Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?

Sistemas de Dispensação de Medicamentos

Da mesma forma que uma Farmácia pública, uma Farmácia Hospitalar precisa estar organizada para dispensar adequadamente os produtos que dispõe para os pacientes.
A escolha da forma de dispensação a ser adotada deve levar em consideração características de cada Hospital, e os recursos disponíveis para sua implantação.
Os recursos resumem-se em financeiros e técnicos, sendo que neste último caso, ainda há uma carência de farmacêuticos especialistas no mercado capazes de implantar com eficiência um sistema de dispensação.

Um sistema hospitalar de dispensação de medicamentos deve ter alguns objetivos importantes, dos quais destacamos:

– Uso racional de medicamentos;
– Redução de gastos com medicamentos;
– Aumentar o controle sobre o uso dos medicamentos, permitindo acesso do farmacêutico às informações do paciente.
– Diminuição dos erros de administração de medicamentos;
– Colaboração na Farmacoterapia iniciada pelo médico;
– Aumentar a segurança para o paciente;

Podemos destacar 03 tipos de sistemas de dispensação de medicamentos, sendo:

1. Dose Coletiva;
2. Dose Individualizada;
3. Dose Unitária.

1. Dose Coletiva

É o sistema pelo qual a farmácia fornece materiais e medicamentos, atendendo a um pedido feito pela unidade solicitante.
Estas requisições são feitas em nome de setores, e não de pacientes, gerando total descontrole do uso.
Na Dose Coletiva, a farmácia se torna um mero fornecedor de medicamentos, ocorrendo armazenamento em estoques descentralizados e retirando da farmácia a atividade de dispensação.

Vantagens:
– As movimentações do estoque são registradas com facilidade;
– Custo de implantação muito baixo;
– Baixo número de colaboradores na farmácia;
– Horário de funcionamento da farmácia: reduzido.

Desvantagens:
– Formação de subestoques;
– Dificuldades no controle logístico dos estoques;
– Erros de administração de medicamentos;
– Maior quantidade de perdas;
– Dispensação feita pela enfermagem: desvio de atividade.

2. Dose Individualizada

É um pré-requisito para implantação da Dose Unitária.
Neste caso, a farmácia já recebe as solicitações de medicamentos através de uma transcrição de prescrição médica feita pela enfermagem, ou mesmo através de um pedido médico, só que sem esquema posológico rígido.

Vantagens:
– A Farmácia centraliza os estoques;
– Quantidade reduzida de estoques, se comparado com a Dose Coletiva;
– Menor quantidade de perdas e desvios;
– Possibilidade de garantia de qualidade.

Desvantagens:
– Custo de implantação e nº de colaboradores é maior, em comparação à Dose Coletiva;
– Farmácia funciona em horário integral;
– Erros de medicação ainda podem ocorrer;

3. Dose Unitária

Sistema de dispensação existente nos Estados Unidos, já desde os anos 60, apresentando inúmera vantagens em relação aos outros modelos, principalmente pelo controle que proporciona à Farmácia, no que se refere ao consumo de medicamentos.
Neste sistema os medicamentos são dispensados de acordo com a prescrição médica, sendo separados e identificados pelo nome do paciente, nº do leito e horário de administração.
Objetivos da Dose Unitária:
– Integrar o farmacêutico à equipe multidisciplinar;
– Medicamento correto na hora certa;
– Reduzir incidência de erros de administração de medicamentos;

Vantagens:
– Segurança na farmacoterapia: otimizada;
– Redução dos custos;
– Disponibiliza maior tempo para a enfermagem se dedicar ao paciente;
– Promove a Instituição: qualidade;

Desvantagens:
– Custo de implantação, embora seja facilmente recuperado a curto ou médio prazo;
– Investimento em contratação de colaboradores e treinamento;

CASES

"Dose unitária": sistema de distribuição de medicamentos em hospitais

Eliane Ribeiro

Farmacêutica Bioquímica pela UNESP e Mestre em Administração de Empresas pela EAESP/FGV


Palavras-chave: Medicamentos, farmácia hospitalar, sistema de distribuição de medicamentos, dose unitária.


Key words: Drugs, hospital pharmacy, drugs distribution system, unit dose.


Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?

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Os resultados da implementação de um sistema de distribuição de medicamentos em hospitais brasileiros.

