Qual a crítica apresentada no livro Lucíola?

Qual a crítica apresentada no livro Lucíola?

Duas mulheres com vidas completamente opostas
Por: Mary Ellen Farias dos Santos

Em julho de 2005


Mulheres de muita atitude que amam e lutam pelo que desejam. Este é o perfil geral das personagens principais das obras "Lucíola e Diva", de José de Alencar. Em Lucíola temos Maria da Glória uma jovem sonhadora que se vê diante de um grande problema: salvar a família com febre amarela. Para tanto, ela prostitui-se. O pai, ao melhorar de saúde, descobre a origem do dinheiro e a coloca na rua.

Após ser expulsa de casa, ela continua na vida promíscua. Ao perder uma amiga de trabalho, troca de nome, e passa a chamar-se Lúcia e a amiga que morreu "passa" a chamar-se Maria da Glória. Apesar das dificuldades de sua profissão, Lúcia, apaixona-se por Paulo, homem que a vê na corte como uma moça virgem. 

Ao ficar ciente da vida que Lúcia leva, eles vivem um caso, cheio de altos e baixos. Até que ela conta a sua verdadeira história. Ele descobre que ela tem problemas de saúde, coração. Lucíola tem uma narrativa completa e cheia de revelações, isto é, com vários ápices que permitem uma leitura fluente, transportando então, o leitor ao universo da mulher que prostitui-se, caí no mal, mas tem a sua redenção no amor, a purificação para todos os males, um pensamento bastante romântico.

Já em Diva, José de Alencar, tem um narrador, Amaral, que conta toda as suas aventuras romanescas com Emília, para Paulo. Sim, o personagem que Lúcia amou, em Lucíola. A história do médico Amaral e Mila é apresentada por Paulo. "Foi em março de 1856. Havia dois meses que eu tinha perdido a minha Lúcia. Sentia a necessidade de dar ao calor da família uma nova têmpera à minha alma usada pela dor. Parti para o Recife. A bordo encontrei o Dr. Amaral, que vira algumas vezes nas melhores salas da Corte. Formado em medicina, ela ia a paris fazer o estádio quase obrigatório dos jovens médicos brasileiros. [...] Um belo dia recebi uma carta de Amaral; envolvia um volumoso manuscrito, que é o que lhe envio agora, um retrato ao natural, a que a senhora dará como ao outro, a graciosa moldura".

Amaral, moço de vinte e três anos, negro apaixona-se por Emília, moça rica que não era muito provida de beleza, mesmo porque, a sua prima Júlia, a chamava de "esguicho de gente". Contudo, os anos passaram-se, aquela que era feia, tornou-se a bela dos salões, uma verdadeira beldade. "Quando aos dezoito anos ela pôs o remate a esse primor de escultura viva e poliu a estátua de sua beleza, havia atingido ao sublime da arte. Podia então, e devia, ter o nobre orgulho do gênio criador. Ela criara o ideal da Vênus moderna, a diva dos salões". O amor interracial é concluído? Não vale a pena responder, pois é mais do que certo de que a obra merece ser contemplada. Portanto, aproveite!

As obras que contam com textos condensados por Celso Leopoldo Pagnan não perdem a riqueza das obras de texto integral escritas por José de Alencar. O interessante da publicação são os rodapés que explicam o significado das palavras. Um exemplo está na página 67, de Diva. "Augusto: grandioso, imperioso / Paulo: é o narrador de Lucíola / Maçada: aborrecimento / Diva: beldade, mulher formosa". Além deste rodapé informativo, nas duas últimas páginas, o livro conta com a biografia do autor e um roteiro de leitura para cada um dos livros.

Livro: Lucíola e Diva
Autor: José de Alencar (texto condensado por Celso Leopoldo Pagnan)
100 páginas
Editora: Rideel

Qual a crítica apresentada no livro Lucíola?
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Classificação: 3 estrelas 🌟 🌟 🌟

Livro: Lucíola

Autor: José de Alencar

Editora: IBEP Nacional

Ano: 1862 – 2006

Páginas: 159

Sinopse:  ”Alencar apresenta em Lucíola, uma crítica de costumes do Rio de Janeiro durante o Segundo Reinado.Essa obra representa, por isso, um marco da ficção urbana de Alencar. Um dos mais polêmicos romances. Lucíola conta a história de um jovem de família tradicional que se apaixona por uma ex-prostituta.”

