Atividades como teatro, filmes, séries, poemas e danças são feitas por e para surdos em Libras. Show
A cultura surda vem ganhando destaque positivo dentro da comunidade. É por meio da arte que os surdos estão manifestando as lutas, ideologias, histórias e produzindo entretenimento. Todo o material é feito por e para surdos em Língua Brasileira de Sinais (Libras) com o apoio de expressões corporais. O principal objetivo é a expansão e o apoderamento desse tipo de manifestação que ainda é tão pouco conhecida e estereotipada. De acordo com a pesquisadora surda brasileira, Karin Strobel, em publicação no livro ‘As imagens do outro sobre a cultura surda’ (2008): “o artista surdo cria a arte para que o mundo saiba o que pensa, para divulgar as crenças do povo surdo […]” As manifestações variam em diferentes produções. No teatro, a Libras não é só um canal de comunicação, mas está em cena com o papel principal. Diferentes expressões corporais e gestuais se convergem como uma grande mistura de experimentações estéticas causando sensações no público. Também há produções de filmes, séries e desenhos animados. Em setembro deste ano (2019), a Tv Cultura inaugurou ‘Crisálida’, a primeira série brasileira bilíngue, em libras e português, em quatro episódios. A produção foi protagonizada por jovens surdos que, em uma narrativa, contam a importância da Língua de Sinais como agente transformador dos envolvidos no universo visual. No ano passado, o diretor Paulo Henrique dos Santos produziu o primeiro desenho animado em Libras, ‘Min e as mãozinhas’. A animação tem 13 episódios e ensina sobre a linguagem dos sinais. O principal objetivo do projeto foi que os professores pudessem utilizar o material no âmbito acadêmico para crianças surdas. Lançado no final de 2010, o filme-documentário ‘História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil’ (vídeo), aborda sobre o movimento de luta pelos direitos das pessoas com deficiência. Produzido com diversos depoimentos, entre eles os surdos Antônio Campos de Abreu e Karin Strobel, além da surdocega Cláudia Sofia Indalécio. O longa aborda a criação de vários órgãos e institutos ligados à causa. Nos poemas, a rima é marcada pela repetição de configuração de mão, nos movimentos e também na orientação, por exemplo temos o poema de Dia das Mulheres, por Rimar R. Sengala (vídeo). Ritmo, simetria e classificadores são algumas das técnicas utilizadas para dar vida a poesia surda. Outra produção bilíngue é a Slam do corpo, uma batalha de poesias, a qual duplas de poetas (um surdo e um ouvinte), recitam ao mesmo tempo criando um potente encontro entre línguas. Créditos
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Conhecer a cultura dos surdos – e repassar este conhecimento às crianças – é crucial para a inclusão dos surdos.Você sabe o que é cultura surda? Essa é uma pergunta cuja resposta nem sempre é positiva, mas deveria ser, e é papel de cada um de nós conhecer e aprender mais sobre ela, já que ela tem um papel fundamental na inclusão verdadeira de surdos em todos os campos da sociedade. De acordo com a PNAD Contínua de 2012 a 2018, o Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda e a OMS, pelo menos uma a cada 50 crianças e um a cada 20 adultos possui comprometimento auditivo no Brasil. Essa realidade está bem perto de nós, o que torna ainda mais importante conhecer a cultura surda, de modo que sejamos elementos ativos na inclusão de surdos e possamos instruir nossas crianças no mesmo caminho, até chegar o momento em que isso esteja intrínseco na sociedade. Nos acompanhe na leitura para conhecer a definição de cultura surda, a história desse termo e o que precisamos saber para contribuir positivamente com as pessoas com comprometimento auditivo, sejam nossos filhos, netos, sobrinhos, amigos, conhecidos ou desconhecidos. Cabe ressaltar que o Clube de Leitura Quindim usou como uma das referências para a produção deste conteúdo um ótimo artigo do Instituto Federal da Paraíba (IFPB), que explica muito bem sobre essa cultura tão rica e importante. O que é cultura surda?