De agosto a novembro de 2022 o preço da carne

As exportações brasileiras de carne bovina in natura recuaram de outubro para novembro. Ainda assim, pesquisadores do Cepea destacam que os elevados volumes embarcados nos meses anteriores já garantiram recorde anual para 2022.

Segundo dados da Secretaria de Comércio ExteriorSecex, em novembro, foram escoadas 148,8 mil toneladas de carne bovina, 23% a menos que em outubro. Em agosto e em setembro, por exemplo, as vendas externas da proteína estiveram acima de 200 mil toneladas.

De janeiro a novembro deste ano, o Brasil já exportou 1,84 bilhão de toneladas de carne bovina, sendo 28,5% acima da quantidade escoada no mesmo período de 2021 (1,43 bilhão). O montante também é recorde para um ano, já que nos 12 meses de 2021, o país embarcou 1,561 bilhão de toneladas. 

Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, as exportações brasileiras de carne de frango seguem indo muito bem tanto em volume quanto em receita porque “o Brasil tem uma fórmula quase infalível, já que exporta para mais de 100 países e tem uma presença muito forte no mercado halal, com uma capacidade de atender a este mercado específico que nenhum outro país tem. A influenza aviária é um fator muito importante, além do conflito Ucrânia e Rússia, que acaba tirando a Ucrânia do mercado. O câmbio é outro fator que também ajuda muito na conta das exportações. E assim como no Brasil, em muitos outros países o cenário de poder de compra do consumidor reduzido faz com que parte da população busque a carne mais acessível, no caso, o frango”, argumentou. A receita obtida com as exportações de carne de frango até aqui, US$ 533,3 milhões, representa 86,4% do montante obtido em agosto de 2021, que foi de US$ 616,7 milhões. No volume embarcado, as 254.021 toneladas são 72,4% do registrado em agosto do ano passado, com 350.839 toneladas. A receita por média diária foi de US$ 35,5 milhões, valor 26,8% a maior que o registrado agosto de 2021. No comparativo com a semana anterior, houve baixa de 12,8%. Em toneladas por média diária, foram 16.934 toneladas, houve crescimento de 6,2% no comparativo com o mesmo mês de 2021. Em relação à semana anterior, observa-se diminuição de 12,12%. No preço pago por tonelada, US$ 2.099, ele é 19,4% superior ao praticado em agosto do ano passado. Frente ao valor da semana anterior, queda de 0,86%.

Rio de Janeiro – O torcedor brasileiro terá de driblar os preços mais altos se quiser reunir os amigos para fazer churrasco em dias de jogos da seleção na Copa do Qatar deste ano, que começará no dia 20 de novembro. Desde a edição mais recente do torneio, em 2018, os valores da carne bovina dispararam no País.

A pesquisa da cesta básica divulgada pelo Procon-SP, em convênio com o Dieese, dá uma dimensão dos aumentos para o consumidor na capital paulista.

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De agosto a novembro de 2022 o preço da carne

Segundo o levantamento, o preço médio do quilo da carne bovina de primeira era de R$ 22,63 em julho de 2018, quando ocorreu a final da última copa. Em igual mês de 2022, o valor praticamente dobrou, calculado em R$ 43,89.

A alta no período chegou a 93,9% – ou R$ 21,26 a mais. Os cortes de primeira pesquisados são coxão mole e patinho, conforme o Procon-SP.

A carne de segunda teve trajetória semelhante. No mesmo período, o preço médio do quilo subiu de R$ 17,74 para R$ 34,70, uma alta de 95,6% – ou R$ 16,96 a mais. Nesse caso, os cortes pesquisados são acém e músculo.

De julho de 2018 a julho de 2022, a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo acumulou alta de 27,73% na região metropolitana de São Paulo, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. O avanço no País foi de 27,11% no mesmo período.

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De agosto a novembro de 2022 o preço da carne



Economistas associam a disparada das carnes a uma combinação de ingredientes como procura aquecida no mercado internacional, taxa de câmbio mais alta e custos de produção elevados.

O consultor Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado, lembra que o apetite da China por carnes brasileiras teve salto ainda antes da pandemia, devido ao surto da peste suína africana, que afetou a produção de proteína animal no país asiático.

