O Século das RevoluçõesO badalado século XIX foi palco de uma série de acontecimentos que modificaram o rumo da história ocidental. Embalado por um conjunto de transformações políticas, econômicas, culturais e sociais foi inaugurado um novo tipo de sentimento que foi utilizado como argumento para a formação de novos Estados-Nações durante o século, o nacionalismo. Show
Todas essas modificações foram acompanhadas de perto por revoltas e revoluções de cunho liberal que buscavam o fim do Antigo Regime e a união de territórios com características comuns. A Segunda Revolução Industrial influenciou diretamente no clima de tensão que envolvia o continente europeu, que estava em um momento de crescente urbanização e de um ideal de modernização que não casava mais com o autoritarismo e a falta de participação nos modelos políticos Europeus. A Primeira Onda Revolucionária, na década de 1820, estava intimamente ligada ao nacionalismo e ao liberalismo, surgindo como uma reação direta as implicações do Congresso de Viena (1815). Manifestando-se na Grécia (que vai conquistar sua unificação a partir dessa revolução), Espanha, Rússia, na Confederação Germânica (que viria a se tornar a futura Alemanha) e logrou algum sucesso em Portugal, com a Revolução do Porto que foi um fator determinante para a independência do Brasil. Como a maioria das revoluções liberais da década de 1820 foram suprimidas pelas forças conservadoras com o auxílio da Santa Aliança (um exército criado pela Prússia, Rússia e Áustria para barras as possíveis revoluções liberais que poderiam eclodir dentro do continente), em 1830 despontou um novo ciclo de levantes, principalmente, na França que havia restaurado a monarquia absolutista. Ocorre também o alargamento das manifestações para outros locais da Europa, como a Polônia e a Bélgica (que a partir da revolução se libertou do domínio holandês). A Península Itálica também se insurgiu contra a dominação austríaca durante a Segunda Onda de Revoluções. Desde a década de 1820, a Europa vivia uma onda de conflitos crescentes entre as monarquias restauradas pelo Congresso de Viena e os movimentos revolucionários. Nos anos de 1830, esses conflitos se aprofundaram, especialmente na França, e surgiu uma segunda onda
revolucionária que resultou em um conjunto de revoluções liberais que tomaram o continente. 📚 Você vai prestar o Enem? Estude de graça com o Plano de Estudo Enem De Boa 📚 Em 1815, o Congresso
de Viena se ocupou de restaurar algumas das principais monarquias europeias, restabelecer princípios do absolutismo e reprimir movimentos liberais. Na França, a casa dos Bourbon voltou ao poder com Luís XVIII, irmão de Luís XVI, o rei que havia sido condenado à guilhotina na Revolução Francesa. Seguindo os princípios estabelecidos no Congresso, Luís XVIII foi
responsável por estabelecer uma nova ordem monárquica em seu país. Naquele momento, o poder legislativo estava dividido em um sistema bicameral, ou seja, composto por duas câmaras. Nesse sistema, a Câmara dos Pares era constituída por indicados da coroa, e a Câmara dos Deputados eleita através do voto censitário. Além disso, o poder executivo estava novamente nas mãos do rei, retomando certos princípios do
absolutismo e desfazendo conquistas da Revolução Francesa. Diante dos conflitos e disputas que marcaram o governo de Luís XVIII, a sociedade francesa se dividiu em três grupos políticos principais: A Revolução de 1830 na FrançaEm 1824, após a morte de Luís XVIII, os conflitos se intensificaram com a ascensão ao poder de seu irmão Carlos X, líder dos ultrarrealistas. O novo monarca aprofundou os princípios absolutistas instaurados por seu antecessor e aumentou novamente os impostos para atravessar a crise econômica pela qual passava a França. Diante do descontentamento provocado pelas medidas