Quais doenças foram erradicadas devido a vacinação?

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Varíola é a única doença erradicada no mundo todo, mas poliomelite, sarampo, difteria e rubéola já chegaram a zerar casos no Brasil pela vacinação

  • Saúde | Guilherme Carrara, do R7*

  • 12/07/2020 - 02h00 (Atualizado em 12/07/2020 - 14h05)

  • No século XVIII, Inglaterra, o médico inglês Edward Jenner criou a primeira vacina da história. Naquele período a doença que contaminava a Europa era a varíola, que consequentemente, foi a primeira doença erradicada mundialmente, em 1980, e a única que se não teve casos reincidentes. Desde então a vacina foi essencial para o controle de doenças, como gripes e é agora aguardada para controlar a covid-19

    *Sob supervisão de Pablo Marques

    pixabay

  • Varíola

    João Prats, infectologista do hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a varíola foi a única doença que pode-se falar que" acabou de fato" pelo controle da vacina. Os últimos casos aconteceram de varíola aconteceram na década de 80

    Wikimedia commons

  • Poliomelite 

    As vacinações sistemáticas contra a poliomielite foram introduzidas na rotina dos serviços de saúde pública do Brasil, em 1960, na cidade de Petrópolis (RJ), porém, até 1980 o número de casos da doença ficava entre 1.100 e 3.600 por ano. O último caso registrado ocorreu no município de Sousa, na Paraíba em 1989. Foram 26 mil casos ao longo dessas quase 3 décadas de contágio

    Flickr/ Prefeitura de BH

  • A doença era muito comum entre crianças e em 1% dos casos causava paralisia infantil. Sylvia e  também diversos estudos, atribuem a erradicação da doença a ampla vacinação realizada no Brasil. Porém, a erradicação depende da vacinação contínua, o que não aconteceu e algumas dessas doenças entraram em "alerta vermelho" com possibilidade de novos surtos.

    O infectologista João Prats destaca que apesar do último caso no país ter quase 30 anos, ainda existem casos em outros locais do mundo, principalmente em países mais pobres. Por isso, a doença não é considerada erradicada a nível mundial

    Wikimedia commons

  • Sarampo

    Em setembro de 2016, o Brasil recebeu da OMS o certificado de erradicação local do sarampo. Até aquele momento, o  último caso relatado no Brasil tinha sido no Ceará, em julho de 2015. João Prats explica que com o afrouxamento das campanhas de vacinação a doença voltou ao radar. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente o Brasil registra 15 mil casos anuais da doença. Outros fatores destacado foram os movimentos antivacina e a entrada da doença na imigração venezuelana nos últimos anos

    Wikimedia Commons

  • Rubéola

    E
    m 2015, o Brasil recebeu o certificado da OMS de que a rubéola tinha sido erradicada no país. Os últimos casos de transmissão ocorreram em 2008 e 2009 e desde então a doença está controlada. De acordo com declarações do virologista Marilda Siqueira, então chefe do Laboratório de Vírus Respiratório e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz em documentos da Fio Cruz, "foi resultado de um esforço iniciado há 20 anos, a eliminação da rubéola foi conquistada a partir de três ações estratégicas: a vacinação, a vigilância epidemiológica e a vigilância laboratorial".

    A rubéola costuma ser uma infecção leve, mas pode trazer varias complicações ao bebês em mulheres grávidas, como  malformações cardíacas e catarata

    Wikimedia Commons

  • Difteria 

    "Eu ví um caso em toda a minha profissão de uma mãe antivacina que não protegeu o filho, foi horrível" exemplifica João sobre a doença. A infecção que atinge a garganta e cria uma camada espessa de  foi praticamente erradicada após a vacinação. "Após o surgimento da vacina tríplice bacteriana (DTP), o número de casos de difteria se tornou muito raro no Brasil. A vacina é a melhor, mais eficaz e principal forma de prevenir a difteria", afirma o site do ministério da saúde sobre a doença. Mas, Entre 2008 a 2019, ocorreram 10  óbitos pela doença, 3 no ano de 2010

    Wikimedia commons

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  • María Mercedes Jiménez Sarmiento, Matilde Cañelles López e Nuria Eugenia Campillo*
  • The Conversation

18 dezembro 2020

Quais doenças foram erradicadas devido a vacinação?

