Objetivo: Comparar as alterações do espaço articular em pacientes com osteoartrose do quadril, por meio de estudo radiográfico que inclui as posições em decúbito dorsal e ortostatismo monopodálico. Métodos: A amostra do presente estudo consta de 74 radiografias. Metade das radiografias foram realizadas com os pacientes em decúbito dorsal e a outra metade com os pacientes em ortostatismo monopodálico. Uma régua milimetrada e uma lente de aumento foram usadas para realizar as medições dos quadris. O espaço entre o acetábulo e a cabeça femoral (EACF) foi medido a partir de radiografias centradas no quadril. Resultados: Comparando-se 74 radiografias com osteoartrose do quadril obtidas em decúbito dorsal e ortostatismo monopodálico conclui-se que existe diferença estatisticamente significativa entre as posições estudadas respectivamente de 1,47 para 1,12mm (p < 0,0001). A correlação foi de 0,952 com p < 0,0001. O teste "t-Student" pareado para a amostra decúbito dorsal e ortostatismo revelou intervalo de confiança de 0,2671 a 0,4302 com p < 0,0001 bicaudal. Conclusão: As radiografias mensuradas em ortostatismo com apoio monopodálico avaliam melhor o verdadeiro espaço articular e o grau de artrose.Descritores - Osteoartrite /radiografia; Articulação do quadril / radiografia; Radiografia /métodos. Show Trabalho realizado no Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre (RS), Brasil. INTRODUÇÃO A osteoartrose é uma doença da cartilagem articular e muitos fatores podem afetá-la. O processo atinge inicialmente a cartilagem e, após, o osso subcondral. Clinicamente, ela é caracterizada por dor e limitação funcional. Sem dúvida, o exame complementar mais importante para o diagnóstico é a radiografia. O estudo radiográfico também pode quantificar a osteoartrose. Ele preenche os critérios de facilidade, disponibilidade e custo(1). De acordo com Altman et al, a amplitude do espaço articular parece ser o critério mais importante para avaliar a progressão da osteoartrose do ponto de vista radiológico(2). A esclerose subcondral e a presença de osteófitos não têm boa correlação com o comportamento clínico da doença. A posição do paciente no estudo radiográfico parece ter significativa importância na osteoartrose do joelho. Entretanto, nos casos de osteoartrose do quadril ainda não existe consenso(3). Na maioria, das vezes, o estudo radiográfico do quadril é realizado com o paciente em decúbito dorsal. O presente estudo tem como objetivo comparar, utilizando o estudo radiográfico, a alteração do espaço articular em pacientes com osteoartrose do quadril avaliada nas posições de decúbito dorsal e ortostatismo monopodálico. MÉTODOS A amostra do presente estudo consta de 74 radiografias. Metade das radiografias foram realizadas com os pacientes em decúbito dorsal e a outra metade, com os pacientes em ortostatismo monopodálico. Foram avaliados 28 pacientes, sendo nove radiografias bilaterais e 19 unilaterais (tabela 1). O sexo masculino correspondia a 19 pacientes (67,9%). O quadril direito foi avaliado em 24 exames radiográficos (64,9% dos exames). Prótese contralateral foi encontrada em três pacientes. A média de idade dos pacientes foi de 56,07 com desvio-padrão de ± 12,487 e com intervalo de 20 a 77 anos. Os pacientes estavam registrados no Ambulatório do Quadril do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre e vinham sendo tratados para osteoartrose do quadril. Foram incluídos no trabalho somente pacientes com coxartrose de causa idiopática e sem outras afecções que pudessem estar relacionadas com a causa da artrose. Os exames radiográficos do quadril foram realizados no Serviço de Radiologia da Santa Casa de Porto Alegre, na mesma sala radiológica, pelo mesmo técnico e todos acompanhados pelo mesmo médico. As radiografias foram feitas na posição de decúbito dorsal e na ortostástica. A primeira radiografia do quadril a ser estudada foi tirada com o paciente em decúbito dorsal e sem que fosse exercida tração sobre a articulação. Na segunda posição, o paciente foi colocado em ortostatismo monopodálico com o joelho do membro inferior contralateral ao avaliado fletido em 90º (figuras 1 e 2). As radiografias foram realizadas com distância de 110cm entre o filme e a fonte do raio-X. A radiografia do quadril foi feita com a fonte do raio-X posicionada no centro da articulação e com o membro inferior com 25º de rotação interna, nas duas posições. Uma régua milimetrada e uma lente de aumento foram usadas para realizar as medições dos quadris. Foram usadas as "linhas de mouse" para verificar a esfericidade da cabeça femoral. O espaço entre o acetábulo e a cabeça femoral (EACF) foi medido a partir de radiografias centradas no quadril. O centro do quadril foi determinado baseado no rebordo lateral do quadril e na lágrima. Uma linha foi traçada entre esses dois pontos de referência (C). Do meio dessa linha, uma nova linha foi traçada até a segunda vértebra sacral (S2). Isso delimitava um quadrante superior responsável pela absorção da maior parte da carga que atravessa a articulação. O quadrante superior foi dividido em três porções articulares de igual tamanho. A medida da alteração do espaço articular foi realizada no meio da porção central, tanto em decúbito dorsal como em apoio monopodálico (figuras 3 e 4). Foi realizada análise descritiva dos dados demográficos da população do estudo com média, desvio-padrão e intervalo de amostra. As radiografias