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O Guarani, de José de Alencar, foi lançado pela primeira vez em livro em 1857, mas a história já havia sido publicada em folhetins semanais no jornal Diário do Rio de Janeiro. O romance teve sucesso imediato e é considerado uma das obras mais importantes da primeira fase do Romantismo no Brasil. A primeira geração dessa escola literária, conhecida como indianista, tinha os objetivos de resgatar a cultura brasileira e procurar a figura de um herói nacional, que acabou sendo representado por meio do índio. Assim, José de Alencar escreveu o livro pensando na construção de um herói ao mesmo tempo em que invocava as belezas naturais da nossa terra, com grande preocupação estética na descrição de cenários, objetos e personagens. O autor utiliza o modelo de herói medieval da literatura europeia, mostrando o índio como uma figura valente, corajosa, justa, idealizada e tipicamente romântica. Contudo, ele também aborda assuntos nacionais, como, por exemplo, a relação entre colonizador e colonizado.
Resumo da obraFonte: Reprodução O romance começa no ano de 1604, ou seja, no início do século XVII. Logo na primeira parte da obra, o narrador nos apresenta D. Antônio Mariz, português que participou da fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1567, e pai da mocinha e heroína, Cecília. Após as derrotas sofridas por Portugal no Marrocos, ele decidiu permanecer no Brasil, nas terras que havia recebido como retribuição pelos serviços prestados à pátria portuguesa. A casa de D. Antônio foi construída baseada nos castelos medievais da Europa. Então, ele passa a viver em terras brasileiras com sua família, seus companheiros, fidalgos, aventureiros, cavaleiros e até mercenários que buscam prata e ouro. A propriedade fica às margens do Rio Paquequer, um afluente do Rio Paraíba, localizado na Serra dos Órgãos, onde ocorrem as ações do romance. Entre os criados de D. Antônio, estava Loredano, um ex-frei que tinha planos de destruir sua família e raptar sua filha, Cecília. Mas a moça estava sempre protegida pelo índio Peri, o herói dessa história. Ele já salvara Cecília de uma avalanche de pedras, conquistando a gratidão e a amizade de seu pai. Durante uma caçada, o filho de D. Antônio mata acidentalmente uma índia aimoré, deixando sua tribo enfurecida e ávida por vingança. Assim, enquanto se banhava, Cecília quase foi atacada por 2 índios aimorés, atingidos pelas flechas certeiras de Peri. Mas uma índia viu e contou para sua tribo o que havia ocorrido, desencadeando uma guerra entre os aimorés e D. Antônio. Paralelamente, Loredano continua com seu plano de raptar Cecília. Mas suas intenções são aniquiladas por Peri, que está sempre protegendo a moça. Há também o personagem Álvaro, um jovem membro da nobreza apaixonado por Cecília, mas não correspondido por ela. Assim, acaba se envolvendo com Isabel, filha bastarda de D. Antônio apresentada como prima de sua amada. A guerra entre a família Mariz e os aimorés fica cada vez mais intensa. Peri sabia que a tribo era antropófaga e, em um ato de sacrifício, toma veneno e vai lutar na aldeia; após sua morte em combate, seria devorado pelos índios, mas a carne iria matá-los por envenenamento. Contudo, vendo o desespero de Cecília, Álvaro o salva e Peri toma um antídoto que o deixaria vivo. Álvaro acaba morrendo em combate, então, Isabel se suicida. Tempos depois, Loredano é preso e condenado à fogueira por tramar a morte de D. Antônio. Os aimorés criam um cerco cada vez mais perigoso para a família do português. Vendo isso, D. Antônio pede a Peri que se converta ao Cristianismo e fuja com Cecília. O casal parte de canoa pelo Rio Paquequer e, quando os indígenas conseguem entrar no castelo, o próprio D. Antônio explode barris de pólvora, matando todos no local. Após algum tempo, Cecília, que havia bebido uma garrafa de vinho dada pelo pai, acorda e ouve de Peri tudo que aconteceu. Horrorizada, ela resolve morar na mata com ele. Contudo, as águas começam a subir, colocando-os em perigo. Então, Peri improvisa uma canoa e a visão do barco sumindo no horizonte encerra o romance. As últimas palavras de Cecília dão a entender que eles irão morrer.
Estrutura da obraO Guarani, de José de Alencar, é uma obra dividida em 4 partes, sendo elas: Os aventureiros, Peri, Os aimorés e A Catástrofe. Cada parte está organizada em capítulos, que somam de 200 a 250 páginas, dependendo da edição do livro. Quanto à estrutura da narrativa, os fatos seguem o padrão, contados de forma simples e linear. Contexto históricoO Guarani é considerado um dos principais livros em prosa da primeira geração do Romantismo no Brasil, conhecida como indianista. Na narrativa, pode-se perceber a preocupação do autor em trabalhar o processo de colonização do Brasil e a relação entre os portugueses (os colonizadores) e os índios (os colonizados). Relevância da obraA obra é de grande importância para a literatura brasileira, principalmente devido ao êxito do autor em criar um herói nacional baseado na figura do índio. Além disso, O Guarani faz parte da primeira trilogia de José de Alencar, na qual também estão as obras Iracema e Ubirajara. Futuramente, ele lançaria outra trilogia famosa, a dos perfis femininos, com os livros Lucíola, Senhora e Diva.
