Que dia é comemorado a páscoa

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A Páscoa é uma das comemorações mais importantes para cristãos e judeus. No caso dos cristãos, a Páscoa é um momento de relembrar a crucificação e morte de Jesus Cristo, além de também celebrar sua ressurreição. Já a Páscoa judaica, chamada de Pessach, é um momento de rememorar a libertação dos hebreus da escravidão no Egito Antigo.

Um assunto que sempre causa dúvida sobre comemoração é a data em que ela acontece em cada ano.

Páscoa judaica

A data da Páscoa judaica foi estabelecida por uma ordem de Javé, conforme consta na Torá (livro sagrado que possui os cinco primeiros livros encontrados também na Bíblia cristã). No livro do Êxodo, no capítulo 12, o seguinte trecho afirma:

“Desde a tarde do dia catorze do primeiro mês até a tarde do dia vinte e um do mesmo mês, o pão que vocês comerem será feito sem fermento”.

Que dia é comemorado a páscoa
(Wikimedia Commons/Reprodução)

Esse trecho de Êxodo 12 estabelece que a comemoração de Pessach acontecerá sempre no dia 14 de nissan (ou nisã), nome do primeiro mês que consta no calendário judaico. Esse calendário é lunissolar, isto é, se baseia em ciclos da Lua e do Sol. Os meses se baseiam no ciclo lunar, enquanto o ano segue o ciclo solar.

Atualmente, os judeus vivem utilizando os dois calendários: o gregoriano, muito usado no mundo ocidental; e o judaico, próprio da sua cultura.

Páscoa cristã

O sistema que é usado pelos cristãos para determinar a data da Páscoa é bem mais complexo. A comemoração para os cristãos também não é fixa no calendário gregoriano e, portanto, cada ano ocorre em uma data diferente entre 22 de março e 25 de abril.

O sistema que determina a Páscoa cristã baseia-se em práticas hebraicas, romanas e egípcias. No caso dos egípcios, a contribuição foi o uso do calendário solar; no caso dos hebreus, a definição dos meses de acordo com a Lua, além de terem sido o povo que levou a Páscoa aos cristãos; os romanos, por fim, além de usarem o calendário solar, foram aqueles que criaram o sistema que define a data da Páscoa.

No século IV, mais precisamente no ano de 325, foi realizado o Concílio de Niceia, no qual as autoridades da Igreja Católica reuniram-se para determinar uma data para a comemoração da Páscoa, com o objetivo de unificar a celebração da ressurreição de Cristo.

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(Renata Sedmakova/Reprodução)

Assim, ficou decidido a seguinte estrutura: a data da Páscoa é celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que ocorre depois do equinócio de primavera/outono.

Lembrando que o equinócio de primavera no Hemisfério Norte e outono no Hemisfério Sul acontece sempre entre 20 e 21 de março. Sendo assim, as datas da Páscoa cristã nos próximos quatro anos serão:

2021: 4 de abril
2022: 17 de abril
2023: 9 de abril
2024: 31 de março

Por: Ana Flávia Ribeiro Gambale
Fonte/Crédito: http://www.megacurioso.com.br

Neste ano, em 2021, o domingo de Páscoa será celebrado no dia 4 de abril. Mas nem sempre é assim. Nos últimos dez anos, a Páscoa já foi comemorada em dez datas diferentes, com variações entre 27 de março e 24 de abril.

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Foto: BBC News Brasil

Mas por que não há uma data fixa para a Páscoa?

Segundo afirmava Beda, o Venerável, religioso inglês que viveu no século 7, a Páscoa se dá no primeiro domingo depois da primeira lua cheia após o equinócio da primavera no hemisfério norte (20 de março, em 2018).

"A astronomia está no coração do estabelecimento da data para a Páscoa. (A data) depende de dois fatos astronômicos - o equinócio da primavera e a lua cheia", disse Marek Kukula, astronômo no Observatório Real de Greenwich, em Londres.