Outcomes of the implementation of a drug distribution system in Brazilian hospitais.

INTRODUÇÃO

É inegável a importância dos medicamentos no tratamento da maioria das doenças e a necessidade do hospital manter um sistema efetivo de sua distribuição para garantir que o paciente os receba de acordo com a prescrição médica.

No final da década de 50, com o aumento do uso de medicamentos mais potentes, mas também causadores de graves efeitos colaterais, iniciou-se a publicação de trabalhos sobre a incidência de erros de medicação em hospitais.

Os dados obtidos relataram que, em média, para cada seis doses administradas ao paciente uma estava errada. Incidência superior à prevista pelos autores, mostrando que os sistemas tradicionais de distribuição de medicamentos (ver anexo 1) necessitavam ser repensados, visando a melhorar a segurança na distribuição e na administração dos medicamentos.

Nos anos 60, farmacêuticos hospitalares apresentaram um novo sistema: a Dose Unitária, capaz de reduzir a incidência de erros de medicação, o custo dos medicamentos, as perdas e os furtos dos mesmos, de melhorar o aproveitamento dos profissionais envolvidos e de melhorar o nível de assistência oferecido ao paciente internado.

Os resultados de vários estudos comprovaram as afirmações descritas acima e fizeram a American Society of Hospital Pharmacists preconizar o uso da Dose Unitária em hospitais americanos.

Apesar do Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária - SDMDU - estar sendo utilizado com êxito nos países da América do Norte e Europa, são raros os hospitais brasileiros que o adotam. Assim, este texto tem como objetivo aprimorar o conhecimento sobre o sistema e relatar o resultado da sua implantação em nossos hospitais.

INCIDÊNCIA DE ERROS DE MEDICAÇÃO CAUSADOS PELA ENFERMAGEM

A iatrogênia, segundo Lacaz1, é a denominação dada às doenças ou manifestações causadas pelo uso de medicamentos (aplicados de maneira criteriosa ou não), das radiações, do sangue, dos contrastes radiológicos, dos anestésicos e, por outro lado, as que podem ser induzidas por atos cirúrgicos ou pela ação pouco prudente do médico, por um mecanismo de sugestões, através de impactos emocionais, constituindo, este último, o grupo de doenças psicogênicas ou "doenças iatrogênicas propriamente ditas".

Os erros de medicação, como descrito, estão incluídos entre as causas das doenças iatrofarmacogênicas, podendo ser definidos como: a administração do medicamento ou dose errada, o tratamento requerendo o uso de tais agentes para o paciente errado ou na hora errada, a omissão da administração do agente certo no tempo especificado ou da maneira prescrita ou normalmente considerada aceitável na prática.

Em geral, esses tipos de erros são causados pela equipe de enfermagem, principalmente em hospitais que ainda empregam os sistemas tradicionais de distribuição de medicamentos, onde o preparo da dose e a sua administração são tarefas designadas a esses profissionais.

Os estudos realizados por Barker2 e colaboradores3 mostraram que a incidência de erros de medicação causada pela equipe de enfermagem foi superior à prevista pelos autores, sendo detectado um erro para cada seis doses administradas. A maioria das causas atribuí das aos problemas técnicos e de procedimentos são: a má qualidade da grafia médica, os diferentes sistemas de pesos e medidas adotados no mesmo hospital, a utilização de abreviaturas não padronizadas, os medicamentos com nomes comerciais semelhantes, as ordens médicas verbais, as informações médicas incompletas e confusas, as múltiplas transcrições de prescrições, as falhas de comunicação para a suspensão de medicamentos, as interpretações de dosagens.

A falta de conhecimento sobre a estabilidade, biodisponibilidade, armazenamento e preparo de medicamentos são, também, causas freqüentes de erros de medicamento em hospitais brasileiros.

Em 1965, Barker4 realizou o primeiro estudo comparando a incidência de erros de medicação em hospitais que utilizavam distintos sistemas de distribuição de medicamentos, incluindo a Dose Unitária. Os dados obtidos indicaram uma redução significativa na incidência desses erros, no Hospital de Arkansas (EUA), com a implantação desse sistema. A porcentagem de erros de medicação declinou de 31,2% para 13,4%, portanto, houve redução de 57% da variante estudada.

