Quando passamos por momentos onde nos encontramos feridas e machucadas, é comum procurar amigos, parentes e Deus para desabafar. Queremos falar do problema ou daqueles que nos magoaram para encontrar algum alívio em ser ouvida e compreendida. Mas chega um momento em que só falar não resolve os conflitos internos, nessa hora precisamos fazer silêncio e
começar a ouvir. Jó passou pelo momento em que seria o pior de sua vida. Perdeu seus filhos, seus animais e empregados, sua saúde e sua esposa lhe disse " Amaldiçoa a Deus e morra" (Jó 2.9). Se tinha alguém que tinha direito de se lamentar esse alguém era Jó. Vemos ao longo do livro uma conversa enérgica entre ele e seus amigos que diziam a Jó que Deus é Justo e que a dor é consequência do pecado. E que por isso ele estava colhendo o que havia
plantado. Todos fazendo a sua própria interpretação de Deus e tentando explicar o porque Ele havia permitido aquilo acontecer. Mas Jó também deu suas próprias explicações e opiniões sobre Deus durante 6 capítulos inteiros. Examinando, estudando e definindo Deus. Até que no capítulo 38 Jó finalmente se cala para ouvir Deus falando diretamente com ele "Então, do meio de um redemoinho, o Senhor respondeu a Jó… " (38.1) O que Deus disse a Jó o deixou e deixa a cada uma de nós completamente emudecidas e envergonhadas. Jó sabia que naquele momento deveria ficar de cabeça baixa e em silêncio, porque Deus estava falando. O Senhor encheu o céu de perguntas e Jó entendeu que somente Deus define Deus! Pela primeira vez Jó ficou mudo diante de tantas perguntas que ele não tinha respostas " Então o Senhor disse a Jó: Ainda quer discutir com o Todo poderoso? Você critica Deus, mas será que
tem respostas? " (40.1,2). Jó entendeu o recado? Acredito que sim. Veja o que ele disse: "...Eu não sou nada; como poderia encontrar as respostas? Cobrirei minha boca com a mão. Já falei demais; não tenho mais nada a dizer" (40.4,5). Depois de ouvir Deus, Jó não tinha mais nada a dizer ou lamentar. Diante do Senhor cabeças se curvam e lábios se fecham em sinal de reverência. Diante de
situações e conflitos devemos fazer o mesmo! Chega de falar sobre os problemas que você tem vivido, e como Jó, faça silêncio para ouvir Deus falar sobre esse problema com você. Aquiete seu coração agitado e guarde silêncio para ouvir o Senhor sussurrando. Deus ainda fala, somos nós que nos fazemos de surdas. Pare de se lamentar, de questionar a Deus sobre algo que você está passando e permita ter um coração aberto e disposto para Ouvi-lo.
No meio do caos, faça questão de ficar quieta e deixar que Deus seja Deus. Pare de ouvir as milhares de vozes que te cercam e fique a sós na presença Daquele que te ama e ouça suas doces palavras. Aprenda o que Jó aprendeu, e encontre paz em meio a dor!
Por Laís Sousa Ribeiro
Silenciar na hora certa é uma grande dádiva do Pai. Como precisamos ficar em silêncio nas diversas circunstancias da nossa vida! Silenciar no devido tempo é uma atitude de sabedoria. O nosso silêncio não pode ser confundido com covardia, medo ou conivência com o erro, com a injustiça ou quaisquer formas de pecado.
Martin Luther King já dizia: “Eu não me preocupo com o grito dos maus, mas com o silêncio dos bons”. Este silêncio a que o pastor King se refere é o silencio negativo. O silêncio positivo é quando aprendo a ficar calado e deixo o outro falar. Quando ouço mais e falo menos.
Na verdade, o silêncio é o equilíbrio dos diálogos. Aprender a silenciar no tempo certo é sinal de prudência, de sabedoria. Tiago já nos ensina: “O homem seja pronto para ouvir (silêncio), tardio para falar e tardio para se irar” (1.19).
Este principio bíblico é muito precioso nas nossas relações, inclusive em nossa relação com o Senhor, procurando ouvi-lO mais. Quando silenciamos nós temos a capacidade de aprender e motivar os outros a repartir o coração. Ouvir é uma arte.
Jesus para mim é o exemplo de alguém que ensinou pelo silêncio, pois Suas atitudes e Seus atos falavam muito mais alto. Diante dos acusadores da mulher ‘pega’ em flagrante adultério, Ele silenciosamente escrevia na areia. Ele ouviu as duas partes.
À luz de cada palavra Ele deu o veredicto. É impressionante a sabedoria do Mestre. Quando da negação de Pedro o Senhor Jesus só olhou (silêncio) para ele. O olhar (silêncio) do Mestre bastou para desencadear em Pedro uma profunda consciência de pecado, de falsidade e falta de compromisso.
O olhar de Jesus levou Pedro a chorar amargamente. Jesus apanhou das autoridades religiosas judaicas, sofreu muito em silêncio. Não buscou defesa para si, mas simplesmente confiou na justiça do Pai. O silêncio positivo é uma forma de confiança no Senhor. Diante da dor, nós temos uma das reações: louvar, murmurar ou ficar em silêncio confiando totalmente no Pai Soberano.
Usar do silêncio é uma forma de comunicar humildade, mansidão e profundo amor. O silêncio sugere um tipo de comunicação eficiente que é a não-verbal. Comunicamos com os olhos, a face, as mãos. Quando o salmista compartilha conosco que ‘esperou paciente ou confiantemente no Senhor’, quer dizer que em silêncio (dos lábios) ele expressou fé e confiança; alegria e paz; harmonia e sintonia interiores e o cântico das entranhas.
O silêncio é necessário nesta geração tão barulhenta que não o suporta. Ele é terapêutico, pois permite ouvir mais os sinais que estão sendo dados. O silêncio aguça a audição enquanto o barulho a compromete. Ele permite que eu aprenda mais.
Que eu ouça a voz das entranhas e, principalmente, a voz de Deus. Precisamos ler a Bíblia de forma quieta, fazer uma leitura das pessoas em silêncio. O silêncio enriquece e amadure aquele que busca. Orar ao Senhor pedindo mais sensibilidade com a Sua manifestação é uma grande virtude. Dentro dos templos, nos hospitais o silêncio é remédio. Pode ajudar em muito o tratamento.
O Senhor Jesus silenciou no Seu sofrimento, não abrindo a Sua boca (Is 53). Silenciou na Sua morte para, ressurreto, dar as boas novas da justificação ao que crê. Silêncio é trabalhar na dependência de Deus, o Pai, como fez o Senhor Jesus.
Uma atitude de coerência. Por ser coerente, morreu por nós. Ele é o amigo silencioso que revela o Seu amor por atitudes e atos para a Glória de Deus Pai. Na Sua humilhação e na Sua exaltação (Fil 2.5-11), ele demonstrou o quanto estava comprometido com a nossa salvação, a nossa santificação e a nossa glorificação.
OSWALDO LUIZ GOMES JACOB, pastor.