O que pode ser considerada a principal característica do absolutismo?

O Absolutismo Francês foi o mais expressivo fenômeno político do início da modernidade e teve como principais articuladores Richelieu e Bossuet.

O que pode ser considerada a principal característica do absolutismo?

O Absolutismo foi um fenômeno político que caracterizou a emergência e o estabelecimento do Estado Moderno europeu entre os séculos XVI e XVIII. O absolutismo francês, em especial, expressou toda a pujança desse modelo político. O rei Luís XIV (1643-1715), conhecido como “Rei Sol”, personificou todas as características do absolutismo, e a ele foi atribuída a frase “O Estado sou Eu”. Essa característica de representação completa do Estado fazia do rei um elemento político absoluto. Daí vem o termo absolutismo.

Os Estados Modernos europeus e o modelo absolutista nasceram como uma resposta à profunda crise política e social advinda das guerras civis e religiosas que assolaram a Europa nos séculos XVI e XVII. Essas guerras eram decorrentes das reformas protestantes e do enfrentamento que os reis das dinastias católicas deram às propostas políticas ancoradas no luteranismo e no calvinismo.

Na França, os principais arquitetos do Estado fortalecido e centralizado na figura do rei foram o cardeal Richelieu (1585-1642), que fora primeiro-ministro do rei Luís XIII, e Jacques Bossuet (1627-1704), teólogo que engendrou uma das principais defesas teóricas do absolutismo, reivindicando, inclusive, a relação íntima desse tipo de governo com a própria dinâmica da História.

Richelieu preparou o terreno para a centralidade do poder na figura do rei: limitou a influência dos nobres nas decisões políticas administrativas, ampliou a força dos funcionários reais e criou uma forte burocracia controlada pelo rei. Tudo isso amparado naquilo que ele denominava de “razão de estado”.

Jacques Bossuet, por sua vez, foi um dos principais seguidores e admiradores do rei Luís XIV, sucessor de Luís XIII. Sua principal obra intitula-se “Política tirada das Sagradas Escrituras”. Nela, Bossuet, apoiando-se na tradição católica, especialmente em autores como Santo Agostinho, tensionou estabelecer uma teoria do direito divino do monarca, concebendo que todo o poder estava na figura do rei. O rei seria, desse modo, uma autoridade sagrada e incontestável, só devendo obediência a Deus.

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Para afirmar-se como modelo político, o absolutismo precisou ser implacavelmente autoritário. O historiador Marco Antônio Lopes exemplificou esse caráter incisivo do monarca absoluto no seguinte trecho: “O Estado absolutista francês instalou-se no topo de uma complexa pirâmide de hierarquias sociais. Se em sua "política externa" não admitia nenhuma potência acima de si mesmo, no interior do reino sufocou qualquer discurso que fosse desfavorável à propaganda monárquica, que foi estendida até aos campos de batalha. A lei da mordaça imposta pelos príncipes absolutistas à História, que se tornou uma "arte", foi muito criticada por autores setecentistas.” (Lopes, Marcos Antônio. (2008). Ars Historica no Antigo Regime: a História antes da Historiografia. Varia Historia, 24(40).p 653.)

Os autores setecentistas que criticaram essa tentativa de controle da História e da população pelo Estado absolutista foram os representantes do Iluminismo, como Montesquieu, que defendia o deslocamento do poder da figura do rei para os cidadãos, que seriam representados por instituições harmônicas e interdependentes, configurando três poderes: o Legislativo, o Judiciário e o Executivo. 


Por Me. Cláudio Fernandes

Por Cláudio Fernandes

Mestra em História (UFRJ, 2018)
Graduada em História (UFRJ, 2016)

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Resultante do processo de centralização política das monarquias nacionais europeias, o absolutismo era um sistema político da Idade Moderna. Suas principais características são: ausência de divisão de poderes, poder concentrado no Estado e política econômica mercantilista.

Numa monarquia absolutista, o rei tinha com seus súditos uma relação marcada pelo princípio da fidelidade: todos, sem exceção, deviam obediência e respeito ao monarca e seus representantes. Estes possuíam a prerrogativa de julgar e legislar ao invocar a mera vontade do soberano. Isso quer dizer, é claro, que questionar publicamente o desejo do monarca ou de seus agentes poderia ser considerado por si só um crime passível de punição, como pôde ser visto durante o reinado daquele que é considerado o expoente máximo do absolutismo: o monarca francês Luís XIV (1638-1715), cognominado como o Rei Sol. Durante seu reinado, ele concederia prêmios em dinheiro e incentivos fiscais à burguesia de modo a favorecer as manufaturas, e aplacaria a influência da nobreza ao distribuir favores, pensões e empregos na sede da corte dos Bourbon em Versalhes, onde viveriam milhares de aristocratas subordinados a ele. Deste modo, Luís XIV obteve sucesso em controlar ambos os grupos sociais.

