O que leva a China a ser um dos países que mais crescem atualmente?

De olho nos indícios que mostram uma mudança no eixo da inovação, com cada vez mais relevância da China, o Grupo GS&MD Gouvêa de Souza realiza o evento China 360º nesta quarta-feira (03/07). A ideia é mostrar o que há de mais importante acontecendo no país -- executivos costumam viajar para o Vale do Silício em busca do que há de mais importante em inovação, mas a China ainda recebe menos atenção.

O evento recebeu empresários que acabaram de retornar de uma expedição à China, que compartilhou alguns dos principais aprendizados da viagem. “Até pouco tempo atrás, nossa principal missão era ficar de olho nos Estados Unidos. Agora, sem dúvidas, é a China”, diz Marcos Gouvêa de Souza, diretor-geral do Grupo GS&MD.

“É uma economia que tem dia e hora para se tornar a maior do mundo. Seu poder de influência transcenderá muito mais do que os brasileiros podem imaginar”, afirma o executivo. Eduardo Yamashita, COO do Grupo GS&MD, em palestra sobre “Ecossistemas de negócios e a transformação do varejo chinês”, alerta: olhar para a China é olhar para o futuro. “É uma amostra que o resto do mundo só deve alcançar em 20 anos”, diz.

Durante a apresentação, Yamashita listou uma série de fatores para justificar o crescimento chinês. In Hsieh, brasileiro filho de chineses e especialista no mercado chinês, também participou da conversa. Veja abaixo alguns dos principais elementos que fizeram do ecossistema do celeiro de unicórnios que se tornou a China.

Urbanização
De 2003 a 2013, 300 milhões de pessoas se mudaram do campo para as cidades, saltando da pobreza extrema para uma classe com maior poder de consumo.

Escala global e competitividade interna
Há no país uma cultura de competitividade extrema, promovendo a concorrência interna desde o início de um negócio. “Há uma obsessão em crescer e derrotar os rivais do seu setor como nunca antes visto”, diz Yamashita. In Hsieh conta que chegou a pensar em abrir um negócio na terra de seus pais. Mas sua mãe falou: “não faça isso, porque você será engolido”.

Capital
O mercado de venture capital do país cresceu muito nos últimos anos -- liderado por fundos norte-americanos, é verdade. Hoje, o país já alcançou os EUA nesse quesito. São US$ 70 bilhões em venture capital. “Até o governo chinês atua como fundo de venture capital no país”, diz Yamashita.

Educação
“Com o objetivo de crescer rápido e globalmente, a China tem investido muito em educação”, diz Yamashita. Segundo o COO, cerca de 7,5 milhões de pessoas se formam por ano no país. A capacitação é chave para que haja mão de obra preparada para trabalhar em carreiras de desenvolvimento.

Internet
Na China, a revolução digital tomou conta da população. Lá, são 800 milhões de usuários ativos, principalmente no celular. “A população chinesa deu um salto em termos de acesso. Ela pulou o computador e foi direto para o celular”, diz In. Segundo o especialista, foi esse movimento que justificou o crescimento de empresas como a Tencent, portadora do superaplicativo WeChat.

A China é a segunda maior potência econômica mundial, a maior exportadora mundial e detentora de reservas cambiais do mundo. Contudo, apesar da China ter um dos PIBs que mais cresce no mundo, o crescimento da sua economia desacelerou bruscamente para 2,3% em 2020, contra 6% em 2019, devido aos impactos provocados pela pandemia da COVID-19. O contexto de 2019 já era resultado de uma desaceleração estrutural, à medida que a economia se afasta de um modelo de crescimento impulsionado por investimentos e o governo implementa políticas para reduzir as vulnarabilidades financeiras. Atualmente, a demanda externa resiliente e o robusto consumo doméstico fortaleceram esse crescimento mesmo com as preocipações crescentes voltados para os riscos financeiros diante de uma restruturação da economia protagonizada pelo governo. Em 2021, o crescimento voltou com força a uma taxa de 8%. Os novos setores como e-commerce e serviços financeiros online estão ganhando destaque em uma economia dominada por setores voltados para exportações. De acordo com a previsão do FMI de outubro de 2021, espera-se que o PIB se estabilize a uma taxa de 5,6% em 2022 e 5,3% em 2023.