Trata-se de um "feriado móvel", e isso se dá graças ao sistema complexo que foi desenvolvido para tentar calcular a Páscoa (e a Páscoa Judaica) a partir do céu, acomodando calendários diferentes.

A data mais frequente para a Páscoa nas igrejas ocidentais tem sido 19 de abril, mas o evento já chegou a cair até em 25 de abril.

O nosso calendário não combina exatamente com os ciclos astronômicos.

"Durante milhares de anos vêm sendo feitos cálculos e ajustes na tentativa de coincidir os calendários artificiais com a astronomia. Mas, exatamente pela falta de uma combinação precisa entre eles, são necessários cálculos complexos para se determinar o dia exato do equinócio e da lua cheia", acrescentou Kukula.

Apesar da famosa briga da Igreja Católica com Galileu, em 1633, por divergências em relação aos estudos de astronomia do físico, os religiosos sempre souberam que era preciso calcular as datas para a Páscoa e os dias santos - e que para isso era necessário recorrer ao estudo dos astros.

Com esse objetivo, a Igreja Católica construiu seu primeiro observatório em 1774.

Mistura

O complicado sistema de determinação da data da Páscoa é resultado da combinação de calendários, práticas culturais e tradições hebraicas, romanas e egípcias.

O calendário egípcio era baseado no Sol, prática adotada primeiramente pelos romanos e posteriormente incorporada pela cultura cristã. O judaísmo baseia o calendário hebraico parcialmente na Lua, e o islamismo também utiliza fases da Lua.

A data da Páscoa varia não somente pela tentativa de harmonizar os calendários lunares e solares, mas também há outras complicações que acabam interferindo, como o fato de diferentes vertentes do cristianismo usarem fórmulas distintas em seus cálculos.

Em 1582 foi criado o Calendário Gregoriano, adotado e promovido pelo papa Gregório para fazer com que a Páscoa caísse mais cedo e fosse mais fácil de ser calculada. Esse é o calendário que usamos até hoje.

Segundo a Bíblia, a morte e ressurreição de Jesus, os eventos celebrados pela Páscoa, ocorreram na época da Páscoa Judaica.

A Páscoa Judaica era celebrada na primeira lua cheia depois do equinócio da primavera no hemisfério norte.

Mas isso levou os cristãos a celebrar a Páscoa em diferentes datas. No fim do século 2, algumas igrejas celebravam a Páscoa junto com a Páscoa Judaica, enquanto outras marcavam a data no domingo seguinte.

No ano 325, a data da Páscoa foi unificada graças ao Concílio de Nicéia.

A Páscoa passaria a ser no primeiro domingo depois da primeira lua cheia que ocorresse após o equinócio da primavera (ou na mesma data, caso a lua cheia e o equinócio ocorressem no mesmo dia).

Domingos diferentes

Mesmo assim, tradições e culturas diferentes continuaram fazendo cálculos distintos para a data.

Um exemplo se deu na Inglaterra, no ano de 664. No reino de Northumbria, o rei Oswiu e sua esposa celebravam a Páscoa em domingos diferentes. O rei observava a tradição irlandesa, e a rainha, a romana. Ela era originária de uma parte do reino que tinha sido evangelizada segundo as tradições romanas, enquanto a cidade natal do rei Oswiu seguia a tradição irlandesa.

Em consequência, um certo ano o rei celebrou a Páscoa em um domingo, mas a rainha ainda estava no período da quaresma. Para acertar a data, o rei convocou um sínodo (assembleia de religiosos) na cidade de Whitby.

Na defesa da tradição irlandesa, estava o bispo Colman de Lindisfarne. São Wilfrid, um nativo de Northumbria treinado em Roma, defendeu a tradição romana.

"Em um ponto crucial do debate, ele mencionou São Pedro, o guardião das chaves do paraíso, que as recebeu do próprio Cristo. E o rei Oswiu, que presidia o sínodo, ficou muito impressionado", disse Michael Carter, membro do Patrimônio Histórico Inglês.

