Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?

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Questão 93 da prova azul do segundo dia do Enem 2018

Em 1938 o arqueólogo alemão WIlhelm Kõnlg, diretor do Museu Nacional do Iraque, encontrou um objeto estranho na coleção da Instituição, que poderia ter sido usado como uma pilha, similar às utilizadas em nossos dias. A suposta pilha, datada de cerca de 200 a.C., é constituída de um pequeno vaso de barro (argila) no qual foram instalados um tubo de cobre, uma barra de ferro (aparentemente corroída por ácido) e uma tampa de betume (asfalto), conforme ilustrado. Considere os potenciais-padrão de redução:

Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?
(Fe^+|Fe) = -0,4: 4 V; 
Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?
(H+|H.) = 0,00 V; e  
Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?
 (Cu^+|Cu) = +0,34 V.

Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?

Texto de João Carlos Moreno de Sousa

Última atualização: 27/04/2020

Apesar de ser uma área do conhecimento que vem, vagarosamente, ganhando destaque no Brasil, ainda existe muuuuita gente que nunca sequer ouviu falar na ARQUEOLOGIA. E dos que já ouviram falar, muitos ainda acham que é aquela ciência que escava dinossauro. E o pior de tudo é que ainda hoje tem muito jornalista que, sem buscar saber do que se trata essa ciência, faz reportagens sobre achados de fósseis de dinossauros dando crédito das pesquisas aos arqueólogos, e não aos Paleontólogos. E não são só jornalista, mas vez ou outra são lançados produtos temáticos sobre dinossauros onde se lê a palavra ARQUEOLOGIA estampada no produto.

Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?

Se você veio até aqui procurando por dinossauros, sinto muito. Recomendo que você dê uma olhada no texto do link abaixo:

Paleontologia: O que é? Onde estudar?

Também tem aqueles que já ouviram falar dos arqueólogos por causa de desenhos animados e filmes, como As Aventuras de Jackie Chan, Tomb Raider e, principalmente, Indiana Jones inclusive adoro ele, menos o quarto filme! Mas a verdade é que pouco, ou nada, do que é mostrado nas mídias e que chamam de arqueologia é, de fato, arqueologia.

Arqueologia é a ciência que estuda vestígios materiais da presença humana, sejam estes vestígios antigos ou recentes, com o objetivo de compreender os mais diversos aspectos da humanidade. Pode-se dizer que o arqueólogo é o detetive que tem a obrigação de investigar os mais diversos tipos de vestígios materiais para compreender o contexto de atividades humanas em um determinado tempo e espaço. Para este tipo de trabalho, o arqueólogo deve ser um bom conhecedor das ciências humanas, das ciências biológicas, das ciências da terra, e até das ciências exatas. O arqueólogo é, talvez, o cientista mais interdisciplinar e multidisciplinar que se pode encontrar. Confira os dois vídeos abaixo que explicam o que é Arqueologia de uma maneira simples.

Mas ainda não entendi. Pra que que a arqueologia serve? Que vestígios são esses?

A arqueologia busca explicar porque mudanças ocorrem nas sociedades humanas, através do registro arqueológico, incluindo sítios, artefatos, restos de alimentação, e outros, que fazem parte do nosso mundo desde sempre. O arqueólogo vai a campo, procura o sítio arqueológico, escava, analisa seu material em laboratório, e interpreta os dados em gabinete. Cada uma das etapas é realizada através de métodos científicos previamente elaborados.

O que chamamos de vestígios arqueológicos são os objetos materiais identificados em sítios arqueológicos. Um sítio arqueológico é, basicamente, um lugar onde houve alguma ocupação humana no passado. Alguns lugares históricos que são ocupados até hoje só são considerados sítios arqueológicos em casos quando há uma pesquisa arqueológica.

Para muitas pessoas é difícil imaginar como são os vestígios arqueológicos de humanos mais antigos que o período histórico, pois não fazem ideia de como eram os modos de vida destes grupos popularmente chamados de pré-históricos. Mas artefatos feitos de pedra e cerâmica são alguns dos artefatos arqueológicos mais encontrados em sítios tão antigos, assim como representações rupestres e restos esqueletais, sejam de humanos ou de animais (alimentos ou domesticados).

