Por que jesuítas e sertanistas se relacionavam de maneira conflituosa no Brasil colonial?

A redução jesuítica de Santa Teresa del Curiti foi fundada no ano de 1632 pelo padre Francisco Ximenez na região noroeste do atual Estado do Rio Grande do Sul. No ano seguinte o incipiente povoado foi transmigrado para uma posição mais ao sul. A nova localização permitiu a articulação com as demais reduções e atenuou os riscos de ataques de índios Jê. Ambas as localizações situavam-se na bacia do alto Jacuí, então denominado Igaí. Tratava-se de um povoado próspero e de localização estratégica. Sua população superou quatro mil pessoas. Seduzidos pelo lucrativo comércio escravagista, os bandeirantes paulistas lançaram-se sobre as missões do Tape. Em 1637 uma tropa comandada por André Fernandes invadiu a redução de Santa Teresa. Os indígenas foram capturados e remetidos a São Paulo onde foram comercializados como escravos. Plenamente cientes da localização estratégica da redução, os bandeirantes estabeleceram ali um posto de aprovisionamento. Durante mais de três décadas o local serviu como base de apoio para a penetração luso-brasileira em direção ao interior do território sul-rio-grandense, auxiliando na tomada dos demais povoados missioneiros e também em campanhas militares. A partir dessa base os paulistas lançaram-se em investidas para o oeste, sul e sudoeste. O arraial do Igaí se consolidou como o polo irradiador dos exploradores escravocratas luso-brasileiros do Rio Grande do Sul do século XVII. Estima-se que cerca de 30 mil indígenas tenham sido subjugados. A dinâmica de povoamento tradicional das populações nativas foi desarticulada. A disputa territorial alçou um novo patamar. Os embates regionais refletiam o contexto geopolítico das potências ultramarinas. A interpretação dos fatos históricos relacionados à fundação da redução de Santa Teresa e o posterior estabelecimento de um posto de apoio às investidas bandeirantes permitem extrapolar os limites geográficos da zona do Tape. Na presente publicação, defende-se a tese de que os acontecimentos resultantes da fundação da redução tiveram profundas implicações históricas e geopolíticas na formação do Rio Grande do Sul.

Jesuítas x Bandeirantes

  • Os jesuítas e os bandeirantes: definições e personagens
  • Como se deu essa rivalidade

Durante todo o tempo em que levou a acomodação dos portugueses no Brasil, eles precisaram enfrentar muitas dificuldades que tornavam ainda mais complicada a criação de locais que fossem produtivos economicamente. Para que tal processo fosse bem sucedido, os índios foram os principais responsáveis em ajudar Portugal a reconhecer as terras ainda não desbravadas, nem mesmo pela Igreja Católica, que teve participação direta na formação do que se chamou de centros de colonização.

No meio disso tudo, havia uma rixa entre jesuítas e bandeirantes pelo fato de que para os jesuítas, os bandeirantes eram uma espécie de empecilho à escravatura colonial do povo português. A Companhia de Jesus (nomenclatura dada aos jesuítas) sempre foi contra os maus tratos e os abusos que os índios sofriam e, sempre que era possível, iam contra as ideias dos governantes coloniais. Muito embora eles acompanhassem os bandeirantes a fim de evangelizar os indígenas, estavam sempre de olho com as torturas e violências.

Por que jesuítas e sertanistas se relacionavam de maneira conflituosa no Brasil colonial?

Os jesuítas e os bandeirantes: definições e personagens

Podemos definir como bandeirantes o povo sertanista que vivia da era colonial. Em meados do século XVI, no início, para ser mais exato, eles entraram nos sertões sul-americanos com a finalidade de encontrar riquezas minerais abundantes do lado americano da Espanha, como a prata e o ouro, além dos índios que, sobretudo, seriam escravizados ou serviriam para exterminar os quilombos (locais em que viviam os negros).

No entanto, para que fosse possível essa comparação entre jesuítas X bandeirantes, alguns importantes e célebres bandeirantes tiveram a sua participação na história. Dentre eles podemos citar:

• Domingos Jorge Velho;
• Fernão Carrilho;
• Afonso Sardinha;
• João de Siqueira Afonso;
• Fernandes Tourinho;
• João de Faria Fialho;
• Tomé Portes Del-Rei;
• João Gonçalves da Costa;
• Francisco Dias Velho;
• Bartolomeu Bueno da Silva;
• Gabriel de Lara;
• Salvador Fernandes Furtado;
• Ângelo Francisco;
• Baltasar Fernandes;
• Pascoal Moreira Cabral;
• Belchior Dias Moréia;
• Pedro Vaz de Barros;
• Simão Álvares.

