O que os cientistas descobriram a respeito da costa oriental da América do Sul e da parte ocidental da África?

A “Teoria do Deslocamento Continental” ou da “Deriva Continental” foi criada pelo geólogo e meteorologista alemão Alfred Wegener (1880-1930).

A ideia era esclarecer o fato da conformação geomorfológica de alguns continentes se adequarem. Segundo ele, os continentes já estiveram unidos e se dividiram, derivando paulatinamente sobre as bacias oceânicas.

Ilustração da Teoria do Deslocamento Continental

Esta teoria foi presentada em 1912, no Congresso da Sociedade Geológica de Frankfurt e publicada alguns anos mais tarde, em 1915, com o título “Die Entstehung der Kontinente und Ozeane” (A Origem dos Continentes e Oceanos).

Contudo, foi rejeitada pela comunidade acadêmica durante as décadas de 1920 e 1930, sendo oficialmente reconhecida em meados de 1960, graças ao sistema de mapeamento de águas profundas possibilitado pelos submarinos.

Principais características

Wegener afirmou, em tese, que havia existido um super-continente e um super-oceano, respectivamente Pangeia, uma massa continental única cercada por Pantalassa, um oceano relativamente raso.

Por sua vez, este continente teria se dividido a centenas de milhões de anos (cerca de 250 milhões). Com o deslocamento e a deriva das placas continentais, surgem outros dois continentes, Laurásia e Godwana, os quais ainda se subdividiram até chegarem às atuais configurações.

Embasado em argumentos multidisciplinares (geologia, geofísica, paleoclimatologia, paleontologia, biogeografia, etc), o alemão chegou à conclusão que os continentes são menos densos que as bacias oceânicas, onde o material permite-lhes que flutuem.

Assim, a crosta terrestre, constituída por placas tectônicas, está à deriva sobre o manto de rocha fundida, o qual desloca aquelas placas com a força do magnetismo do interior da Terra.

Esta teoria explica como se formaram os atuais aspectos geológicos do Planeta, como as cadeias montanhosas e os fenômenos geológicos tal qual os terremotos e vulcões, uma vez que apregoa que a crosta fina de Pangeia se partiu em pedaços os quais se espessaram e se fissuraram ao colidirem e se amontoarem.

Alfred Wegener demonstrou, para corroborar sua tese, que havia uma nítida similaridade entre a costa ocidental de África e a costa oriental da América do Sul, uma vez que as rochas com a mesma idade geológica encontrada na América do Sul e África são semelhantes.

De forma parecida, ele pode afirmar a similitude entre a América do Norte e Europa, bem como da África com a Índia. As coincidências da fauna entre Austrália e Índia, bem como África e Brasil também confirmam isso.

Por fim, ele apontou para os registros fósseis dos seres vivos de uma mesma espécie encontrada em diferentes continentes muito distantes entre si ou para a presença de sedimentos do Polo Sul em regiões da África do Sul e Índia.

Saiba mais sobre o tema:

  • Pangeia
  • Placas Tectônicas
  • Continentes

 Estúdio Nono/Superinteressante

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Charles Darwin suspeitava que o homem havia nascido na África. Na página 191 de seu livro The Descent of Men (A descendência do homem), publicado em 1871, o cientista que criou a teoria da evolução das espécies escreveu sobre o que, até então, era apenas uma hipótese inédita. “É mais provável que nossos progenitores tenham vivido no continente africano do que em outro lugar”, inferiu. A suspeita do naturalista inglês residia no fato de que os gorilas e chimpanzés, parentes mais próximos do Homo sapiens, eram africanos.

Mas, para muitos, era difícil engolir que nossos antepassados tinham uma aparência de macaco e um cérebro do tamanho de uma tangerina. Para “provar” essa tese, em 1912, o inglês Charles Dawson colou uma mandíbula de orangotango num crânio, fez tratamentos para a ossada parecer envelhecida e apresentou o achado como a prova de que nossa origem era a Europa. A farsa só foi desmascarada 40 anos depois, mas, enquanto o golpe de Dawson seguia iludindo muitos, provas de que o berço humano era a África apareciam, incendiando a polêmica.