As vendas seguiram aquecidas durante a crise da Covid-19, e o dólar acima de R$ 5 também estimulou os embarques. O resultado foi uma oferta menor direcionada para o mercado interno, o que pressionou os preços, segundo o economista.

“O consumidor ficou saturado com os aumentos. Até por isso os preços da carne pararam de escalar nos últimos meses”, diz Iglesias.

O economista Matheus Peçanha, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, também cita a demanda externa e o câmbio como fatores que explicam as altas.

Alimentação do gado – Custos maiores para alimentação do gado provocaram pressão adicional sobre as carnes, de acordo com ele. Peçanha destaca a subida de grãos durante a pandemia e os efeitos adversos do clima, que prejudicaram pastagens no País.

“Em um período de quatro anos, há o efeito inercial da inflação. E, de 2020 para cá, tivemos um processo inflacionário forte dos alimentos, das carnes especificamente. Isso veio por conta de questões internas, como os problemas climáticos, e também por fatores externos e câmbio”, diz Peçanha.

Os dados da cesta básica divulgada pelo Procon-SP mostram que a carestia não se resumiu à carne bovina desde a Copa de 2018.

O quilo da linguiça fresca em São Paulo, por exemplo, subiu de R$ 12,54 em julho daquele ano para R$ 21,30 em igual mês de 2022. A alta foi de 69,9%.

No mesmo período, o preço médio do quilo do frango resfriado inteiro mais do que dobrou, de R$ 5,76 para R$ 11,86.

Possíveis acompanhamentos para o churrasco em dias de jogos também ficaram mais caros. O pacote de cinco quilos de arroz avançou 62,1%, de R$ 12,10 para R$ 19,62. O quilo do pão francês subiu 41,2%, de R$ 11,28 para R$ 15,93.

A farinha de mandioca, por sua vez, aumentou 32%, de R$ 4,35 para R$ 5,74. O quilo da batata – usada na salada ou maionese de batatas, dependendo do nome adotado em cada região – teve alta de 121,4% (de R$ 2,57 para R$ 5,69).

Em julho de 2018, a cesta básica divulgada pelo Procon-SP custava R$ 695,93. Trata-se de um valor médio de 39 produtos, incluindo alimentos e itens de limpeza e higiene pessoal. Em julho de 2022, a cesta foi calculada em R$ 1.266,92. Ou seja, a alta foi de 82% no período. (Leonardo Vieceli)

Embarques de frango têm receita recorde

São Paulo – As exportações de carne de frango do Brasil totalizaram receita recorde de US$ 922,1 milhões em agosto, número que supera em 36,1% o faturamento obtido no mesmo mês do ano passado, em meio a um aumento de demanda e preços elevados, disse ontem a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Em volume, os embarques – que consideram produtos in natura e processados – somaram 437,8 mil toneladas, alta de 15,3% no comparativo anual.

“O quadro global está altamente demandante por proteínas do Brasil, com especial efeito nas exportações de carne de frango, o que tem pressionado (para cima) os preços internacionais dos produtos em todo o mundo”, disse em nota o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

No acumulado do ano até agosto, as exportações de carne de frango do Brasil alcançaram 3,266 milhões de toneladas, aumento de 7,1%, enquanto a receita cresceu 33,7% no período, para US$ 6,542 bilhões.

Entre os principais destinos das exportações de carne de frango entre janeiro e agosto, destaque para os Emirados Árabes Unidos, com 319 mil toneladas (+45%), Japão, com 277,6 mil toneladas (+2%), Filipinas, com 165 mil toneladas (+47%), União Europeia, com 163,2 mil toneladas (+29%) e Coreia do Sul, com 124,3 mil toneladas (+63%).

“Os mercados asiáticos vêm incrementando sua participação nas exportações de carne de frango brasileira. Países como Filipinas e Coreia do Sul, por exemplo, ampliaram suas importações em volumes significativamente superiores às médias históricas, juntando-se a outros importantes e históricos parceiros comerciais do Brasil na região como o Japão e a China na lista dos principais importadores”, acrescentou o diretor de mercados da ABPA, Luis Rua. (Reuters)

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