Outros autores5, também indicaram decréscimo significativo na porcentagem de erros com a utilização do Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária quando comparado com os outros sistemas, como observado no gráfico 1.

A redução da incidência do erro de medicamentos é atribuída, principalmente, às propriedades da Dose Unitária, tais como individualidade e identificação, que proporcionam características definidas ao sistema, a saber:

• a dose do medicamento é embalada, identificada e dispensada pronta para ser administrada ao paciente, de acordo com a prescrição médica, não requerendo manipulação prévia por parte da equipe de enfermagem;

• permite descobrir, portanto evita, a omissão de doses, inevitável nos sistemas tradicionais;

• na unidade de enfermagem somente estarão estocados os medicamentos que atendem os casos de emergência, anti-sépticos e as doses necessárias para suprir as 24 horas de tratamento do paciente;

• o duplo controle do medicamento por parte da Farmácia, quando prepara e dispensa o medicamento, e da Equipe de Enfermagem, quando o administra.

Ao melhorar o controle do processo de dispensação de medicamentos ao paciente internado, o SDMDU proporciona maior satisfação profissional para o médico - ao garantir que a terapêutica medicamentosa está sendo cumprida segundo sua orientação, para a equipe de enfermagem - ao reduzir suas atividades burocráticas a favor da assistência ao paciente e para o farmacêutico - ao permitir que seus conhecimentos sejam empregados e reconhecidos como importantes na recuperação do paciente.

PARTICIPAÇÃO DOS PROFISSIONAIS

Os principais profissionais envolvidos com o processo de distribuição de medicamentos em hospitais são os médicos, os farmacêuticos e a equipe de enfermagem.

Com a implantação do SDMDU, esses profissionais terão suas rotinas modificadas proporcionalmente ao seu grau de envolvimento.

Os médicos são os menos afetados, porque sua atividade se restringe a prescrever os medicamentos a serem ministrados aos pacientes. Entretanto, sem dúvida, é de grande importância despertar seu interesse para que auxilie no bom funcionamento do sistema.

As enfermeiras são as mais afetadas, já que várias etapas da distribuição de medicamentos, que estão sob sua responsabilidade, no sistema tradicional, são transferidas para os farmacêuticos, quando implantado o SDMDU.

Os farmacêuticos, por sua vez, voltam a se dedicar às atividades para as quais foram formados: todas as relacionadas com medicamentos.

Os estudos6 mostram que, com a implantação do SDMDU, a enfermagem dedica menor parte do seu tempo às tarefas medicamentosas, como mostra o gráfico 2, possibilitando melhorar a qualidade da assistência oferecida aos pacientes internados, ou reduzir o custo desse profissional para o hospital com a diminuição do quadro de funcionários.

PERDAS DE MEDICAMENTOS

No SDMDU, os medicamentos são dispensados em embalagens individualizadas, de acordo com a prescrição médica, e somente com a apresentação deste documento.

Os estoques nas Unidades de Enfermagem ficam minimizados às doses para 24 horas, às soluções anti-sépticas e aos medicamentos para os casos de emergência.

As doses não administradas aos pacientes retornam à Farmácia, podendo ser reutilizadas, desde que as embalagens não tenham sido violadas.

O tratamento medicamentoso de cada paciente é acompanhado e controlado diariamente pela Farmácia e pela Unidade de Enfermagem, através, respectivamente, do Registro Farmacoterapéutico do Paciente e do Registro de Administração do Medicamento.

Com a implantação do SDMDU, há um controle mais eficaz sobre todos os medicamentos dispensados e administrados ao paciente, diminuindo a porcentagem de perdas e de furtos7, como pode ser evidenciado no gráfico 3.

CUSTO

Há muita relutância em implantar o Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária, mesmo por parte daqueles que reconhecem a segurança oferecida pelo mesmo. Na maioria das vezes, a justificativa para essa atitude é o aumento do custo para o hospital.

Os estudos8 desenvolvidos apresentam resultados opostos, mostrando que o custo para implantá-lo é mais que compensado pela redução do consumo de medicamentos e do tempo que a enfermagem dedica às tarefas relacionadas aos medicamentos, como pode ser observado no gráfico 4.