É o conjunto de crenças sociais, comportamentos, artes, tradições literárias, valores e instituições compartilhadas de comunidades influenciadas por comprometimentos auditivos e que recorrem à língua de sinais como principal meio de comunicação. O fato de ter algum tipo de comprometimento auditivo, seja ele leve ou intenso, não inviabiliza que as pessoas interajam com a língua, participem ativamente da sociedade ou produzam cultura e arte, pelo contrário: abre novas formas de fazê-lo. Assim como acontece com várias outras minorias linguísticas, as pessoas surdas desfrutam de uma cultura única e merecedora de respeito. Mas apenas nos últimos anos é que as pesquisas começaram a abordar diferentes aspectos da comunicação, sociedade e relacionamentos dos surdos. A grande questão é que essa cultura, infelizmente, ainda é pouco conhecida, especialmente entre o grupo dos ouvintes. Porém, o ponto positivo é que ainda há tempo para se aprofundar mais neste tema, e cada um de nós tem um papel essencial para a divulgação da cultura surda. Veja também: O que é alteridade e empatia: quais são as diferenças e como ensinar esses conceitos aos pequenos Quando surgiu a cultura surda?É um pouco difícil ser muito preciso aqui. Afinal de contas, o comprometimento auditivo sempre existiu na humanidade e, portanto, encontrar registros claros do início da cultura surda é uma atividade bem complicada, se é que é possível. Ainda assim, podemos apontar para alguns marcos importantes. Um deles é a Língua de Sinais Francesa (Langue des Signes Française, ou LSF), que, de acordo com a Encyclopaedia Britannica, teve seus primórdios por volta da metade do século XVIII. O sistema foi desenvolvido por Charles-Michel, abbé de l’Epée, educador de crianças surdas pobres, que tinha como objetivo permitir a soletração de palavras em francês por meio de um alfabeto manual e, assim, expressar conceitos completos com sinais simples. A LSF derivou do trabalho de Charles-Michel, da qual inclusive veio também a Língua de Sinais Americana (American Sign Language, ou ASL). Sua história aponta para o ano de 1814, quando a primeira escola para crianças surdas foi fundada em Hartford, Connecticut. As línguas de sinais mais usadas em todo o mundo são as seguintes, com a maioria das estimativas de falantes derivadas do Ethnologue: Languages of the World, publicação anual que é referência em estatísticas e outras informações sobre as línguas vivas de todo o mundo:
Em relação ao termo “cultura surda”, por sua vez, quem o cunhou foi Carl G. Groneberg, linguista surdo sueco-americano que foi um nome muito importante na Língua de Sinais Americana. Ele, inclusive, foi o primeiro a discutir as analogias entre as culturas surda e ouvinte em 1965. Quais são os principais elementos da cultura surda?Também de acordo com o IFPB, alguns dos principais elementos da cultura surda são os seguintes:
Leia também: Livros para falar sobre diversidade com as crianças Veja também: O que é identidade surda? Conheça os 5 tipos de identidade surda Exemplos de cultura surdaDepois de todos esses esclarecimentos, cabe também destacar um exemplo da cultura surda na prática, algo que a comunidade ouvinte nem sempre conhece, compartilhado pela British Deaf Association (BDA, ou Sociedade Britânica dos Surdos, em tradução livre). Imagine, por exemplo, a forma que os surdos interagem em um restaurante. Existe um constante contato visual para se comunicar nas línguas de sinais, ao passo que os ouvintes não fazem tanto contato assim e podem continuar comendo. A própria BDA cita um trecho do livro “Vendo vozes: Uma viagem ao mundo dos surdos” (1989), do Dr. Oliver Sacks, em que ele conta o que sentiu, como ouvinte, ao entrar em contato com a cultura surda em sua visita à Universidade Gallaudet (EUA), única no mundo com programas desenvolvidos para pessoas surdas. Segue o trecho, em sua versão em português:
APROVEITE ESTE MOMENTO PARA INCENTIVAR A LEITURA! Qual e a importância da cultura surda?Qual a importância da cultura surda? É justamente dentro da cultura surda que as pessoas se reconhecem e podem exercer uma melhor comunicação e interação com os demais indivíduos. Além disso, por usar principalmente a Libras, as pessoas surdas se expressam com mais facilidade e sem preconceitos dentro desses grupos.
Qual a relação dos surdos com a cultura surda?O sujeito surdo era privado de partilhar da convencional cultura ouvinte oralista, por isso a cultura surda nasceu da necessidade de uma minoria que se identificava através da Língua de sinais (LIBRAS), formando grupos para melhor comunicação e aceitação do ser surdo, alcançando expressivo crescimento e visibilidade.
Como e a cultura do surdo?A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos, abrangendo não apenas aspectos mais corriqueiros da vida de cada um, mas também o grupo social que constituem.
O que e a cultura e comunidade surda?É o conjunto de crenças sociais, comportamentos, artes, tradições literárias, valores e instituições compartilhadas de comunidades influenciadas por comprometimentos auditivos e que recorrem à língua de sinais como principal meio de comunicação.
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