Crédito, Getty Images

Legenda da foto,

Estima-se que a varíola matava 400 mil por ano na Europa no século 19

Não nos lembramos da maioria das picadas porque éramos bebês. Talvez em uma ou outra situação particular, quando precisamos dela para acampar ou éramos surpreendidos por uma ferida profunda fruto de nossas travessuras infantis.

As vacinas nos protegem desde sempre e, graças a elas, assim como o juramento de Scarlett O'Hara (personagem do filme E o Vento Levou), jamais sofreremos novamente com algumas doenças graves que desde o início da humanidade tiveram consequências catastróficas.

Nem nós, nem ninguém, desde que as campanhas de erradicação se estendam massivamente, como em alguns casos que vamos recordar. A esperança é que todas as doenças infecciosas sejam levadas pelo vento.

A primeira doença erradicada

Pesquisas arqueológicas indicam que a doença, transmitida pelo contato com feridas ou com gotículas emitidas pela respiração de alguém infectado, afetava a humanidade havia bastante tempo, com indícios de sua presença em sociedades muito antigas.

A taxa de mortalidade era muito elevada, em torno de 30%, e a doença era caracterizada pela aparição de pústulas, algumas das quais se tornavam cicatrizes pelo corpo, e, em alguns casos, até cegueira. A morte, que costumava acontecer na segunda semana, vinha da resposta inflamatória massiva que causava choque e levava à falência múltipla dos órgãos.

A vacina consiste na inoculação no organismo do vírus vaccinia, semelhante ao da varíola, mas que, em condições normais, causa uma doença mais leve. Não é uma vacina de vírus atenuado ou inativado — ele está vivo!

Desde 1977, a doença é considerada erradicada graças à vacinação. Uma das vacinas que está sendo desenvolvidas contra a covid-19 utiliza uma metodologia semelhante com um vírus que causa estomatite — mas está em estágio menos avançado do que aquelas que utilizam RNA e adenovírus.

O último caso de contágio natural foi diagnosticado em outubro de 1977 e, em 1980, a Organização Mundial de Saúde (OMS) confirmou a erradicação em todo o planeta.

Crédito, Wikimedia Commons/CDC

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Diretores do Programa Mundial de Erradicação da Varíola anunciam em 1980 o êxito da campanha

Não apenas manchas na pele

O sarampo é uma doença causada por um vírus RNA da família dos paramixovirus. Assim como o Sars-CoV-2, causa infecção (ainda que com muito mais eficácia) e se reproduz nas vias aéreas superiores. Cerca de 90% das pessoas suscetíveis que se expõem ao vírus são infectadas.

O ser humano é único hospedeiro do vírus do sarampo. A doença se caracteriza por sintomas como febre, tosse, dor de garganta e um exantema característico (manchas na pele). Pode apresentar complicações como bronquite, laringite, pneumonia, encefalite e causa problemas na gravidez. A porcentagem de casos fatais é de um em mil, mas a taxa pode chegar a até 10% em países em desenvolvimento.

O imunizante foi desenvolvido nos anos 60 e é baseado em um vírus atenuado. São necessárias duas doses, geralmente administradas com as vacinas da rubéola e da caxumba.

Ainda que a vacina de sarampo tenha contribuído para a diminuir a mortalidade infantil (calcula-se que tenha prevenido 1,4 milhão de mortes no mundo), a doença está longe de ser erradicada — no momento em que a população deixa de se vacinar, imediatamente aparecem novos surtos. E, por ser muito contagiosa, o número de pessoas que sofreriam complicações seria grande o suficiente para saturar rapidamente os recursos hospitalares disponíveis — soa familiar?

Crédito, University of Victoria Libraries / Flikr

Legenda da foto,

Soldados canadeses enviados à Primeira Guerra, em quarentena por conta do sarampo: doença é altamente contagiosa

A vacina contra paralisia que se toma via oral

A poliomielite foi descrita pela primeira vez pelo alemão Jakob Heine em 1840. É causada por um enterovírus conhecido como poliovírus (PV), que é também um vírus RNA. A doença afeta principalmente o sistema nervoso e só acomete seres humanos.

