Construtivismo é uma tese epistemológica que defende o papel ativo do sujeito na criação e modificação de suas representações do objeto do conhecimento. O termo começou a ser utilizado na obra de Jean Piaget e desde então vem sendo apropriado por abordagens com as mais diversas posições ontológicas e mesmo epistemológicas. Hoje é atribuído a abordagens da filosofia,
pedagogia, psicologia, matemática, cibernética, biologia, sociologia e arte. As teses comuns à maioria dessas abordagens (à exceção do construtivismo social) são relativas à questão da origem do conhecimento: a rejeição ao objetivismo de matiz empirista e a adoção do sentido kantiano da metáfora da construção. Histórico[editar | editar código-fonte]A ideia
ontremos referências ao suposto caráter precurde que o sujeito é ativo na construção de suas hipóteses, acerca do objeto do conhecimento, tem uma longa tradição filosófica. Não é raro que encsor da filosofia de Sócrates em relação ao construtivismo, particularmente à maiêutica[1]. Abordagens construtivistas[editar | editar código-fonte]Construtivismo kantiano[editar | editar código-fonte]A inversão kantiana do sentido da relação entre sujeito e objeto é usualmente[6]
[7] [8]
[9] [1] [10]
[11] [12] [3] considerada a
raiz do construtivismo contemporâneo. Tradicionalmente, a filosofia ocidental pensava o conhecimento como uma determinação do sujeito cognoscente pelo objeto conhecido. Kant[4] apresenta o processo de conhecimento como a organização
ativa por parte do sujeito do material disperso e fragmentário que nos é fornecido pelos sentidos, impondo a este as formas da sensibilidade e as categorias do entendimento. Nossa mente tem uma estrutura dada, que enquadra os dados da experiência em suas formas e categorias a priori. Ou seja, para Kant, o sujeito é proativo, constrói suas representações dos objetos, e não recebe passivamente impressões causadas por esses. Podemos indicar ainda dois sentidos nos quais o termo ‘construção’ é usado em relação à filosofia kantiana. O primeiro, mais básico e original, é o que ocorre em nossas intuições empíricas e, por
exemplo, nos é lembrado por Longuenesse[13], que indica que nossas representações dos objetos empíricos são construídos de forma automática, pelas estruturas inatas de nossa mente.
Boghossian[6] chama este modelo construtivista de cookie-cutter, pois a mente recortaria o material caótico dos sentidos impondo-o limites de acordo com suas formas inatas. Construtivismo piagetiano[editar | editar código-fonte]Jean Piaget foi aquele que introduziu o termo ‘construtivismo’ no século XX, em sua obra Logique et connaissance scientifique[5], de 1967. Sua Epistemologia Genética[14] é essencialmente uma tentativa de resposta à questão da origem do conhecimento através da investigação, em parte empírica, do da gênese e desenvolvimento das estruturas cognitivas do sujeito. Ao desenvolver sua teoria da epistemologia genética, buscou encontrar as relações entre o biológico, o psicológico e o epistemológico. Piaget trata detalhadamente em suas obras, do que ele acredita ser a continuidade entre o biológico e o intelectual, a partir de dois tipos distintos de fatores hereditários para o ser humano. No entanto, Piaget não fala de uma continuidade linear (Piaget (1967/ 1973a, 1936/1975c). Através do método clinico, Piaget