Em 1924, a hipótese de Darwin ganhou força: o fóssil de uma criança que caíra num buraco após ser atacada por uma águia, onde ficou enterrada por 3 milhões de anos, foi descoberto. Seu crânio, encontrado em Taung, uma pequena província no noroeste da África do Sul, chegou às mãos do anatomista australiano Raymond Dart, então professor da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, e mudou a história da evolução humana.

Dart correu para escrever sobre seu achado, que batizou de Australopithecus africanus. No início, os mais proeminentes cientistas torceram o nariz para a revelação. Mas o paleontólogo escocês Robert Broom decidiu persistir no caminho de Darwin e Dart e se enfurnou por dez anos, entre 1930 e 1940, nas cavernas de calcário da África do Sul atrás de novos bebês de Taung. Encontrou dezenas de crânios e mandíbulas semelhantes à criança morta pela águia, batizados Australopithecus com diferentes sobrenomes: sediba, robustus etc. As investigações das ossadas descobertas por Dart e Broom mostraram que esses primeiros hominídeos, de até 3 milhões de anos, eram capazes de trabalhar com pedra e osso, construir cabanas e viver em grupos, algo decisivo para nossa espécie ter chegado até aqui.

Com as descobertas em série, o bebê de Taung acabou sendo considerado a primeira grande evidência de que a África é o berço da nossa espécie. Mas viriam muitas outras. Fósseis pré-humanos e humanos foram encontrados na Tanzânia e no Quênia, ambos na África Oriental, e mais recentemente no Marrocos, no Noroeste.

Uma família não muito unida

É impossível cravar com 100% de certeza quem deu origem a quem. A maior aproximação que temos até o momento é esta árvore, com os ancestrais e descendentes mais prováveis de cada espécie.

  1. Sahelanthropus Tchadensis: não conhecemos nosso ancestral comum com os chimpanzés. Mas já sabemos como eram seus primeiros descendentes, como este hominídeo, de 7 milhões de anos, uma mistura de traços símios com humanos.
  2. Ardipithecus Ramidus: este parente de 4,5 milhões de anos tem adaptações na pélvis que indicam tanto a capacidade para caminhar sobre duas patas como para escalar árvores – é a grande característica dos ardipitecos, esse antigo ramo da linhagem humana.
  3. Australopithecus Afarensis: houve várias espécies de australopitecos, mas a linhagem que deu origem ao gênero Homo provavelmente foi a afarensis, que sobreviveu por 1 milhão de anos, adaptando-se a diferentes condições ambientais.
  4. Neandertais: são nossos primos e dos denisovanos. Foram feitos para suportar o frio europeu, mas também viviam em áreas mais quentes, como o Oriente Médio. Foi lá, há 60 mil anos, que sapiens e neandertais começaram a ter filhos híbridos.
  5. Sapiens Arcaico: os fósseis do Marrocos mostram que o sapiens é mais antigo do que achávamos. E mais: que algumas variedades mais arcaicas reproduziram-se entre si na África antes de a espécie se consolidar na forma do sapiens moderno.

O homem nasceu na África porque o continente oferecia (e continua oferecendo) uma diversidade de ambientes propícios para a sobrevivência de primatas. Ao contrário de outras regiões do planeta, onde o clima passou por eras glaciais que dificultaram a vida, as oscilações climáticas da África não foram tão radicais. O continente tem paisagens de todo tipo: planícies, florestas, savanas, montanhas, desertos, lagos, rios e praias, uma exuberância de ecossistemas que fez florescer uma biodiversidade impressionante.

Flora e faunas abundantes significam alimento de sobra, e foi por essa razão que a África também foi o berço de outros grandes animais – leões, elefantes, rinocerontes. As opções de habitat e comida facilitaram a perpetuação dessas grandes espécies, que surgem apenas em cadeias alimentares complexas. Leões, elefantes e gorilas continuam vivos hoje na África porque seus antepassados tiveram opções para se adaptar diante das novas circunstâncias que foram surgindo ao longo de milênios – como novos predadores e mudanças climáticas que alteravam a oferta de alimentos.

