Porque a Primeira Guerra Mundial favoreceu o desenvolvimento industrial brasileiro?

Dissertação de Mestrado

DOI

10.11606/D.8.2017.tde-07042017-140653

Documento

Autor

Nome completo

Aleksas Dalecio Vaitkunas

E-mail

Unidade da USP

Área do Conhecimento

Data de Defesa

Imprenta

São Paulo, 2017

Orientador

Banca examinadora

Lopes, Luciana Suarez (Presidente)
Grandi, Guilherme
Reis, Déborah Oliveira Martins dos

Título em português

A industrialização brasileira: da Primeira Guerra Mundial à crise de 1929

Palavras-chave em português

Brasil República
Historia econômica
Industrialização
Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Resumo em português

Esta dissertação trata da evolução do setor industrial brasileiro na Primeira Guerra Mundial e do seu desenvolvimento na década de 1920. A motivação deste trabalho foi a controvérsia existente acerca do tema, pois os principais trabalhos que tratam do assunto divergem a respeito dos efeitos da Guerra sobre o desenvolvimento industrial brasileiro, não existindo um consenso se esse choque externo iniciou um processo de substituição de importações. Partindo dessa motivação, o primeiro capítulo traz uma revisão dos principais autores que estudaram essa questão, evidenciando as diferentes interpretações existentes na historiografia. Além dessa análise, o capítulo também trata das diferenças da evolução industrial em São Paulo e Rio de Janeiro. O segundo capítulo analisa os dados de produção, o comércio exterior e as informações presentes em mensagens oficiais da época, com o intuito de capturar os principais efeitos do conflito no setor industrial e na evolução do mesmo até a crise de 1929. Por fim, o último capítulo traz uma reflexão sobre as mudanças nas relações políticas com o ganho de importância da indústria na economia brasileira. Assim, o presente estudo permitiu observar um efeito positivo desse estrangulamento externo para a indústria nacional nas décadas de 1910 e 1920, com início de um processo de substituição de importações e aumento de importância do setor na economia e na política nacional.

Título em inglês

The Brazilian industrialization: from the First World War to the 1929 crisis

Palavras-chave em inglês

Economic history
First World War (1914-1918)
Industrialization
Republic of Brazil

Resumo em inglês

This thesis covers the evolution of the Brazilian industrial sector in the First World War and its development in the 1920s. The motivation for this work is the controversy about this issue, because many works that deals with the subject diverge about the effects of war on the Brazilian industrial development, without a consensus whether this external shock started an import substitution process. From this motivation, the first chapter brings a review of the main authors, who have studied this question, showing the different interpretations in history. In this analysis, the chapter also deals with the differences in industrial development in São Paulo and Rio de Janeiro. The second chapter, analyze the industrial production, foreign trade and the information contained in official message of that time, in order to capture the main effects of the conflict in the industrial sector and the evolution of the sector up to 1929. Finally, the last chapter brings a reflection on the changes in political relations because of the importance gained by the industrial sector to the Brazilian economy. Thus, from the results of Chapters 2 and 3, we have a positive effect of the external strangling in the domestic industry later on the 1910s and 1920s, with the beginning of an import substitution and the increased importance of the industrial sector to the economic and national policy.

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Data de Publicação

2017-04-07

  • Fernando Duarte
  • Da BBC Brasil, em Londres

11 novembro 2014

Porque a Primeira Guerra Mundial favoreceu o desenvolvimento industrial brasileiro?

Crédito, Public Domain

Legenda da foto,

Participação militar brasileira na Primeira Guerra Mundial foi discreta, mas conflito deu início a mudanças substanciais na realidade do país

A Primeira Guerra Mundial, cujo armistício é comemorado nesta terça-feira, teve um impacto significativo no Brasil - apesar de uma participação simbólica do país no conflito, marcada por uma tragédia e uma "batalha cômica".

Para o historiador Francisco Luiz Vinhosa, um dos efeitos foi expor as fragilidades da economia brasileira, na época extremamente dependente das exportações de café.

"O principal legado da Primeira Guerra Mundial para o Brasil foi revelar nosso atraso político e econômico. O país perdeu oportunidades de usar o conflito, a começar pela decisão de escolha de lado. A Alemanha, por exemplo, ofereceria ao Brasil uma chance de escapar do imperialismo da Grã-Bretanha", afirma Vinhosa, autor de O Brasil e a Primeira Guerra Mundial, um dos mais completos estudos sobre o tema, lançado em 1990.

Neutro durante boa parte dos três primeiros anos do conflito, uma posição alinhada com a do governo dos Estados Unidos, o Brasil entrou na guerra em 1917, usando como justificativa oficial os ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros.

Em um desses episódios, o afundamento do navio Paraná, morreram três marinheiros. O incidente provocou indignação popular, levando a ataques contra empresas e estabelecimentos comerciais ligados à colônia alemã no país.

"Mas 1917 foi o ano em que os americanos também entraram na guerra e todos os países já tinham em mente uma possível divisão dos espólios do pós-guerra. O Brasil buscava um lugar de destaque no cenário internacional", completa Vinhosa.

Baque econômico

O Brasil foi o único país sul-americano a participar do conflito: declarou guerra à Alemanha em 26 de outubro de 1917, por meio do presidente Venceslau Brás.

Quando a guerra eclodiu, em 1914 - há cem anos -, o Brasil tinha sua economia predominantemente agroexportadora e focada no café. Controlava nada menos que quatro quintos da oferta mundial.