buscou conhecer o desenvolvimento das formas de interação do sujeito com a realidade (Delval, 2000), e a construção delas decorrente. Para o empirismo a origem do conhecimento estaria nos sentidos, e em última análise, no mundo; o objeto real “imporia” suas formas a uma mente encarada como um receptáculo passivo (posição que é portanto objetivista). Para o racionalismo, o conhecimento é inato e sua evolução seria apenas atualização de estruturas pré-formadas. Já o construtivismo exige uma interação necessária entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. É o sujeito ativo que, na ação, constrói suas representações de mundo interagindo com o objeto. A diferença principal do construtivismo piagetiano para o kantiano é que, para Piaget, além das representações dos objetos, nós construímos também as próprias estruturas cognitivas através das quais posteriormente construiremos as representações dos objetos. Para Piaget o sujeito humano é um projeto a ser construído; o objeto é, também, um projeto a ser construído. Sujeito e objeto não têm existência prévia, a priori: eles se constituem mutuamente, na interação. Eles se constroem. O sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: essa ação assimiladora transforma o objeto. O objeto, ao ser assimilado, resiste aos instrumentos de assimilação de que o sujeito dispõe no momento. Por isso, o sujeito reage refazendo esses
instrumentos ou construindo novos instrumentos, mais poderosos, com os quais se torna capaz de assimilar, isto é, de transformar objetos cada vez mais complexos. Essas transformações dos instrumentos de assimilação constituem a ação acomodadora. Conhecer é transformar o objeto e transformar a si mesmo. (O processo educacional que nada transforma está negando a si mesmo.) 0 conhecimento não nasce com o indivíduo, nem é dado pelo meio social. 0 sujeito constrói seu conhecimento na interação com o
meio tanto físico como social. Essa construção depende, portanto, das condições do sujeito - indivíduo sadio, bem-alimentado, sem deficiências neurológicas etc. - e das condições do meio - na favela é extremamente mais difícil construir conhecimentos, e progredir nessas construções, do que nas classes média e alta.[16] Quatro estágios nos quais os sujeitos evoluírem, de um estado de total desconhecimento do mundo que o cerca até o desenvolvimento da capacidade de conhecer o que ultrapassa os limitesdo que está a sua volta. Estágio 1 se refere ao nascimento até aproxidamente os dois anos de idade, no caso, a criança se encontra no estágio de sensóriomotor. Estágio 2; estágio pré-operatório, calcado na constituição ainda incipiente de uma estrutura operatória, e permanece nele até completarmais ou menos 7 - 8 anos. Estágio 3; operatório concreto com início no final do segundo estágio e calcado nacapacidade de coordenar ações bem ordenadasem “sistemas de conjunto ou ‘estruturas’, suscetíveis de se fecharem” enquanto tais, ele tem duração, em média, até os 11 - 12 anos. Estágio 4; operatório formal, que se inicia ao final do terceiro e no qual o ser humanopermanece por toda a vida adulta, atingindo um estado de equilíbrio próprio. (Rev Bras Crescimento Desenvolvimento Hum. 2010, pag 363). Construtivismo radical[editar | editar código-fonte]Autores ligados ao construtivismo radical não só adotam o construtivismo como tese epistemológica, mas também como tese ontológica, fazendo dele uma versão contemporânea de idealismo. Um de seus mais representativos proponentes é
Ernst von Glasersfeld[3], que diz que o conhecimento é um processo cognitivo auto-organizado e isolado do cérebro humano. Uma vez que o conhecimento
é considerado uma construção mental em vez de uma compilação de dados empíricos, não é possível saber em que extensão ele reflete um mundo independente da mente. Construtivismo lógico[editar | editar código-fonte]O construtivismo lógico foi fundado pelo matemático e filósofo
Luitzen Egbertus Jan Brouwer e é também conhecido pelo termo que designa sua corrente hegemônica, o intuicionismo. Ele é uma abordagem da lógica que surgiu na
filosofia da matemática do início do século XX, que se dedicava a buscar os fundamentos da disciplina. Seus expoentes foram Arend Heyting e Michael Dummett.
