Qual o princípio da evolução do mindset ágil na gestão empresarial segundo a agilidade moderna Modern Agile )?

Não sei você, mas já faz um tempo que tenho escutado, com frequência, que métodos ágeis são o futuro da gestão. Em todos esses anos atuando como gestor, de projetos e equipes, vivenciei mudanças do mundo corporativo na última década, e como as demandas do mundo novo traz a necessidade de processos, de fato, mais ágeis e simples. No entanto, entendo que a metodologia ágil não é um conjunto de regras e ferramentas que ao serem seguidas, automaticamente, tornarão sua equipe mais eficiente. É um conceito de desenvolvimento cultural e comportamental no processo de transformação digital nas corporações, e está diretamente ligada a valores organizacional e mindset dos profissionais.

Os métodos ágeis surgiram na indústria de Tecnologia da Informação para resolver problemas comuns a quase toda organização que precisa gerenciar projetos: as etapas de produção muito longas e sem entregas definidas; a falta de clareza e comunicação entre os times; o desalinhamento entre equipe e cliente e outros. Por isso, eles rapidamente foram também adotados em outros mercados e para projetos além dos de tecnologia. A revolução do mindset ágil está transformando o mundo do trabalho

Manifesto ágil

O Manifesto Ágil foi criado em 2001 como uma base de processos que facilitavam o desenvolvimento de softwares com base em metodologias simples por 17 profissionais de diferentes áreas de tecnologia. Tal manifesto é uma declaração de valores e princípios essenciais para o desenvolvimento de software. Embora seja relacionada a um setor tecnológico, os impactos do Manifesto e do desenvolvimento ágil proposto por ele são inegáveis para empresas de diversos setores.

Conversei recentemente no Chez Nous com a querida Ana Baldini, uma estudiosa do assunto que trouxe vários insights sobre este tema. Segundo ela, após a Revolução Industrial a velocidade e flexibilidade necessários para se criar produtos competitivos forçava as empresas a mudarem suas estratégias, a medida em que a evolução tecnológica foi se intensificando o mercado precisou repensar seu modelo de gestão e organização a fim de continuar entregando valor aos clientes, de forma rápida, atingindo as expectativas.

Através deste trabalho, passou-se a valorizar 4 pilares principais:

•      COMUNICAÇÃO: Processos e ferramentas são importantes, mas devem ser simples e úteis para promover interações entre os indivíduos.

•     PRATICIDADE: Documentação também é importante, mas que seja somente o necessário e que agregue valor, o que os clientes procuram de fato é resultado, software funcionando pode ser um indicador de que sua equipe construiu algo.

•     COLABORAÇÃO: Mais que negociações de contratos, as tomadas de decisões devem ser em conjunto e trabalho em equipe, colaboração com o cliente e membros do projeto, fazendo que todos sejam um só em busca de um objetivo.

•     FLEXIBILIDADE: As incertezas do mundo nos impedem de seguir planos enormes e cheios de premissas. O ideal é responder as mudanças, aprender com as informações e feedbacks e adaptar o plano regularmente.

“A agilidade nasceu do contexto de que o mundo que estávamos habituados por décadas não existe mais, no entanto não temos certeza de como ele vai ser, nos encontramos nesse período de transição, e adotar um mindset ágil nos permite adaptar a realidade a tais condições incertas”, comenta Ana.

Todo projeto precisa ter um início e um fim bem definidos, mas sua execução pode se estender por períodos de mais de um ano – durante os quais muita coisa pode acontecer. Então, era preciso desenvolver métodos inteligentes e eficientes que conseguissem contornar esses problemas e que pudessem simplificar a forma como os projetos eram executados – gerando impactos positivos em sua finalização. Começaram a ser implementados então os métodos ágeis. Normalmente, o que se entende pelo ciclo de um projeto são as seguintes fases:

•      Início do projeto

•      Organização e preparação

•      Execução do trabalho

•      Encerramento do projeto

Quando uma fase se encerra, algum produto do trabalho é levado para a fase seguinte, produto esse que foi avaliado e aprovado por um responsável. Entretanto, quando se trata do ciclo de vida de projetos ágeis, o começo e final de cada fase representa um ponto de reavaliação do trabalho que será e já foi realizado. Nesses casos, é mais fácil e rápido diagnosticar e corrigir erros que impactam na performance.

“Na esteira da formação de equipes multifuncionais, está a importância da colaboração. Isso porque, em geral, as tarefas ou problemas a serem resolvidos são de alta complexidade e requerem um esforço conjunto. Cada um dos membros contribuirá com seus conhecimentos específicos, o que gerará um aprendizado mútuo. A ideia é que, durante o tempo em que os colaboradores estiverem reunidos, todos consigam aumentar seu desempenho por meio da compreensão de que o resultado é a soma do trabalho de cada parte” reforça Ana.

Métodos ágeis

Em oposição aos modelos tradicionais, as metodologias ágeis propõem ciclos de desenvolvimento curtos, com entregas bem definidas e foco na melhoria contínua dos processos e alinhamento da equipe. Com isso, passou a ser mais simples identificar erros e falhas durante a execução do projeto e as pessoas envolvidas nele ganharam mais flexibilidade e facilidade para fazer adaptações e evitar que determinados problemas afetassem o seu resultado final.