O sucesso dos humanos na África também tem uma dose de acaso. Foi lá que surgiram as inesperadas mutações genéticas que permitiram aos primatas de milhões de anos atrás criar ferramentas complexas – e elas poderiam ter brotado em primatas de qualquer canto do globo. Se os genes mutantes tivessem surgido em outros continentes, os humanos teriam sobrevivido à natureza? É possível, mas a África oferecia abundância de condições de sobrevivência e facilitou a perpetuação do novo DNA.

Os elos perdidos

Uma parte fundamental desse quebra-cabeça evolutivo surgiu em 1974, na Etiópia. Em novembro, quando o último imperador etíope havia sido recém-deposto, o paleoantropólogo americano Don Johanson fazia parte de uma equipe à caça de ossos de hominídeos, alheios à instabilidade política do país.

Junto com um colega, o ainda estudante Tom Gray, Johanson resolveu checar uma parte do deserto que já havia sido explorada pelos arqueólogos. Foi ali que ele achou um ossinho de cotovelo que o levou a encontrar vários outros fragmentos de um hominídeo. No acampamento, quando examinavam o esqueleto, identificaram que se tratava de uma espécie do sexo feminino. No rádio ao lado, tocava a canção Lucy in the Sky with Diamonds, dos Beatles. Estava batizada a descoberta.

Lucy, o fóssil mais famoso do mundo, viveu há 3,2 milhões de anos e faz parte de uma espécie, o Australopithecus afarensis, que antecedeu um novo tipo de animal na Terra: os humanos.

Lucy caminhava. Essa mutação genética liberou as mãos dos primatas da tarefa de se apoiar no chão para se locomover e facilitou a coleta de alimentos e o deslocamento pelo rico ecossistema da África. Com as mãos livres, as lucys de então começaram a criar ferramentas de pedra.

A nova postura também reduziu o quadril das fêmeas, e o partos começaram a ser mais prematuros para permitir que os bebês passassem pelo novo e estreito canal vaginal. Essas crianças eram mais indefesas, semelhantes aos bebês que nascem nas maternidades de hoje: dependem dos pais para tudo nos primeiros anos.

A novidade favoreceu quem construía laços sociais para se ajudar no cuidado da prole e buscar comida. Cérebros capazes de lidar com a circunstância complexa de 3 milhões de anos atrás (se proteger de predadores, caçar, coletar, fazer novas ferramentas e cooperar) levaram seus genes adiante. Os cérebros, não por acaso, cresceram.

Quinhentos mil anos depois, essas pressões já haviam criado um novo tipo de animal, o Homo habilis, a mais antiga espécie do gênero Homo, o nosso. Esse humano começou a ser descoberto em 1960 – mais uma vez na África. Naquele ano, o paleoantropólogo queniano Louis Leakey descobriu restos de crânio e de uma mão na Garganta de Olduvai, na Tanzânia. Eram ossos de 1,8 milhão de anos que apresentavam quatro características fundamentais: cérebro grande, dentes caninos, locomoção em duas pernas e capacidade de fabricar ferramentas de pedra lascada.

Hoje, só existe Homo sapiens no mundo. Mas diversas espécies de humanos surgiram e conviveram na África. Alguns hominídeos deixaram o continente por onde hoje é o Egito e seguiram caminho via Oriente Médio até a Europa e a Ásia. Lá, novas espécies de humanos surgiram, como os neandertais, na Europa.

Por décadas, cientistas acreditavam que os sapiens teriam nascido na costa leste da África, banhada pelo Oceano Índico, principalmente na Etiópia, há 200 mil anos. Mas uma pesquisa publicada em 2017 mudou mais uma vez a nossa história. Cientistas do Instituto Max Planck, da Alemanha, e do Instituto Nacional de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio, no Marrocos, analisaram fósseis e artefatos de pedra encontrados no sítio de Jebel Irhoud, na costa oeste do país norte-africano. Lá, a 5 mil quilômetros da Etiópia, onde a África é banhada pelo Atlântico e o Mediterrâneo, os pesquisadores encontraram provas da presença de sapiens há 300 mil anos.

