Quem é o dalai lama atual

Dalai Lama é o título dado ao chefe de estado e líder espiritual do Tibete, região de planalto da Ásia considerada como parte da Ásia Central. “Dalai”, na língua mongolesa, significa ‘oceano’, e “lama” é a palavra tibetana para ‘mestre’ ou ‘guru’.

O título de “oceano de sabedoria” foi concedido pelo regime mongoliano a Altan Khan (1507 – 1582), líder dos mongóis do Tung e príncipe de Shunyi. Posteriormente, passou a ser aplicado a cada encarnação da sua linhagem.

Após a morte de um Dalai Lama, é iniciada uma pesquisa entre os discípulos para descobrir o seu renascimento. Acredita-se que os Dalai Lamas sejam a reencarnação de uma longa linhagem de tulkus que escolheram reencarnar como uma forma de dar continuidade ao seu juramento de bodisátva (ou Bodhisattva).

Tradicionalmente, os Bodhisattva são seres iluminados que adiaram a sua entrada no outro mundo e escolhem renascer para servir a humanidade e ajudar na paz do mundo.

Desde 1391 até o presente momento, há 14 reencarnações de uma longa linhagem de tulkus reconhecidas como sendo do Dalai Lama. O atual Dalai Lama, Tenzin Gyatso, é muitas vezes chamado de “Sua Santidade”. Reconhecido como a entidade máxima da escola do budismo tibetano, pode-se considerar que tal figura é o “rei” do Tibete – um Estado governado por líderes religiosos.

“A cultura budista tibetana é uma cultura de paz e não-violência. Sua preservação é muito necessária pois é uma tradição de paz, amor e compaixão. Por intermédio da cultura tibetana, podemos contribuir para criação  de  um mundo mais feliz e pacífico através da paz interior e de uma mente calma.”

~ Sua Santidades o XIV Dalai Lama, Tenzin Gyatso

Tenzin Gyatso

Batizado como Lhamo Dhondup, o 14º Dalai Lama nasceu em 6 de julho de 1935, na pequena vila de Taktser, na província de Amdo, situada no norte do Tibete. Oriundo de uma família de camponeses, aos 2 anos de idade foi reconhecido pelos monges tibetanos como a reencarnação do 13º Dalai Lama, Thubten Gyatso.

Quando tinha 4 anos, o futuro líder espiritual foi separado da família e levado para o Palácio de Potala, na capital Lhasa, onde começou sua intensa preparação para assumir o título. Durante esse processo recebeu aulas de filosofia budista, arte e cultura tibetana, gramática, inglês, astrologia, geografia, história, ciências, matemática, medicina, poesia, música e teatro.

Quem é o dalai lama atual
Dalai Lama Tenzin Gyatso (Foto: Flickr)

Invasão do Tibete

Em 1950, após a invasão chinesa do Tibete, o partido comunista chinês passou a controlar a província de Kham. Devido a isso, foi pedido a Sua Santidade para assumir a total responsabilidade política como chefe de estado e do governo.

No ano seguinte, Dalai Lama e integrantes de seu governo assinaram o “Acordo de Dezessete Pontos”, com o qual a China pretendia adotar medidas para a libertação do Tibete.

No entanto, seus esforços para alcançar uma solução pacífica para o problema entre a China e o Tibete fracassaram devido à política chinesa que imperava a leste do Tibete, provocando diversas manifestações no povo tibetano que se espalhou por outras partes do país.

Em 1959, com 23 anos, Dalai Lama realizou o exame final no Templo Jokhang de Lhasa, no qual foi aprovado e premiado com o grau de doutorado em filosofia budista. No mesmo ano os chineses sufocaram uma insurreição separatista comandada pelos aliados do monge budista.

Exílio de Dalai Lama

Após uma rebelião frustrada contra o regime chinês, foi pedido a Dalai Lama que se exilasse do Tibete para continuar a luta pela liberdade em segurança. A convite do governo indiano, o líder tibetano seguiu para a Índia com sua família e seus seguidores.

Mesmo exilado, o líder espiritual acreditava que a tarefa mais importante e urgente naquela situação era lutar pela preservação da cultura tibetana. Assim, instalou um governo provisório na Índia.

No ano seguinte se transferiu definitivamente para a região de Dharamshala. Logo, milhares de refugiados começaram a migrar para a região, que se tornou o maior centro de exilados tibetanos na Índia. Para receber seu povo, o líder fundou assentamentos agrícolas e escolas que auxiliariam na preservação da língua, da história e da religião tibetana.