Consequentemente, o caos provocado no comércio internacional foi particularmente sentido pelo país, através de dois canais. Primeiro, a queda na demanda pela commodity; segundo, o acúmulo de toneladas e toneladas do produto em armazéns europeus como garantia de pagamentos para dívidas externas - um ponto que, por sinal, os diplomatas brasileiros levantariam durante as negociações do Tratado de Versalhes, o principal documento do pós-guerra, em 1919.

"Apenas entre 1914 e 1915 as vendas de café caíram em um terço em função do bloqueio naval estabelecido pela Grã-Bretanha para produtos de países neutros", explica o historiador canadense Rodrick Barman, especialista no Brasil dos séculos 19 e 20.

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Legenda da foto,

Em outubro de 1917, o presidente Venceslau Brás, à esquerda, assina a declaração de guerra do Brasil à Alemanha, depois de anos de neutralidade.

O congelamento nas concessões de crédito internacional foi outro duro golpe na economia brasileira.

Golfinhos 'inimigos'

Do ponto de vista militar, seria difícil para o Brasil ter participado de forma graúda no conflito. Com um exército de apenas 54 mil homens e uma marinha que perdera em pujança nos anos conhecidos como a República Velha (1898-1930), o país só poderia prestar ajuda simbólica.

Sendo assim, além do envio de 20 oficiais e de uma força médica de cem homens para a Europa, o Brasil despachou missões navais para atuar sob ordens britânicas no Atlântico, para patrulhar a costa ocidental africana, o que incluía "limpar" trechos minados.

Numa delas, houve grande número de mortos - mais de 150. Só que o "inimigo" foi, na verdade, um surto da gripe espanhola. A mesma doença que em 1919 mataria o então presidente eleito Rodrigues Alves.

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Um dos navios enviados pelo Brasil para o conflito, o cruzador "Bahia" teria matado um bando de golfinhos por engano ao confundi-los com um submarino

Houve ainda o episódio da "Batalha das Toninhas", em novembro de 1918, já a dias da assinatura do cessar-fogo: o cruzador "Bahia", alertado pela possível presença dos temidos "U-Boats" (submarinos) alemães nas proximidades de Gibraltar, fez um poderoso ataque ao que acreditava ser uma embarcação inimiga. Matou um grande número de golfinhos.

Grãos argentinos

Mas se não sofreu diretamente com os horrores do conflito, em que 17 milhões de pessoas morreram e mais de 20 milhões ficaram feridas, o Brasil saiu da guerra combalido.

A queda no poder de compra e o aumento do custo de vida (os preços de varejo no Brasil registraram alta de 158% entre 1913 e 1918) aumentaram a insatisfação popular e fomentaram o fortalecimento da classe trabalhadora, incluindo o crescimento de movimentos sindicais. Já surgem as primeiras grandes greves em 1917 e 1918.

O descontentamento também teve lugar em esferas mais altas, como explica Vinhosa.

"Já em 1922 a República Velha enfrenta o primeiro episódio do Movimento Tenentista, a Revolta dos 18 do Forte (um levante de oficiais contra o então presidente, Epitácio Pessoa) e este é o mesmo ano em que é fundado o Partido Comunista Brasileiro."

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Além das operações navais, participação brasileira ocorreu com envio de uma missão médica para frente europeia

Com a queda nas receitas da exportação de café, as elites agrárias perderam prestígio e legitimidade em seu controle do poder, num processo que culminaria com o golpe militar de 1930 e a instalação de Getúlio Vargas como presidente.

Mudança de órbita

Na política internacional, o conflito marcou a mudança do eixo de influência sobre o Brasil de Londres para Washington. O Brasil também participou das reuniões Versalhes e até ganhou um assento na Liga das Nações, a predecessora da ONU. Uma vitória efêmera, já que a Liga fracassaria como entidade por conta do impasse interno nos EUA que não permitiu a filiação do país.

Houve, porém, alguns ganhos econômicos: os distúrbios provocados pela guerra no mercado internacional obrigaram o Brasil a prestar mais atenção à sua indústria, com destaque para a produção de substituição de importações. Entre 1912 e 1920, o número de trabalhadores na indústria brasileira praticamente dobrou.

Mas vizinhos como a Argentina, que se manteve neutra e arrecadou uma quantidade substancial de divisas com a venda de trigo para britânicos e franceses, riram por último: o país terminou a Primeira Guerra com a dívida externa paga.

Como a Primeira Guerra Mundial favoreceu o desenvolvimento industrial brasileiro?

A Primeira Guerra Mundial proporcionou também o desenvolvimento do setor siderúrgico no Brasil principalmente na região de Minas Gerais, esse setor teve seu início com o objetivo de suprir as necessidades que a indústria brasileira começava a sentir, que era a falta de matéria-prima para a formação ou estruturação da ...

Por que podemos afirmar que a Primeira Guerra Mundial favoreceu a industrialização no Brasil?

Também a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) impulsou a industrialização no Brasil. Com o conflito era inviável importar produtos manufaturados da Europa e dos Estados Unidos e muitos artigos foram substituídos pela fabricação local.

Quais os fatores que contribuíram para o desenvolvimento industrial brasileiro?

I- A modernização da economia, as novas relações de trabalho, o acúmulo de capital e as novas infraestruturas proporcionadas pela cultura da cana-de-açúcar, na região Nordeste do Brasil, foram os principais fatores que impulsionaram o desenvolvimento da indústria no país.

Qual foi a influência da Primeira Guerra Mundial na economia brasileira?

A queda no poder de compra e o aumento do custo de vida (os preços de varejo no Brasil registraram alta de 158% entre 1913 e 1918) aumentaram a insatisfação popular e fomentaram o fortalecimento da classe trabalhadora, incluindo o crescimento de movimentos sindicais.