O que fazer para o leite não empedrar no desmame?

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O que fazer para o leite não empedrar no desmame?

Não há um momento certo (nem errado) para pensar no desmame, segundo especialista (Foto: Pexels)

Se você é mãe e está enfrentando agora uma maratona de desafios para garantir a amamentação do seu bebê (pega correta, apojadura, hiperlactação ou baixa produção de leite...), você certamente nem se imagina no momento de desejar desmamá-lo. Mas se, como eu, você vive essa relação há um bom tempo, talvez já tenha passado pela sua cabeça encerrar a amamentação - ou pelo menos regular as mamadas.

Mas qual é a hora certa para dar esse passo?

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os bebês devem mamar exclusivamente leite materno até os seis meses de vida, e até, pelo menos, os dois anos o aleitamento deve continuar de forma complementar, aliado a outros alimentos. Mas para além do fator nutritivo, a amamentação é sobretudo uma relação entre duas pessoas - a mãe e o bebê - e, como toda relação, precisa funcionar bem para ambos.

"O conceito de desmame precoce depende muito do ponto de vista. Do aspecto fisiológico e nutritivo, poderíamos dizer que qualquer desmame é considerado precoce. Afinal, o leite materno nunca deixa de ser bom para a criança, independentemente da idade. Quando você quer deixar de oferecer o melhor alimento do mundo ao seu filho? Nunca. Mas a amamentação é muito mais do que isso: é uma relação. E como qualquer relação precisa ser funcional para as pessoas que fazem parte dela. Neste sentido, quando a amamentação não vai bem para a mãe, é preciso repensar", defende a consultora de amamentação Bianca Balassiano, autora do livro Desmame gradual: como dar um final feliz à sua história de amamentação.

Segundo a autora, dificilmente um bebê que não usa bicos artificiais ou que não fica longos períodos longe de sua mãe vai desmamar espontaneamente. "A amamentação deve transcorrer enquanto ela vai bem para todo mundo. Quando a mãe tem informação, recursos, e mesmo assim deseja desmamar, ela precisa ser respeitada”, diz, em entrevista exclusiva à CRESCER.

Dito isso, não existe um momento certo (nem errado), e que funcione para todas as famílias. Se você pensa em desmamar o seu filho, vale a pena dar uma olhada nas técnicas propostas por Bianca, mas mais do que isso, encare o processo como uma forma de fortalecer a observação sobre a maturidade do seu bebê, para assim escolher o melhor momento ideal para uma transição tranquila e progressiva, para vocês dois.

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Como saber se seu filho está pronto?

Mais do que apresentar técnicas, o livro de Bianca traz histórias parecidas com as nossas, e crianças semelhantes  – por aqui também temos um bebê peitólatra – que não larga o peito pra nada, da hora de acordar à hora de dormir, como descreve a autora. Antes de começar a aplicar o processo propriamente dito, é fundamental, portanto, observar se seu filho demonstra estar pronto para esse passo de autonomia.

"A amamentação é uma forma de comunicação. Uma conexão corporal que expressa as necessidades dos bebês, pelos sentidos, pela proximidade com a mãe. Mas essa é uma forma de comunicação primitiva. Há um momento em que sentimos que o peito pode dar espaço a linguagens mais complexas. É o momento em que o bebê demonstra que pode ser confortado de outras formas, que se interessa pelo brincar, se distrai com objetos, paisagens... São sinais de que está conquistando autonomia”, explica.

Mesmo autônomos, os bebês precisarão ser apresentados a novas formas de contato e carinho com a mãe, até que se acostumem ao colo sem que o peito seja parte deste acalento. “É importante demonstrar ao bebê que você está com ele, presente, disponível, mesmo sem o peito. A construção dessa segurança abrirá um caminho de possibilidades, inclusive para que ele possa se sentir acolhido por outras pessoas [e aqui entra o papel do parceiro ou parceira, de quem falaremos mais adiante na reportagem]. Ao propor uma brincadeira, uma distração, um lanche, você acaba por ampliar o repertório de habilidades sócioemocionais do seu filho”, defende Bianca, que é também psicóloga.

O que fazer para o leite não empedrar no desmame?

Criança interagindo com material feito pelos pais, a partir do método (Foto: Divulgação)

O desmame gradual: como fazer?

Por aqui, nada de esparadrapos nos mamilos, ‘mamá dodói’, ou tentar fugir do seu filho para que ele esqueça as mamadas. A proposta elaborada por Bianca propõe um desmame, gradual, progressivo e sem pressa, e por isso cada uma de suas três fases não tem tempo certo de duração. “Essa é uma caminhada em que quero estimular a autonomia da família, por isso o método é bastante flexível, intuitivo, e a voz da família sempre prevalece”, afirma.

O método tem três etapas:

1) É o momento de organizar as mamadas do dia. A família deve determinar quantas serão e em que momentos elas serão oferecidas, e explicar à criança por meio de materiais lúdicos que podem (e devem) usar fotos e imagens para que a criança comece a associar as mamadas a momentos específicos do dia, como os cochilos por exemplo.

“É comum que o bebê reaja, pois está frustrado por não ter sua vontade atendida. Mas é a partir do acolhimento a essa frustração, sempre com carinho, atenção e presença, que vamos exercitando as habilidades sociais dessa criança”, diz.

2) A fase 2 só deve começar quando a rotina do dia já estiver consolidada e tranquila, para mãe e bebê. Aí chega a hora mais desafiadora: eliminar as mamadas da noite. “A criança pode mamar para adormecer, mas antes dessa última mamada explicamos que, assim como ela, o mamá também irá dormir. Em todos os despertares da criança, ela deve ser atendida, acolhida, acalentada. A ideia não é ausentar-se! Apenas explicar que o peito não está disponível naquele momento”.