Como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?
Exemplos de artefatos pré-históricos. Acima: Pontas de flecha e lança (de até 6 cm) feitas através do lascamento de rochas. Abaixo: Fragmento de urna decorada (com diâmetro de até 65 cm) feita a base de cerâmica (barro). Fotos: JuCa.

Um dos pontos mais importantes da arqueologia, ao compreender as mudanças, diferenças e similaridades entre os seres humanos, sejam estas biológicas ou culturais, em diferentes lugares do mundo e diferentes momentos através do tempo desde há 3 milhões de anos atrás, isso nos torna capazes de compreender, aceitar e respeitar, ou ao menos tolerar, estas diferenças.

Através dos estudos sobre esqueletos humanos, entendemos porque nos tornamos como somos biologicamente. Entendemos porquê somos altos, baixos, negros, brancos. Através dos estudos de restos alimentícios entendemos como praticamos nossa produção de alimentos hoje, e descobrimos modos de alimentação que haviam deixado de existir e que podem ainda ser muito úteis para nós. Através dos estudos sobre os artefatos passamos a entender como se desenvolveram as tecnologias até hoje, e descobrimos aspectos culturais com os quais podemos, ainda hoje, aprender e levar como exemplo para as futuras gerações.

Bem, você está interessado em alguma sociedade humana, não é mesmo? Independente de qual seja ela, nos vamos buscar compreende-las através do estudo dos sítios arqueológicos e seus conteúdos, no contexto de tempo e espaço, e obtendo descrições de longas sequências culturais. A arqueologia reconstrói os modos de vida, os processos culturais de uma sociedade ou grupo humano que não se faz mais presente num determinado espaço, seja ela qual for!

Mas e no Brasil? Existem pirâmides? Existem civilizações antigas? Existe sítio arqueológico? O que a gente encontra lá?

As pirâmides antigas mais próximas estão lá no Peru. As civilizações antigas… bem, não há registros de grandes civilizações tão complexas no Brasil, mas há quem defenda a existência de sociedades com cacicados (ou seja, grupos mais ou menos complexos) na Amazônia poucos milhares de anos atrás. Mas é fato que sociedades pré-históricas habitaram o Brasil desde há mais de 13 mil anos atrás, e deixaram inúmeros vestígios de sua ocupação neste vasto território. Isto não faz a pré-história humana brasileira menos importante. Pelo contrário! Possuímos o registro de sociedades pré-históricas que desenvolveram suas culturas ao longo do tempo de formas diferentes. Inclusive, no Brasil existem certos tipos de sítios arqueológicos que não são encontrados em nenhum outro lugar do mundo! Isto enriquece ainda mais a arqueologia brasileira, uma vez que seu registro observado aqui é único no mundo.

Milhares são os sítios arqueológicos no Brasil. Mesmo no banco de dados online do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), que se encontra um pouco desatualizado, estão cadastrados mais de 20.000 sítios arqueológicos. Clique aqui e confira.

Onde os arqueólogos trabalham? Existe mercado de trabalho pra isso aqui no Brasil?

Sim, existe! De fato, ainda existem poucos arqueólogo no Brasil. Mas com os novos cursos de graduação e pós-graduação que surgiram desde 2005, finalmente temos profissionais no ramo pra dar conta do trabalho que temos que fazer. Mas ainda assim, ainda são poucas as instituições de pesquisa arqueológica no Brasil, e ainda são poucas as empresas de licenciamento ambiental que realizam pesquisa arqueológica. Sem arqueólogos capacitados não se formam mais instituições acadêmicas ou empresas. Vamos falar um pouco agora mais especificamente destas instituições e empresas onde os arqueólogos trabalham.

Arqueólogos podem trabalhar em museus, atuando como curador de exposições e de acervos arqueológicos, além de poder contribuir na restauração de alguns objetos sendo esta apenas uma parte dos trabalhos que o arqueólogo pode realizar. Há ainda a pesquisa acadêmica, realizada por instituições brasileiras como estes mesmos museus e universidades com seus departamentos de arqueologia, antropologia, história, biologia, geologia e outras áreas afins.

