O que ocorreu na transição do feudalismo para o capitalismo?

2. A Transição

Sabemos que toda fase de transição traz consigo características de dois processos diferentes dentro de uma mesma sociedade, afinal os acontecimentos da história nunca acontecem repentinamente.

O período de transição do feudalismo para o capitalismo é marcado pela substituição da terra pelo dinheiro. Para que os “lucros”/rendimentos dos senhores de terras fossem maiores, a Europa cria cercamentos, estes que interferem na forma de utilização das terras e/ou na organização das terras comuns do feudo. Além disso, alguns senhores também passaram a elevar a taxas que os servos pagavam e quem não podia pagar era obrigado a deixar suas terras.

Este processo demora séculos e não podemos considerá-lo como algo homogêneo, visto que este ocorreu em momentos diferentes em cada país, nos séculos XV e XVI temos a formação dos Estados Nacionais.

  O que já sabemos é que este momento histórico, não foi pacifico, a disputa de poder incentivou vários conflitos tais como a Guerra das Duas Rosas (1455 – 1485) entre as dinastias de York e Lancaster que resultou na formação da Inglaterra; a Guerra dos Cem anos (1337-1453) entre França e Inglaterra; a incorporação do reino de Navarra pela Espanha; e outros conflitos que acabaram por enfraquecer a nobreza feudal e fortalecer as monarquias absolutas, somente Itália e Alemanha podem ser considerados uma exceção a essa mudança, que estavam divididos em vários Estados, com formas de governo democráticas.

        No final do século XV amplia-se o comércio na Europa com a expansão marítima, as cidades italianas que eram aliadas aos muçulmanos adquiriram o monopólio das rotas comerciais do Mar Mediterrâneo, para isso foram necessárias outras formas de se chegar ao ocidente, processo este que ocasionou no descobrimento de novas terras, as Américas.

O feudalismo foi um período da história marcado pelo grande predomínio católico quanto à posse de terras e o seu desenvolvimento está ligado diretamente a dois momentos históricos: a crise do império romano e as invasões bárbaras.

A crise do feudalismo, a partir do século XI, aconteceu com o desenvolvimento do capitalismo mercantil, que necessitava da expansão do comércio e da ampliação dos lucros; e das cidades, pois no mundo feudal o que prevalecia era uma sociedade rural.

Entre os fatores que contribuíram para a crise do feudalismo podemos destacar a necessidade da nobreza em ampliar a arrecadação de dinheiro para custear os gastos públicos, o processo de urbanização que gerou a expansão do comércio, promovendo novas relações de trabalho, como o regime assalariado; e, principalmente, o surgimento de uma nova camada social chamada burguesia. Essas mudanças ocorreram, em grande parte, nas regiões da Europa Ocidental, que aderiram com mais facilidade às transformações relacionadas ao aumento das atividades comerciais e ao aumento populacional.

As mudanças econômicas no lado Ocidental se deram em razão da pouca terra disponível e da alta densidade demográfica, que eram características menos propícias para as relações feudais e mais favoráveis para o desenvolvimento do comércio. Assim, diante das poucas terras disponíveis nessas regiões, o comércio tornou-se uma alternativa econômica para os burgueses em relação à comercialização de produtos manufaturados, uma vez que o crescimento urbano aumentou o número de mercados consumidores.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

O aumento das atividades comerciais contribuiu para a utilização da moeda na economia e para o aumento da produtividade, visando uma maior margem de lucros. O espírito empreendedor influenciou as relações comerciais rumo a mudanças econômicas mais profundas, que foram dando origem ao capitalismo, que tinha por objetivo o aprimoramento nas técnicas de produção, a organização do trabalho e a ampliação dos negócios.