3) Na terceira e última etapa, as mamadas que restauraram ao longo do dia são eliminadas, uma de cada vez, da mais fácil para a mais difícil. "O método entra neste lugar de contar para a criança que a mãe não vai fugir, não vai desaparecer, mas também que naquele momento, como a criança já cresceu, não vai ter mamá."

O que fazer para o leite não empedrar no desmame?

Pais têm papel fundamental como 'portas' das crianças para o mundo além da mãe (Foto: Pexels)

O papel (fundamental) do parceiro ou parceira

Segundo Bianca, a maioria das mães decide desmamar por cansaço. “Às vezes, percebemos que não é amamentação que está incomodando, mas a rotina de mamadas em si, muitas vezes frequentes e sem espaço para que outro cuidador assuma os momentos de irritação e tédio do bebê, por exemplo. A amamentação é o ponto de partida para que a família possa chegar nesse momento do desmame pronta para ampliar as relações do bebê com o mundo exterior, e o pai ou outra mãe é a porta de entrada para a ampliação do relacionamento social da criança”, explica.

Então: chame seu parceiro ou parceira para fazer parte do desmame. É importante que este outro cuidador assuma parte das distrações e brincadeiras, e que também participe do desmame noturno, que é o mais difícil. “Considero o processo do desmame muito oportuno para uma entrada mais firme dos parceiros. É importante que essa pessoal escolha um turno possível para ficar com a criança. E digo um turno porque não basta uma horinha. É preciso passar por uma troca de fraldas, uma refeição e, se possível, uma soneca. É só atravessando – sem o peito – período de ansiedade e choro do bebê – que essa nova dupla desenvolve as ferramentas de que vai precisar na sua relação dali em diante.”

E os bicos artificiais? É hora de introduzir a mamadeira?

Na verdade, para a consultora de amamentação, introduzir a mamadeira ou a chupeta neste momento não contribui para o desmame – pelo contrário, cria um substituto para o peito da mãe, apenas. “Nenhuma criança precisa de mamadeira nem de fórmula em nenhuma fase da vida. Esse é um costume cultural. Claro que existem famílias que vão escolher usar essas ferramentas, e está tudo bem, mas é importante que elas estejam informadas de que existem outras formas de suprir a necessidade oral do bebê, e que tanto a chupeta quanto a mamadeira causam danos ao sistema respiratório, à formação da arcada dentária, enfim”, defende.

Desmamar na pandemia: é possível?

Além do cansaço já habitual de dar conta de uma criança cheia de energia (e o trabalho, rotina da casa, autocuidado, uma lista sem fim de afazeres...), a pandemia tirou da maioria de nós o apoio das escolas, creches e até de avós que seriam um suporte importante nesta rotina de desmame. Será que, então, é possível encerrar a amamentação mesmo presos em casa, 24 horas por dia com o seu filho?

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“Percebo nos meus atendimentos que o peito muitas vezes é oferecido em excesso porque é uma forma prática de a mãe lidar com o cansaço – seu e do bebê. Há uma inegável sobrecarga sobre as mães, e o peito muitas vezes entra na jogada muito porque, na verdade, a sociedade esqueceu das crianças. E a pandemia agravou esse cenário. O peito acaba sendo um recurso para abreviar as outras demandas da criança, e está tudo bem se mãe e bebê estiverem confortáveis assim. Mas para aquelas famílias que queiram embarcar no desmame mesmo em meio ao isolamento, isso é possível”, afirma a especialista.

O grande segredo de Bianca – não só para o desmame gradual, mas levando em consideração a necessidade de atentar para a saúde mental de pais e filhos neste momento – é criar uma rotina estruturada, mesmo que “falsa”, ou seja, determinar horários para acordar, para as brincadeiras, para as refeições, ainda que você não precise ter uma programação tão rígida quanto a que se tem quando precisamos levar as crianças para a creche e sair para trabalhar fora de casa.

“Não é recomendado que a gente viva uma rotina desestruturada, isso não faz bem para as crianças e nem para nós, adultos. Então ideia é criar uma rotina mesmo sem uma necessidade externa. E mais do que a hora em que as coisas acontecem, atente-se a manter a ORDEM dos acontecimentos na rotina dos pequenos. Isso irá ajudar no desmame, mas também nos ajudará a sobreviver a esse isolamento com saúde mental”, completa.

O que fazer quando o leite fica empedrado no desmame?

Para aliviar os sintomas de leite empedrado e favorecer a saída do leite é recomendado:.
Garantir uma técnica de amamentação correta. ... .
Tomar banhos mornos antes das mamadas. ... .
Estimular os gânglios linfáticos. ... .
Fazer massagens circulares na mama. ... .
Ordenhar um pouco de leite antes da mamada. ... .
Retirar o excesso de leite..

O que fazer para aliviar a dor no peito no desmame?

Massageie os seios..
Combinar as massagens a banhos quentes pode ajudar a aliviar o seio ingurgitado, mas pode estimular a produção de leite..
Faça compressas quentes no seio antes da massagem e compressas frias depois dela. ... .
Observe se há uma piora na dor, vermelhidão e febre..

Quanto tempo leva para secar o leite materno depois do desmame?

De forma natural, o leite materno demora cerca de 40 dias após a última estimulação para secar. O período pode ser um pouco desconfortável, já que há a possibilidade de acontecer o vazamento. Entretanto, a consultora de amamentação deixa claro que não é possível acelerar o processo da seca do leite.