Mas a grande ascensão e crescimento no número de arqueólogos nos últimos anos se deve à demanda da denominada arqueologia de contrato, realizada por empresas de consultoria, ou profissionais autônomos, para atender ao chamado do salvamento do patrimônio da humanidade. Afinal, os vestígios arqueológicos são patrimônio público. O desenvolvimento nacional depende da construção de grandes empreendimentos que atendam às necessidades da população, como usinas hidrelétricas, estradas, ferrovias, linhas de transmissão de energia, mineração etc. As possibilidades de encontrarmos vestígios arqueológicos nos locais onde serão construídos estes empreendimentos são ENORMES. Cabe ao empreendedor (obrigatoriamente, por lei) contratar uma equipe de arqueólogos para que ela faça a consultoria local, averiguando a presença de sítios arqueológicos, diagnosticando o impacto, e realizando o resgate do material que pode ser encontrado. Em alguns casos, tamanha seja a importância dos “achados”, o arqueólogo deve, junto ao empreendedor, repensar o projeto do empreendimento. Esta ascensão vem ocorrendo desde a vigência da resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente 001/1986) que obriga o resgate de sítios arqueológicos sujeitos à destruição por obras que causam impacto em área ambiental, desde o começo dos anos 2000 esta área tem crescido rapidamente.

Veja no vídeo abaixo 7 dicas sobre o mercado de trabalho da arqueologia no Brasil.

MAS POR QUE EU NUNCA OUÇO FALAR DE ARQUEÓLOGOS NO BRASIL?

Infelizmente, a mídia (TV, revistas e jornais) ainda não dá a devida atenção à importância e à quantidade das pesquisas arqueológicas no Brasil. A profissão só foi regulamentada muito recentemente (Abril de 2018). Isso afeta o reconhecimento da arqueologia brasileira por parte do grande público. É uma profissão relativamente recente no Brasil. Os atuais cursos de graduação surgiram todos a partir de 2005, e o número de pós-graduações só veio a crescer também nos últimos anos. Isso reflete num número muito baixo de arqueólogos profissionais atuando no Brasil. Não se ouve falar muito em arqueólogos brasileiros porque somos poucos. Então, se você gostaria de ser arqueólogo, não perca tempo e entre numa universidade e faça uma graduação em arqueologia! Se você já possui um título de bacharel, você também pode tentar entrar num mestrado ou doutorado em arqueologia. Já existem muitos cursos de graduação e pós-graduação em arqueologia. Torne-se um profissional da área e contribua com o resgate do conhecimento da humanidade.

Para saber mais:

  • Como se tornar arqueólogo no Brasil
  • Legislação Arqueológica no Brasil

Como a arqueologia pode contribuir para a história das pilhas?

Resposta: A Arqueologia através da descoberta da pilha de Bagdad por Wilhelm Konig demonstrou que a arqueologia pode contribuir para a Ciência e até mesmo para a história provando o uso de eletricidade no mundo antigo e para a Ciência, que a eletricidade pode ser produzida até mesmo pelo vinho ou vinagre que era o ...

Como a arqueologia pode ter contribuído para contar?

Com conhecimento de História, ele investiga e escava sítios arqueológicos e observa marcas deixadas num território com o objetivo de entender como ele foi ocupado. Com isso, traça hipóteses e teorias sobre a evolução das sociedades.

O que estuda em arqueologia existia pilha antes de Cristo como a arqueologia poderia ter contribuído para contar a história das pilhas?

Resposta verificada por especialistas. Tendo em vista os conhecimentos sobre arqueologia e suas características, pode-se afirmar que a mesma é a ciência que estuda os vestígios materiais da presença humana na Terra. Além disso, pilhas da forma como conhecemos hoje não existiam antes de Cristo.

Como foi descoberta a pilha?

A história das pilhas começou em uma situação acidental, envolvendo Luigi Galvani, porém quem explicou corretamente a origem do fato foi o físico Alessandro Volta. Em 1786, o anatomista italiano Luigi Galvani (1737-1798) dissecou uma rã sobre sua mesa, na qual se encontrava uma máquina eletrostática.