Como exemplos de métodos ágeis, pode-se citar o Scrum, o Kanban, o Lean e muitos outros – sobre os quais vamos falar nos próximos parágrafos:

1. Scrum

Se rapidez é urgência, esta pode ser uma grande aliada. Através dos seus “sprints” (ciclos de desenvolvimento) uma série de atividades precisam ser executadas em um determinado espaço de tempo. Essa metodologia permite que as empresas forneçam soluções inovadoras na medida em que as demandas surgem no mercado.

2. Kanban

Altamente adaptável a qualquer empreendimento, o objetivo é buscar evolução. Na prática, o método consiste em indicar num quadro, por meio de cartões, os fluxos de produção. À medida que o projeto evolui, as informações na tabela mudam e, quando uma nova tarefa entra em jogo, um novo cartão é criado. O Kanban requer comunicação e transparência de toda a equipe para que funcione.

3. XP

Esta é uma que pode ser adaptada a empresas de desenvolvimento de várias dimensões. A metodologia enfatiza valores como comunicação, simplicidade, feedback, coragem e respeito, e prioriza a satisfação do cliente acima de tudo.

4. Crystal

O foco desta metodologia ágil está nas pessoas, em suas interações, habilidades, talentos, comunicação e convívio social. O objetivo é oferecer o melhor processo de desenvolvimento possível a um projeto. Alistair Cockburn, criador do método acredita que trabalhar o talento e a maneira como as pessoas interagem faz da metodologia extremamente leve e flexível, trazendo benefício para todos os participantes do projeto.

5. Lean

Baseia-se em reduzir desperdícios da produção e eliminar custos desnecessários. Criada pela Toyota, oferece uma estrutura de valores e boas práticas que seguem sete princípios essenciais: excluir as coisas que não importam; desenvolver com qualidade; constituição de conhecimento; comprometimentos divergentes; entrega rápida e otimização do todo.

Como citado, não são as técnicas que garantirão a eficiência da sua equipe por adotar uma “metodologia ágil”, todas essas técnicas são ferramentas que auxiliam e facilitam os processos, mas é precisar trabalhar e transformar o mindset e a cultura da organização para uma agilidade efetiva.

Transformação ágil

A contemporaneidade é marcada pelas características do mundo VUCA/BANI,  necessitando cada vez mais de adaptabilidade e resiliência de pessoas e de organizações. A transformação ágil é o meio pelo qual a administração busca implementar métodos ágeis em suas equipes ou, até mesmo, em toda a organização. Tal transformação trata-se de um processo educacional e cultural que atinge toda a empresa, aos poucos, em todas as áreas, melhorando os processos internos. Para as empresas conseguirem superar as incertezas, é fundamental ajudar as pessoas a enxergarem os problemas internos – onde estão os gargalos e onde os processos falham.

“E essa transformação se dá por crenças. Qual a razão da empresa? Quais suas dificuldades? O que eu preciso no meu time? Quais profissionais buscar? Quem será o líder ideal que promoverá a autonomia da equipe? As respostas de questões como essas é o que define o ponto A, que define o que a organização pensa hoje, e o ponto B, como enxerga um futuro melhor e as necessidades de melhora. Essa é essência da transformação ágil. Buscar soluções. Mas, para isso, as pessoas precisam entender e acreditar nos valores das coisas.

“Para que uma empresa possa acompanhar o processo de disrupção originado pelo mundo VUCA/BANI, a gestão deve ser capaz de envolver uma força de trabalho multigeracional, trabalhar em equipe de forma colaborativa e ter inteligência cultural para além das próprias fronteiras” alerta Ana.

Ao contrário do que muitos gestores imaginariam, mesmo com tamanha imersão no meio digital, as pessoas estão no centro da gestão. Dessa maneira, é fundamental que os líderes desenvolvam novas habilidades para conseguir enxergar competências individuais e como elas se comportam no âmbito da coletividade. Para tanto, é preciso criar nos colaboradores uma mentalidade de que todos são corresponsáveis pelo crescimento da organização e devem contribuir com a gestão.

"Para isso, seus times devem ter direcionamento, alinhamento com os propósitos da organização e comprometimento com as estratégias e mudanças. Além disso, a gestão deve se ocupar de ações para desenvolver mentalidades focadas na resiliência e crescimento pessoal”, comentou Ana

Equipe ágil

Uma equipe ágil está focada em devolver soluções inovadoras para ampliar o valor entregue ao cliente, o mais rápido possível utilizando ferramentas como Scrum e Kanban. Já uma liderança ágil precisa fazer com o que a mentalidade e as metodologias ágeis sejam aplicadas, garantindo que as equipes ágeis sejam incluídas nos setores-chave, que haja experimentação, decisões descentralizadas e flexibilidade, mas sem perder de vista as operações que sempre garantiram integridade dos negócios.