O que pode ser considerada a principal característica do absolutismo?

Luís XIV da França, o Rei Sol. Pintura de Hyacinthe Rigaud (1701).

Nesta época, surgiriam teorias políticas que justificavam tamanho poder. A primeira apareceria ainda no século XVI, na obra A República, do francês Jean Bodin (1530-96). Esses escritos defendiam que o fortalecimento do Estado, gerando uma soberania inalienável e indivisível por parte do soberano, era a única maneira realmente eficaz para se combater a instabilidade política. Essa linha de pensamento seria complementada por O Leviatã, do inglês Thomas Hobbes (1588-1679), que afirmaria que o rei não deveria justificar seus atos perante ninguém. Mas seriam as ideias do bispo francês Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704) que se provariam mais influentes para o regime absolutista. Em sua obra A política inspirada na Sagrada Escritura, ele apresenta a origem da realeza como divina. O monarca seria o representante de Deus na Terra, e, como tal, suas vontades seriam infalíveis, não cabendo aos súditos questioná-las. Essas ideias formariam a base da doutrina política oficial do absolutismo francês, sendo conhecidas em seu conjunto como a teoria do direito divino dos reis.

Uma condição essencial para a formação deste tipo de monarquia foi a grande quantidade de arrecadação alcançada após a consolidação do projeto de colonização nas Américas. Isso enriqueceria substancialmente as monarquias nacionais, possibilitando a manutenção dos exércitos e marinhas. Com o tempo, surgiria a noção do metalismo, uma das questões mais importantes da nova política econômica do período que se convencionou chamar de mercantilismo. Para o metalismo, a riqueza de um reino seria medida pela quantidade de metais preciosos dentro de suas fronteiras. Para garantir isso, era fundamental que fossem vendidas mais mercadorias do que compradas, a fim de que fosse alcançada uma balança comercial positiva. Para conseguir tal objetivo, o Estado intervinha na economia e impunha o protecionismo, de modo que as barreiras alfandegárias ficassem praticamente intransponíveis para os produtos estrangeiros.

Leia também:

  • Absolutismo na Inglaterra
  • Absolutismo na França (Luís XIV)

Bibliografia:

LIMA, Lizânias de Souza; PEDRO, Antonio. “Das monarquias nacionais ao absolutismo”. In: História da civilização ocidental. São Paulo: FTD, 2005. pp. 142-147.

http://monitoriacienciapolitica.blogspot.com.br/2009/03/jean-bodin-politica-e-soberania-1530.html

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/historia/absolutismo/

Exercícios e questões de vestibulares

Questão 01: (FUVEST 2009)

Nicolau Maquiavel, em 1513, na Itália renascentista, escreveu:

Um príncipe não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. (...) O príncipe não precisa possuir todas as qualidades (ser piedoso, fiel, humano, íntegro e religioso), bastando que aparente possuí-las. Um príncipe, se possível, não deve se afastar do bem, mas deve saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado. (Adaptado de Nicolau Maquiavel. O Príncipe. )

Indique qual das afirmações está claramente expressa no texto:

A)

Os homens considerados bons são os únicos aptos a governar.

B)

O príncipe deve observar os preceitos da moral cristã medieval.

C)

Fidelidade, humanidade, integridade e religiosidade são qualidades indispensáveis ao governante.

D)

O príncipe deve sempre fazer o mal, para manter o governo.

E)

A aparência de ter qualidades é mais útil ao governante do que possuí-las.

Arquivado em: Idade Moderna

Qual é a principal característica do absolutismo?

O absolutismo foi um sistema político que existiu na Europa entre os séculos XVI e XIX, sendo caracterizado pela concentração de poder na figura do monarca (rei ou rainha). Essa concentração fazia com que esses monarcas possuíssem grandes poderes sobre seus reinos, e a vontade deles não podia ser contrariada.

Quais são as 3 principais características do absolutismo?

5 Características do Absolutismo.
Centralização ilimitada do poder nas mãos dos monarcas. ... .
Os monarcas tinham autonomia para inferir em assuntos religiosos. ... .
Instituição de leis e decisões executivas sob controle monárquico. ... .
O poder dos monarcas era hereditário. ... .
O mercantilismo foi o principal sistema econômico do absolutismo..

O que foi o absolutismo e quais as suas principais características?

O absolutismo foi um sistema político que concentrava os poderes nas mãos do governante, o soberano. Dessa maneira, o rei comandava as ações sobre o Estado em várias partes da Europa. Tratava-se de um sistema de governo que estava nitidamente ligado à formação dos Estados Nacionais (nações).

Quais são as principais características do absolutismo português?

Absolutismo, liberalismo e proteccionismo Em Portugal, o monarca absoluto era aclamado e prestava juramento em que se comprometia a respeitar as leis da Igreja, os privilégios e costumes do reino, bem como a respeitar o povo, isto é, o rei obrigava-se a aceitar a lei moral, religiosa e as tradições.