Tive lá minhas dificuldades para ler esse livro, devido ao meu tempo. Mas confesso que é ótimo.

A história é narrada por Paulo. Um jovem pobre que vem de outra província para o Rio de Janeiro. Paulo conhece Lúcia, uma jovem rica, de beleza divina, que o encanta. Entretanto, Lúcia vive só, sem seus pais ou marido. Ela é uma prostituta da Corte, vende seu corpo para os homens mais ricos e é muito amada pelos mesmos.

Paulo, por sua vez, fica indignado. Para ele, uma mulher tão linda não deveria se entregar a essas atitudes.

Paulo e Lúcia, depois de algumas brigas e entendimentos, começam a namorar. Mas não acaba por aí, o casal passa por muito preconceito, críticas, fofocas, intrigas…

Muitos conflitos que surgem ao longo do livro, são por culpa da “opinião pública “. Muitos petelecos na vida do casal, murmúrio pra cá e pra lá. Mas isso não deixa o livro chato ou menos interessante. Acho que serve para mostrar que, mesmo a história tenha se passado no Rio antigo, muitas pessoas, cabeças e opiniões não mudaram.

A personagem Lúcia é cativante. No começo, se forma um pré julgamento, já que a história é narrada em primeira pessoa. Conforme se passa o desenrolar da história, percebe-se o que leva a Lúcia a se prostituir e que na verdade há uma mulher inteligente, carinhosa e delicada por trás dessa fachada de vadia que todos colocam. Eu simplesmente amei ela.

Quando ela encontra Paulo, tenta ao máximo livrar-se de seu passado e começar de novo, junto com seu amado. Mas como citado acima, a corte do Rio não vai facilitar as coisas.

Ótima leitura, recomendo a todos.

”-Portanto tenho o direito de ser acreditada. As aparências enganam tantas vezes! Não é verdade?”  (cap II)

“Tinha-me saturado da poesia do mar, que vive de espuma, de nuvens e de estrelas; povoara a solidão profunda do oceano, naquelas compridas noites veladas ao relento, de sonhos dourados e risonhas esperanças; sentia enfim a sede em flor que desabrocha aos toques de uma imaginação de vinte anos,sob o céu azul da corte.” (cap II)

“Há de ser tão bom a gente sentir-se amada sem interesse!” (capIII)

“Essas borboletas são como as outras, Paulo; quando lhes dão asas, voam, e é bem difícil então apanhá-las. O verdadeiro, acredite-me, é deixá-las arrastarem-se pelo chão no estado de larvas.” (cap IV)

“Ainda que se tivesse passado anos, creio que em qualquer parte onde me encontrasse com o senhor, o reconheceria.” (cap IV)

“É um defeito meu. Não reparo na toilette das moças bonitas pela mesma razão por que não se repara na moldura de um belo quadro.” (cap IV)

”É o coração, quando fortemente confrangido por violenta emoção, que espreme esse soro do sangue que gela e coalha.”(cap IV)

”-Ah! Não repare! Sofro do coração; às vezes sobe-me o sangue à cabeça, fico muito pálida, e sinto uma dor aguda que me arranca lágrimas dos olhos!… Não é nada;passa-me logo.” (cap IV)

”- Todas são assim com pouca diferença; ninguém sabe qual é o fio que faz dançar essas bonecas de papelão.” (cap V)

”Uma mulher que pede, marca o preço de sua gratidão ou do seu amor; a mulher que não pede é um abismo que nunca se enche!” ( cap V)

”Com efeito, a reticência não é a hipocrisia no livro, como a hipocrisia é a reticência na sociedade?” (cap VII)

”Por isso quando em alguns livros moralíssimos vejo uma reticência, tremo! Se uma curiosidade ingênua de 15 ou 16 anos passar por ali, não verá abrir-se em cada um desses pontinhos o abismo do desconhecido?” (cap VII)