Foco narrativo, narrador e linguagemO foco narrativo da obra é em terceira pessoa, com um narrador onisciente, heterodiegético, que não participa da história, mas tem acesso aos pensamentos dos personagens. Certa falta de distanciamento do escritor retrata o índio como um herói nacional e foca na exaltação da natureza. A ideologia medieval que perpassa o romance é notada na divisão dos personagens em um esquema tipicamente feudal, incluindo senhor, servos e vassalos. Além disso, a linguagem da obra é erudita, com palavras difíceis e um português arcaico. Contudo, o que mais se destaca aqui são as metáforas e os adjetivos utilizados para descrever cenários, pessoas e objetos. Tempo e espaçoO Guarani, de José de Alencar, tem como pano de fundo a Serra dos Órgãos, localizada no interior do estado do Rio de Janeiro. O local onde os personagens portugueses moram é uma fazenda às margens do Rio Paquequer, mas não há menção a cidades ou vilarejos que existam atualmente. Em relação ao tempo, pode-se afirmar que a história se passa no início do século XVII. Análise dos principais personagensNo romance, os personagens são peças fundamentais para a narrativa, incluindo tipos importantes do Romantismo, como a donzela, o herói, o vilão, o conselheiro, entre outros. Sendo assim, em O Guarani, de José de Alencar, temos os seguintes protagonistas: PeriPeri é um índio da tribo dos Goitacás e o herói da história. Nutre um profundo amor por Cecília, protegendo e salvando a moça em diversas situações. Aliás, foi por esse motivo que Peri passou a viver com a família de D. Antônio Mariz. CecíliaCecília é a donzela e o par romântico de Peri. A moça é caracterizada como meiga, delicada e doce, uma típica personagem feminina idealizada do Romantismo. Ela é filha de D. Antônio Mariz e D. Lauriana. D. Antônio MarizD. Antônio Mariz é o pai de Cecília, agindo como uma espécie de conselheiro ou instrutor do herói, tipo comum no Romantismo. Esse personagem é descrito como um fidalgo português e foi baseado na figura histórica de um dos fundadores da cidade do Rio de Janeiro. LoredanoLoredano é o antagonista, ou seja, o vilão. Narrado como um empregado da fazenda de D. Antônio, ele deseja roubar todo o patrimônio do fidalgo e obrigar Cecília a ser sua esposa. Tenta prejudicar a família Mariz diversas vezes, contudo, sempre é impedido por Peri.
Notas sobre o autorJosé Martiniano de Alencar nasceu na capital do Ceará, Fortaleza, em 1829. Seu pai era senador, por isso, ele se mudou para o Rio de Janeiro quando ainda era menino. José de Alencar teve uma vida muito movimentada, não apenas como escritor, mas também como político. Membro do Partido Conservador, foi deputado pelo Ceará e também Ministro da Justiça. Cinco minutos foi seu primeiro romance, lançado em 1856. Em sequência, veio A Viuvinha, de 1857, mas foi com O Guaranique o escritor ganhou visibilidade tanto da crítica quanto do público. A obra de José de Alencar é uma das maiores representações do Romantismo no Brasil, sendo dividida em 4 fases principais. A primeira, dos romances indianistas, contém O Guarani, Ubirajara e Iracema. Já na segunda, temos livros como Guerra dos Mascates e Minas de Prata. Em sua terceira fase, o autor enfatizou o regionalismo, escrevendo O tronco do Ipê, O Gaúcho e Til. No último período, ele produziu romances mais urbanos, como Lucíola, A Prata da Gazela e Diva. Alencar atuou como jornalista, escrevendo para o Jornal do Comércio, o Correio Mercantil e o Diário do Rio de Janeiro. Além disso, foi crítico teatral e orador, ocupando a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras. Em 12 de dezembro de 1877, José de Alencar faleceu, vítima de tuberculose, aos 48 anos.
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Até a próxima! Onde aconteceu o Guarani?“O Guarani” é narrado em terceira pessoa, por um narrador onisciente e onipresente. A história se passa no interior do Rio de Janeiro, no início do século XVII.
Quando se passa a história o Guarani?O romance tem sua ação desenvolvida na primeira metade do século XVII, iniciando-se no ano de 1604. Na primeira parte do livro, o narrador nos apresenta a D. Antônio Mariz, pai da heroína Ceci (Cecília), sendo este um fidalgo português que teria participado na fundação da cidade do Rio de Janeiro, em 1567.
Qual é o espaço do livro O Guarani?A obra tem como espaço o interior do Rio de Janeiro no início do século XVII. Dom Antônio de Mariz vive com sua família numa fazenda. Dona Lauriana é sua esposa, Cecília, sua filha e D.
Quem são os personagens do livro O Guarani?Personagens. D. Antônio de Mariz, fidalgo português e pai de Cecília.. D. Lauriana, dama paulistana e mãe de Cecília.. D. Diogo, irmão de Cecília.. Isabel, filha bastarda de D Antônio de Mariz, tida como sua sobrinha.. D. Álvaro de Sá, chefe dos aventureiros a serviço de dom Antônio.. |