A poucos dias das eleições gerais de 2022, as pesquisas de intenção de voto mostram um favoritismo de boa parte dos candidatos à reeleição nas disputas por governos estaduais. Ao todo, há 20 nomes nesta condição e, em ao menos 16 Unidades da Federação, eles lideram isoladamente a disputa. Sete atuais governadores contam com 60% ou mais das intenções de voto dos eleitores e têm chances consideráveis de vencer a disputa já no primeiro turno, que será realizado em 2 de outubro. São eles: Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo; Ronaldo Caiado (União Brasil), em Goiás; Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais; Mauro Mendes (União Brasil), no Mato Grosso; Helder Barbalho (MDB), no Pará; Ratinho Júnior (PSD), no Paraná; e Fátima Bezerra (PT), no Rio Grande do Norte. Outros quatro governadores estão na faixa dos 50% de intenções de voto, considerando a margem de erro dos levantamentos − o que também indica possibilidade de a disputa não ser levada ao segundo turno nos estados que comandam. Ocupam essa posição os governadores Gladson Cameli (PP), do Acre; Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal; Antonio Denarium (PP), de Roraima; e Wanderlei Barbosa (Republicanos), do Tocantins. “Há muitos governadores com possibilidade alta de reeleição”, observa Carlos Eduardo Borenstein, analista político da consultoria Arko Advice. “Ao contrário de 2018, podemos observar uma tendência ao continuísmo nessas eleições estaduais”. A exceção à regra pode ocorrer em São Paulo, onde Rodrigo Garcia (PSDB), que assumiu após a renúncia de João Doria (PSDB) − que tentou disputar a Presidência da República, mas depois desistiu −, não ocupa a primeira ou a segunda colocação nas pesquisas. Os números mostram que o governador tucano corre risco de não ir a um eventual segundo turno, que seria realizado em 30 de outubro. Com base nas pesquisas de intenção de voto, a Arko Advice trabalha com um índice de reeleição entre 70% e 80% de governadores nessas eleições. No último pleito, em 2018, o índice foi de apenas 50%, muito impactado pelo ambiente antiestablishment na esteira da Operação Lava Jato. Hoje, mesmo governadores que se elegeram na onda antipolítica − como Antonio Denarium (PP-RR), Carlos Moisés (Republicanos-SC), Marcos Rocha (União Brasil-RO), Romeu Zema (Novo-MG), Wilson Lima (União Brasil-AM) e até mesmo Wilson Wiztel (PMB-RJ), que sofreu impeachment e teve seu pedido de candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral − em alguma medida mudaram de estratégia ao longo de seus mandatos e hoje assumem postura mais próxima à política tradicional. Fora do campo dos candidatos à reeleição, as pesquisas eleitorais também mostram que ACM Neto (União Brasil), ex-prefeito de Salvador, tem altas chances de vencer a disputa pelo Poder Executivo da Bahia já em primeiro turno. Os levantamentos mostram, ainda, que as disputas em Alagoas, no Amazonas, no Ceará, no Mato Grosso do Sul e em Rondônia estão em cenário de empate técnico entre os dois candidatos mais bem posicionados. Os estados de Alagoas e Mato Grosso do Sul, inclusive, têm as menores distâncias entre os líderes e os terceiros colocados. Os levantamentos indicam, ainda, quadro “embolado” em ao menos outras oito UFs, com a vantagem do segundo sobre o terceiro abaixo de 6 pontos percentuais − patamar dentro das margens de erro estimadas. A tabela a seguir mostra o que as pesquisas mais recentes em cada estado mostram sobre a disputa pelos governos (os nomes dos candidatos à reeleição estão marcados com a letra “R” antes de seus nomes):
Embora sejam ferramentas muito úteis na avaliação do cenário eleitoral, as pesquisas de intenção de voto têm que ser analisadas com parcimônia, já que não têm como finalidade prever o resultado das urnas, mas apenas capturar a preferência dos eleitores em um dado momento. No caso de disputas para governos estaduais e cargos no Congresso Nacional, o cuidado deve ser redobrado, já que a tendência de o eleitor decidir seu voto nos últimos dias é ainda maior − o que pode produzir profundas diferenças em relação ao quadro apontado pelos institutos. |