”Ora! Há tanta mulher bonita!Qualquer destas vale mais do que eu,acredite! [..] Que importa o nome? Sabe porventura o nome das aves e dos animais que lhe preparam esta ceia? Conhece-os?…Nem por isso as iguarias lhe parecem menos saborosas. (cap VII)

”Já conheces o amor dessa mulher: é um gozo tão agudo e incisivo que não sabes se é dor ou delícia; não sabes se te revolves entre o gelo ou no meio das chamas.” ( cap X)

”Lúcia tinha a poesia da voluptuosidade” ( cap XI)

”Há aqui no Rio de Janeiro certa classe de gente que se ocupa mais com a vida dos outros, do que com a sua própria; e em parte dou-lhes razão; de que viveriam eles sem  isso,quando têm a alma oca e vazia?” ( cap XI)

”Ah! Esquecia que uma mulher como eu não se pertence; é uma coisa pública, um carro de praça, que não pode recusar quem chega.” ( cap XII)

”Quem conhece o fio misterioso que leva o pensamento através do labirinto do passado a uma lembrança remota? ”  (cap XII)

”Não conheço mais estúpido animal do que seja o bípede implume e social, que chamam de homem civilizado. ” (cap XIII)

”Passei esta noite, continuei, cheio de teu pensamento e de tua imagem.” (cap XIV)

”Não se morre de dor, poque não morri  esta noite!” (cap XIV)

”O amor purifica e dá sempre um novo encanto ao prazer. Há mulheres que amam toda a vida; e o seu coração, em vez de gastar-se e envelhecer, remoça como a natureza quando volta a primavera.” (cap XV)

”Porque não queres; porque já não és a mesma!

-Não decerto, não sou a mesma!  Mudei tanto!” (cap XV)

”O tempo é remédio soberano.” (cap XVII)

”-E de quem é? De quem te fez tão bonita? (cap XVII)

”Mas o senhor não sabe que posso comprar o que me parecer sem que reparem; e não posso vender coisa alguma sem que me suponham arruinada?” (cap XVII)

”Tudo muda!Tudo passa! (cap XVIII)

” Sofri muito, ainda sofro; mas sinto a necessidade de perdoar.” (cap XIX)

”Quando me chamas assim, Paulo, murmurava ela, parece-me que tu me embebes  e me afagas num só e imenso beijo que me envolve toda.” (cap XX)

”-Elas não sabem, como tu, que eu tenho outra virgindade, a virgindade do coração!” (cap XX)

”Tu deves ler dentro de mim, e compreender o que eu não sei dizer, o que não sei nem mesmo pensar.” (cap XXI)

”Almas como as de Lúcia, Deus não as dá duas vezes à mesma família, nem as cria aos pares, mas isoladas como os grandes astros destinados a esclarecer uma esfera.” ( cap XXI)

”Há nos cabelos da pessoa que se ama não sei que fluído misterioso, que comunica com o nosso espírito.” (cap XXI)


OBS: Post do blog antigo (10/11/2015)

O que o livro Lucíola retrata?

Resumo do livro Lucíola de José de Alencar. Foi publicado em 1862; Alencar sofreu ataques de ordem literária e linguística por causa da obra porque retratava o câncer social da prostituição (Lúcia que era meretriz, que encantava os olhos de Paulo) problema que os homens do século XIX conheciam, mas preferiam ignorar.

Qual a mensagem do livro Lucíola?

José de Alencar constrói, nesse romance urbano, a purificação da alma de Lucíola. Os seus erros do passado não são perdoados no amor romântico, por isso ela não pode ser feliz. O livro também faz uma crítica contra o preconceito.

Qual a crítica social inserida na prosa romântica Lucíola de José de Alencar?

As obras de José de Alencar costumam fazer uma crítica social aos valores e aos costumes da época, demonstrando as relações por interesse e o rompimento de valores morais, observado tanto em “Lucíola”, quanto na obra “Senhora”.

Qual o tema central desenvolvido por Alencar em Lucíola?

Em todos os romance urbanos, Alencar aborda o amor como tema central. Ou, para ser mais exato, “aborda a situação social e familiar da mulher, em face do casamento e do amor”.