Por que se diz que a sociologia é uma ciência social

O termo sociologia deriva do latim (sociu-) e do grego (logos). Com base na origem etimológica da palavra, poder-se-ia dizer que a sociologia é o estudo das bases da pertença social ou que é a análise da estrutura das relações sociais, constituídas por sua vez pela interação social. No entanto, a diversidade de perspetivas que caracteriza a disciplina na atualidade torna esta definição insuficiente.
A herança filosófica e política da sociologia é complexa, não podendo ser atribuída a uma só tradição. Embora se possam encontrar estudos e reflexões acerca da sociedade desde épocas longínquas (por exemplo, em Platão e Aristóteles), o termo sociologia data da correspondência de A. Comte em 1824 e da sua obra Cours de Philosophie Postive (1838). Para este autor, esta ciência da sociedade ocuparia o primeiro lugar na hierarquia das ciências. Nem A. Comte nem H. Spencer equacionaram a existência competitiva de outras ciências sociais, ambos defendendo que a civilização como um todo é o objeto da sociologia. Nas suas obras, ambos os autores se preocuparam em descrever as origens e o desenvolvimento da civilização e das suas principais instituições. A par desta visão abrangente da sociologia, outras se desenvolveram que se preocuparam com os problemas sociais derivados da revolução industrial. É o caso de Frédéric Le Play que produziu um vasto estudo acerca das condições sociais vividas pelas classes trabalhadoras na Europa (Les Ouvriers Européens). Ainda no século XIX, também Alexis de Tocqueville se debruçou sobre questões concretas como as dos costumes, estruturas sociais e instituições na América, produto da democracia e da revolução industrial. Para M. Weber, a sociologia deveria preocupar-se com o sentido da ação social e com a unicidade dos eventos históricos, mais do que com a produção de leis gerais. E. Durkheim, pelo contrário, trabalhou no sentido de provar a existência de leis universais no mundo social, mostrando que certas instituições legais e morais e certas crenças religiosas se repetiam numa vasta diversidade de sociedades. Entre outros nomes do século XIX que contribuiram para estabelecer esta ciência e fazê-la avançar no século XX, deve mencionar-se ainda Georg Simmel e Ferdinand Tönnies.
Os amantes da sociologia assinalam que esta disciplina contribui para o conhecimento e a compreensão das sociedades modernas através de estudos empíricos, contribuiu para o desenvolvimento de outras disciplinas, em especial a história, a filosofia e a economia e é particularmente sensível aos dilemas da civilização atual.

Georg Simmel, sociólogo alemão do século XIX

Ferdinand Tönnies, sociólogo alemão

A sociologia tem-se especializado em ramos diferentes de que são exemplo a sociologia rural e urbana, a sociologia do desenvolvimento, a sociologia da saúde, a sociologia da comunicação e dos mass media, a sociologia da educação, a sociologia da família, a sociologia do trabalho e das organizações, a sociologia do direito ou a sociologia da comunicação.

A história da raça humana está repleta de acontecimentos marcantes que traçaram o caminho de nossa realidade até aqui. Mas essa história não parou por aqui. Nosso mundo, marcado pelo conflito e pelas divisões sociais, ainda vive processos de mudança profundos que nos atingem sem que nos demos conta. Como essas mudanças ocorrem? Por que minha condição de vida é tão diferente da condição daqueles que vieram antes de mim? Para que rumo caminha nossa sociedade? Essas são algumas perguntas que a Sociologia encarrega-se de responder.

Coube aos historiadores estudar documentos e narrativas que recontam os acontecimentos passados na busca pela construção e resgate de memórias e fatos que nos ajudem a entender o trajeto que percorremos e lancem luz sobre o possível caminho que percorreremos.

A sociologia, por sua vez, busca entender a vida social humana dos grupos e das sociedades. Dentro de seu método de estudo, a Sociologia abrange um amplo aspecto de observação do mundo social, abordando tanto acontecimentos individuais quanto os de escala global.

A ideia de uma ciência voltada para o estudo das sociedades surgiu no século XIX, tendo como mentor principal o filósofo francês Augusto Comte (1798-1857). Comte entendia que os estudos sociais deveriam ser pautados como os estudos das demais matérias das ciências naturais. Seria por meio do método cientifico que as normas e as regras gerais dos fenômenos sociais seriam entendidas, o que nos daria o poder de intervir nos problemas sociais de forma a resolvê-los e eliminá-los de nossa convivência. Esse seria o papel da sociologia.

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De toda forma, entende-se hoje que nossa sociedade não possui regras fixas ou leis pétreas que regem os fenômenos sociais, o que, entretanto, não invalida os esforços iniciais de Comte. É pelo esforço sociológico que podemos entender a complexidade de nosso mundo, ainda que sem conseguir determinar leis fundamentais. As regularidades de nosso comportamento e os aparatos sociais construídos para sustentar nossa convivência são objetos passíveis de observação e estudo, e são uma enorme parte de nossa vida social, de forma que entendê-los é parte do esforço para entendermos a nós mesmos.