tomadas pela coroa, a oposição liberal conquistou a vitória nas eleições de 1830, ameaçando o domínio de Carlos X. Em resposta, o rei fechou a Câmara e iniciou um processo de perseguição e repressão a seus opositores, que desencadeou uma grande revolta popular. Massas tomaram as ruas de Paris em julho de 1830 em oposição ao monarca, que fugiu para a Inglaterra temendo ter o mesmo destino de seu irmão, Luís XVI. Esses acontecimentos ficaram conhecidos como Jornadas Gloriosas de Julho, um processo que foi liderado pela alta burguesia e pelo duque Luís Felipe de Orleans, inspirado nos ideais que haviam sido propagados pela Revolução Francesa, sintetizados no lema “liberdade, igualdade, fraternidade”. Após a fuga de Luís XVIII, Luís Felipe de Orleans assume o trono francês com o apoio da burguesia, para evitar que um movimento mais radical chegasse ao poder. O novo monarca adotou diversas medidas liberais que eram de interesse da burguesia – promoveu novos acordos comerciais e fomentou a industrialização da França – que o fariam ficar conhecido como o rei burguês. ConclusãoOs acontecimentos de 1830 na França são continuidade dos conflitos iniciados com a revolução de 1789, mas não se limitaram a um único país. Movimentos semelhantes ocorreram nos Países Baixos, levando à independência da Bélgica, na Rússia, na Polônia e em territórios que hoje compõem a Itália e a Alemanha, entre outros. Os conflitos desse período também foram amplamente registrados pela arte e literatura francesas, como na obra do pintor Eugène Delacroix e no romance “Os miseráveis”, de Victor Hugo. A Liberdade Guiando o Povo (1830) - Eugène Delacroix Os acontecimentos dos anos 1830 são essenciais para entendermos seus desdobramentos nos anos seguintes, quando tem início a terceira onda revolucionária na Europa que resulta no período conhecido como a Primavera dos Povos. Exercício de fixação Unicamp/2014 Observe a obra do pintor Delacroix, intitulada A Liberdade guiando o povo (1830), e assinale a alternativa correta. A Os sujeitos envolvidos na ação política representada na tela são homens do campo com seus instrumentos de ofício nas mãos. B O quadro mostra tanto o ideário da Revolução Francesa reavivado pelas lutas políticas de 1830 na França quanto a posição política do pintor. C O quadro evoca temas da Revolução Francesa, como a bandeira tricolor e a figura da Liberdade, mas retrata um ato político assentado na teoria bolchevique. D No quadro, vê-se uma barricada do front militar da guerra entre nobres e servos durante a Revolução Francesa, sendo que a Liberdade encarna os ideais aristocráticos. Qual foi a base ideologia dos movimentos de 1830?A Revolução de 1830, na França, teve um caráter apenas liberal, isto é, antiabsolutista. Sua expansão para outras regiões da Europa, porém, assumiu também um caráter nacional, opondo-se às diretrizes do Congresso de Viena, que havia colocado várias nacionalidades sob o domínio de algumas potências européias.
Quais as ideologias que influenciaram as revoluções europeias de 1830 e 1848?As revoluções de 1830 e 1848 marcam o fracasso do Congresso de Viena e da Santa Aliança em tentar restaurar o absolutismo e conter movimentos de caráter liberal, nacionalista ou socialista na Europa.
Quais os dois eixos ideológicos das revoluções dos anos 1820 e 1830?Foi a primeira das ondas revolucionárias que abalou a Europa depois das Guerras Napoleônicas, repetida sucessivamente em 1820, 1830 e 1848. Seus eixos ideológicos foram o liberalismo e nacionalismo.
Quais foram as revoluções de 1830?Foi um movimento de caráter liberal e popular, liderado pela burguesia francesa, que derrubou do trono o rei Carlos X. Este movimento ficou conhecido como Revolução de Julho de 1830 e, também, como as Três Gloriosas (porque ocorreu nos dias 27, 28 e 29 de julho de 1830).
|