Como saber quem você é dalai lama

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Dalai-Lama

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Idioma: Português

ISBN mais comum: 9788522009831

Principal editora: Agir

Como saber quem você é dalai lama


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Livrista

“Através de um, todos são conhecidos.
Através de um, todos são visto também”.
– Buda

Como é a pessoa individual que experimenta prazer e dor, gera conflitos e acumula carma – todo o ruído e a confusão sendo produzidos pelo eu –, a análise deveria começar por você mesmo.

Depois, quando descobrir que essa pessoa não possui existência inerente, poderá ampliar essa descoberta para as coisas que aprecia, sofre e usa.

Nesse sentido, a pessoa é primordial.

É por isso que Nagarjuna primeiro apresenta a inexistência inerente do eu de uma pessoa e depois a usa como exemplo para a inexistência inerente dos fenômenos.

Sua Preciosa Guirlanda de Conselhos diz: Uma pessoa não é terra, não é água, não é fogo, nem vento, nem espaço, não é consciência e não é todas essas coisas.

Que pessoa existe além de tudo isso? Assim como deve ser constituída na dependência da agregação dos seis constituintes.

Uma pessoa não é estabelecida como sua própria realidade.

Devendo ser assim constituída na dependência de uma agregação.

Cada um dos constituintes não é tampouco estabelecido como sua própria realidade.

Assim como uma pessoa não existe inerentemente porque é dependente de uma reunião dos seis constituintes – terra (as substancias duras do corpo), água (fluidos), fogo (calor), vento (energia, movimento), espaço (as cavidades do corpo) e consciência – tampouco os constituintes existem inerentemente, porque cada um é composto na dependência de suas próprias partes.

É mais fácil compreender exemplos do que aquilo que eles exemplificam.

Buda fala sobre isto no Sutra do Rei das Meditações:

Assim como você chegou a conhecer a falsa discriminação de si mesmo,

Aplique isso mentalmente a todos os fenômenos.

Todos os fenômenos são completamente desprovidos de sua própria existência inerente, como o espaço.

Através de um, todos são conhecidos.
Através de um, todos são vistos também.

Quando sabe bem como o “eu” realmente é, você pode compreender todos os fenômenos internos e externos usando o mesmo raciocínio.

Vendo de que maneira um fenômeno – você mesmo – existe, você também pode conhecer a natureza de todos os outros fenômenos.

É por isso que o procedimento pra a meditação é primeiro esforçar-se para gerar percepção de sua própria falta de existência inerente e depois trabalhar para perceber o mesmo com relação a todos os demais fenômenos.

REFLEXÃO MEDITATIVA

Considere:

A pessoa está no centro de todas as dificuldades.

Portanto, é melhor tentar primeiro descobrir sua verdadeira natureza.

Depois disso, essa descoberta pode ser aplicada à mente, corpo, casa, carro, dinheiro e a todos os outros fenômenos.

DESCUBRA QUE VOCÊ NÃO EXISTE EM E POR SI MESMO

Assim como um carro de guerra existe

Na dependência do conjunto de partes, assim, também, convencionalmente, um ser sensível é constituído na dependência dos agregados físicos e mentais. – Buda

No budismo o termo “eu” tem dois significados que devem ser diferenciados para se evitar confusão. Um significado de eu é “pessoa” ou “ser vivo”.

Este é o ser que ama e odeia, que pratica ações e acumula carma bom e mau, que experimenta os frutos dessas ações, que renasce na existência cíclica, que cultiva caminhos espirituais e assim por diante.

O outro significado do eu ocorre na expressão “inexistência do eu”, em que se refere a um estado de existência falsamente imaginado, super-concretizado de existência chamado “existência inerente”.

A ignorância que se prende a tal exagero é na verdade a fonte da destruição, a mãe de todas as atitudes erradas – talvez pudéssemos dizer diabólicas.

Ao observar o “eu” que depende de atributos mentais e físicos, essa mente o exagera, tomando-o por um ser inerentemente existente, embora os elementos que estão sendo observados não contenham de maneira alguma esse ser exagerado.

Qual é o estatuto real de um ser sensível? Assim como um carro existe na dependência de suas partes, como rodas, eixos, e assim por diante, um ser sensível também é convencionalmente constituído na dependência da mente e do corpo.

Não há pessoa alguma a ser encontrada quer separada da mente e do corpo, quer dentro da mente e do corpo.

APENAS NOME

Esta é a razão por que o eu e todos os outros fenômenos são descritos no budismo como “apenas nome”.

O significado disto não é que o eu e todos os outros fenômenos sejam apenas palavras, já que as palavras para esses fenômenos referem-se de fato a objetos reais.

Significa, isto sim, que tais fenômenos não existem em e por si mesmos; a expressão “apenas nome” elimina a possibilidade de que eles sejam estabelecidos a partir dos próprios objetos.

Precisamos deste lembrete porque o eu e outros fenômenos não parecem ser meramente constituídos por nome e pensamento. Ao contrário.

Por exemplo, dizemos que o Dalai Lama é um monge, um ser humano tibetano.

Não parece que você esta dizendo isso, não com relação ao seu corpo ou a sua mente, mas sobre algo separado?

Sem parar de pensar sobre isso, parece haver um Dalai Lama separado do seu corpo, e independente até de sua mente. Ou considere a si mesmo.

Se seu nome for Jane, por exemplo, dizemos, “o corpo de Jane, a mente de Jane”, de modo que você tem a impressão de que há uma Jane que possui sua mente e seu corpo, e existem uma mente e um corpo que Jane possui.

Como você pode compreender que essa perspectiva é equivocada?

Concentre-se no fato de que não há nada dentro da mente ou do corpo que possa ser “eu”.

Mente e corpo são vazios de um “eu” tangível.

Mais exatamente, assim como um carro é constituído da dependência de suas partes e não é nem mesmo a soma de suas partes, assim o “eu” depende da mente e do corpo.

Um “eu” que não dependa da mente e do corpo não existe, ao passo que um “eu” compreendido como dependente da mente e do corpo existe em conformidade com as convenções do mundo.

Compreender esse tipo de “eu” que não pode ser encontrado de maneira alguma na mente ou no corpo, não é sequer a soma de mente e corpo, mas só existe através do poder de seu nome e de nossos pensamentos, é útil quando nos esforçamos por nos ver como realmente somos. […]

Extrato do livro: “Como saber quem você é” – Dalai Lama