O quadro 1 resume as principais vantagens e desvantagens dos Sistemas de Distribuições Tradicionais e por Dose Unitária.9

RESULTADO DA IMPLANTAÇÃO DG SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS POR DOSE UNITÁRIA EM HOSPITAIS BRASILEIROS

O estudo foi efetuado em quatro hospitais brasileiros, a saber: Instituto do Coração do Hosprtal das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Hospital Universitário da Universidade de São Paulo, Hospital das Clíircas Dr. Paulo Sacramento e Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira. Os dados empíricos foram confrontados com os apresentados na literatura sobre o assunto, como veremos a seguir.

Hospital Universitário da Universidade do Estado de São Paulo

Com 200 leitos, estendendo às quatro especialidades básicas, desde O início de seu funcionamento, há cerca de dez anos, dispensa os medicamentos pelo Sistema de Distribuição por Dose Unitária, portanto não há trabalho comparando a fase anterior à posterior à implantação do sistema.

Esse hospital serviu como fonte de informação à implantação do sistema em outros hospitais brasileiros, como o INCOR.

Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Com aproximadamente 300 leitos, é especializado em Cardiología Clínica e Cirúrgica.

A Farmácia, após adotar o SDMDU em 1983, nomeou uma comissão integrada por elementos desse serviço e da Divisão de Enfermagem, para avaliar os principais procedimentos envolvendo o novo sistema.

O resultado do estudo10 concluiu que, apesar de ser um sistema com procedimentos simples, atende às necessidades das Unidades Clínicas, sendo considerado bom por 83% dos funcionários. Neste sistema há maior integração profissional entre a Equipe de Farmácia e a da Enfermagem, melhor controle dos medicamentos distribuídos, diminuição das suas perdas, redução do tempo gasto pela enfermagem para prepará-los e dos erros de medicação causados pela enfermagem.

Hospital das Clínicas Dr. Paulo Sacramento

Localizado em Jundiaí, privado, com 400 leitos, atende várias especialidades.

Há cinco anos o sistema outrora vigente, Sistema Individualizado Indireto, foi substituído pelo "por Dose Unitária". O êxito obtido com essa implantação fez com que os materiais médicos fossem dispensados pelo mesmo método.

Em 1990, após três anos de adoção do sistema, comparamos o consumo médico mensal de medicamentos da época em que o hospital atendia pelo Sistema Individualizado Indireto com o consumo médio dos últimos seis meses. A diferença foi de US$ 78.324,40 (154.774,05 -76.449,65), ou seja, o consumo foi reduzido à metade (50,61%) com a implantação do SDMDU.

O custo dos recursos materiais para implantá-lo foi calculado, na mesma época, em US$ 24.36.1,58, que seria pago em menos de um mês com a economia de US$ 78.324,40, proporcionada pelo SDMDU, quando utilizamos a técnica de investimento de capital conhecida por período pay-back.

Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira

Com cerca de 1200 leitos, presta assistência a várias clínicas. Desde meados de 1990, o SDMDU vem gradativamente substituindo o sistema coletivo vigente até o momento no hospital.

Na implantação do SDMDU, foi proposta a criação de seis Fármacias Satélites, cada uma atendendo, em média 200 leitos.

A primeira clínica a ser atendida por esse sistema foi a Urologia com 32 leitos. Após a avaliação nessa unidade - o sistema foi expandido para outras clínicas, a saber: Nefrologia, Diálise e Hemodiálise.

Devido ao fato das Clínicas Nefro e Urologia serem atendidas po um único estoque de medicamentos e correlatos, antes da implantação desse sistema, tivemos que utilizar os dados das duas clínicas, referentes aos meses de junho de 1990 e de 1991, para determinar se houve alguma mudança do consumo de medicamentos e correlatos após a utilização do SDMDU. Para eliminar a influência do fator ocupação da clínica trabalhamos com consumo médio de medicamentos por paciente-dia.

Transformando os valores numéricos em monetarios, encontramos uma economia de US$ 2,01 no consumo de medicamentos por paciente-dia, ou seja, 24,22% o que atribuímos à implantação do novo sistema.

Para a Clínica de Urologia, com 32 leitos, isso representou uma economia de US$ 1.927,18 com medicamentos no mês de junho.

O montante dos recursos materiais necessários a montagem da primeira Farmacia Satélite - ou Descentralizada, foi de US$ 20.472,08 mostrando que esse investimento seria pago em onze meses, utilizando a técnica do período pay-back, de acordo com os dados apresentados até o momento.