Com isso, a decisão foi tomada a favor da tradição romana.

"O Sínodo de Whitby garantiu que a Igreja na Inglaterra passasse a adotar a prática ocidental padrão. Isso significou a unificação da celebração do mais importante evento do calendário cristão pela igreja inglesa, o dia da ressurreição de Cristo. Isso persistiu no país (...) até a Reforma Anglicana, quando a Inglaterra rompeu com o padrão religioso e cultural da Europa", acrescentou Carter.

Ortodoxos

As tradições ortodoxas dentro do cristianismo continuaram usando o Calendário Juliano em vez de aceitar a reforma do calendário imposta pelo papa Gregório.

As igrejas ortodoxas, portanto, continuaram a celebrar a Páscoa e o Natal em datas diferentes das tradições ocidentais ou romanas.

Mas isso pode mudar? O papa Tawadros 2º de Alexandria, líder da Igreja Ortodoxa Copta, espera que as diferentes vertentes do cristianismo consigam chegar a um acordo sobre essa importante questão.

Pouco depois de reunir-se com ele, Justin Welby, arcebispo da Cantuária (o equivalente ao papa para a Igreja Anglicana), divulgou uma notícia surpreendente em janeiro de 2018: depois de muitos séculos de desacordo, surgiram novas esperanças de que a data da Páscoa possa ser uma data que todos os cristãos celebrem juntos.

"Durante nossa visita ao Vaticano, em 2013, o papa Tawadros falou novamente sobre o tema com o papa Francisco em Roma", disse o bispo Angaelos, bispo geral da Igreja Ortodoxa Copta na Grã-Bretanha.

"Parece haver uma disposição entre parte das lideranças da Igreja Cristã para pelo menos avaliar esta possiblidade."

No entanto, ele admite que o caminho parece ser longo. "A dificuldade é que todos precisam sacrificar algo, pois cada um de nós tem o seu próprio jeito de calcular a Páscoa e calculamos assim por séculos", disse.

Ainda não há um cronograma e o bispo Angaelos afirma que a "tarefa é monumental". "Estamos falando a respeito com muita gente, muitas culturas diferentes, igrejas diferentes e líderes religiosos diferentes. Será uma tarefa monumental. Mas a ideia está lá."

E o que os astrônomos acham de uma Páscoa unificada? "De certo modo, a astronomia ficaria fora da equação", disse Marek Kukula.

"Ainda seria necessário regular o calendário - você ainda precisaria ter anos bissextos e ajustar segundos - mas a Páscoa deixaria de ser um feriado móvel e isto tornaria bem mais simples coisas como o planejamento de feriados escolares. Entretanto, se as pessoas vão querer fazer isso ou não, passa por uma questão religiosa."

E, levando em conta toda a história por trás da data, o debate sobre a questão ainda poderá se estender por muito tempo.

Este texto foi publicado originalmente em março de 2018 e atualizado em abril de 2021

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Que dia é comemorado a páscoa
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Qual e o dia de Páscoa?

Sendo assim, as datas da Páscoa cristã nos próximos quatro anos serão: 2019: 21 de abril. 2020: 12 de abril. 2021: 04 de abril.

Quando e comemorada a Páscoa Cristã?

Durante esse concílio, as autoridades da Igreja Católica estabeleceram que a Páscoa seria comemorada no primeiro domingo após a lua cheia que acontece após o equinócio de primavera (no Hemisfério Norte). Sendo assim, a Páscoa cristã é comemorada durante o período que fica entre 22 de março e 25 de abril.

Por que se comemora a Páscoa?

Para o cristianismo, a Páscoa conserva a ideia de libertação, mas agora com o sentido de salvação do ser humano. “Se o cordeiro simbolizava a libertação do Egito para os judeus, a crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo significa a salvação para os cristãos”, explica João Leonel.

O que se comemora no Domingo de Páscoa?

O dia da Páscoa deriva da tradição judaica e é a mais importante comemoração para os cristãos, pois celebra a Ressurreição de Cristo.