foram comparadas usando o teste "t-Student" pareado. RESULTADOS Os dados provenientes de nossa amostra de 74 radiografias demonstraram existir uma média de 1,47mm de distância na radiografia em decúbito dorsal do espaço entre o quadril e a cabeça femoral na sua maior distância, com intervalo de no mínimo 0,20 e no máximo de 2,90mm e desvio-padrão equivalente a 0,786. Já na posição de ortostatismo, as radiografias apresentaram uma média de 1,12mm do mesmo espaço, com intervalo de no mínimo 0,10 e no máximo de 2,80mm e desvio-padrão equivalente a 0,788 (tabela 1). A amostra de pacientes apresentou correlação significativa em relação ao decúbito dorsal e ao ortostatismo. A correlação foi de 0,952 com p < 0,0001. O teste "t-Student" pareado para a amostra decúbito dorsal e ortostatismo revelou intervalo de confiança de 0,267 a 0,430, com p < 0,0001 bicaudal (gráfico 1). DISCUSSÃO A artrose é caracterizada radiograficamente por: cistos subcondrais, diminuição do espaço articular, esclerose subcondral, osteófitos e subluxação articular. De todos os sinais radiológicos, a diminuição do espaço articular é aceita como fator mais relevante para avaliar a progressão da osteoartrose(3-5). Entretanto, na maioria das vezes, os ortopedistas avaliam o espaço articular em radiografias em decúbito dorsal, o que pode falsear a real diminuição do mesmo, pois a articulação não está sendo avaliada durante a sua função, isto é, em ortostatismo monopodálico. A deformação da cartilagem articular durante a carga é relacionada com a integridade das proteoglicanas e da matriz(3). A perda de proteoglicanas altera as propriedades de resistência da cartilagem a compressão(3). A migração súpero-lateral da cabeça femoral no quadril está associada à progressão mais rápida da artrose. Já o desvio súpero-medial e medial da cabeça femoral estão envolvidos com uma progressão mais lenta da osteoartrose do quadril(3). Uma distância maior do que 1mm no espaço articular do quadril é necessária para que se possa avaliar a progressão da artrose(1). As alterações anuais no espaço articular relativas ao quadril artrósico são de 0,22mm a 0,33mm ao ano(1). O coeficiente de variação intra-observador da medição do espaço articular variou de 5% a 10%, usando réguas milimetradas. O espaço súpero-lateral é o que apresentou maior reprodutibilidade(3-4,6-7). Critérios de magnificação das radiografias e imprecisão intra-observador são questões importantes a serem abordadas. Basicamente, existem dois métodos para mensuração do espaço articular: o sistema computadorizado de leitura radiográfica e o método que usa réguas milimetradas. Nos sistemas computadorizados de leitura radiográfica, o coeficiente de variação intra-observador encontra-se em torno de 3,2%(3,5-9). O presente estudo avalia a medida do espaço articular do quadril de maneira condizente com a realidade do meio ortopédico brasileiro na questão da avaliação radiográfica. A diminuição do espaço articular do quadril de 15% ao longo de um ano pode ser um ponto importante na avaliação da indicação da artroplastia total do quadril. Esse método possui uma sensibilidade que chega a 75%(10). Estudos apontam que a diminuição de 0,4mm do espaço articular pode gerar importantes repercussões clínicas(11-12). Pode-se observar, pelos resultados obtidos a partir da população estudada, que existe diferença estatisticamente significativa na diminuição do espaço articular na porção súpero-lateral do quadril com osteoartrose, quando comparadas às posições de decúbito dorsal e ortostatismo monopodálico(3,5,7). CONCLUSÕES Comparando-se 74 radiografias de 28 paciente com osteoartrose do quadril obtidas em decúbito dorsal e ortostatismo monopodálico, conclui-se que: Existe diferença estatisticamente significativa entre as posições estudadas respectivamente de 1,47mm para 1,12mm (p < 0,0001); As radiografias mensuradas em ortostatismo com apoio monopodálico avaliam melhor o verdadeiro espaço articular e o grau de artrose. REFERÊNCIAS 1. Ravaud P, Ayral X, Dougados M. Radiologic progression of hip and knee osteoarthritis. Osteoarthritis Cartilage. 1999;7(2):222-9. Recebido em Janeiro de 1 de 1. Qual a finalidade de realizar incidências de tórax em posição ortostática?Esta posição, demonstrada na figura 2, é realizada por dois motivos: evita a magnificação do coração, que, por ser anterior, fica perto do filme; possibilita o posicionamento dos ombros de tal forma que a escápula fique fora do filme. A figura 3 demonstra uma radiografia em PA realizada com técnica adequada.
Qual a justificativa da realização dos exames de tórax e abdome em Ortostatismo?A cirtometria torácica pode ser realizada em ortostatismo como uma alternativa para a avaliação de pacientes que referem ortopnéia. A cirtometria abdominal também pode ser realizada nessa postura, com a ressalva de ser esperada uma redução em torno de um terço da mobilidade abdominal obtida em decúbito dorsal.
O que é Ortostatismo na radiologia?Ortostatismo. A posição ortostática se refere ao paciente em pé e ereto. Um exemplo desse posicionamento é a posição anatômica.
Qual a finalidade da radiografia de tórax na incidência AP em decúbito lateral?Incidência decúbito lateral com raios horizontais
Também chamada de incidência de Laurell, serve para a avaliação de derrame pleural. O paciente fica em decúbito lateral e o feixe da radiação entra no sentido horizontal.
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