Por que e como ensinar ciências nos anos iniciais do ensino fundamental?

O ensino das ciências, sem dúvida, é aquele que desperta mais interesse e prazer de estudo na maioria dos alunos. Mas o curioso é que as ciências não despertam os mesmos sentimentos em grande parte dos professores das séries iniciais. O motivo pode estar nos currículos escolares, que incluem pouca programação para a área científica, ou nos currículos dos professores, que pouco trazem de conhecimentos desta área para ensinar.

Numa época em que tanto lamentamos e condenamos o desrespeito ao meio ambiente e enfatizamos a volta de hábitos de vida mais simples e naturais, é possível introduzir atividades que, se bem conduzidas, desenvolvam o sentimento de respeito à natureza em todas as suas formas e manifestações.

Para tanto, surge a necessidade de quebrar este círculo vicioso: para trabalhar os temas das ciências, não basta ter motivação dos alunos, o professor também deve estar motivado. Ele pode partir de indagações feitas a respeito do ambiente e da própria natureza, pois o que se exige de quem vai aprender ciências é percorrer os caminhos já traçados pelas descobertas – observando, associando, expressando, questionando.

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Desta forma, o ensino das ciências segue alguns procedimentos metodológicos adequados, os quais seriam: observação, experimentação, solução de problemas, unidades de trabalho, discussões, leituras e método científico propriamente dito.

E, nas atividades propostas, é fundamental que os alunos sejam objetivamente levados a estabelecer relação de causa e efeito; comparação entre fatos e situações; e interpretação de dados, resultados, gráficos a partir das informações exploradas.

Nessa perspectiva, o professor pode, por exemplo, aproveitar a curiosidade dos alunos sobre os temas das ciências e trabalhar de maneira criativa, diferente da rotina apresentada em textos didáticos, que apresentam prontas as indagações e associações.

O mais importante, no entanto, é saber dosar a quantidade e a qualidade de informações e evitar temas que não se relacionem com a vida e seus interesses e nem permitam suas utilizações em exercícios de raciocínio mais amplo.

Contudo, fica a cargo do professor encontrar a medida ideal e trabalhar com seus alunos o ensino das ciências num processo de ajustes contínuos ao longo de sua experiência docente.

Eliane da Costa Bruini

Nas aulas de Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental, em geral, a ciência é apresentada às crianças como um tipo particular de discurso, que se caracteriza pela neutralidade e se baseia em uma atitude de certeza. As crianças são avaliadas por sua participação ou capacidade de responder corretamente a um questionário. Elas estão de tal modo presas à “resposta certa” que, quando são questionadas sobre algum assunto, procuram a reposta no rosto da professora, modificando as suas ideias a partir de um sinal não verbal. O saber que tem sido reproduzido é um saber que a criança precisa devolver com uma resposta certa. As crianças, raramente, são convidadas a experimentar, argumentar ou justificar suas próprias ideias. Assim, a escola distorce a linguagem científica ao apresentá-la a partir de tarefas sem que a criança se conscientize de suas singularidades, dificuldades e potencialidades.

Em sua pesquisa, Gallas (1995) indica que a ciência não nasce da objetivação e distanciamento do mundo, mas de um problema em que as crianças estejam engajadas. Para Driver e Oldham (1986) é fundamental que o ensino de ciências proporcione às crianças a oportunidade de realização de experimentos, a elaboração de hipóteses sobre um problema, a análise de resultados e a explicitação e argumentação de ideias. Recorrendo à didática do ensino de ciências, o objetivo desse conhecimento nos primeiros anos de escolarização não é o ensino de conceitos, de conhecimentos prontos e acabados. O ensino de ciências nos anos iniciais do ensino fundamental remete justamente ao pólo oposto, ou seja, à pergunta como ponto de partida para o aprendizado.

Então, a ciência que se deve ensinar é a ciência da dúvida. É a ciência do exercício do porquê, que instiga o imaginar e a discussão dos fenômenos do mundo para que as crianças iniciem a apropriação de um discurso científico. A ciência a ser ensinada é aquela que valoriza o pensamento das crianças e que não abre mão da voz delas. É também a ciência da aventura da experimentação e do lúdico, aquela que celebra a atitude do não saber e querer descobrir. Nessa perspectiva, pensar o ensino de ciências nos primeiros anos do ensino fundamental é levar à apropriação de um discurso científico inserindo-o numa perspectiva teórica que articula o fazer, falar, ler e escrever.