“Uma equipe completa não precisa de um líder que dite os passos de cada membro, mas que unifique a mesma visão de objetivo final entre eles. É preciso aprender a confiar nos profissionais que escolheu para o time e apenas servir de facilitador e transmissor da estratégia para garantir que a missão seja sucedida, sem roteirizar o que cada um vai fazer”, orienta Ana.

Uma liderança ágil exige que os executivos criem sistemas equilibrados que ofereça ao mesmo tempo estabilidade e agilidade. Ou seja, atuar de forma ambidestra ao buscar padronizar operações e investir em inovações. Buscar esse equilíbrio não é tarefa fácil. Além de variar de empresa para empresa, não se pode correr o risco de ficar obsoleto ao continuar replicando processos ou tornar a organização caótica ao querer mudar rápido demais.

É por isso que o primeiro passo da liderança ágil deve ser criar métricas para determinar o quão ágil a organização é, até que ponto pode ser e qual o tempo necessário para analisar e reavaliar se as metodologias ágeis têm levado a empresa para o caminho correto.

Para que esse novo pensamento de flexibilidade seja posto em prática, é preciso que a organização tenha uma base conceitual sólida, de forma que os colaboradores compreendam essa conexão com a nova realidade.

Nesse sentido, as lideranças corporativas precisam se empenhar em repensar a cultura da empresa, a partir da compreensão de quais efeitos o mundo VUCA/BANI estão gerando na vida da empresa — incluindo os próprios colaboradores.

O modelo de gestão precisa focar em agilidade e flexibilidade para que a empresa não perca tempo com atitudes pouco produtivas. Por isso, o excesso de burocracia precisa ser eliminado, a comunicação e entendimento entre os colaboradores deve aumentar, e as formas de acompanhamento das lideranças precisam oferecer insumos que apontem se as estratégias da organização estão surtindo efeito.

Nosso mundo moderno é mais complexo do que nunca. Quais são as razões e os efeitos? Problemas e suas repercussões dividem-se em multicamadas mais difíceis de entender. Essas camadas também se misturam, tornando impossível obter uma visão geral de como as coisas estão relacionadas. As decisões são reduzidas a uma emaranhada rede de reação e contrarreação — e escolher o caminho correto é quase impossível.

“Os perfis precisam se complementar para ter uma visão panorâmica do objetivo e utilizar os recursos de melhor forma possível durante o processo. Apesar da complexidade nos impedir de ter o controle das causas e efeitos, a geração de hoje tem uma facilidade maior em encontrar soluções continuamente, o que pode ser uma ‘carta na manga’ para as equipes enfrentarem tempos de incertezas”, destaca Ana.

A mentalidade ágil se tornou uma cultura que envolve valores, princípios e práticas que juntas têm como missão substituir a gestão focada no comando e controle, por uma liderança flexível, focada no cliente e com alto poder de adaptação. No entanto, por mais que metodologias como o Scrum — que tem como foco o trabalho criativo e adaptável na solução de problemas complexos — ou o Kanban — que visa reduzir prazos e gerenciar a quantidade de trabalho em andamento — ainda é comum que líderes apliquem o ágil com mentalidade de comando e controle.

O que nos leva a crer que colocar tais metodologias em prática exige que haja uma mudança no mindset dos executivos, principalmente dos C-Levels. Portanto, se uma empresa quer crescer de forma acelerada, entregar valor para o cliente e criar um ambiente que seja de fato ágil é preciso investir em uma liderança inovadora que atinja os vários níveis de gestão da organização.

Executar grandes projetos faz parte do dia a dia de boa parte das pessoas e encontrar formas de deixar seus processos mais simples e eficientes é essencial para ter sucesso. Agora que você já conhece as metodologias ágeis e já sabe como algumas podem ser aplicadas em seus trabalhos, é hora começar a utilizá-las e ver seu impacto na prática.

Caso queira ver o papo com a Ana no Chez Nous é só clicar aqui!

O que é Mindset ágil?

A mentalidade ágil é um processo de pensamento que envolve compreensão, colaboração, aprendizado e flexibilidade para alcançar resultados de alto desempenho. Ao combinar a mentalidade ágil com processos e ferramentas, as equipes podem se adaptar às mudanças e agregar valor incremental aos clientes.

O que é o Modern Agile?

O que é modern agile? O modern agile é uma evolução da linha de pensamento ágil. Desde a ampla disseminação das metodologias e mentalidade ágil na última década, algumas empresas, líderes ágeis e profissionais pioneiros nesta abordagem descobriam uma forma mais simples e consistente de ser ágil.

Quais foram os 4 valores fundamentais para a criação do mindset ágil?

Os 4 valores do manifesto ágil.
Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas..
Software em funcionamento mais que documentação abrangente..
Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos..
Responder a mudanças mais que seguir um plano..

Quais são os princípios das metodologias ágeis?

A base das metodologias ágeis é alcançar a satisfação do cliente, e para isso é preciso construir soluções que levem em conta os feedbacks do cliente ao longo do desenvolvimento do projeto. Com o tempo, é possível atingir a excelência.