Independência do Brasil: entenda o processo de separação da colônia de Portugal até o ponto da consolidação do Brasil como país soberano e independente. Show
Publicado em 19/05/2021 - 15h06 • Atualizado em 19/05/2021 - 15h06 • Comunicar erro A independência do Brasil, comemorada no dia 7 de setembro, simboliza o marco do processo histórico da separação do Brasil colônia à regência de Portugal. Nesta data, em 1822, o Príncipe Regente, Dom Pedro de Alcântara, deu o chamado "Grito de Independência", às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo. Com as palavras "Independência ou morte", o herdeiro do trono português, diante de sua guarda como testemunha, transformava o Brasil, uma colônia portuguesa, em um país independente e soberano. Livre das amarras colonizadoras, o Brasil agora podia ditar suas próprias leis, ampliar seus horizontes econômicos e ter seu próprio governante. No dia 1º de dezembro, do mesmo ano, Dom Pedro foi coroado imperador do Brasil, com o título de D. Pedro I, dando início, oficialmente, a uma nova fase para o país. Até esse ponto marcante para a história do Brasil, muitos fatores e acontecimentos foram apontados como motivos determinantes para a ruptura definitiva dos laços coloniais. Quais foram as causas da independência do Brasil?A independência do Brasil está relacionado diretamente a vinda da família real portuguesa para o Brasil, em 1808. Os acontecimentos que se passaram neste intervalo de tempo, até 1822, levaram ao desgaste da relação da elite brasileira, sobretudo a do Sudeste, com o Reino de Portugal. Fugindo das tropas napoleônicas, que invadiram o território lusitano após o furo do Bloqueio Continental, — que obrigava todas as nações da Europa a fecharem seus portos ao comércio inglês — a corte portuguesa decidiu se refugiar em sua colônia, no Brasil. Com a mudança, o país passou por intensas transformações na área social e cultural, para atender aos costumes e exigências da coroa. Foram construídas universidades, teatros, bibliotecas. Inúmeros artistas e intelectuais estrangeiros migraram para o país, fazendo circular o conhecimento. No âmbito econômico, também aconteciam mudanças positivas. A primeira grande medida decretada por D. João VI foi a abertura dos portos brasileiros para as nações amigas, permitindo que os comerciantes brasileiros ampliassem seus negócios, principalmente nas relações comerciais com os ingleses. Essa decisão decretava o fim do monopólio comercial com Portugal. Visto que, até então, os portos brasileiros estavam abertos apenas para embarcações portuguesas. A sua abertura abria um leque de possibilidades econômicas para os comerciantes brasileiros, principalmente nas capitais litorâneas, como o Rio de Janeiro. Para manter os colonos satisfeitos e evitar revoluções, como a dos Estados Unidos em relação à Inglaterra, D. João também tratou de elevar a condição do Brasil de colônia para reino. Com isso, Portugal passou a ser chamado de Reino de Portugal, Brasil e Algarves. Apesar dos avanços e concessões, a presença da família real no Brasil causou atritos regionais. Várias províncias brasileiras sentiam-se desfavorecidas em relação aos outros estados, especialmente os do Sudeste. A insatisfação culminou em revoltas populares, entre elas a Revolução Pernambucana, em 1817, que pretendia transformar o estado em um país independente chamado de Confederação do Equador. A reposta de D. João VI foi imediata e o movimento foi duramente reprimido. Enquanto isso, em Portugal, o país enfrentava uma crise econômica e política, em decorrência da invasão francesa e abandono da corte lusitana, que havia se assentado no Rio de Janeiro. A insatisfação da burguesia portuguesa levou-os a se organizarem nas Cortes, instituindo uma política baseada nos princípios liberais. Fomentava-se aí a Revolução Liberal do Porto, em 1920, que defendia a realização de reformas, incluindo o retorno da sede do reino para Portugal. Dentro desse contexto instável, os liberais portugueses exigiram o retorno do rei e a restituição do monopólio comercial no Brasil, para reforçar os laços coloniais de dependência e submissão. Sem opções, D. João VI retornou a