Devemos lembrar que cada Farmacia Satélite atendera em média 200 leitos, o que corresponde a seis Clínicas de Urologia.

Extrapolando esses dados para o mês de junho, quando o custo de medicamentos e correlatos para o HSPE foi de US$ 308.299,34, a economia seria de US$ 74.670,10 - se todo o hospital fosse atendido pelo SDMDU.

O projeto para a implantação desse sistema pressupõe a instalação de seis Farmácias Satélites para atender os 1200 leitos do hospital. Este investimento seria pago em aproximadamente dois meses.

Os cálculos foram realizados levando somente em conta a economia do consumo de medicamentos, não considerando a redução do tempo da equipe de enfermagem dedicado às atividades medicamentosas.

CONCLUSÃO

O Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária vem cumprir, como mostram os estudos apresentados neste trabalho, os objetivos exigidos de um sistema racional de distribuição de medicamentos.

O melhor controle do processo permite que o medicamento chegue ao paciente na dose, via e hora corretas. A abolição de transcrições da prescrição médica e a sua revisão pelo farmacêutico diminuem a probabilidade de ocorrer erros de medicação.

A dispensação dos medicamentos, de acordo com as ordens médicas, e em estado de serem administradas diretamente ao paciente, reduz significativamente o tempo que a Equipe de Enfermagem gasta em atividades relacionadas com medicamentos, possibilitando o emprego desse tempo na melhoria da qualidade da assistência dispensada aos pacientes internados. Além disso, garante ao corpo clínico que os medicamentos estão sendo administrados de acordo com sua prescrição e, ao farmacêutico, sua participação da Equipe Multipro-fissional de Assistência ao Paciente.

O SDMDU, ao retirar os estoques das Unidades de Enfermagem e ao aproveitar os medicamentos não administrados aos pacientes, conseguiu diminuir as perdas de medicamentos para o hospital.

A literatura mostra, ainda, que o custo para implantá-lo e mantê-lo é mais que compensado pela redução do Custo da Equipe de Enfermagem.

Outrossim, o custo para implantar o SDMDU em instituições de saúde não deve ser evocado como um obstáculo antes de se avaliar os seus benefícios. As vantagens proporcionadas pelo SDMDU - maior segurança ao paciente, melhor utilização dos profissionais envolvidos, maior controle dos medicamentos, redução dos custos - não podem ser descartadas.

Devemos lembrar, também, que a melhoria da qualidade de assistência prestada ao paciente apressa sua recuperação e diminui sua exposição às doenças hospitalares, reduzindo o seu tempo de permanência no hospital e, conseqüentemente, o custo do tratamento para ambas as partes.

No Brasil há tentativas de modernizar a Farmácia Hospitalar, mas não podemos afirmar que os hospitais tenham realmente implantado o SDMDU. O sistema se encontra em transição entre o Individualizado Direto e por Dose Unitária, tendendo para o último, porque ainda não podemos dispensar todos os medicamentos prontos para serem administrados aos pacientes, e não empregamos alguns documentos - como o Registro Farmacoterapêutico do Paciente - primordiais para caracterizar o sistema como tal.

Apesar de não tê-lo implantado na integridade e das dificuldades encontradas, não há dúvida de que sua adoção em nossos hospitais apresenta-se como muito favorável.

Artigo recebido pela Redação da RAE em julho/93, aprovado para publicação em agosto/93.