No final de 2021, a inflação alcançou 1,1% e deve permanecer estável nos próximos dois anos em 1,8% em 2022 e 1,9%  em 2023 (FMI, outubro de 2021). A dívida pública é um dos motivos de preocupação na China. Embora o número oficial para 2021 tenha sido de 68,9%, o número real é considerado muito maior e espera-se que aumente nos próximos anos. De acordo com o relatório publicado pelo Instituto Internacional de Finanças, o estoque total da dívida corporativa, das famílias e do governo do país agora excede 303% do produto interno bruto e representa cerca de 15% de toda a dívida global. Ultimamente, o governo tem direcionado cortes de gastos em seu orçamento e o Presidente Xi Jinping disse que restringirá os empréstimos a empresas estatais gigantes é "a prioridade das prioridades". No entanto, o FMI antecipa um aumento da dívida pública no futuro, atingindo 72,1% em 2022 e 74,5% em 2023. Devido à pandemia, o saldo orçamentário do governo atingiu uma baixa recorde de -9,5% do PIB em 2020, comparado a -5,9% no ano anterior, porém retomou uma taxa de 6,9% em 2021. Mas esperasse que, em 2022 e 2023, mantenha-se a tendência de baixa, cuja estimativa é que o PIB chegue em -6,5% e -6%.  Por outro lado, a China ainda é a maior reserva de moedas estrangeiras (estimada em 3,2 trilhões de dólares em janeiro de 2022 pelo governo chinês), o que poderá servir como um amortecedor para a volatilidade soberana externa, juntamente com um superávit em conta corrente estimado em 275,7 bilhões de dólares em 2022 (FMI, outubro de 2021). O consumo ainda deve se recuperar dos impactos provocados pelo coronavírus. Embora as vendas de bens de luxo estejam crescendo e as receitas de bilheteria tenham atingido novas máximas, a falta de recuperação no emprego e a queda na renda familiar significam que as perspectivas de uma recuperação total do consumo não são boas (OCDE, 2021).

Em 2022,  o maior desafio que a China terá que enfrentar é relacionado à economia e aos impactos sociais e de saúde provocados pela pademia. Além disso, persistem muitos outros desafios, tais como o envelhecimento da população e a diminuição da força de trabalho, a falta de abertura do sistema político e problemas de competitividade de uma economia dependente de elevadas despesas de investimento e da expansão do crédito. Existem ainda grandes diferenças de nível de vida entre a cidade e o campo, entre as áreas urbanas da costa e as regiões do interior e do oeste do país, bem como entre as classes médias urbanas e as que não puderam se beneficiar do crescimento das últimas décadas. Essas desigualdades estão se tornando cada vez mais inquietantes tanto para as autoridades chinesas como para os investidores, por isso o voto de Xi Jinping de concluir a erradicação da pobreza rural até 2020, seguida de seu discurso no ano seguinte de que a "árdua tarefa de erradicar a pobreza extrema foi cumprida (BCC News, fevereiro de 2021), embora a referência nacional usada pelo governo chinês seja ligeiramente superior à linha de pobreza de 1,90 dólar por dia usada pelo Banco Mundial para analisar a pobreza globalmente.

De acordo com o Ministério dos Recursos Humanos e da Segurança Social Yin Weimin, a mais baixa taxa de desemprego foi provocada, principalmente, pela nova economia digital e pelo empreendedorismo. Muitos analistas dizem, no entanto, que a figura governamental é um indicador pouco confiável dos níveis nacionais de emprego, pois leva em conta apenas o emprego nas áreas urbanas e também não mede os milhões de trabalhadores imigrantes que chegam ao país a cada ano. Apesar do contexto global, a taxa de desemprego diminuiu um pouco, indo 4,2% em 2020 para 3,8% em 2021. O FMI espera, no entanto, que essa tendência seja retomada aos níveis pré-pandemia de 3,7% em 2022 e 3,6% em 2023.

Principais setores econômicos

Altamente diversificada, a economia chinesa é dominada pelos setores manufatureiro e agrícola. A China é o pais mais populoso do mundo e um dos maiores produtores e consumidores de produtos agrícolas. A agricultura empregou cerca 24,7% da população ativa em 2021 (Banco Mundial, 2022) e contribui para cerca de 7,7% do PIB, embora apenas 15% do solo chinês (aproximadamente 1,2 milhões de km²) seja arável. O país é líder mundial na produção de cereais, arroz, algodão, batata e chá, bem como, em termos de pecuária, na criação de ovinos, de suínos e ainda na oferta de produtos de pesca. Uma série de planos têm visado transformar, modernizar e diversificar a agricultura para a tornar mais produtiva. Além disso, o país é rico em recursos naturais e tem uma significativa reserva de carvão (a principal fonte de energia da China), o que equivale a dois terços do consumo total de energia primária. A China é líder na produção de certos minérios (estanho, ferro, ouro, fosfatos, zinco e titânio) e tem uma significativa reserva de petróleo e gás natural, fazendo com que seja o quinto maior produtor de petróleo do mundo, com 3,38 milhões de barris por ano em 2021.

O setor industrial contribui com aproximadamente 37,8% do PIB chinês e empregou 27% da população em 2021 (Banco Mundial, 2022). A China tornou-se um dos destinos preferidos para a terceirização das unidades de fabricação globais devido à sua oferta de mão de obra barata, apesar do aumento nos custos trabalhistas nos últimos anos. O desenvolvimento econômico da China coincidiu principalmente com o desenvolvimento de um setor manufatureiro competitivo e orientado para o exterior. Mais da metade das exportações chinesas são realizadas por empresas com capital estrangeiro. Sua participação no valor agregado varia de acordo com o setor é de mais de 60% no setor de eletrônicos e menos de 20% para a maioria dos bens de produção. O setor público representa ainda aproximadamente 39% do PIB.