A maioria das infecções de polio é assintomática. Só em 1% dos casos o vírus infecta e destrói os neurônios motores, causando fraqueza muscular e paralisia aguda, afetando principalmente as crianças.

A poliomielite é altamente contagiosa e se propaga facilmente por meio de secreções respiratórias e por rota fecal-oral. Em zonas endêmicas, o poliovírus é capaz de infectar praticamente toda uma população humana.

Existem duas versões da vacina, uma de vírus inativado, injetável, e outra de vírus atenuado, administrada via oral. Em 1988, a polio causava deficiência motora em mais de mil crianças por dia. A partir de um programa mundial de erradicação empreendido pela OMS, em 2001 o número de casos havia caído para menos de mil por ano.

A poliomielite está erradicada na maioria dos países ocidentais, mas não ainda em todo o mundo. Espera-se que ela seja a segunda doença viral eliminada do globo, depois da varíola.

A vacina antitetânica, a cada 10 anos

O tétano é uma infecção provocada por uma neurotoxina secretada pela bactéria Clostridium tetani, que pode ser encontrada em terras agrícolas, fezes e intestinos de animais de granja e ratos. Seus esporos, meio pelo qual se dissemina, entram no corpo geralmente por meio de ferimentos na pele.

Materiais que remontam ao século 5 a.C. descrevem a enfermidade. Hipócrates foi o primeiro que escreveu sobre os sintomas do tétano, como a hipercontração de músculos. A doença causa espasmos violentos, rigidez e desestabiliza o sistema nervoso autônomo.

Não existe imunidade natural, nem mesmo para aqueles que já tiveram contato com a bactéria e se curaram. Por isso, além de medidas de higiene, a imunização é a única forma de prevenção.

A vacina antitetânica se baseia em um "toxoide", uma versão inativa das toxinas liberadas pela bactéria que causa a doença.

Ele não desencadeia a enfermidade, mas ativa o sistema imunológico contra o agente patogênico. Tem uma taxa de efetividade de 99%, mas a proteção diminui com o tempo. Por isso, a revacinação a cada 10 anos é imprescindível.

A imunização é universal e sistemática para crianças e adultos, com calendários específicos vigentes em cada país. Ela é especialmente importante para aqueles com mais de 50 anos, idosos que vivem em asilos, moradores da zona rural, imigrantes, doentes que passarão por cirurgias, diabéticos, portadores de HIV, dependentes químicos e pessoas com tatuagens e piercings.

As vacinas vêm tendo papel importante em melhorar a qualidade de vida em todo o planeta. Previnem doenças e evitam sofrimento e mortes.

*María Mercedes Jiménez Sarmiento é pesquisadora do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC, agência espanhola de fomento à Ciência), bioquímica de sistemas da divisão bacteriana, comunicadora científica do Centro de Investigaciones Biológicas Margarita Salas (CIB - CSIC)

*Matilde Cañelles López é pesquisadora do departamento de Ciência, Tecnologia e Sociedade do Instituto de Filosofia (IFS-CSIC).

*Nuria Eugenia Campillo é pesquisadora titular de Química Medicinal no Centro de Investigaciones Biológicas Margarita Salas (CIB - CSIC)

Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler o artigo original.

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Qual doença foi erradicada pela vacina?

No Brasil, a vacinação foi responsável pela erradicação da varíola e da poliomielite (paralisia infantil). Veja nosso especial sobre a poliomielite.

Qual doença foi erradicada no mundo?

Há mais de 40 anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava que a varíola humana havia sido erradicada, isto é, completamente eliminada. A erradicação da doença em todo o planeta foi algo único na história e um dos maiores sucessos da saúde pública.

Qual doença foi erradicada no Brasil e voltou?

O último caso de poliomielite paralítica, causada pelo poliovírus selvagem, no Brasil ocorreu em 1989, na cidade de Souza-PB. A doença foi oficialmente erradicada do país em 1994, quando houve a validação da Organização Pan-Americana da Saúde.

Quantas doenças já foram erradicadas?

Embora exista um enorme esforço global na erradicação de doenças como poliomielite, sarampo e rubéola e difteria, a varíola é a única doença erradicada no mundo graças à vacina. A doença, causada por um vírus da família Poxviridae, foi uma das mais preocupantes em todo o mundo.