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A descoberta indica que colonizamos diversos cantos da África antes de perambular pelo planeta. Além disso, os achados mostram que temos 100 mil anos a mais do que o estimado até então. A colonização até o Marrocos teria ocorrido porque a região era mais úmida (e menos desértica) do que hoje – mais uma prova de que a África foi um berço generoso.

Há 70 mil anos, os sapiens começaram a desenvolver cultura e linguagem sofisticada. Nós convivíamos com pelo menos cinco outras espécies de humanos, mas a capacidade de imaginação dos sapiens fez com que nossas tribos sobrevivessem aos milênios, enquanto nossos parentes neandertais e erectus sucumbiram (ou foram eliminados pelo sapiens). Cinquenta mil anos mais tarde, já havíamos dominado a agricultura e criado civilizações. Algumas delas, na própria África.

Habilis
1,5 m / 55 kg

Descendente dos australopitecos e primeiro construtor de ferramentas, inaugurou o gênero Homo. É a transição entre ancestrais simiescos e o erectus.

Australopitecos sediba
1,3 m / 30 kg

O sediba é um dos australopitecos mais recentes – viveu um milhão de anos depois do afarensis, nosso mais provável ancestral direto.

Boisei 
1,4 m / 65 kg

É mais um descendente extinto dos australopitecos. Só que não faz parte do grupo que deu origem ao Homo. Meio humano, meio “gorila”.E

Erectus
1,7 m / 65 kg

Cérebro maior, introdutor dos machados de pedra e do controle do fogo, foi o primeiro da nossa linhagem a sair da África.

Floresiensis 
1,0 m / 25 kg

Mamíferos que passam gerações em ilhas tendem a diminuir de tamanho, para se adaptar à escassez. Foi o que aconteceu com um grupo erectus na ilha de Flores, na Indonésia.

Naledi 
1,55 m / 50 kg

Sua anatomia lembra a do habilis. É provavelmente um hominídeo primitivo que sobreviveu à extinção por mais tempo que a média.

Heidelbergensis 
1,75 m / 60 kg

Os que migraram para a Europa deram origem aos neandertais; na Ásia, aos denisovanos; os que ficaram, ao sapiens.

Neandertal 
1,50 m / 70 kg

Produzia ótimas ferramentas e roupas. O que eles não contavam mesmo era com o pensamento abstrato, exclusivo dos sapiens.

Denisovano 
1,6 m / 80 kg

Ninguém ousou cravar um nome científico porque conhecemos apenas seu DNA. Seus genes mostram que ele era parente mais próximo do neandertal do que nosso.

Sapiens 
1,75 m / 70 kg

Somos nós: pensamento abstrato sofisticado e relações sociais complexas. O primeiro da linhagem a ocupar todos os continentes.

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  • África
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Por que a África foi o continente ideal para gerar a humanidade

Os fatores que explicam por que o continente foi tão maternal com nossos ancestrais, que deixaram seus rastros espalhados pelo continente.

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O que os cientistas descobriram para afirmar que os continentes formavam uma única massa continental?

Resposta verificada por especialistas Os cientistas basearam a teoria de Pangeia, que diz que todos os continentes já foram um único, com base na existência de fósseis muito semelhantes nos vários continentes, além de evidências de mudanças climáticas (encontraram fósseis de plantas tropicais na Antártida).

Como os cientistas explicam a mudança até o posicionamento atual dos continentes?

Com a utilização de aparelhos que puderam comprovar o “crescimento dos oceanos”, os cientistas elaboraram a Teoria das Placas Tectônicas, que explica como os continentes chegaram à atual posição. As placas tectônicas são grandes blocos que formam a crosta terrestre e flutuam sobre o magma.

Que evidência sugere que a Pangeia de fato existiu?

2- Que evidência sugere que a Pangeia de fato existiu? O mapa de isócronas informa-nos de que todo o fundo oceânico existente na superfície terrestre foi criado desde a fragmentação da Pangeia.

O que é a teoria da deriva continental é a teoria da tectónica de placas?

A Deriva Continental é uma teoria que afirma que, um dia, todos os atuais continentes formavam apenas uma única massa de terra firme, chamada de Pangeia. Esse supercontinente, graças ao movimento das Placas Tectônicas, fragmentou-se várias vezes até proporcionar a atual forma das massas terrestres.

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