bulletin No. 133: Benefits and Risks of Sterilization – Obstetrics & Gynecology.

O que acontece com os óvulos na laqueadura?

Médico graduado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com títulos de especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Universidade do Porto e pelo Colégio de Especialidade de Nefrologia de Portugal.

O que acontece com os óvulos depois da laqueadura?

Mesmo com a salpingectomia bilateral ou retirada de trompas você continuará ovulando. Você não deixará de ocupar. Este óvulo é liberado na cavidade peritoneal e, como não tem as trompas para capta-los, permanece na cavidade peritoneal. O óvulo tem uma "vida" de 72 a 96h e depois "degenera".

Quem liga as trompas ovula?

A ligadura das trompas não impede a ovulação nem interfere no ciclo hormonal feminino, não causando, portanto, nenhuma alteração no ciclo menstrual. Ela é exclusivamente um método contraceptivo, sem qualquer efeito protetor contra as doenças sexualmente transmissíveis.

Como funciona o útero depois da laqueadura?

Nesse caso, o ovo (nome que se dá ao óvulo fecundado) é empurrado para baixo pelo movimento dos tecidos que revestem as trompas e vai aninhar-se no útero. Laqueadura é um processo de esterilização definitiva, que consiste no fechamento das tubas uterinas para impedir a descida do óvulo e a subida do espermatozoide.

O que é retirado na laqueadura?

Ligadura tubária ou laqueadura, é uma cirurgia para a esterilização voluntária definitiva, na qual as trompas da mulher são amarradas ou cortadas, evitando que o óvulo e os espermatozoides se encontrem.