O princípio da atividade experimental como um caminho genuíno para a aprendizagem de ciências nos primeiros anos de escolarização tem tido cada vez maior influência no discurso pedagógico e nas tentativas de compor projetos e práticas de ensino inovadoras na escola. Essa tendência é desafiada pelas precárias condições materiais da escola e, sobretudo, pela dificuldade dos professores em deixar que as crianças sejam protagonistas de sua aprendizagem.

Nas atividades experimentais, a ação das crianças sobre os objetos não se limita à simples manipulação e/ou observação. Nessas atividades, o formato aberto das discussões permite a efetiva participação de todas as crianças, pois a essência do trabalho está em ler o mundo através de situações reais e significativas de aprendizagem. Assim, a experiência de ensinar ciências por meio de atividades experimentais constitui uma prática dialógica que proporciona espaço e tempo para a sistematização coletiva do conhecimento e da tomada de consciência do que foi feito (Carvalho, 1998).

No que se refere à linguagem oral nas aulas de ciências o objetivo não é ensinar a criança a “falar corretamente” sobre os conceitos científicos, mas pensar junto a seu grupo sobre um problema e construir argumentos para se apropriar de formas de falar pertencentes ao mundo da ciência. Vygotsky (1984) aponta para a verbalização como um “instrumento cognitivo” para o desenvolvimento e expressão da compreensão. Então, quando o aluno argumenta sobre um conceito científico, ele está processando cognitivamente toda a sua compreensão da atividade.

A experiência de ensinar ciências em uma perspectiva que valorize o questionamento e a dúvida mexe com a cultura de ser professora. Isso implica, necessariamente, em operar uma quebra na rotina da aula e, portanto, provocar uma espécie de desordem sobre a ordem. O educador, como interlocutor e organizador no ato pedagógico, pode oferecer à criança a possibilidade de experimentar um desequilíbrio cognitivo, evidenciando a escola como um lugar de aprendizagem da linguagem científica.

Para saber mais:

CARVALHO, Anna Maria Pessoa de. Ciências no ensino fundamental: o conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998.

DRIVER, R. Oldham, V. A constructivist approach to curriculum development in science. Studies in Science Education, v. 13, p. 105- 122, 1986.

GALLAS, Karen. Talking their way into science: hearing children’s questions and theories, responding whith curricula. New York, Teachers College Press, 1995.

GOUVÊA, Guaracira. A Divulgação Científica para Crianças: o caso da Ciência Hoje das Crianças. Tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Educação, Gestão e Difusão em Biociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000.

VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

* Fonte: Nova Escola. Sheila Alves de Almeida é doutora em ensino de Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). É também professora do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e por 15 anos atuou como professora de ensino fundamental em Belo Horizonte.

Por que ensinar ciências nos anos iniciais do ensino fundamental?

Ensinar Ciências nos anos iniciais tem como fundamento a promoção de aprendizagem de conhecimentos que favoreçam para uma melhor compreensão dos fenômenos naturais que ocorrem no cotidiano dos discentes, e para proporcionar auxílio para que possam atuar de maneira crítica e reflexiva no meio em que vive.

Como ensinar ciências nos anos iniciais?

Metodologias mais comuns no ensino de Ciências.
Foco: Tomar contato com os conhecimentos existentes sobre determinado tema..
Estratégia de ensino: Aulas expositivas, sendo o professor e o livro didático as únicas fontes de informação. ... .
Foco: Reproduzir o método científico..

Qual o motivo de ensinar ciências da natureza na educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental?

Segundo os autores, entre os benefícios de tais atividades junto às crianças estão: motivação e participação ativa; vivência de métodos científicos, contribuindo para a compreensão da ciência como construção humana; e contextualização dos conteú- dos de ensino com o cotidiano.

Qual a importância das ciências humanas na educação infantil e nas séries iniciais do ensino fundamental?

As Ciências Humanas no Ensino Fundamental têm um papel importante no sentido de ajudar a descortinar o mundo aos olhos do educando, oferecendo instrumentos que possibilitem o desenvolvimento de sua capacidade de análise, interpretação e sistematização da realidade social.