Brouwer[7](1983, p.78) reconheceu em Kant a primeira forma de construtivismo matemático, na qual tempo e espaço são tomados por formas de pensamento inerentes à razão humana. Este ganhou força quando os dois principais programas filosóficos de fundamentação da matemática
colapsaram[20] ao se depararem com demonstrações de sua incompletude. O primeiro, o logicismo de Frege, encontrou seu obstáculo intransponível no paradoxo de Russell; o segundo, o formalismo de Hilbert, foi refutado com o segundo teorema da incompletude de Gödel. [editar | editar código-fonte]O construtivismo social é uma abordagem filosófica sobre a sociologia que se apresenta como programa de pesquisa empírica, e que tem como essência a tese de que as crenças científicas têm causas sociais. Foi criada por um grupo de sociólogos da universidade de Edimburgo, em meados dos anos setenta, liderados por Barry Barnes[22] e David Bloor[23]. Também conhecida como strong programme, sua tese central é a que todo conhecimento é, exclusivamente, uma construção social. Se expandiu para além das fronteiras da Escócia, gerando abordagens mais radicais como o construtivismo social ontológico de Woolgar[24], Collins[25] e Nelson[26], o programa do construtivismo social material, de Knorr-Cetina[27], e também o campo de estudos sociológicos da construção social de sistemas tecnológicos[28]. Não deve ser confundida com sua correspondente psicológica, o construcionismo social, movimento de crítica à Psicologia Social “modernista” que tem sua principal referência teórica em Kenneth Gergen[29]. Esta não é abordada aqui exatamente porque define sua posição como construcionista, em oposição à tradição construtivista piagetiana na Psicologia. Já o construtivismo social segundo David Bloor[23] é essencialmente um conjunto de quatro requerimentos metodológicos desenvolvidos para os sociólogos do conhecimento científico: causalidade, imparcialidade, simetria e reflexividade. A simetria é a crença de que os sociólogos devem tratar e investigar todas as crenças sobre a natureza e a sociedade da mesma forma, considerando que tanto as crenças alegadamente “corretas” ou “científicas” quanto as “incorretas” ou “não-científicas” são derivadas das mesmas fontes, estão sujeitas às mesmas causas sociais. A imparcialidade prega a necessidade de o investigador colocar em suspenso suas crenças pessoais quanto à falsidade ou veracidade última das crenças que ele está investigando. A causalidade é a demanda por explicações sociológicas causais, não meramente descritivas. Por fim a reflexividade indica a necessidade de sociólogos do conhecimento não reivindicarem uma posição de segunda ordem em relação ao conhecimento científico, pois nenhuma teoria sociológica do conhecimento seria aceitável a menos que fosse aplicável a si mesma. Ou seja as crenças do construtivismo social são também elas causadas socialmente. Esses princípios típicos do programa forte da escola de Edimburgo estão longe de esgotar o significado da abordagem. Existem crenças ontológicas, principalmente acerca da existência e papel do mundo físico no conhecimento que são muito disputadas e obscuras. Elas variam desde a posição supostamente moderada defendendo algum papel do sujeito e do mundo natural no processo de construção do conhecimento até as posições mais extremas de Steve Woolgar[24], Harry Collins[25], Lynn Nelson[26] ou do primeiro Latour[30], que defendem abertamente que o conhecimento é totalmente construído socialmente e que aquilo que chamamos de fatos naturais são na verdade produtos da atividade científica. Estas últimas posições podemos denominar construtivismo social ontológico. Durante esses quarenta anos muitos críticos das mais diversas orientações[31] [32] [33] [34] [35] [36] [37] [38] [6] [39] continuam a interpretar a abordagem como um tipo de “antirealismo” ou “idealismo epistemológico”. Castañon[8] rejeita a classificação da corrente como construtivista. Para ele o que leva o construtivismo social a reivindicar o termo ‘construtivismo’, é a rejeição ao “objetivismo”, que segundo esta abordagem seria a crença de que os resultados da ciência são determinados pela natureza, para substituí-lo pela crença de que
os resultados da ciência são construções causadas socialmente. Os fatos naturais são considerados na melhor das hipóteses irrelevantes para a construção das crenças sobre eles, na pior, também construídos socialmente. Isso nos leva a uma peculiar posição na qual as representações de mundo não são construídas proativamente pelo sujeito nem formadas pelos sentidos. Afinal, se as crenças do sujeito são construídas socialmente e o objeto natural é aqui somente substituído pela
