Uso excessivo de tecnologia pelos jovens

Uma das grandes preocupações dos pais de crianças de adolescentes, nos tempos atuais, é o excesso de telas. O mundo está cada vez mais digital e são raras as atividades que não podem ser resolvidas com alguns cliques na tela do celular. A pandemia de coronavírus e o isolamento social agravaram ainda mais essa realidade, pois até as tarefas que não eram executadas pelo computador, passaram a ser online. 

De acordo com a psicóloga especialista em Infância e Adolescência, Ariádny Abbud, todas as faixas etárias sofrem com a exposição de telas, porém, de modo geral, a adolescência se apresenta como um fator de risco maior. Por ser uma fase do desenvolvimento voltada às interações sociais, o uso excessivo de jogos e o isolamento social, prejudicam o desenvolvimento dessa fase, fazendo com que o adolescente sinta dificuldade de formar sua identidade, laços afetivos, relacionamentos, participar de grupos, e se movimentar para a escolha de uma profissão, por exemplo. 

“O interesse nos jogos aumentam, principalmente nos meninos, e o círculo de amigos se restringe aos jogadores online, ou amigos que eles fazem nas mídias sociais, favorecendo o baixo contato social, isolamento, vício em tecnologia e problemas de humor como a depressão que afeta grande parte da população jovem”, explica a profissional.

Entre os principais prejuízos trazidos pelo uso excessivo de telas nessa fase, ganham destaque a baixa socialização, pois os adolescentes ficam mais isolados em casa; distúrbios do sono devido a super estimulação cerebral; ansiedade; sedentarismo; irritação; hiperatividade, e como consequência, impacto no aprendizado. “Além disso, outros problemas de saúde como cefaléia e distúrbios de visão relacionados ao uso prolongado de computadores e celulares também vêm sendo apontados como prejuízos, principalmente nos jovens”, complementa Ariádny.

Pandemia agravou o quadro

A pandemia nos tornou quase “reféns” da tecnologia. Trabalho, aulas, contato com a família - tudo passou a ser online. Para as crianças e adolescentes, não sobraram tantas alternativas de lazer. “A falta de contato com com colegas, do lazer ao ar livre, e a exposição prolongada a jogos e mídias sociais, contribuíram para muitos sintomas de estresse nas famílias que se viram no desafio de encontrar alternativas para diminuir o uso da tecnologia, muitas vezes sem sucesso, principalmente com os adolescentes”, aponta a psicóloga. 

Segundo ela, a falta de paciência, irritação, cansaço, horário de sono e rotina desregulada, desatenção e queda no rendimento escolar foram as maiores queixas apontadas pelos pais nos últimos meses. “Até mesmo os adolescentes se queixam de ter que resolver tudo de forma remota. Certamente a pandemia e o excesso de telas contribuíram significativamente para a saúde mental de grande parte das famílias”, relata.

Mas como identificar que o uso das telas está ultrapassando o limite? De acordo com Ariádny, nos adolescentes, além do excesso de horas nas telas que é mais observável, os pais notam o isolamento, preocupações com jogos e mídias sociais, falta de presença nas refeições, o fato de acordarem e irem dormir utilizando os dispositivos, pouca preocupação com a higiene, dificuldade em suportar o tédio em não fazer nada, dificuldade em se desconectar mesmo nas reuniões em família e momentos de descanso.

Como equilibrar o uso

É importante dizer que nossas crianças e adolescentes são nativas digitais, sendo assim, proibir o uso nunca será uma boa alternativa. Segundo a psicóloga, a negociação se faz muito importante, assim como a regulação da rotina. No entanto, os pais também devem se atentar ao seu próprio excesso de uso, que prejudica o vínculo com os filhos. “Durante a pandemia, devemos aceitar que os filhos passarão mais tempo nas telas do que gostaríamos, ainda mais com as aulas online, sendo assim, estabelecer uma rotina que auxilie em momentos de descanso, organizar as horas de estudo, alimentação, e sono se faz necessária. Isso por si só já regula a balança e minimiza o impacto”, indica. 

O ideal é intercalar os momentos, e não deixar as crianças e adolescentes horas sentados na frente do celular, computador e televisão. “Eles devem passar um período pela manhã, outro à tarde, e talvez um pouco a noite, antes do jantar para não prejudicar o sono. Os pais também devem ficar atentos aos conteúdos assistidos pelos filhos, pois existe um risco de acesso a conteúdos inapropriados, além da exposição nas mídias sociais”, alerta a profissional. “Conversar será sempre a melhor saída para resolver os conflitos, no entanto, os pais não podem organizar a rotina e esquecer de implementá-la, o monitoramento deve ser constante. Sempre que possível flexibilizar a rotina, mas não esquecer de exercer a autoridade de pais, e cumprir com as regras anteriormente acordadas”, complementa.

Saúde

Publicado quarta-feira, 10 de março de 2021 às 08:35 h | Atualizado em 10/03/2021, 10:14 | Autor: Da Redação

Mais da metade da população mundial está conectada à internet. Segundo um relatório produzido por agências de marketing digital especializadas em mídias sociais, mais de 4,5 bilhões de pessoas utilizam as plataformas digitais.

Por ser algo recente na humanidade, o uso das tecnologias como algo prejudicial ainda está sendo estudado na comunidade científica. De acordo com o psiquiatra Mateus Freire, o maior problema é quando o consumo na internet é excessivo e se torna uma dependência.

"Quando a gente fala de dependência, a gente fala de uma síndrome, ou seja, um conjunto de fatores que determina se existe um problema ou não. A gente já conhece dependência a drogas, álcool, jogos de azar, mas a dependência tecnológica é muito nova", explicou o psiquiatra em entrevista para o 'Isso é Bahia', na rádio A TARDE FM, na manhã desta quarta-feira, 10. 

Mateus destaca que o uso excessivo das tecnologias está associado a outros problemas de saúde, como transtorno de ansiedade, transtorno de humor, problema no sono e no aprendizado.

"Já acompanhei casos de crianças e adolescentes que o uso do computador, do celular, de algum jogo eletrônico, acaba invadindo todos os domínios da pessoa e ela fico obsessiva com aquilo. Além disso a pessoa perde interesse por outras atividades, começa a prejudicar os estudos, quer deixar de ir para a escola, se torna irritável ou até agressiva quando o uso é interrompido", salientou o especialista.

O psiquiatra complementou: "Para todas as idades tenho observado muito mesmo o aumento na própria ansiedade, especialmente porque hoje em dia, por uma necessidade, as pessoas estejam muito ligadas nas notícias. Agora quando a pessoa fica várias horas por dia olhando a internet, contribui para a ansiedade e uma sensação de desespero".

Tratamento

Para o tratamento, Mateus pontua que é importante seguir dois passos: identificar se a atitude está sendo um problema e perceber se é possível controlar situação.

"Quando a gente está falando do tratamento da síndrome de independência, o primeiro passo é, geralmente, identificar se esta atitude está sendo um problema. Isso vale para álcool, cigarro, outras drogas. Este é o primeiro passo, porque depois a pessoa precisa perceber até que ponto ela está conseguindo controlar ou não. A perda de controle pode ser um sinal que tem um problema mais sério", disse.

"Se você estabelece uma meta, como acessar as redes sociais por apenas 1 hora por dia, e consegue cumprir, então está tudo sob controle. Caso contrário é necessário analisar esta parte da vida e até mesmo de uma orientação profissional", finalizou Freire.

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