Portugal em 26 de abril de 1821, deixando seu filho, o príncipe regente Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro. Foi na esteira deste período que o processo de independência do Brasil encontrou espaço suficiente para avançar e ser concretizado. Processo de Independência do BrasilA instituição política das Cortes portuguesas, gestadas durante a Revolução do Porto, tomaram algumas decisões bastante impopulares no Brasil. O processo de independência do Brasil aconteceu aí, na medida em que a elite brasileira percebeu o desejo dos portugueses em restabelecer os laços coloniais. Além do retorno do monopólio português em relação aos portos brasileiros, os burgueses lusitanos passaram a exigir o retorno de Dom Pedro para a Europa e enviaram mais tropas para o Rio de Janeiro, para garantir o controle sobre a colônia. É importante salientar que a elite brasileira não cogitava a separação neste primeiro momento. Foi a intransigência portuguesa nas negociações com as autoridades brasileiras que contribuíram para aumentar a resistência em relação a Portugal, dando margem para a ideia separatista. Quando os portugueses exigiram o retorno de Dom Pedro à Portugal, os brasileiros reagiram ao pedido, criando o Clube de Resistência. Um documento com milhares de assinaturas pedindo a permanência do príncipe regente foi entregue à Dom Pedro. Essa manifestação popular culminou no famoso Dia do Fico, em 9 de janeiro de 1822, quando Dom Pedro disse a célebre frase: “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico". O florescimento cultural brasileiro e a disseminação do iluminismo também estão entre os fatores contribuíram para a ruptura do Brasil com a metrópole portuguesa. Dentro desse processo, cabe ressaltar que D. Pedro foi bastante influenciado por sua esposa, D. Maria Leopoldina, e seu conselheiro Bonifácio de Andrade e Silva. Em maio do mesmo ano, foi decretado o Cumpra-se, que determinada que as leis criadas em Portugal só valeriam no Brasil com a aprovação pessoal de Dom Pedro. A essa altura, a ideia da independência já estava bastante propagada. Em junho, foi convocada a eleição de formação da Assembleia Nacional Constituinte, demonstrando o interesse dos colonos em desenvolver sua própria Constituição. A relação entre a colônia e a metrópole se deteriorou ainda mais em agosto, quando chegaram ordens de Portugal, atacando os “privilégios” brasileiros. As Cortes acusavam José Bonifácio de traição e ordenavam mais uma vez o retorno imediato de Dom Pedro para a metrópole. Diante da situação conflituosa, Dona Maria Leopoldina convocou uma sessão extraordinária, presidida por José Bonifácio, em 2 de setembro. Nessa sessão, foi assinado, em caráter de urgência, a declaração da independência brasileira. O documento foi redigido e enviado para o príncipe regente, que estava a caminho de São Paulo, sendo alcançado por um mensageiro no fatídico 7 de setembro de 1822. Segundo a história oficial, D. Pedro recebeu o documento às margens do riacho Ipiranga, dando o conhecido Grito de Independência, consolidando oficialmente a soberania do Brasil independente. Principais acontecimentos da independência do Brasil
Guerra de independência do BrasilA independência do Brasil não se deu do dia para noite, a partir do grito de Dom Pedro. Ademais, o processo para a sua consolidação não foi pacífico, levando dois anos para ser consolidado em todo o país. Após a notícia se espalhar pelo país, uma série de regiões leais aos portugueses rebelaram-se contra a decisão. As províncias do Pará, Maranhão e Cisplatina (atual Uruguai) não aceitaram a separação, dando início a chamada Guerra da Independência. Conflitos isolados em cada uma dessas regiões se estenderam até 1824, com a derrota dos aliados lusitanos. No fim, todas as províncias foram dominadas pelas tropas brasileiras, garantindo o controle do território. Com a derrota dos rebeldes, Portugal aceitou negociar o reconhecimento da independência brasileira por meio da assinatura de um acordo, mediado pelos ingleses. Consequências da independência do BrasilCom a independência do Brasil, o país tornou-se soberano. Entretanto, diferentemente das outras