linguagem[40], temos uma espécie de “objetivismo sociológico”, com um sujeito passivo no processo do “conhecimento”. Socioconstrutivismo[editar | editar código-fonte]O socioconstrutivismo é uma abordagem da psicologia contemporânea gerada a partir da obra de Lev Vygotsky, enfatizada em seus aspectos histórico-culturalistas e com ênfase na psicologia do desenvolvimento. Ela tem recebido denominações variadas, como ‘socioculturalismo’ ou ‘construtivismo social’, embora não tenha qualquer ligação com o strong programme. James Wertsch[41] define como objetivo da abordagem socioconstrutivista da Psicologia a explicação das relações entre o funcionamento da mente humana e as situações culturais, institucionais e históricas nas quais este funcionamento ocorre. Rejeitando a noção de que a origem da construção do conhecimento é o indivíduo, a corrente adota a tese de que o conhecimento é uma construção social fruto de interação entre sujeitos.[42] Vygotsky,[42] influenciado por Marx, tentou encontrar uma resposta de caráter nuclear para as funções psicológicas superiores humanas que evitasse o dualismo mente-corpo. Seu modelo de aprendizagem queria ser uma alternativa “marxista” à concepção construtivista piagetiana centrada no indivíduo. Para ele toda função psicológica aparece duas vezes: primeiro em nível social e, mais tarde, em âmbito individual: primeiro entre pessoas – interpsicológica – e depois, no interior da própria criança – intrapsicológica. Isto poderia ser aplicado igualmente à atenção voluntária, à memória lógica e à formação de conceitos: para Vygotsky todas as funções superiores são construções que se originam como relações entre seres humanos. Os principais conceitos trabalhados por Vygotsky foram mediação e zona de desenvolvimento proximal (ZDP), sendo estes bastante utilizados na área da educação para auxiliar os educadores no processo de ensino e aprendizagem nas escolas. Sendo o ser humano um ser pensante, ele se empenha em entender o mundo em que vive e a conceder a ele sentidos por meio de sua vivência na sociedade, passando a ser um indivíduo que constituí uma história e contribui com construção da cultura. A mediação tratando-se do ponto central dos estudos de Lev, refere-se a relação de um sujeito com o mundo por intermédio de um indivíduo mais experiente que lhe auxiliará a compreender melhor os regimentos da sociedade. A partir do conceito de mediação, Vygotsky apresenta a “Zona de desenvolvimento proximal”, concernente a capacidades não desenvolvidas nas crianças e que estas não realizam sozinhas, sendo habilidades que devem ser trabalhadas através da mediação com um adulto. Por outro lado, a criança pode possuir competências que consegue desempenhar sozinha sem o auxílio de um mediador, referindo-se a Zona de desenvolvimento real.[43] Portanto, é necessário compreender a importância da ação pedagógica, desempenhado pelas escolas na vida das crianças, pois através desta mediação, potencialidades serão desenvolvidas nos estudantes possibilitando com que, no futuro, eles se tornem indivíduos autônomos, independentes e críticos. Esta tese é oposta a de Piaget[14], que vê o desenvolvimento das estruturas cognitivas como necessário para possibilitar a aprendizagem. Para Piaget a transmissão social é necessária para o desenvolvimento das funções cognitivas em nível mais avançado, mas não suficiente, porque a ação social é ineficaz sem assimilação ativa da criança, o que pressupõe instrumentos operatórios adequados. A abordagem socioconstrutivista tem em comum com o construtivismo social a convicção de que o conhecimento é uma produção social. No entanto, apesar de suas indefinições ontológicas, essa abordagem adota um realismo ontológico. Construtivismo americano[editar | editar código-fonte]O construtivismo americano surgiu no século XX. Ao contrário do construtivismo russo, o construtivismo americano está ligado ao capitalismo e não ao socialismo real. O construtivismo americano adota o modernismo, a Pop Art e a liberdade de expressão como forma de defender seus ideais, ao contrário do construtivismo russo. Referências
Bibliografia[editar | editar código-fonte]Construtivismo em geral CASTAÑON, G. (2015). O que é construtivismo? Cadernos de História e Filosofia da Ciência, Campinas, Série 4, v. 1, n. 2, p. 209-242, jul.-dez. Construtivismo kantiano Construtivismo piagetiano Construtivismo
radical Construtivismo lógico Construtivismo social Socioconstrutivismo O que é o construtivismo na educação?O Construtivismo afirma que o conhecimento é resultado da construção pessoal do aluno; o professor é um importante mediador do processo ensino-aprendizagem. A aprendizagem não pode ser entendida como resultado do desenvolvimento do aluno, mas sim como o próprio desenvolvimento do aluno (Fossile, 2010).
Como funciona a pedagogia construtivista?A base da abordagem construtivista consiste em considerar que há uma construção do conhecimento e que, para que isso aconteça, a educação deverá criar métodos que estimulem essa construção, ou seja, ensinar “aprender a aprender”.
O que define o conceito de construtivismo?"Construtivismo significa isto: a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado.
Qual o principal objetivo do construtivismo?A metodologia construtivista entende que a principal função da sala de aula é estimular o aprendizado dos estudantes e incentivar a participação ativa dos mesmos - seja por meio de intervenções ou exposição de suas respectivas opiniões sobre determinado tema.
|