Qual um dos principais fatores que provocaram mudanças na economia brasileira a partir de 1930?

    Interpretação furtadiana da economia na década de 1930:

  • Intervenção governamental (desvalorização cambial, expansão da oferta monetária, retenção e queima dos estoques da café) resultou na sustentação do nível de renda nominal e do produto.
  • Deslocamento do centro dinâmico da economia para a indústria e o mercado interno, com o investimento (I) privado e os gastos governamentais (G) assumindo preeminência na demanda agregada.

    Boris Fausto e o "estado de compromisso" na Revolução de 1930.

    Plataforma de governo da Aliança Liberal, apesar de não falar em industrialização, falava em diversificação da economia.

  • A AL baseou-se na concepção então usual de diferenciar indústrias naturais das artificiais a partir da necessidade ou não de barreiras protecionistas: complementaridade dos interesses agrários e indústrias
  • As recorrentes crises do balanço de pagamentos, que quase sempre terminavam em uma desvalorização do mil-réis, terminavam por funcionar como estímulo à produção para o mercado interno, dado o encarecimento das importações

    Ainda que a Aliança Liberal tenha sido composta majoritariamente pelos interesses das oligarquias regionais, disto não se segue um viés antiindustrialista, menos ainda quanto aos revolucionários de 1930, dentre os quais os militares, já nesta época defensores da industrialização nacional.

    A argumentação de Furtado (1977, p. 195–203) mostra que essa inflexão no “centro dinâmico” da economia em direção da indústria não pode ser reduzida a mero reflexo da crise internacional. De um lado porque a economia cafeeira já estava estruturalmente apresentando problemas cíclicos recorrentes desde o final do século XIX, a exigirem crescentes intervenções governamentais. A crise internacional apenas aguçou e escancarou o estrangulamento externo e os gargalos de longo prazo do modelo exportador, como o endividamento externo e os desequilíbrios recorrentes no balanço de pagamentos. E, de outro, porque a atuação do governo fora fundamental para delinear a trajetória dos acontecimentos. Este executou uma política anticíclica, antecipando Keynes (interpretação criativa de Furtado que Pelaez pretendeu refutar, com o argumento segundo o qual se houvera algum crescimento o mesmo se devia aos mecanismos de mercado, como a decisão dos empresários na crise de diversificar os investimentos, além de mostrar que parte do financiamento se deu não através do crédito, mas da adoção de novos impostos, medida restritiva e não de expansão da demanda agregada). Para Furtado (1977, p. 178–185), o governo, pragmaticamente percebendo a importância do café na pauta de exportações, preferiu incentivar a colheita, mesmo em havendo superprodução, e a destruído parcialmente com a queima do produto. Tais medidas foram financiadas com crédito via expansão monetária, dada a escassez de financiamento externo na conjuntura de crise. Além disso, desvalorizou o câmbio, imprescindível para no curto prazo segurar os preços, aproveitando-se da condição “semimonopólica” do Brasil na oferta internacional. A consequência dessa política, além de impedir impacto mais negativo na demanda agregada, no balanço de pagamentos e nas contas públicas (dado o peso na estrutura tributária da época dos impostos de importação e exportação, e principalmente do primeiro para o Governo Federal), ocasionou mudança abrupta de preços relativos, com o encarecimento dos importados e, em decorrência, a substituição de importações, o que explicaria os altos índices de crescimento da indústria no período.

    Houve intencionalidade nesta política anticíclica? “A recuperação da economia brasileira, que se manifesta a partir de 1933, não se deve a nenhum fator externo e sim à política de fomento seguida inconscientemente no país e que era subproduto da defesa dos interesses cafeeiros” (FURTADO). Ponderações:

  • A década de 1930 é rica em mudanças institucionais que significaram uma ampliação dos poderes de intervenção do executivo na ordem econômica e social
  • A visão furtadiana tem o olhar concentrado nos instrumentos de política macroeconômica, excessivamente condicionados por mudanças conjunturais de curto prazo
  • Legislação trabalhista focada no meio urbano-industrial
  • Reforma tributária de 1934, embora em menor grau, também contribui para os altos níveis de industrialização da década
  • Reforma educacional iniciada por Francisco Campos tinha como preocupação a melhoria da produção agrícola e industrial. Vargas chega a usar a expressão "capital humano" em um discurso.
  • Criação de uma série órgãos, como Instituto de Tecnologia, Instituto Mineralógica, etc., que tinha a explícita intenção de modernizar e diversificar a economia nacional
  • A partir do Estado Novo, e certamente sob o impulso do contexto de guerra, esta política de criação de órgãos, conselhos e institutos intensificou-se. Datam de 1938 o Conselho Nacional do Petróleo, o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), o Instituto Nacional do Mate e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE), por exemplo.
  • CSN, 1941.

Vargas, sobre como os déficits fiscais não foram desejados: “Não surgissem os dois poderosos atores de perturbação acima indicados – a seca do Nordeste e a rebelião em São Paulo – e, como resultante, a queda das rendas públicas e, por certo, o ano de 1932 teria sido da iniciação da política".

  • Embora nos primeiros anos da década de 1930 verifiquem-se déficits e o governo, na prática, tenha estimulado a demanda agregada, vários documentos mostram que ainda permanecia apegado, pelo menos no plano retórico, ao princípio das “finanças sadias”, o qual Vargas seguira desde seu ingresso na política, posto que ponto programático do positivismo comtiano.

    O salário mínimo, apesar de acenado eleitoralmente em 1929 e consagrado nas constituições de 1934 e 1937, só entrou em vigor mais de uma década mais tarde, em 1941.

Quais fatores provocaram mudanças na economia brasileira a partir de 1930?

Resposta: O agravamento da crise econômica, a eclosão de revoltas e levantes militares, o crescimento das camadas sociais urbanas, além do acirramento dos conflitos políticos devido à progressiva divisão das oligarquias dominantes formam o conjunto de fatores que provocaram a mudança na economia em 1930.

Qual foi a principal transformação econômica no Brasil após a Revolução de 1930?

Resposta verificada por especialistas. A principal transformação econômica ocorrida no Brasil após a revolução de 1930 foi a industrialização.

Qual um dos fatores principais que provocaram mudanças na economia brasileira a partir de 1990?

Os resultados apontam que a abertura comercial e a reforma no setor financeiro foram as que mais contribuíram para a evolução da produtividade total dos fatores no período. Palavras-chave: instituições, reforma institucional, produtividade total dos fatores, década de 1990.

Quais eram as principais atividades econômicas no Brasil nas décadas de 1920 1930?

A cultura do café constituiu, no período da República Velha, sobretudo na fase conhecida como “república dos oligarcas” (1894-1930), o principal motor da economia brasileira. Esse produto liderava a exportação na época, seguido da borracha, do açúcar e outros insumos.