Portanto, o sistema feudal não conseguiu acompanhar as mudanças em relação ao crescimento das cidades e da população, e nem ao surgimento da burguesia e o florescimento do espírito capitalista. Assim, a crise do feudalismo deu origem às práticas capitalistas que introduziram novas relações econômicas, gerando mais mudanças e mais transformações a partir do século XII, que impulsionou a passagem da Idade Média para a Idade moderna.

História

Os primeiros indícios do pré-capitalismo começaram a despontar já no século XII. O capitalismo é um sistema baseado nas relações de trabalho assalariadas, no espírito de lucro, na função reprodutiva do capital, na busca de uma organização racional para os negócios, na produção voltada ara o mercado e na economia monetária.

Os primórdios do pré-capitalismo estão ligados à crise o sistema feudal, provocada pelo crescimento demográfico a Europa e pela consequente inadequação da produção ao consumo. A nova situação econômica e social que se criou deu  origem ao Renascimento Comercial e Urbano. E é claro que este acelerou a decadência do feudalismo, na medida em que se tornou um importante elemento do capitalismo nascente.

Concomitantemente, a marginalização social resultante ia crise feudal (pessoas que se viram obrigadas a sair dos feudos, por necessidade ou porque foram expulsas) proporcionou os contingentes necessários à expansão da Europa cristã: Guerra de Reconquista contra os mouros, na Península Ibérica; Cruzadas, no Oriente Próximo; e avanço alemão no litoral sul do Mar Báltico, tendo como ponta-de-lança a ordem religiosa e militar dos Cavaleiros Teutônicos.

A convivência de dois sistemas acarretou problemas, principalmente se considerarmos o dinamismo de um e a estagnação do outro. Tal contradição produziu as crises de retração (século XIV) e de desenvolvimento (século XV) do comércio europeu, cujas raízes se encontram no choque entre feudalismo e capitalismo e em fatores conjunturais, como as secas e a Peste Negra.

A crise do século XIV provocou uma retração econômica, devido ao encolhimento dos mercados europeus. Já a crise do século XV teve fatores diametralmente opostos e levaria à expansão do comércio, graças aos Grandes Descobrimentos.

Com o fim da Idade Média e a Expansão Marítima dos Tempos Modernos, o comércio adquiriu dimensão mundial e o capitalismo entrou em sua primeira etapa real: o capitalismo comercial ou mercantil, voltado para a acumulação de capitais no setor da circulação de mercadorias. Ora, como existe um consenso teórico de que o sistema capitalista deve apresentar maior lucratividade no setor da produção, o capitalismo comercial é considerado apenas uma fase de acumulação primitiva de capitais. Dentro desse enfoque, o verdadeiro capitalismo somente se consolidaria a partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial.

Veja também:

  • Feudalismo
  • Economia Feudal
  • Capitalismo
  • O Sistema Feudal
  • Crise do Feudalismo
  • Renascimento Comercial e o surgimento da burguesia

Assuntos relacionados:

Quais os fatores que levaram à crise do feudalismo e ao surgimento do capitalismo?

Entre os fatores que contribuíram para a crise do feudalismo podemos destacar a necessidade da nobreza em ampliar a arrecadação de dinheiro para custear os gastos públicos, o processo de urbanização que gerou a expansão do comércio, promovendo novas relações de trabalho, como o regime assalariado; e, principalmente, o ...

O que provocou a queda do feudalismo?

Revolução Burguesa: com o surgimento da burguesia, muitas pessoas fugiam dos feudos (êxodo rural) para as cidades em busca de melhores condições. O surgimento da moeda, o desenvolvimento das cidades medievais e da intensificação das atividades comerciais, foram essenciais para que o sistema feudal entrasse em declínio.

Quais foram as principais mudanças que ocorreram no feudalismo?

Uma das primeiras mudanças ocorridas esteve ligada com o aumento da produção agrícola, que graças ao incremento de novas técnicas, permitiu uma maior circulação de mercadorias pela Europa. Novas rotas terrestres e marítimas se instalaram chegando a integrar a Europa a outras regiões do Oriente.