Este texto tem por base a dissertação "Dose Unitária"; Sistema de Distribuição de Medicamentos em Hospitais, apresentada na EAESP/FGV para obtenção do título de Mestre, contando com a colaboração das farmacêuticas Flávia Francis Patah e Vilma Domingues.
1. LACAZ, Carlos da Silva et al. Latrofarmacogenia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1980, p. 3.
2. BARKER, Kenneth N., MCCONNEL, Warren E. Detecting errors in hospitals. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 19, p. 361-69, Aug. 1962.
3. BARKER, Kenneth N., KIMBROUGHT, Wilson, HELLER, William M. A study of medication errors in hospital. Original publication, University of Arkansas, Arkansas, 1966, reprinted University of Mississipi, 1968.
4. BARKER, Kenneth N. The effects of an experimental medication system on medication errors and costs. Parte 1: Introduction and error study. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 26, p. 324-33, June 1969.
5. Idem, ibidem; SCHULTZ, S. M. et al. Medication errors reduce by unit dose. Hospitals. v. 47, p. 1068-12, 1973. In: MCLEOD, Donald C, MILLER, William A. The practice of pharmacy. Cincinnati: Harvey Whitney Books, 1 ed. 1981, cap. 13, p. 403-27; BERRY, J. Means et al. Medication errors in a multidose and computer-base unit dose drug distribution system. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 32, p. 186-91, Feb. 1975.
6. SCHWERTAN, Neal, STURDAVANT, Madalyne. A system of packaging of dispensing drugs in single doses. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 18, p. 542-59, Sep. 1961; STALER, Wallace E., HEIPKO, Joseph R. The unit dose system in a private hospital. Part Two: Evaluation. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 25, p. 641-48, Aug. 1968.
7. WASH, C. Henry et al. Effective decentralized unit dose dispensing on one - shift bases. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 25, p. 249-55, May 1968; BLASINGAME, W. G. et al. Some time and motion considerations with single - unit packaged drug in five hospitais. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, American Society of Hospital Pharmacists, v. 26, p. 310�15, June 1969; RONDA BELTRAN, Joaquim. Distribución de Medicamentos en Dosis Unitárias en los hospitales. In: SYMPOSIUM INTERNATIONAL. Envasado de Medicamentos en Dosis Unitárias, 1978, Alicante, Sociedade Española de Farmacêuticos de Hospitais; MARTINELLI, B. L., WURDACH, P J. Drug loss economics: traditional distribution U.S. unit dose. Printed at the 1975. Mid-year meeting of the American Society of Hospital Pharmacists. New Orleans, L. A. Citado em: BUCHAMAN, Clyde. Unit dose drug distribution; In: MCLEOD, Donald C., MILLER, William A. The Practice of Pharmacy. Cincinnati: Harvey Whitney Books, 1981, cap. 33; KUY, Van der A. Aspectos farmacêuticos y técnicas de envasado de medicamentos sólidos orales en dosis unitárias. In: SYMPOSIUM INTERNATIONAL. Envasado de Medicamentos en Dosis Unitarias, 1978, Alicante, Sociedade Española de Farmacêuticos de Hospitais.
8. SMITH, William, MACKEWIG, Dennis. An economic analysis of the PACE Pharmacy Service. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, V. 27, p. 123-26, Feb. 1970; YORIO, Deborah et al. Cost comparison of decentralized unit dose and tradicional pharmacy services in a 600 bed community hospital. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 29, p. 922-27, Nov. 1972; VARNUM, James W. Administration's view of unit dose drug distribution system. The Canadian Journal of Hospital Pharmacy, p. 13-6, Jan./Feb. 1973.
9. STALER, Wallace E., HEIPKO, Joseph R. The unit dose system in a private hospital. Part Two: Evaluation. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 25, p. 641-48, Aug. 1968; BLASINGAME, W. G. et al. Some time and motion considerations with single-unit packaged drug in five hospitais. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington: American Society of Hospital Pharmacists, v. 26, p. 310-16, June 1969; RONDA BEL TRAN, Joaquim. Distribución de Medicamentos en Dosis Unitárias en los hospitales. In: SYMPOSIUM INTERNATIONAL. Envasado de Medicamentos en Dosis Unitárias. Alicante, Sociedade Española de Farmacêuticos de Hospitais, 1978; HANSAI Jr., WILLIAM E. Drug Distribution�floor stock system. In: SYMPOSIUM INTERNATIONAL. Hospital Pharmacy. 4. ed., Philadelphia: Lea & Febiger, 1981, cap. 12, p. 220-221; PARDO GOMEZ, Esperanza. Sistemas convencionales de distribución de medicamentos: "por stock de planta" y "por prescription individualizada". In: COLOQUIOS DE FARMÁCIA HOSPITALÁRIA. La Farmácia Hospitalaria en 1980, Madrid, 1982, p. 83.; GARRISON, Thomaz J. Medication distribution systerns. In: SMITH, Mickey C.; BROWN, Thomas. Handbook of Institutional Pharmacy Practice. London: Willians & Wilkins, 1979, capo 4, p. 257; ASHP. Statment on unit dose drug distribution. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, v. 32, p. 835-1975; SUMMERS, Jack. Unit Dose Packaging - When? The Canadian Journal of Hospital Pharmacist, Jan./Feb. 1973, p. 11; ORTIN, J. L. La dirección del hospital y la distribución de medicamentos. In: SEMINARIO SOBRE DISTRIBUCIÓN DE MEDICAMENTOS EN DOSIS UNITÁRIAS. Unit-dose, p. 3, Alicante, 1976; BUCCERL Jr., Paul, BARKER Jr., John A. Management strategy for the diffussion of innovations: unit dose drug distribution. American Journal of Hospital Pharmacy, Washington, American Society of Hospital Pharmacists, v. 35, n. 2, p. 168-9, Feb. 1978.
10. ISHIHARA, Elizabete Yurico et al. Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária - Avaliação de Funcionamento no Instituto do Coração. São Paulo, 1986, mimeo.