Em 1967 o líder religioso iniciou uma série de viagens por diversos países, levando sua crença e a esperança de encontrar a paz entre os povos. Visitou os Estados Unidos, Inglaterra, França, Suíça, Áustria, Brasil, entre outros países, realizando palestras para um grande número de admiradores de sua filosofia.

Em setembro de 1987, Sua Santidade propôs o “Plano de Paz de Cinco Pontos” para o Tibete, com o intuito de encontrar uma solução pacífica para a situação que estava destruindo o país rapidamente. Para Dalai Lama, a região deveria ser vista como um santuário, uma zona de paz no coração da Ásia, em que todos poderiam viver em harmonia.

Nobel da Paz

Dalai Lama Tenzin Gyatso foi reconhecido por todo o mundo como um distribuidor da paz e em 1989 foi agraciado com o “Prêmio Nobel da Paz“. Sua Santidade também recebeu o título de Doutor Honoris Causa, conferido pela Universidade de Seattle, em reconhecimento por seu trabalho difundindo a filosofia budista e por seus esforços em busca dos direitos humanos e da paz mundial.

Em 2011 Dalai Lama anunciou que deixaria o comando político dos tibetanos. Ainda assim, o líder budista continua defendendo uma autonomia maior para o Tibete, ao invés de uma independência formal. No entanto, o Partido Comunista da China (PCC) e seus emissários participaram em nove rodadas de conversações entre 2002 e 2010, sem qualquer avanço considerável.

Dalai Lama mora na Índia desde que fugiu do Tibete em 1959. Atualmente com 84 anos, seu envelhecimento levanta questionamentos em relação ao futuro do movimento pró-Tibete. O líder tibetano já mencionou em várias ocasiões que é possível que não volte a existir o Dalai Lama depois dele.

Sendo um seguidor da paz e “simplesmente um monge budista”, o 14º Dalai Lama é um exemplo a seguir por muitos e uma referência na cultura popular atual.

“Minha principal preocupação, como sempre tenho repetido, é assegurar a sobrevivência da cultura, língua e identidade características do povo tibetano.”

Algumas obras de Dalai Lama Tenzin Gyatso

  1. “O Mundo do Budismo Tibetano: uma Visão Geral de sua filosofia e prática” (1995)
  2. “A Arte da Felicidade” (1998)
  3. “Como Praticar: O Caminho para uma Vida Repleta de Sentido” (2002)
  4. “A Arte da Felicidade no Trabalho” (2003)
  5. “O Universo em um Átomo” (2005)
  6. “Minha Autobiografia” (2009)
  7. “O Apelo do Dalai Lama Ao Mundo: a Ética é mais importante que a Religião” (2015)

Lista de Dalai Lamas

Nome  Tempo de vida  Reinado
Gedun Truppa 1391–1474 Desconhecido
Gendun Gyatso 1475–1541 1492–1541
Sonam Gyatso 1543–1588 1578–1588
Yonten Gyatso 1589–1616 1591–1626
Lobsang Gyatso 1617–1682 1642–1682
Tsangyang Gyatso 1683–1706 1697–1706
Kelzang Gyatso 1708–1757 1720–1757
Jamphel Gyatso 1758–1804 1762–1804
Lungtok Gyatso 1806–1815 1808–1815
Tsultrim Gyatso 1816–1837 1822–1837
Khendrup Gyatso 1708–1757 1844–1856
Trinley Gyatso 1857–1875 1875-1895
Thubten Gyatso 1876–1933 1885–1933
Tenzin Gyatso nascido em 1935 1950-atual

Quem é o Dalai Lama hoje?

O atual dalai-lama, Sua Santidade Tenzin Gyatso (forma encurtada de Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso), é o líder oficial do governo tibetano no exílio ou Administração Central Tibetana.

Como Dalai Lama saiu do Tibet?

O Dalai Lama não vive no Tibete. Depois de uma revolta malsucedida contra a ocupação chinesa do Tibete em 1959, ele fugiu para a Índia, onde estabeleceu um governo no exílio em Dharamsala, liderando milhares de tibetanos que o seguiram até lá.

Quem ficou no lugar de Dalai Lama?

Tenzin Gyatso
14.º Dalai-lama
Antecessor(a)
Thubten Gyatso
Sucessor(a)
Lobsang Sangay (funções políticas)
Chefe da Administração Tibetana para Tibetanos no Exílio
Tenzin Gyatso – Wikipédia, a enciclopédia livrept.wikipedia.org › wiki › Tenzin_Gyatsonull

Qual é a função do Dalai Lama?

Dalai Lama (1935) é um Monge Budista e líder espiritual tibetano. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 1989, em reconhecimento à sua campanha pacifista para acabar com a dominação chinesa no Tibete.