Histórico Espetáculo que inicia a fase nacionalista do Teatro de Arena e lança o autor Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), que serve de modelo e estimulo para outros jovens escritores dramáticos brasileiros. Em 1957, José Renato resolve assumir a produção de O Cruzeiro Lá no Alto, texto de Gianfrancesco Guarnieri, prevista para ser a última montagem do grupo, que passa por graves dificuldades financeiras. Rebatizada, por sugestão de José Renato, como Eles Não Usam Black-Tie, provocativa referência ao Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), e a seu público. A peça trata de uma greve operária, colocando em cena moradores de uma favela e seus problemas socioeconômicos. O texto faz um recorte preciso de um momento altamente dramático: o jovem operário Tião fura o movimento grevista, pois, tendo engravidado a namorada, teme perder o emprego na hora em que mais necessita dele. As conseqüências de sua
atitude são dolorosas e ele é obrigado a enfrentar não apenas seu pai, o líder grevista, mas também sua própria namorada, que o impele à frente de luta e o abandona. Eugênio Kusnet (1898-1975), com sua larga experiência no método de Stanislavski, encarna o velho Otávio; Lélia Abramo (1911-2004),
politizada intelectual vinda de experiências junto a grupos operários anarquistas, vive a mãe Romana; Miriam Mehler (1935), recém-formada pela Escola de Arte Dramática (EAD), encarrega-se de Maria, amor de Tião, interpretado pelo melhor ator do Arena no período - Gianfrancesco Guarnieri,
depois substituído por Oduvaldo Vianna Filho (1936-1974). Os outros papéis cabem a Flávio Migliaccio, Riva Nimitz, Chico de Assis (1933-2015) e Milton Gonçalves (1934). A encenação de José Renato é simples, direta e eficiente. Valoriza o enredo e dá corpo às personagens, imprimindo dramaticidade e energia à ação. Utiliza um samba composto por Adoniran Barbosa para pontuar passagens significativas da trama. Êxito surpreendente para quem pensava em fechar as portas, Black-Tie permanece um ano em cartaz, cumprindo posteriormente bem-sucedida carreira no interior de São Paulo e no Rio de Janeiro. Animado pelo sucesso, o Arena investe forças na criação de outros textos nacionais, instituindo o Seminário de Dramaturgia, de onde sairão os textos para as montagens seguintes, que respondiam à necessidade do público de ver nos palcos a realidade nacional. Até 1960, foram montados, entre outros: Chapetuba Futebol Clube, de Oduvaldo Vianna Filho; Quarto de Empregada, de Roberto Freire (1927-2008); Fogo Frio, de Benedito Ruy Barbosa. Destaca o crítico Sábato Magaldi (1927): "A encenação de José Renato foi, até aquele momento, a mais homogênea e de rendimento uniforme e satisfatório. E a recompensa supunha muitas dificuldades para transmitir a veracidade do texto, porque formavam o elenco atores inexperientes ou estrangeiros. Valorizou a montagem a maturidade, orientada no sentido do despojamento. [...] Em poucos trabalhos ele não revela a preocupação de inventar algo, para que sua presença ficasse marcada. Aqui, o encenador se libertou da sedução de impor os próprios achados e atingiu a autenticidade, por despir o conjunto de efeitos. Não seguiu, também a falsa pista do pitoresco no morro, despreocupando-se da tarefa quase impossível, na arena, de mostrar a cor local".1 Eles Não Usam Black-Tie é a primeira de muitas outras encenações que colocam o Teatro de Arena como o conjunto de maior representatividade em São Paulo até meados da década de 1960. Notas 1. MAGALDI, Sábato. Um palco brasileiro: o Arena em São Paulo. São Paulo: Brasiliense, 1984. Ficha TécnicaAutoria Direção Direção de cena Trilha sonora Música Elenco Obras 1 Registro fotográfico Hejo Fontes de pesquisa 8
Como citarPara citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
Qual o tema da peça Eles não usam BlackA peça era encenada numa favela dos anos cinquenta e tinha como tema a greve. Em vez de ricos e poderosos entraram em cena operários e moradores do morro. Os conflitos da realidade brasileira, naquele momento, ganharam espaço na arte e sacudiram a crítica, o público e especialmente a sociedade conservadora da época.
Onde se passa a história do livro Eles não usam BlackA peça constitui um drama que gira em torno de uma greve de trabalhadores de uma fábrica metalúrgica. Toda a história se passa no barraco de uma família de operários que vivem em uma favela do Rio de Janeiro. A greve irá opor o pai da família, Otávio, ao filho, Tião.
Qual foi a atitude de Tião em relação à greve dos trabalhadores da fábrica?Ele tem mágoas de seu pai por causa disso e o culpa pelo distanciamento, justificando que aconteceu em virtude do seu envolvimento com as lutas trabalhistas. O comportamento resistente de Tião em relação à greve dos trabalhadores parece justificar-se, de certo modo, por ter sido afastado dos pais na infância.
Em que ano foi gravado o filme Eles não usam black?Já o ator Gianfrancesco Guarnieri ganhou o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) na categoria de Melhor Ator. Reprise 134 min. Ano: 1981. Gênero: drama.
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