A participação do setor terciário é de, aproximadamente, 54,5% do PIB e empregou cerca de 47% da força de trabalho eem 2021 (Banco Mundial, 2022). Embora a participação do setor no PIB tenha crescido nos últtimos anos, o setor de serviços não se desenvolveu, atravancado pelos monopólios públicos e pelas regulamentações restritivas. O desenvolvimento do setor tem estado limitado porque o foco do país está nas exportações de manufaturados e as substanciais barreiras ao investimento no setor. Todavia, o governo chinês vem se concentrando mais nos setores de serviços nos últimos tempos, especialmente em subsetores como finanças, logística, educação e saúde, e também pretende se posicionar entre os principais exportadores de transporte, turismo e construção.

A pandemia da COVID-19 teve um impacto podereso na economia global de 2020. Porém, a recuperação global continua, mesmo que o ímpeto tenha enfraquecido no final de 2021 e a incerteza tenha aumentado à medida que a pandemia ressurgiu, deixando marcas duradouras no desempenho de médio prazo. O aumento da inflação global está fazendo com que os investidores se preocupem com o crescimento no futuro, mas muitos economistas dizem que os aumentos de preços diminuirão, abrindo caminho para um crescimento de 4,7% do PIB global em 2022 (Fundo Monetário Internacional - FMI, 2022 e Morgan Stanley, 2021). O impacto da pandemia parece ter afetado os dois lados da maioria dos setores e mercados na China pelo segundo ano consecutivo – interrupções na demanda e problemas de fornecimento – tornando as perspectivas de curto prazo incertas para os setores de agricultura, indústria e serviços.

Divisão da atividade econômica por setor Agricultura Indústria Serviços
Emprego por setor (em % do emprego total) 25,3 27,4 47,3
Valor agregado (em % do PIB) 7,7 37,8 54,5
Valor agregado (crescimento anual em %) 3,0 2,6 2,1

Fonte: World Bank, Últimos dados disponíveis. Devido ao arredondamento, a soma das percentagens pode ser superior / inferior a 100%.

Obtenha mais informações sobre o seu setor de atividade em nosso serviço Estudos de mercado.

Indicador de liberdade econômica

Definição

O indicador de liberdade económica mede dez componentes da liberdade económica, divididos em quatro grandes categorias: a regra de direiro (direitos de propriedade, nível de corrupção); O papel do Estado (a liberdade fiscal, as despesas do governo); A eficácia das regulamentações (a liberdade de inciativa, a liberdade do trabalho, a liberdade monetária); A abertura dos mercados (a liberdade comercial, a liberdade de investimento e a liberdade financeira). Cada um destes dez componentes é medido numa escala de 0 a 100. A nota global do país é uma média das notas dos 10 componentes.}}

Nota:58,4/100Posição mundial:107Posição regional:20

O que leva a China a ser um dos países que mais crescem atualmente?

Classificação do ambiente de negócios

Definição

O ranking de ambiente de negócios mede a qualidade ou a atratividade do ambiente de negócios nos 82 países abrangidos pelas previsões do The Economist. Este indicador é definido pela análise de 10 critérios: o ambiente político, o ambiente macroeconômico, as oportunidades de negócios, as políticas no que diz respeito a livre iniciativa e concorrência, as políticas no que diz respeito ao investimento estrangeiro, o comércio exterior e o controle do câmbio, a carga tributária, o financiamento de projetos, o mercado de trabalho e a qualidade das infraestruturas.

Nota:5.99/10 Posição mundial:55/82

Fonte: The Economist Intelligence Unit - Business Environment Rankings 2020-2024

Por que a China é o país que mais cresce?

Em recursos minerais, a China ocupa um lugar de destaque no cenário mundial, esse fator é importante para o abastecimento das indústrias e contribui para o crescimento econômico do país.

Porque a China está crescendo tanto?

Esse extraordinário crescimento foi viabilizado por diversos fatores, sendo os mais importantes a política cambial, especialmente a forte desvalorização real do renminbi ocorrida entre 1990 e 1994, e os ganhos de competitividade da indústria chinesa possibilitada, por sua vez, pela liberalização das importações.

Quais os fatores que contribuíram para o crescimento da economia chinesa?

Dentre as causas apontadas em diversos estudos, destacam-se os investimentos diretos externos (IDEs) e as medidas de política industrial, como, por exemplo, os incentivos fiscais concedidos a setores determinados localizados em zonas econômicas especiais.

Quais os fatores que permitiram a China crescer e se tornar uma grande potência?

Os fatores que transformaram a China em uma potência da inovação.
Urbanização. De 2003 a 2013, 300 milhões de pessoas se mudaram do campo para as cidades, saltando da pobreza extrema para uma classe com maior poder de consumo..
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