nações independentes da América do Sul, — que instituíram repúblicas após a liberdade — o Brasil organizou-se em torno de uma monarquia. Após a consolidação da independência, Dom Pedro foi coroado imperador do país, sendo nomeado como D. Pedro I em 1º de dezembro de 1822. Com isso, foi inaugurado o Primeiro Reinado (1822-1831). A emancipação somente foi reconhecida pelos portugueses em 1825, por meio de um acordo realizado entre Brasil e Portugal, mediado pela Inglaterra. Nesse acordo, a monarquia lusitana cobrou dois milhões de libras do Brasil como indenização, levando ao endividamento do país. Dentre as principais consequência da independência brasileira pode-se destacar:
Dia da Independência: Feriado de 7 de setembroO 7 de setembro foi transformado em feriado nacional durante o governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), primeiro presidente do Brasil após o fim da ditadura de Getúlio Vargas. A lei determinou a existência de sete feriados no calendário nacional, sendo posteriormente reforçada por uma nova lei durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). A independência do Brasil é tradicionalmente comemorada, sobretudo nas principais capitais do país, com desfiles realizados pelo Exército brasileiro. Destacam-se também as exibições acrobáticas realizadas pela Esquadrilha da Fumaça durante a comemoração da data. Em Brasília, capital federal do país, acontece desfiles de membros das Forças Armadas (Marinha, Aeronáutica e Exército), acompanhados por bandas e veteranos da Força Expedicionária Brasileira, que atuaram durante a Segunda Guerra Mundial. Em 2018, as festividades da Independência brasileira reuniram cerca de 30 mil pessoas em São Paulo e Campo Grande (MS), e 10 mil em Florianópolis (SC). A cerimônia da Independência do Brasil é considerada o marco da fundação do país, reforçando a memória coletiva de um povo em torno do símbolo de liberdade e independência. A importância da data é sublinhada pelo fato de ser um três feriados nacionais que comemoram os acontecimentos marcantes da história brasileira, junto ao Dia de Tiradentes (21 de abril) e o Dia da Proclamação da República (15 de novembro). Hino da Independência do BrasilEm homenagem ao fato histórico, que marca a emancipação do Brasil em relação a Portugal, o jornalista e poeta Evaristo Veiga (1799-1837) compôs o hino da Independência do Brasil, em agosto de 1822. A composição foi musicada pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830). A letra completa do hino pode ser conferida abaixo: “Já podeis, da Pátria filhos Brava gente brasileira! Os grilhões que nos forjava Brava gente brasileira! Não
temais ímpias falanges Brava gente brasileira! Parabéns, ó brasileiro Brava gente brasileira! Compartilhe Quais são as principais consequências da independência dos Estados Unidos?Consequências da independência dos Estados Unidos
O modelo de republicano de Estado serviu de exemplo para outros países, como o Brasil; França e Espanha recuperaram territórios americanos que haviam perdido; Permitiu a divisão interna do território americano, que levaria anos mais tarde à Guerra Civil.
O que mudou nos EUA depois da independência?Logo após a declaração de independência dos Estados Unidos em 1776, os principais oficiais das treze antigas colônias britânicas, — agora, Estados dos Estados Unidos — passaram a planejar a instalação de um sistema de governo central, que seria válido para todo o novo país.
Quais foram as principais características da independência dos Estados Unidos?A independência dos Estados Unidos foi resultado do choque de interesses entre Inglaterra e Treze Colônias. Os ingleses aumentaram sensivelmente a cobrança de impostos e se tornaram mais rígidos no cumprimento das leis. A insatisfação dos colonos motivou protestos e conflitos com os ingleses.
Qual é a importância da Declaração de Independência dos Estados Unidos?A declaração aconteceu em 1776 e encerrou o vínculo colonial entre a Inglaterra e as Treze Colônias, nome do país no período. Dessa forma, os EUA foram o primeiro país de todo o continente americano a ser independente.
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