ANEXO 1

Tipos de Sistemas de Oistrmuição de Medicamentos

Os sistemas de distribuição de medicamentos são divididos em duis grandes grupos: tradicional e moderno. O primeiro inclui o coletivo, o individualizado e o misto.

I - Tradicional

a. Coletivo: os medicamentos sao conservados nas unidades de enfermagem sob a responsabilidade da enfermara encarregada, formando mini-estoques espalhados em todo o hospital. A reposição dos medicamentos é feita periodicamento em nome da unidade, através de requisições enviadas à Farmacia ou ao Almoxarifado (ver f¡gura 1);

Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?

b. Individualizado: os medicamentos são dispensados às unidades de enfermagem pela Farmácia, sendo dispensados em nome do paciente; de acordo com a prescrição medica sua cópia direta ou sua transcrição, para determinado período. Quando se emprega os dois primemos documentos, o sistema é denominado Individualizado Hireto, e quando o último, Individualizado Indireto (ver figura 2).

Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?

c. Misto: combinação, num mesmo hospital, des sistemas anteriormente descritos.

II - Moderno

Dose Unitária (SDMDU) os medicamentos estão contidos em embalagens de dose unitária ou dose individualizada* e são administrados diretamente ad paciente, não requerendo manipulação prévia da enfermagem. Aqui incluímos também, os injetáveis.

Em qualquer momento, os medicamentos tão devem ser encontrados nas Unidades de Enfermagem a não ser a quantidade de doses necessárias para suprir as 24 horas de tratamento dos pacientes.

A Farmácia deve manter o Registro Farmacoterapêutico de cada paciente. Documento utilizado pelo farmacêutico para avaliar a terapêutica medicamentosa do paciente. Os estoques na Unidade de Enfermagem sao limitados aos medicamentos para uso em caso de emergência e soluções anti-septicas (ver figura 3).

Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?

* Quantidade do medicamento, que um médico receita, a um determinado paciente para determinada hora.

Quais as características dos sistemas de distribuição de medicamentos no âmbito hospitalar?
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Quais são os principais sistemas de distribuição de medicamentos na farmácia hospitalar?

28) "um sistema de distribuição envolve compras, controle de estoque, armazenamento e controle de qualidade, pessoal e uma série de qualidade do mesmo". Para Garrison apud MAIA NETO (1990, p. 85) existem quatro tipos de distribuição de medicamentos: distribuição coletiva, individual, semi- individual e dose unitária.

Qual é o sistema de distribuição de medicamentos que poderá ser implantado no hospital?

A dose unitária é considerada o melhor sistema de distribuição de medicamentos aos pacientes internados, pois garante todos os objetivos de acordo com o esquema terapêutico prescrito.

Quais os objetivos de um sistema de distribuição de medicamentos?

Uma conexão estratégica, que vai da indústria ao paciente. Este é o propósito da empresa de distribuição de medicamentos. Todo o processo funciona baseado em compra, controle de estoque e qualidade, armazenamento e distribuição. Os medicamentos e equipamentos hospitalares são essenciais para toda a sociedade.

Como funciona o processo de distribuição dos medicamentos?

Uma distribuição correta e racional de medicamentos deve garantir rapidez na entrega, por meio de um cronograma factível de ser realizado sem atrasos, nas quantidades e produtos corretos e com a qualidade desejada, transportados de acordo com suas características e segurança.