Já os jesuítas, que chegaram ao Brasil juntamente com Tomé de Souza em 1549, eram formados exclusivamente pelos padres pertencentes à Igreja Católica e que se constituíam membros da Companhia de Jesus, fundada em meados do século XVI, no período seguinte a Reforma Protestante. Sendo originada no ano de 1534 pelo religioso Inácio de Loiola, esta ordem religiosa teve como principal motivo de sua criação contribuir para a não escravatura dos índios e como forma de impedir que o protestantismo se alastrasse. Portanto, em função de tantos acontecimentos, é pertinente afirmarmos que a Companhia de Jesus foi instituída na conjuntura da Contra Reforma da Igreja Católica.

Da mesma forma que os bandeirantes, os jesuítas também tiveram personagens marcantes durante a sua história e, foi por meio deles, que a relação jesuíta x bandeirantes marcou este período especifico na historia brasileira. Confira os principais nomes:

• Padre Antônio Vieira;
• Padre Manoel da Nóbrega;
• Padre José de Anchieta.

Como se deu essa rivalidade

Como vimos anteriormente, os pertencentes à igreja tiveram participação importante a partir da criação da Companhia de Jesus, cuja ordem religiosa foi indicada como meio de garantir que o cristianismo católico nas Américas fosse de fato instaurado. Percebe-se que durante esse período, a relação entre Estado e Igreja Católica era considerada muito ativa e em função disto, muita religiosos foram considerados essenciais para tal tarefa. Inclusive alguns deles tiveram a oportunidade de desbravar outras regiões que ainda não tinham o domínio metropolitano e que, nem o próprio povo de Portugal conseguiria realizar sem a ajuda deles.

Durante toda essa trajetória o povo jesuíta, através da sua missão evangelizadora, encampou grande parte dos indígenas que, através da prestação de trabalho de manutenção, tinham em troca educação religiosa. Ao longo dos anos, certas regiões católicas vieram a fazer parte da economia interna, desde que houvesse ajuda no desenvolvimento agropecuário ou outras funções relacionadas ao extrativismo. Assim, passaram a exercer uma dupla funcionalidade: econômica e religiosa.

Em contraponto a boa situação vivida dentro da colônia, fora dela, os donos das terras litorâneas tinhas dificuldade em aumentar os seus lucros pela falta de mão de obra, já que o valor para adquiri-los era elevado e nem sempre eles acatavam a demanda local. Então, é aí que entram os bandeirantes. Com a missão de vender o povo indígena, supririam a falta de escravos e ainda lucrariam, e muito, com o negócio. No entanto, nem tudo saiu como o planejado. Em função do risco de vida eminente e de alguns resistirem ao serviço, os bandeirantes se viram obrigados a atacar os jesuítas com a finalidade de angariar mão de obra de qualidade, já que os índios eram acostumados a uma rotina árdua diária.

Dessa forma, a rivalidade entre jesuítas x bandeirantes assinalou uma das mais implacáveis disputas que perdurou do século XVII ao XVIII. De vez em quando, um dos lados apelava para a Coroa Portuguesa na tentativa de resolver essa já cansativa e rotineira discussão. Se de um lado tinha os colonizadores, que faziam crítica à falta de apoio do comando colonial, pelo outro estavam os jesuítas, os quais recorriam à autoridade da Igreja, em união com o Estado, a fim de apontarem os mais desprezíveis abusos dos bandeirantes.

Qual foi a razão do conflito entre colonos e jesuítas?

Os jesuítas resistiram em toda parte, sobretudo no século XVII, arrancando da Coroa leis proibitivas do cativeiro indígena. Os colonos, por sua vez, sempre pressionaram pelo direito de apresar os índios em “guerra justa”, isto é, em suposta represália a índios hostis.

Qual a razão do atrito entre os padres jesuítas e os bandeirantes?

Por um lado, os colonizadores reclamavam da falta de suporte da própria administração colonial. Por outro, os jesuítas apelavam para a influência da Igreja junto ao Estado para denunciarem as terríveis agressões dos bandeirantes.

Como era a relação entre os jesuítas e os indígenas?

Nos aldeamentos jesuíticos os índios eram educados para viver como cristãos. Essa educação significava uma imposição forçada de outra cultura, a cristã. Os jesuítas valiam-se de aspectos da cultura nativa, especialmente a língua, para se fazerem compreender e se aproximarem mais dos indígens.

Qual era a relação entre os jesuítas e os bandeirantes?

Com o surgimento das Bandeiras e das atividades de caça e apresamento dos índios, os jesuítas entraram em conflito com os bandeirantes. Na década de 1640, os bandeirantes expulsaram os jesuítas de São Paulo. Muitas missões jesuíticas, além das que se fixaram em Piratininga, foram destruídas pelos bandeirantes.